Vencedores de Panem escrita por Daniel Vitor


Capítulo 18
Capítulo XVIII – Algo está errado




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Faço um circulo, passo uma ponta por dentro e puxo as pontas, 127 nós. Repito mais uma, duas, três vezes, até meus dedos começarem a doer. “Filha, vamos, desça para comer algo” diz minha mãe, não a respondo, “Faz um dia que você não sai” diz, ela cansa de tentar me ajudar e vai embora.

Doutor Davis teve que voltar para a Capital com urgência, um paciente dele teve um colapso. Todo nosso progresso eu deixe se esvair, me tranquei no quarto assim que descobri. Finnick tentou conversar comigo, tentei falar sobre os Jogos, mas não consegui.

“Pode dormir” diz, dois tiros de canhão soam, olho para todos os lados para ter certeza que estamos sozinhos, “Não, não sabemos quando vai amanhecer” digo, Trent se levanta e começa a andar em círculos. “Durma, Annie, não adianta ficar tentando ficar acordado vinte e quatros horas por dia” diz, “Quando você dormiu pela última vez” pergunta.

“Não sei, não consigo controlar o tempo, talvez ontem” digo balançando a cabeça. Ele me convence em dormir e arrumo um canto para deitar, a luz da lua me atrapalhar a dormir.

Devo ter sonhado algo bom, estou calma, relaxada. Estou sendo levada por alguém e há umas quatro pessoas correndo atrás de nós. Quando se dou por mim, me desespero, ainda está de noite e não consigo ver os meus perseguidores.

Minha camisa sobe e minhas costas arrastam no chão, tento arranhar a pessoas que está segurando pela gola da camisa. Começo a sufocar, ele deve ter percebido e me solta, levanto e corro para longe de todos.

Árvores aparecem na minha frente, raspo meus braços, pernas, tenho que desviar de coisas no chão. Depois de correm vinte minutos sem parar por nada, caio no chão e tento me acalmar. Sento e olho meu joelho, está sangrando muito.

Verifico o resto do corpo, minhas costas ardem quando relo nelas, meus braços estão raspados, mas não saem sangue. Estou sem nada, comida, Kit e arma, ficou tudo com Trent. Me esqueci dele, olho para os lados e procuro-o, “Trent” grito, tampo minha boca com as duas mãos.

Levanto e tento achar o caminho de volta, depois de falhar em tentar achar o caminho inúmeras vezes desisto. Um canhão soa, levanto minha cabeça, Trent, choro baixo, ele teria que morrer em algum momento.

Encosto em uma árvore e fico olhando o movimento da lua, depois de umas horas o sol está nascendo, resolvo sair daqui, não vou ficar parada quando o sol sair. Subo em algumas árvores para procurar frutas, consigo achar três laranjas.

Como uma laranja e meia, começo a sentir sede e procuro a cachoeira de ontem. Depois de caminhar um tempo, consigo ouvir o barulho da água caindo, água se chocando com água, corro na direção do som, cada vez que o som aumenta aumento minha velocidade.

Assim que chego, me impressiono com o lago, água é de um azul claro, um azul diferente dos do 4, olho para floresta ao redor para checar, caminho até o lago e bebo água. Tem um gosto diferente, um gosto doce, quanto mais bebo mais tenho vontade de beber.

Resolvo parar, quando engulo toda água, não sinto mais sede e o gosto doce sumiu de vez. Coloco minhas pernas na água, fico sentada assim por um longo tempo, vendo o reflexo do sol, sem preocupação com nada.

Passos e gritos ecoam no silêncio, olho para os lados, consigo ver pessoas vindo em minha direção. Respiro fundo e pulo na água, abro os olhos e consigo ver praticamente todas, um menino moreno e um grupo, estão o espancando, socando seu rosto, chutando seu barriga, suas costas.

Não consigo prendar mais a respiração e emirjo, somente meus olhos e nariz estão para fora, ninguém me percebeu estão se divertindo com o sofrimento dele. “Você vai morrer pescador” uma menina do 1 diz, ela tem os cabelos loiros presos por um amarrador.

Uma menina do 12 está forçando uma risada, ela parece apavorada, tem mais três meninos. Um deles caminha para o lado e chuto o coitado, assim que vejo Trent, sangrando pela boca, nariz quebrado, hematomas espelhados pelo corpo inteiro, não sei se fico feliz por ele ainda estar vivo ou desesperado por ele estar apanhando, solto um grito.

Todos olham para mim, só consigo olhar para Trent, lágrimas escorrem pelo seu rosto, ele diz algo, mas não entendo. A menina do 12 e um menino do 2 pulam na água e me retiram de lá. Começam a me xingar de diversas palavras, algumas que nunca tinha ouvido.

Eles continuam a bater em Trent a cada machucado eu solto um grito, a menina do 1, Cintia, vem em minha direção “Parece que alguém tem compaixão pelo companheiro tributo” ele defere um tapa em meu rosto, todos riem. Consigo me soltar deles e dou um tampa em seu rosto, ele me olho com ódio, sinto uma dor imensa no estomaga, reúno saliva na boca e cuspo em seu rosto.

Sou jogada para chão e recebe socos e chutes, grito para elas pararem, eu imploro para me matem logo. Eles cessam, vão até Trent e o seguram “Primeiro ele depois você” diz Cintia. Dois meninos o seguram de cada lado, Cintia segura uma espada “A obriguem a ver” alguém segura meu rosto, ela levanta a espada e fecho meus olhos. Consigo ouvir a lamina encostar na carne humana, Trent não diz nada, deve ter parado de lutar.

Como podem ser cruéis a esse ponto, estão entretendo pessoas, por não o matam de eu jeito humano, se existir um jeito mais humanizado de se matar. Abro meus olhos e consigo ver o corpo decapitado de Trent jogado no chão, uma poça de sangue está envolta dele, há uns metros de distância a cabeça dele repousa.

A maioria está aterrorizada pelo que fizeram, menos Cintia, ela vem em minha direção, “Você é a próxima” diz. Sinto um tremor leve abaixo de meus pés, depois de uns minutos outro com maior intensidade, os tremores vão aumentando cada vez mais e mais.

Todos começam a se apavorar, eles não param, sinto algo estranho, algo deviria acontecer. Sinto meu corpo chacoalhar, “Annie” alguém diz.

Abro meus olhos e Finnick está ao meu lado, “Você está queimando de febre, suando em baixo dos cobertores” diz, retiro os cobertores de cima de mim e me levanto. “Tenho boas notícias” diz, “Sua mãe me disse que o Tour vai ser em dois dias e a Capital me autorizou a ir” acrescenta.

Essa notícia não me agradou, não quero ir nesse Tour, quero ficar aqui sem nenhum contato com eles, tentar sobreviver a tudo isso, não consigo segurar meu choro e desabo no chão. Não sei por que estou chorando, Finnick me levanta e nos abraçamos.


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