Capítulo VI – Dois

“Oliver Gus, Distrito 1” o som ecoa na sala e todos arregalam os olhos. Oliver levanta abraça duas meninas e sai da sala, “Tenho certeza que ele tira uns 10 pontos” diz Jason.

Cintia olha em minha direção, “Ele tirará 12”, depois de alguns segundos ela para de me observar, “O que você vai fazer?” pergunto, os idealizadores dos Jogos nos avaliam de 1 a 12 pontos para ajudar os patrocinadores a escolherem seus tributos.

Jason está inquieto, ele fica olhando para todos os lados e para todos, “Não sei, pensei em lutar” responde. Talissa se espreme entre Jason e eu, “Oi, Kail e eu queremos formar uma aliança com vocês”.

Olho para Jason e os movimentos de seus lábios formam um não, Talissa está com um olhar de ansiedade, “Vou pensar” digo, ela fica envergonhada e volta para o banco onde estava sentada. “Por que não eles?” pergunto.

“Você já viu eles na estação de luta?” balanço a cabeça em discordância, “Então, eles são péssimos e não quero carregar dois pesos mortos” diz, “Bem, eu não fui a praticamente nenhuma estação de luta, então sou um peso morto?” Lógico que Jason acha que sou um peso morto, com certeza quando estivermos na arena e começar o atrasar ele não hesitará em me matar. “Mags você é diferente”.

Depois que a menina do Distrito 3 sai Jason me olha “Você vai fazer o que?”, “Acho que vou montar algumas armadilhas e mostrar táticas de sobrevivência” falo, “Nada de luta, arco e flechas, adaga ou lanças?” pergunta, balanço a cabeça em concordância. Pensando bem, essa não foi uma das minhas ideias mais inteligentes, procurei saber como sobreviver, mas terei que matar pelo menos um para ganhar.

“Jason Heton, Distrito 4”, “Bem, boa sorte” digo, ele estende a mão e a balanço. Depois de uns 20 minutos me chamam, levanto e vou para a porta, olho para trás e vejo Talissa me desejando sorte.

Há uma series de espadas, arcos, adagas e vários manequins, em algumas mesas têm cordas e tintas, olho para cima e há pelo menos uns 15 idealizadores conversando e comendo, quando me veem se calam, pego algumas cordas e faço uma rede, demorei uns 9 minutos, e depois faço uma armadilha de laço, pego um manequim e o jogo, a armadilha prende o pela cintura, acho que fiz algo decente, mas vejo que só alguns prestam atenção em mim.

Preciso fazer algo que me renda pontos, restam-me doze minutos, olho em volta para ver se encontro algo que posso mostrar, me aproximo das adagas, pego duas e fico olhando para os alvos, imagino que me posiciono de modo adequado, então olho para parede ao fundo e percebo que há vãos que separam a parede, deixo as adagas caírem no chão, o que resulta em um barulho alto, percebo que todos olham para mim, encaixo minhas mãos nos vãos e depois meus pés, subo praticamente até o teto, nunca tive medo de altura, mas quando olho para baixo me sinto tonta, respiro pausadamente e volto para o chão.

***

As portas do elevador se abrem e Lyra e Emily correm para sentar no sofá, “Desculpe tive que passar pegar a Lyra” diz Emily, ela está usando um vestido preto com aberturas dos lados. Lyra está ofegante, “Eu não consigo correr” ela diz, a peruca azul está escorregando da sua cabeça.

“Então o que vocês mostraram?” pergunta Luis, ele está sentado ao lado de Jason, eu não falei para ninguém o que fiz e provavelmente Jason também não, “Psiu, o programa já vai começar” diz Hanna.

Primeiro aparece o símbolo da Capital e depois cenas da colheita e do desfile de Tributos, então aparece o apresentador Osmar Flither, ele está usando um terno amarelo escuro, depois de um discurso começa mostrar a pontuação dos Tributos, “Distrito 1, Oliver Gus ... 9 pontos” diz Osmar.

“Muito bom” diz Hanna, o vestido que ela está usando é muito extravagante, é cheio de babados e acessórios, como ela está sentada ao meu lado, o vestido fica me incomodando. “Distrito 3, Adele Yiu ... 6 pontos”, olha para Jason e percebo que ele está muito estressado, estendo minha mãe e ela pega, “Distrito 4, Jason Heton ... 2 pontos”, Jason começa apertar minha mão muito forte, meu estomago começa a embrulhar, se o Jason tirou 2 quantos que eu vou tirar, “Distrito 4 Mags Seekelp ... 2 pontos”.

Olhos para os lados e todos estão cabisbaixos, me viro e encaro Jason, “E agora?” ele diz, levanto e saio correndo, eu não vou conseguir patrocinadores, eu não sei lutar e agora não vou ter patrocinadores, estou no corredor dos quartos e sinto uma mão segurar meu braço.

“Jason, por favor, agora não” digo, ele não solta e me viro, “Luis” solto como um suspiro, “Está tudo bem?” ele pergunta.

“Não! Me diga como vou conseguir sobreviver na Arena” digo, me solto da mão dele.

“Mags eu não recebi nenhum paraquedas e mesmo assim ganhei” diz Luis.

“Eu sou diferente de você Luis, talvez nem consiga sobreviver” não consigo conter e lagrimas escorrem no meu rosto, Luis se aproxima e me abraça, depois de um tempo me afasto, “Obrigada” digo.

Entro no meu quarto e me dispo, vou direito para o banho. A água morna me relaxa, talvez não precise dos paraquedas, posso arrumar comidas e armas, depois de um bom tempo tentando aceitar a minha pontuação consigo entender, saio do banho, me enxugo, visto um roupão e vou para o quarto de Jason.

Ele está sentado em uma poltrona verde com um livro em mãos, “Oi, tudo bem?” pergunta Jason, “Sim, Jason eles nos puniram” digo, um alivio percorre meu corpo. Ele fecha o livro e coloca em cima da mesa de centro, o livro é sobre como sobrevir na floresta.

“Como assim Mags?”

“A nossa fuga idiota, você estava errado, eles não mataram ninguém, simplesmente nos deram 2”

Jason não teve reação nenhuma com isso, “Você não esta feliz que seus pais não vão morrer?” pergunto.

“Mags meus pais nunca correram perigo, eles são vitoriosos” diz Jason.

“Jason, você sabia que nada iria acontecer com seus pais, por isso você tentou fugir?” pergunto tentando entender.

“Sim, mas eu tinha esquecido os seus pais” ele diz. Aproximo-me dele e em um impulso dou um tapa em seu rosto, “Você colocou em risco a minha segurança minha e dos meus pais” digo, viro-me e vou em direção à porta. “Mags, por favor, me escute” eu não quero ouvi-lo, ele colocou meus pais em risco, por uma coisa idiota, antes de sair olho para trás “Não somos aliados” e saio.