Os Contos de Gregg escrita por Israel Freitas


Capítulo 10
O Começo do Fim


Notas iniciais do capítulo

O último capítulo da primeira fase da História!



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Quando acordei, Pedro já estava na cozinha com meus pais, o que me deixou apavorado, porque eles não sabiam que ele tinha dormido aqui comigo. Assim que entrei na cozinha Pedro me olhou e sorriu, meus pais nem me viram entrando.

– Bom dia – eu me anunciei.

– Bom dia, filho – os dois responderam em uníssono.

Me sentei a mesa ao lado de Pedro, que segurou minha mão. Meus pais sentaram a nossa frente.

– Tem alguma coisa para nos contar, Gregg? – meu pai perguntou.

Eu não estava entendendo nada, ficava apenas encarando os três.

– Gregg, pode falar – minha mãe dizia.

– Eu não estou entendendo o que está acontecendo aqui – eu fui sincero.

– Gregg, seus pais entraram no seu quarto e nos viram dormindo abraçados – Pedro esclareceu.

Eu não sabia se gritava, chorava, ou corria, eu só queria que isso não estivesse acontecendo, até que lágrimas escorreram pelas minhas bochechas e meu pai veio até mim, me fez levantar e me deu um abraço.

– Pai... – eu não conseguia falar.

– Filho, você está feliz? – ele me perguntou.

As palavras não saiam, era como se algo estivesse prendendo minha garganta.

– S... Sim – consegui dizer, e ele me abraçou mais forte.

– Então eu também estou feliz – meu pai respondeu – Você é meu filho, nada vai mudar isso, e eu amo você de qualquer maneira, você é o meu herói, tudo bem?

Apenas assenti com a cabeça, enquanto minha mãe vinha até nós também com lágrimas escorrendo pelo rosto.

– Meu filho, meu amor – ela dizia me olhando nos olhos – Eu sou tão feliz por ter você meu querido, eu te amo tanto. E você tem um ótimo gosto, me arranjou um genro lindo.

Todos nós rimos, e o resto da manhã foi um sonho, tomamos café todos juntos, enquanto meus pais aproveitavam para conhecer Pedro melhor. Logo após nós dois ficamos juntos no sofá vendo televisão, sem medo, e em paz.

Pedro foi em casa pegar algumas roupas para passar o resto do fim de semana comigo, e enquanto isso liguei para Caio e Lisa e os chamei para cá também. Assim que eles chegaram eu contei o que havia acontecido de manhã e os dois ficaram felizes por mim.

– Só espero que vocês não saiam se pegando por todos os cantos agora – Lisa falou.

– Hahaha – eu respondi – Engraçadinha.

Ela me respondeu com aquele sorriso maléfico, típico dela.

– Cara, isso é incrível – Caio respondeu – Fico feliz por vocês.

Meu pai entrou no quarto de surpresa, anunciando algo que eu sinceramente não gostaria de ouvir.

– A treinadora chegou – ele disse.

– O quê? – eu respondi – Mas hoje é sábado!

– E daí? – ele respondeu, e Caio e Lisa riram da minha cara.

Quando nós três descemos, Jude já nos esperava na sala de estar, estonteantemente linda, o que deixou Caio todo animado, e Lisa bastante mordida, acho que ela sentiu ciúmes dele.

– Vamos, franguinhos – a treinadora nos chamou

Nós fomos até nossa zona de treinamento, e ela estava completamente diferente, não tinha mais nenhuma daquelas estruturas, estava apenas toda revestida e acolchoada.

– O que é isso? – eu perguntei.

– Hoje vocês treinarão magia – ela respondeu e todos nós ficamos surpresos.

– Como assim, magia? – eu perguntei.

– Sabe abracadabra? Pois é – Jude respondeu, sempre ignorante – Mas relaxe, pra você é algo natural já que sua mãe é uma fada, agora para ele será mais difícil – ela terminou apontando para Caio.

– Ah, que ótimo – ele respondeu.

Lisa ficou um pouco afastada, por segurança, e eu fui o primeiro.

–Concentre-se e imagine a esfera de energia entre suas mãos – Jude ordenou – Imagine-a crescendo e tomando a forma de uma arma, segure-a, e depois imagine a própria arma em suas mãos.

Eu me concentrei, e a esfera sugiu, o que era fácil, difícil era eu conseguir controla-la, mas dessa vez eu consegui, a esfera ficou presa entre minhas mãos, e eu comecei a imagina-la tomando a forma de uma arma, o que logo aconteceu, e de repente, uma arma real e carregada estava em minhas mãos.

– Muito bem – Jude disse – Foi melhor do que eu esperava, conseguiu de primeira.

– Você já provou do meu poder – Eu respondi – Me surpreende que ainda me subestime.

A treinadora não conseguiu evitar um olhar furioso para mim, como se estivesse pronta para me matar nesse mesmo instante.

– Caio, venha – ela o chamou.

Caio caminhou até o meio da área de treinamento, e a treinadora preparou uma seringa com um líquido vermelho dentro, limpou o pescoço dele e preparou-se para injeta-lo.

– Ei! – eu gritei – O que você está fazendo?

A treinadora injetou o liquido nele e eu gelei, não confio nela, nem um pouco.

– Relaxe – ela me respondeu – É Adrenalina, para ajudá-lo a fazer magia.

– Arde assim mesmo? – Caio perguntou.

– Deixa de ser molenga – Lisa respondeu.

– Vamos Caio, tente fazer o mesmo que Gregg fez – a treinadora ordenou.

Ele tentou, mas nenhum resquício de luz surgiu, o deixando envergonhado.

– Vamos Caio! – a treinadora gritava com ele.

Novamente, nada.

– Você não tá me ouvindo garoto? – ela berrou – Eu mandei você fazer o mesmo que Gregg!

Caio já estava entrando em desespero, quando seus olhos brilharam com uma coloração vermelha, e seus músculos pareceram aumentar, ele virou-se para a treinadora e disse:

– Não. Grite. Comigo. – mas aquela não era sua voz, era como se um ser demoníaco estivesse dentro dele. Caio aumentava cada vez mais de tamanho, e seus olhos brilhavam como fogo, até que uma espécie de aura vermelha cobriu seu corpo e ele olhou diretamente para mim.

– Caio, amigo, calma – eu disse para ele.

– Calma? Porque tenho que ter calma? – ele dizia como se quisesse me matar – Só você tem direito de ter poderes Gregg? Acho que não. Eu sou mais forte que você. Eu sou melhor que você.

Nesse mesmo instante, ele lançou contra mim um raio de luz vermelha que teria me matado, se a treinadora não tivesse se posto na minha frente e erguido uma parede de energia branca, que absorveu o ataque.

Caio despencou ao chão, inconsciente.

– O que diabos está acontecendo aqui? – eu gritei

– Seu amigo tem poder similar ao meu – a treinadora respondeu – A magia dele não é como a sua, a magia dele é de combate, ele é extremamente poderoso, só precisa aprender a controlar.

Eu corri até ele, e vi que ele estava bem, só aparentava cansaço. Então levei-o até meu quarto, e ele repousou em minha cama. Quando voltei para a área de treinamento, Lisa estava aprendendo a lutar com a treinadora.

– Você leva jeito – admiti – Melhor que eu.

– Eu sei que sou melhor que você – ela respondeu.

– Venha Gregg, você precisa praticar sua parede – Jude chamou.

– A minha o que? – eu não tinha ideia do que ela estava falando.

– A parede de energia - ela respondeu - Se eu não me colocasse na sua frente você teria sido assassinado pelo seu melhor amigo.

– Caio também já fez um dessas – Lisa lembrou – No seu quarto Gregg, para me proteger.

– Verdade – eu lembrei.

– É simples, basicamente é o mesmo processo, você imagina a parede à sua frente, protegendo-o de qualquer ataque – ela começou – Quanto mais força você colocar, mais resistente ela será.

Eu tentei cria-la algumas vezes, mas nunca era resistente o suficiente, eu definitivamente não tinha nem a metade da força que Caio tinha.

– Vou ter que gritar com você também? – ela me ameaçou.

– Se você aguentar mais um ataque daqueles – respondi a altura.

Jude se aproximou de mim, e invocou uma chama amarela em sua mão.

– Não pense que é melhor do que eu – ela começou – Sabe o poder que vc acabou de ver emanando do seu amigo? Pois é, eu também tenho, tome cuidado.

– Dessa nem eu precisava – Lisa zombou.

– Se fosse você, eu também teria medo – respondi, mas não sabia do que ela poderia ter medo em mim, eu não ofereço ameaça alguma.

– Faça a droga da parede – ela disse – Agora!

Ela conseguia sempre me deixar com uma raiva que nem eu saberia como explicar, foi quando eu senti o poder invadir meu corpo, e vi uma enorme e brilhante parede de energia branca surgir na minha frente.

– Muito bem, pirralho – ela disse – Já dá para segurar um tiro de estilingue.

– Faça melhor – eu a desafiei.

– Não gosto de humilhar ninguém – ela respondeu com toda sua arrogância, dando por encerrado o dia de treinamento.

Eu e Lisa voltamos para o meu quarto, e Caio já estava acordando, o que me deixou aliviado, pois achei que ele estivesse se machucado de verdade.

– Oi – eu disse.

– Cara, me desculpa – ele respondeu – Eu não quis fazer nada daquilo, era como se não fosse eu.

– Tá tudo bem, eu entendo – respondi.

Pedro entrou no quarto com sua mochila de roupas, e perguntou:

– O que eu perdi?

– Muita coisa. Senta, e se prepara - Lisa respondeu.

8 MESES DEPOIS

Nosso treinamento acabou, eu e Caio já temos pleno controle sobre nossos poderes, e ótimas técnicas de luta, diga-se de passagem. Pedro e Lisa também aprenderam a lutar e manusear armas, e querem entrar nessa conosco. Nossos pais nos explicaram cada detalhe sobre os seres sobrenaturais, suas forças, e fraquezas. Estudamos cada mito, cada história, cada palavra dita sobre Gustaf, estávamos prontos para encontrá-lo cara a cara. Nós ficamos sabendo de todos os ataques que vem acontecendo a ex-predadores, todos as centrais da DECS espalhadas pelo mundo que foram derrubadas e saqueadas, todos os soldados mortos e todas as criaturas da Ordem que foram vencidas. Fadas e duendes, nossos únicos aliados, quase todos mortos, a DECS, nosso suporte, quase extinta, e os predadores, quase todos no anonimato, Gustaf está vencendo, mas é nosso dever pará-lo, antes que o mundo se afunde em caos. É nosso dever destruí-lo, antes que ele nos destrua.

– Eu e Luís não podemos ir com vocês – meu pai disse – Já nos aposentamos, então abrimos mão completamente de todas as nossas habilidades como Predadores.

– Mas nós ainda temos umas coisinhas como um último presente – disse o pai de Caio.

Eles nos colocaram no carro e dirigiram até um velho galpão abandonado perto do porto da cidade. Era o galpão de número 13, e logo quando eles abriram, dentro havia um arsenal de armas, com todo tipo que você pudesse imaginar.

– Pedro e Lisa, escolham as de vocês, o tanto que poderem carregar – meu pai mandou.

– Meninos, vocês não precisam de muitas – Luís disse para mim e Caio – Mas escolham algumas.

Depois que nós estávamos todos prontos, eles nos levaram até o aeroporto, e um jato da DECS de São Francisco nos esperava.

– Pai, e se eu não voltar? – eu perguntei a ele.

– Você vai voltar – ele me respondeu – Todos vocês vão.

Pedro e Lisa estavam incrivelmente sérios e destemidos, esses últimos meses transformaram todos nós, Caio continuou crescendo, ficando sempre mais forte, eu amadureci bastante e também ganhei um pouco de corpo, Lisa ficou mais bonita e mais durona, e Pedro ganhou um ar de maturidade que antes não tinha. Nós viramos guerreiros, e estávamos prontos para a guerra.

– Tudo bem? – Pedro me perguntou

– Nós mudamos – eu desabafei – Mudamos muito.

– Mudamos para melhor, amor – ele me respondeu – Estamos mais fortes, e mais maduros.

Havíamos abandonado a escola, e éramos apenas 4 adolescentes de 16 e 17 anos indo lutar contra um demônio que talvez nem existisse de verdade, como isso torna alguém mais maduro? Pedro e Lisa mentiram para seus pais, disseram que estavam indo apenas para uma viagem a passeio comigo e Caio, o que é algo nada “maduro” de se fazer. Isso estava errado, mas também estava certo, errado de um jeito certo, sei lá.

Pedro me beijou, e depois de nos despedirmos uma última vez de nossos mentores/pais, todos nós subimos no avião quando de surpresa uma silhueta feminina surgiu das sombras, com uma roupa preta e carregada de armas pronta para um combate.

– Não iam embora sem mim, não é? – Jude perguntou.

– Claro que não – Caio respondeu.

Então, todos juntos entramos no jato, e nos sentamos. A porta se fechou e nós começamos a nos mover, deixando meu pai e Luís para trás, indo em direção à São Francisco, onde a história iria começar a ser escrita.


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Notas finais do capítulo

Preparados para a batalha?



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