"... O que posso fazer? Não é minha culpa..."

Eu gritava e esmurrava as paredes. Eu me soltei, mas ainda não conseguira sair. Minha cela era praticamente um labirinto. A única luz que eu tinha eram os meus raios, que se enfraqueciam à medida que eu enfraquecia. Todos os dias comida aparecia ali, onde eu estava. Eu tentava ficar acordada, mas o sono vencia. Eu não conseguia acordar cedo para ver quem me dava comida e água. Mas sempre que eu acordava, já havia comida ali, independente de horário.

– Eu não quero se fraca.- Dizia para mim mesma, todos os dias.

Espera. Dias? Para ser franca, eu não fazia ideia de quanto tempo eu estava ali. Eu precisava encontrar Percy e os outros. E principalmente, ver se Gabriel estava bem.

Eu já não chorava mais. Eu iria guardar as lágrimas para quando eu visse os meus amigos na minha frente.

Nossa, que clichê. Passe um bom tempo presa e você passará à dizer e pensar vários clichês. Desse jeito, chegarei à loucura mais cedo do que imaginava.

[...]

– Eu não acredito...

Eu realmente estava vendo aquilo? A porta da minha cela realmente tinha uma fechadura?

Abri a porta, me sentindo muito feliz.

– Tem alguém aí?

A voz me era familiar... Claro. Grover.

– Grover?

– Quem é?

– Sarah Mason. Você sabe onde estão os outros?

– Não faço ideia. Só me solte!- Reviro os olhos. Aumento a luz dos raios. Grover está preso só com cordas. Mais fácil assim. – Valeu.

– Vamos procurar os outros.

Continuamos andando e abrindo portas aleatórias, por algum tempo. Portas que dão para o “nada” e portas que dão para armadilhas...

– Percy?

– Grover! Fica quieto! Se o Luke voltar aqui por sua causa, você é um sátiro morto! - Solto Percy também. – Obrigado Sarah.

– Aquele papo de “sátiro morto” ainda está de pé? – Digo. Percy ri. Grover não acha a menor graça.- Nossa! Calma! Só uma brincadeirinha, Grover!

– Não é uma boa hora para brincadeiras.

Ele fecha a cara. Está engraçado desse jeito.

Presos em um lugar desconhecido, com dois maníacos e eu faço brincadeiras... Eu realmente não me entendo.

[...]

– Estão todos bem?

Todos assentem com a cabeça.

Nós andamos até todos estarem juntos novamente. Estou muito cansada de andar e também muito fraca.

– É impressão minha, ou Luke é meio psicopata?

– Thalia, até eu, que cheguei agora, sei que Luke é um psicopata.

– Ele quase me matou!- Disse Percy. Então virou bagunça. Todos mantinham a voz baixa, mas interrompiam uns aos outros, como crianças indisciplinadas fariam.

Então, um tempo depois, todos nos cansamos, e dormimos, em um “aglomerado” para que, se um fosse atacado, ou levado, todos pudessem sentir e revidar.

Parece meio estranho, mas fazíamos isso em acampamentos da escola, quando tinha probabilidade de sermos atacados por ursos raivosos e tal eu sempre era a mais medrosa e ficava no centro do grupo. Quem diria que eu estaria agora, no “mesmo” lugar que um Semi-deus psicótico que fez aliança com um Hades meio rockeiro. Isso é um sonho? Não. Estou muito bem acordada.

Eu demorei para dormir, Gabriel com os braços em volta da minha cintura, Percy, dormindo de espada na mão e Grover acordando constantemente.

Foi uma noite bem perturbada.

[...]

De manhã, os mesmos pratos com café da manhã apareceram. Um prato com waffles e um copo de suco para cada um.

Continuamos ali, alertas, mas mesmo assim, estávamos reunidos e isso é o que importa agora. A segurança deles. A minha também.

Penso em Bia e Max lá no acampamento. Será que pensam que eu fui embora? Não. Seis Semi-deuses somem e não pode ser uma mera coincidência. Pode? Eu acho que não.

[...]

Que dia era? Era dia ou noite? Janeiro ainda, ou fevereiro? Eu não sei. Eu só quero uma barra de chocolate, um X-Burguer e um refrigerante gelado.

Ou então, um banho quente.

Mas de que adianta só pensar? Eu tenho que fazer alguma coisa. Por mim. Por eles. Pelo bem de todos.

– Faz alguma coisa!

– Se eu conseguisse pensar eu faria, Grover! - Ele fecha a cara. - O que você quer que eu faça?

Sentei-me no chão, começando a chorar.

– Grover. Sem pressão, ok? Já passamos por isso mais vezes que ela.

– Obrigado Anna. – Ela sorri. Muitos de nós já não sorrimos nesses dias. Mais um clichê. Por Zeus! Eu preciso parar com esse hábito.

Grover está bem mau-humorado. Mas o que posso fazer? Não é minha culpa. Luke disse que a vingança dele era por Percy. E não por Thalia, Annabeth ou até mesmo à mim.

Eu não entendo. E nem quero entender.