Vencedores de Panem escrita por Daniel Vitor


Capítulo 19
Capítulo XIX - Melhor Nadadora




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Viro para o lado, são 2 horas e 34 minutos, estou tendo o mesmo sonho desde que deitei para dormir ontem. Minha fuga, meu espancamento, Trent jogado no chão, sua cabeça a metros dele, carreiristas histérico e terremoto incessante.

Cintia caminha em minha direção, “Você é a próxima” diz. Sinto o chão tremer, depois de alguns segundos, outro com maior intensidade, a cada pausa eles vão aumentando. Todos começam a se desequilibrar, sou jogada para chão.

Meu rosto rela em algo viscoso, não quero abrir os olhos, cravo as unhas no chão. Abro os olhos, sangue está espalhado pelo chão, à cabeça de Trent rola para perto de mim e seus olhos me encaram. Eles expressam terror, pedem ajuda e eu não pude o ajudar.

A empurro para longe e levanto em meio aos tremores, todos estão apavorados, tentando se levantar, se apoiando um no outro. A intensidade da água da cachoeira aumenta muito rápido, Cintia corre em minha direção e caímos no chão, ela está desarmada, rolamos de um lado para outro.

Consigo dar um soco em seu rosto e me livro dela, acho que ela desiste e tenta ir embora. Um estrondo alto, pedras voam para todos os lados, o lago transborda e o terremoto começa a diminuir. Cintia cai dentro do lago, a água já está batendo em meu joelho.

Todos correm em várias direções, Cintia está implorando por ajuda, cogito em ajuda lá e então as imagens de Trent decapitado aparecem, olho nos olhos dela e por um mero segundo aprecio o seu sofrimento, ela me fez ver meu companheiro ser morto.

Tento correr para a floresta, mas a água me impede de correr, a cada passo ela vai aumentando. Ninguém está tentando matar um ao outro, estão tentando sobreviver, solto uma risada, esse é o objetivo dos Jogos.

Subo em uma árvore, mas não adianta a água já está na metade do tronco. Percebo que o nível não vai abaixar e pulo, nado para longe da cachoeira. Depois de 10 minutos, meus braços doem, há um menino de 11 anos se afogando, a uns 30 metros, aumento minha velocidade.

“Por favor” ele grita, o puxo pelo braço e ele se agarra em mim. Um canhão soa, o menino começa cuspir água para fora, o seguro deitado com os meus braços. Ficamos assim por um longo tempo, 12 canhões soaram, ele se chama David, Distrito 12.

“Tudo bem?” pergunto, David concorda com a cabeça. “O que vamos fazer?” ele pergunta, tudo aconteceu tão rápido, “Sobrevier” digo.

“Pelo menos não vamos morre de sede” ele diz. O sol já está se pondo, logo ficaremos nadando no escuro, “Acho que consigo boiar” diz, ele sai de meus braços. Olho ao redor e nenhum tributo a vista. Prendo a respiração e afundo, abro meus olhos e estamos uns cinco metros acima das árvores, meus olhos ardem e subo.

A primeira coisa que vejo é os cabelos negros de David, no momento que o vi senti uma compaixão por ele, não conseguiria deixar ele se afogar.

“Você acha que foi planejado?” ele balança os braços de um lado para o outro.

“Não, acho que eles dariam boias e outras coisas do tipo” digo, ficamos conversando baixo por um tempo, não conseguimos ver o resto da arena e decidimos ficar aqui. David se afasta uns 10 metros a todo o momento e permanece uns três minutos lá.

“O que você faz lá?” pergunta quando ele volta, ela solta uma risada falsa e desvia de assunto. Ouço um canhão, algo toca meu pé e puxo David para longe dali, não temos como escapar de um tributo aqui, assim que nos afastamos conseguimos ver três coisas boiando.

Peço a David para ficar aqui para eu poder ir verificar, dou braçadas rápidas, assim que chego, fico aliviada, maças, três maças. As pegos e as levanto, “Maças” grito sorrindo, David é arrastado para baixo, as largo e nado em direção a ele.

Mergulho para podem achar ele, um garoto loiro está estrangulando David, chego perto deles e dou um soco no tributo, ele solta o e vem em minha direção, ele começa me afundar, mas seu oxigênio acaba e ele sobe, aproveito e subo junto.

Respiro fundo e entro de novo, David está afundando, seus olhos estão quase fechando, nado para o fundo, estico meus braços para tentar alcança-lo, as pontos dos meus dedos relam nele, mas ele está afundando muito rápido.

Ele enrosca na copa de uma árvore, eu o pego a nado para cima. O tributo sumiu, David está quase desmaiando, não há onde colocar ele deitado então coloco ele de contas para mim, posiciono minhas duas mãos em seu tórax e aperto, repito o processo até ele vomitar água.

Um canhão retumba no ar, logo após escuto pela primeira vez nos jogos o hino de Panem, David se apavora e o acalmo, o rosto dos tributos do 1, 2, 3, Trent, 5, 6, 7, e a menina do 12. Os olhos de Trent expressavam a mesma coisa de quando morreu, pediam ajuda.

Abro os olhos, verifico as horas 2 horas e 57 minutos. Levanto e desço sorrateiramente até a sala, pego o telefone e disco um número, espero alguém atender. “Alô” reconheço a voz dele, “Oi” digo, “Annie você está bem?” sua voz passa de sonolenta para preocupada.

“Não, só estou tendo sonhos, preciso falar com alguém” digo, espero ele dizer algo, mas não escuto nada nem mesmo o som de sua respiração. Ouço um barulho na janela e desligo o telefone, puxo as cortinas e Finnick abre um sorriso.

Saio e andamos até o portão da vila, sentamos e ficamos em silêncio. “Quer falar?” pergunta, tento criar coragem para me abrir a ele, mas nada sai da minha boca, Finnick enrola seus braços em mim e me aconchego neles, depois de um tempo assim minhas preocupações sumiram, não penso em Jogos, Capital, Trent, David, em nada, somente em Finnick e eu.


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