“Nós podemos ficar aqui o dia inteiro se assim desejar” diz Dr. Davis, ele colaca uma perna sobre a outra. A Capital designou um psicólogo para mim depois do surto que tive ontem.

“O que te levou a atacar Ana ontem?” pergunta.

“Não sei, tive outro episódio” respondo “Estava no dia da colheita” acrescento. “Desde quando você tem esses lapsos?” pergunta.

“Desde o fim dos Jogos” digo, ele pega uma caderneta e anota algo.

“Nos seus lapsos você tem consciência que está em um lugar seguro?” pergunta.

“De vez em quando sei que estou segura, mas não consigo me controlar” digo.

“Já tratei outros vitoriosos, conseguimos resultados excelentes quando falam sobre os Jogos” diz, ele ajeita seu casaco marrom e passa a mão pelos seus cabelos grisalhos.

“Não, deve haver outra jeito” digo, “Não se preocupe, podemos usar outros métodos” diz.

Não quero falar com ninguém sobre o que aconteceu lá, fecho meus olhos e ele para de falar. Ficamos assim por um longo tempo.

“Deseja falar” diz.

Oliver acena para mim, o retribuo dando provavelmente o meu último sorriso. Espero que a luz ofusque minha visão, mas está de noite, só contamos com a iluminação da lua, olho ao redor e uma floresta nos cerca.

Logo acho Trent, ele está a 12 tributos de mim, ele aponta para cornucópia, balanço a cabeça em discordância. A trombeta soa e os tributos se dispersam, fico parada sobre a minha plataforma, devo ser o tributo mais idiota de todo os Jogos.

Trent me puxa pelo braço e o sigo, tente entrar no jogo Annie digo para mim mesma. Há mais o menos 10 tributos lutando e 2 caídos, mas ainda vivos. Ele aponta para a direita e corro na direção que ele indicou, há uma mochila alaranjada no chão, pego a e sigo Trent.

Ele está correndo em minha direção, olho em todas as direções para ver se corro perigo. O tributo do 9, Lee, me empurra para o chão, ele pega uma faca e me corta na barriga, dou chutes no ar para me livrar dele, mas só um o acerta.

Lee recua alguns passos e me arrasto para longe dele, Trent o joga no chão, me levanto e corremos para a floresta, galhos me arranham o rosto, coloco o braço na frente para me proteger.

Paramos depois de um tempo de corrida, “O que vamos fazer?” pergunta, ele está com vários arranhões no rosto, “Fugir” digo. Ele olho para cima e mostra um ponto acima da minha cabeça, me viro e vejo um penhasco.

“Não consigo escalar” digo. “Vamos contornar e ficar lá” diz.

Dois tiros de canhões soam um atrás do outro, “Você ouviu mais algum?” pergunto, limpo meu rosto na camisa. “Não só esses dois” responde. Tropeço em algo e caio no chão, as árvores bloqueiam a entrada de luz na floresta.

Trent volta e me ajuda a levantar, retiro algumas folhas da minha camisa e seguimos caminha à frente. “Você pegou alguma arma?” pergunto, ele vira e me entrega uma espada curta, sinto um frio na barriga quando relo nela.

Trent me joga para o lado e bato a cabeça em algo, minha cabeça está latejando, estou vendo embaçado, ele está lutando com uma menina, tento em levantar para ajuda ló, mas só consigo me sentar.

Ela cai no chão e ele me levanta, corremos para algum lugar, tropeço em várias coisas, mas meu braço está enroscado no pescoço de Trent o que não me deixa cair.

“Só consigo me lembrar disso do primeiro dia” digo, ele levanta e caminha até sua mesa, ela está cheia de livros e canetas. “Senhora Cresta acho que podemos terminar por hoje” diz.

“O Tour vai ser daqui três dias?” pergunto. “Tal vez esse ano não tenhamos Tour de Vitoria”.