O Meio Termo Não é Possível. escrita por Loh Rosa


Capítulo 2
Clichês, Banhos e Abraços.


Notas iniciais do capítulo

oi... acho que dessa vez eu não demorei tanto assim. pra quem me conhece sabe que eu tenho a tendencia de demorar muito mais. então aí está.



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O medo da solidão é algo perfeitamente comum nos seres humanos. perfeitamente explicável e eu podia lidar com isso. No entanto, eu não conseguia lidar com aquilo que não fazia sentido. Sempre gostei de coisas passíveis de fazer sentido e quando algo diferente do habitual acontecia eu ficava perdida.

Era natural que o Max se sentisse solitário dentro de sua casa, não era natural que ele viesse procurar companhia comigo. Ele tinha vários amigos e estava sempre sorrindo com eles, mas comigo só discutia. Passamos todo o ano letivo entre cutucadas e caretas, mas quando ele precisava de algo, se sentia mal ou simplesmente não queria ficar só, era a mim que ele buscava.

À principio me incomodara, porque raios tinha de ser eu? Eu estivera tanto tempo na minha bolha de uma maneira confortável, mas agora ele a havia estourado e eu não tinha paz.

Porém com o tempo fui me acostumando, até passei a gostar de sua companhia. As brigas não cessaram, mas tornaram-se cordiais. Chegou um momento em que eu não poderia negar que ele tinha se tornado um amigo e eu me importava com ele. Me importava tanto que no dia em que ele bateu na minha porta durante aquela noite chuvosa eu fiquei desesperado.

Há algo mais clichê do que lágrimas se misturando com as gotas da chuva?

Ele estava todo molhado e os seus olhos estavam no mais puro desespero, a ponto de deixar a minha mãe, que sempre foi muito sensível, aturdida. Ela o mandou entrar e me pediu que cuidasse dele enquanto preparava uma sopa.

Levei-o ao banheiro e lhe dei uma toalha, se ficasse mais tempo molhado poderia acabar adoecendo.

Enquanto ele tomava banho eu ficava pensando sobre a nossa relação. Apenas um ano e ele tornou-se a pessoa que as vezes ronda os meus pensamentos. Eu começara a inclusive gostar de seu sorriso quando ele era direcionado a mim. Mas apenas quando era pra mim, quando ele sorria para mais alguém me incomodava um pouco e eu não sabia o porque.

O tempo estava passando e eu comecei a notar que o seu banho estava demorando muito... Muito mesmo. Bati na porta do banheiro e nada. Repeti o ato algumas vezes e sem nenhum resultado me desesperei. E se tivesse caído? E se tivesse feito alguma besteira?

Arrombei a porta. O que mais poderia fazer? Eu estava preocupado. Logo em seguida me arrependi do que tinha feito. Senti uma vermelhidão tomar conta da minha face.

Ele estava bem, apenas distraído demais para me ouvir bater na porta.

Havia outro detalhe óbvio que eu não cogitei enquanto desesperado arrombava a porta... Ele estava nu.

–--

Depois da cena trágica jantamos com a minha mãe e ele permaneceu calado. Minha mãe estava preocupada obviamente, porém ela entendia que existem coisas que não se deve insistir, se Max quisesse falar ele o faria.

Voltamos para o meu quarto, hoje ele passaria a noite aqui. Minha mãe ligou para a sua casa e conseguiu a permissão.

Minhas roupas ficaram esquisitas nele pois embora eu fosse alguns centímetros mais baixo ele era mais magro, fazendo com que as roupas ficassem ao mesmo tempo largas e curtas. Estava engraçado e eu teria rido muito de sua cara se eu não estivesse muito puto por causa da cena do banheiro.

Eu estava sentado na minha cama segurando a manete do meu video-game esperando ele sentar-se ao meu lado para começarmos a batalha que eu obviamente venceria. Porém senti meu rosto queimar quando ele descansou a cabeça em meu ombro.

_Desculpa. Sussurrou triste.

Então eu o abracei. Não sabia o que o feria, mas não importava, o que quer que fosse eu não perdoaria. ninguém o machucaria de novo. Eu não o permitiria.

E foi nesse momento que eu soube de todos os seus demônios. Da sua vida complicada, das crises psicológicas de sua mãe, que embora fosse uma mulher adorável agora tem medo de tudo e todos. Do desprezo de sua família paterna, pois ele era filho da "maluca" está destruindo o seu pai. Pai este que nunca foi presente na sua vida. Era tudo muito doloroso e isso me quebrou um pouco por dentro.

Nessa noite ele dormiu aqui, mas o colchão no chão foi esquecido. Dividimos a mesma cama, ele precisava de mim e eu não o deixaria sozinho. Afinal é isso que melhores amigos fazem, apoiam um ao outro.


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