Os Contos de Gregg escrita por Israel Freitas


Capítulo 9
Caio Toma Anabolizantes


Notas iniciais do capítulo

Penúltimo capítulo da primeira parte da história!



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Quando meus olhos voltaram a se abrir, dois dias haviam se passado e eu estava em uma cama de hospital, Pedro estava ao meu lado, e quando viu que eu havia acordado me deu um sorriso, e disse:

– Bom dia, Super Gregg.

Eu lhe devolvi o sorriso, mas não conseguia falar, imagens vinham à minha cabeça, eu lembrava de ter visto Caio sendo ameaçado, de ter me jogado em cima do assaltante, e de como levar um tiro dói. Pedro deve ter percebido, pois caminhou até mim e me deu um beijo na testa.

– Pode relaxar – ele disse – Já passou, todos estão bem, você foi um herói.

Eu tentei ver onde a bala tinha me atingido, mas não havia nenhuma marca no meu corpo, o que me deixou muito confuso.

– O que é isso? O que aconteceu comigo? Não tem nenhuma marca aqui! – eu dizia exaltado.

– Gregg, calma, ok? – ele tentou me acalmar – Você de alguma maneira, incrivelmente, se curou.

– O que? – eu perguntei ainda assustado.

– Quando chegamos no hospital – dizia ele – Seu peito já estava completamente curado, os médicos fizeram Raios-X e não foi encontrado nenhum vestígio da bala no seu peito. Seus pais acreditam que você possa curar-se, assim como sua mãe, você sabe, fadas e tal.

Por um breve, muito breve momento eu havia esquecido de todo esse lance sobrenatural, era como um sonho.

– Isso não pode ser possível – eu ainda não acreditava.

– Gregg, você sabe que é “especial”, me espanta que você ainda se assuste com isso – ele me disse.

– Então porque ainda estou aqui? – eu quis saber.

– Seu corpo se curou, mas sua aura ainda está debilitada, segundo seus pais disseram – ele me explicou.

Eu segurei sua mão e pedi que ele deitasse do meu lado, queria esquecer, deixar tudo pra lá, eu precisava disso nesse momento, então logo quando ele deitou eu lhe dei um beijo, e assim, em seus braços, eu adormeci novamente.

Depois de uma semana em uma cama de hospital, chegar em casa era a melhor sensação do mundo, e ainda mais estando completamente curado.

– Você ainda sente alguma coisa, querido? – minha mãe perguntava

– Não, estou ótimo – eu respondi

Depois de todos os acontecimentos, a paz se restaurou entre mim e meus pais, nós começamos a entender e se preocupar com as opiniões uns dos outros, então eles me deram uma folga dos treinamentos até que eu decidisse se realmente queria fazer aquilo. Não foi uma decisão difícil de ser tomada, depois de tudo eu decidi que precisava treinar, eu precisava saber me defender, defender meus amigos, defender a minha família. Eu me tornaria o melhor Predador de todos os tempos.

O ruim de chegar na escola depois que algo ruim te acontece, é que todos te olham com aquela cara de pena, o que eu odeio, mas o dia passou normalmente, e eu logo estava em casa com meus amigos, para a minha nova primeira sessão de treinamento, hoje Pedro e Lisa iriam assistir, o que me deixou melhor, porque enfrentar nossa treinadora com eles por perto seria mais fácil.

– Caio, você já sabe o que fazer – Jude nos disse.

Caio então se dirigiu até os alvos e começou a praticar sua mira, que estava bem melhor, ele já conseguia acertar a borda do alvo, o que era um grande progresso, e seus músculos por mais incrível que pareça estavam bem mais definidos, mesmo com apenas pouco mais de uma semana de treinamento, o que me deixou surpreso, e apesar disso ele estava mais cuidadoso com o visual, e eu tenho que admitir, meu melhor amigo estava um gato.

– Você está bem? – Pedro me perguntou.

– Estou sim – eu comecei – Só fiquei surpreso com essa “evolução” do Caio.

– Todos nós nos surpreendemos – Pedro disse em meio a uma risada.

– Gregg, venha aqui – Jude chamou.

Subi no ringue, e ela já estava me esperando, pronta para lutar. Me preparei, concentrei, e dei o primeiro golpe. Claro, ela se desviou do meu chute e bateu com o punho nas minhas costelas, o que me deixou um pouco sem ar, mas não deixei um primeiro ataque me abalar, me virei para ela e tentei acertá-la no queixo, ela tentou desviar mas meu segundo punho acertou seu tórax e a fez recuar, me dando espaço para um novo chute, que dessa vez acertou diretamente suas costelas. Antes que ela se recuperasse eu tentei derruba-la e imobiliza-la, mas não deu muito certo e acabei me vendo com ela torcendo meu braço no chão, o que me fez soltar um gemido de dor. Quando consegui que ela me largasse, me virei para ela e quando tentei acerta-la novamente, ela me deu um chute tão forte que eu fui de cara pro chão, e aquilo começou a me irritar. Antes que eu me levantasse, ela tentou me imobilizar usando suas pernas, e infelizmente conseguiu, eu não conseguia me mover, e estava sem fôlego, eu estava cada vez mais zangado, queria me soltar e soca-la até ver seu sangue escorrer, eu odeio aquela mulher.

Quando essa onda de pensamentos invadiu minha mente, eu me vi tomado por uma força que não era minha, quando consegui soltar-me, me levantei e assim que ela também ficou de pé lhe dei um soco no queixo tão forte que ela caiu novamente para trás, não perdi tempo e caí em cima dela com os ombros, acertando seu peito. Me levantei novamente, eu estava elétrico, como se nada pudesse me parar, nem muito menos me cansar. Quando a treinadora se pôs de pé, eu quis fazer um drama e pensei em algo para dizer.

– Peça misericórdia – eu sugeri.

– Garoto, quem você pensa que é? – ela respondeu – Não entende que eu sempre serei melhor que você?

Aquelas palavras foram o que faltava para mim explodir, literalmente.

Senti meu corpo formigar, e então, com um movimento involuntário minhas mãos se juntaram envoltas em uma espécie de energia, no centro delas surgiu uma pequena esfera azul brilhante, que foi crescendo conforme minha raiva aumentava, mas eu não tinha controle, eu estava assustado, eu queria parar, mas a esfera voou contra a treinadora e lhe acertou como um raio. Jude caiu ao chão, como se estivesse levando um choque, eu me aproximei, e quando enfim parou de se mover, vi sangue escorrendo por sua boca e nariz.

– Me ajudem! – consegui gritar.

Pedro a colocou nos braços e correu ao encontro de meus pais, eles a examinaram e meu pai começou a mexer em seu kit de primeiros socorros, tirou de lá uma espécie de seringa, mas não tinha o tamanho de uma seringa pois parecia mais uma faca de mesa, com um líquido vermelho dentro, e quando ele injetou a substância mamãe fechou os olhos e pôs a mão sobre o peito de Jude e disse algumas palavras, logo uma luz amarela brilhou ao redor de suas mãos, e eu vi a cor voltando a pele de Jude, o que me deixou aliviado.

– Ela vai ficar bem? – perguntei.

– Vai sim, você ainda não tem energia o suficiente para matar uma pessoa – minha mãe respondeu.

– Pelo menos, agora ela sabe qual de nós dois é melhor – eu virei as costas e sai.

Meus amigos vieram atrás de mim, todos ainda perplexos com o que eu tinha feito, mas na verdade até eu estava perplexo.

– Cara, o que foi aquilo? – Caio perguntou ainda muito extasiado.

– Eu não sei! – todos nós começamos a rir da situação, mesmo sendo séria.

– Gregg, tente mais uma vez – Lisa pediu.

– Eu posso machucar vocês, e nem sei se consigo – eu admiti.

– Você precisa praticar – Pedro disse.

Então eu juntei novamente as mãos, me concentrei, e novamente a pequena esfera azul surgiu, tomando proporções maiores conforme eu me concentrava mais.

– Como eu faço para parar? – eu perguntei em pânico.

– Imagine-a diminuindo – Pedro respondeu – Eu sei que você consegue.

Eu tentava mas a esfera continuava a crescer, então movido pelo pânico eu acabei perdendo o controle e a esfera saiu das minhas mãos e voou em direção a Lisa, mas para o espanto de todos, uma parede de energia branca se ergueu e a protegeu do ataque.

Quando procurei de onde havia surgido aquela parede, vi Caio com as mãos estendidas em direção a Lisa e sua pele branca como papel. Lisa correu e se jogou em seus braços.

– Obrigado – eu a ouvia sussurrar em seu ouvido.

Eu pedi a eles que me deixassem um pouco só, mas Pedro permaneceu no quarto, tentando me acalmar.

– Eu não quero machucar você também – consegui dizer.

– E não vai – ele me respondeu olhando nos meus olhos.

Pedro dormiu comigo, e tê-lo a noite toda foi o conforto que eu precisava naquele momento.


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Notas finais do capítulo

Grandes coisas estão por vir!



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