O Meio Termo Não é Possível. escrita por Loh Rosa
Notas iniciais do capítulo
yo, então... aqui estou eu de novo. Esse bloqueio criativo pelo qual eu vim passando finalmente deu um tempo e então nasceu essa história que eu amo muito.
Espero que se divirtam.
Extremos
Nunca gostei de esperar, tampouco de me apressar, os extremos sempre me irritavam. o muito rápido me parecia pretencioso, o muito devagar medíocre. não, eu não gosto do muito de nada.
Muito amor, muito ódio. Tudo o que for demais é ruim, mas também não me iludo achando que o nada pode fazer algum bem. Apenas o meio termo é aceitável.
Era assim que eu vivia. As pessoas da minha classe me notavam apenas o suficiente para reconhecer a minha existência. Eu era aquele garoto de aparência mediana, inteligência mediana e importância mediana. Não era amado ou odiado por ninguém, vivia bem com os meus poucos amigos até que veio o fatídico dia de conhecer aquele que seria o responsável por me tirar da minha zona de conforto.
Seu nome era Max Vanhousier. Ele era novo na turma e já chegou chamando muita atenção tanto para o bem, quanto para o mal. Era os extemos de todos os lados.
Os professores o odiava pelo seu jeito piadista de ser. não importava o que acontecesse, ele sempre teria alguma frase espertinha na ponta da língua. Seu jeito moleque, sua falta de atenção, suas piadinhas fora de hora irritavam demais os "mestres" que acabavam o colocando com muita frequência na detenção.
Os colegas de turma o amava, afinal é sempre bom manter o palhaço por perto.
Ele era um garoto esquisito. Parecia não conseguir ficar parado nunca, sempre conversando em momentos inadequados ou batucando a cadeira da frente. Sua aparência também era um pouco insana, não que não fosse atraente, mas não era o tipo garotão bonitão. Ele de fato era muito magro com a pele meio acobreada e um emaranhado de cachos, usava óculos de um gral muito intenso e armação infantil pra sua idade.
E embora tenha se passado alguns meses desde que começou a frequentar a minha classe e nós tão tivéssemos trocado a palavra, eu já vinha perdendo o sono por sua causa. Apenas estar na mesma turma era um incomodo e tê-lo batucando a cadeira da frente, quando sou exatamente eu sentado nela, meio que foi a ultima gota.
Não era algo possível. Ele era o extremo oposto de tudo o que eu acreditava. E em cada sorriso radiante que surgia em seu rosto eu sentia uma carranca se formando em meus lábios.
Estava eu me tornando um oposto também?
Com essa constatação eu estourei.
Levantei-me exaltado e com muita força deu um belo de um chute em sua cadeira fazendo com que ele quase caísse.
_Mas o que...
A turma estava em choque, a professora estava em choque e até ele não estava entendendo nada. mas parecia que algo estava assumindo o controle do meu corpo e eu não podia evitar.
" então é assim quando se está furioso..."
_Você quer parar de ser um idiota?
_desculpe se eu estou te incomodando, não vou batucar mais a sua cadeira e..._ele começou a se desculpar, mas o interrompi.
_Não é isso! É você inteiro.Tudo em você me irrita.Sua voz, suas piadas, seu cheiro. é insuportável vê-lo todas as manhãs. É um incomodo.
Seus olhos que estavam arregalados de repente se encheram de ódio e ele me puxou pela gola da minha blusa. Iria me bater com certeza, e iria doer, muito. Mas para a minha sorte, a professora finalmente tomou uma atitude.
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Eu precisava me acalmar. Pelo amor de Deus, eu acabara de ser mandado à diretoria por ter chutado a cadeira de um garoto que não me fizera absolutamente nada.
Mas é claro que mesmo inocente o Max seria responsabilizado também, afinal ele não era nenhum pouco querido pelos corpo docente desse lugar.
_E foi isso que aconteceu! _ afirmei enquanto o diretor me encarava boquiaberto. Essa ele não esperava. Eu, um aluno com a ficha limpíssimatinha cometido um ato tão inaceitável.
_Entendo senhor Butler. Porém não posso descartar a agressão que o senhor Vanhousier estava a ponto de exercer e...
_Não houve agressão alguma por parte dele_ o interrompi_ O provoquei sem motivo algum, ele não deve ser punido por causa de um infantilidade minha.
Max me encarava atônito. Deveria estar estranhando muito, primeiro o ofendo e depois o defendo. Nem eu estava me entendendo muito bem ultimamente, mas de uma coisa eu sei, sempre assumo a responsabilidade sobre os meus atos.
O diretor pensou por um tempo e então veio com a solução perfeita... Eu preferiria a detenção.
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Eu ficaria encarregado de dar suporte acadêmico ao meu colega que estava à ponto de reprovar. Era uma droga ter que vê-lo na sala de aula, agora eu teria que passar mais tempo ao seu lado e isso me irritava como nada jamais conseguiu me irritar na vida.
Não nos demos bem no começo, ele sempre ficava com uma carranca na cara quando tinha que me encontrar e isso me tranquilizava... Nada de sorrisos exagerados. Com o tempo essa carranca foi desaparecendo e nos tornávamos um pouco mais amigáveis, mas não amigáveis de mais. Era sempre uma provocação aqui, uma piadinha de mal gosto ali, mas no geral eu estava começando a apreciar a sua companhia.
Até o dia em que ele tentou me tratar como ele tratava os seus amigos, então o ignorei. Quem havia lhe dado o direito de mostrar aquele sorriso pra mim também?
O ignorei a semana inteira, mas ele insistia em sempre me encontrar com aquele sorriso estúpido na cara.
_Qual o seu problema? _ Perguntei enquanto estudávamos físicaem meu qualto.
_O que você quer dizer com isso?_ perguntou sorrindo... Seus olhos não sorriam junto.
_Não me trate como aqueles idiotas que te veneram e não saem do seu lado. Se algo o irrita, diga. Se está triste, chore. Se tem raiva, não sorria como se o mundo fosse perfeito. Eu não sou estúpido à ponto de acreditar nesse sorriso falso que você tem na cara!
Então o seu sorriso se foi e lágrimas rolaram pelos seu olhos.
Essa foi a primeira vez em que eu o envolvi com os meus braços enquanto ele deixava toda a tristeza que trancafiara em seu coração rolar pelos seus olhos em forma de lágrimas.
A próxima vez em que isso aconteceu foi cerca de um ano depois.
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