A testemunha- HIATUS escrita por Zia Jackson


Capítulo 6
A casa dos Vieira


Notas iniciais do capítulo

nGente boa gente linda, tudo certo?
esse cap vai ficar pequeno, mas servirá.



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Uma semana já se passou desde que cheguei aqui. Nesse momento, uma psicóloga fala comigo, para ver se estou com problemas, a sessão já está quase acabando e já contei muita coisa.

– Como se sente sobre isso? - Ela pergunta, falando de minha fobia da noite

– Sinto que toda vez que escurece, ele irá aparecer. Um aperto enorme se forma em meu peito, como se o coração fosse esmagado.

–Ele quem? - Ela anota minha frase em um bloco de papel

–O assassino. Quando o escuro chega, quero morrer.

–Não quero assustar, mas isso pode ser inicio de depressão sazonal.

Bela noticia para começar o dia.

– Nossa sessão acabou, vou analisar em meu escritório, fique bem e tente resistir a noite, certo?

– Tá

A psicóloga sai de meu quarto e fecha a porta. O relógio marca nove horas em ponto. Me deito na cama, mas o sono não vem.

Levanto-me e vou para o banheiro. Tomo um banho gelado, para despertar mais rápido. Estou naquela sensação estranha de estar com sono, mas não conseguir dormir, como se eu fosse uma âncora (comparação tosca, até demais).

– Toc toc - minha mãe fala , batendo na porta do banheiro.

– Ei

– A psicóloga falou sobre a sessão de hoje, se sente depressiva?

– Papo legal para se ter na porta do banheiro. - Falo, vestindo um shorts jeans e blusa regata amarela.

– Me responda.

– Não deve ser depressão, a mãe da Marisa já teve e foi bem pior o modo como se sentia. Acho que é trauma

– Sei, sei - Minha mãe diz, ironicamente - Ian e Clara estão na sala, querem falar com você.

Encaro a mim mesma no espelho

– Eu fiz algo errado? - Pergunto

– Parecem animados

Relaxo os ombros

– Tá, diga que já irei descer

– Beleza

Ouço passos se distanciando do banheiro. Amarro o longo cabelo em um rabo de cavalo e escovo os dentes. Vou para meu quarto, aplico um pouco de base para diminuir a pequena espinha em minha testa e passo gloss de morango nos lábios, acho que esqueci de comentar, mas Clara detesta quando me vê de "Cara lavada", desde o dia em que ela falou isso, passo pelo menos um gloss nos lábios.

Assim que termino de me perfumar, desço as escadas e vou para a sala. Ian está lendo uma revista de carros e Clara está trocando os canais na TV, provavelmente procurando um filme de romance daqueles bem melosos. A menina veste um vestido rodado estampado de flores, e o menino usa moletom e calça jeans.

– Ei pessoal, o que fazem aqui? - Pergunto

– Bom dia para você também - Clara diz

– Clara, não seja chata- Ian a adverte

– Só quando ela falar bom dia

Tenho que admitir, a garota era bem teatral

– Bom dia - Resmungo

– Agora sim. Escuta, vamos aproveitar esse tempo até o almoço para ir na minha casa...

– Nossa - Ian interrompe

– Que seja. Assim, nós conversaremos e trocaremos experiências e blá blá blá. O que acha?

– Parece legal,mas tenho que perguntar para minha Mãe...

– Vai ter uma vida social -Minha Mãe grita

Fico espantada, ela sempre teve boa audição, mas ouvir a conversa dos outros me incomoda.

– Nesse caso, eu vou.

Os irmãos se levantam, indo para a porta de entrada. Eu os acompanho e eles saem rua adentro, vou os seguindo até a casa deles.

– Uau! - Exclamo

A casa não é diferente da minha, o mesmo molde, só que pintado de amarelo canário. O lugar onde deveria ser somente grama, habita um campo de flores dente de leão (Alguns já brancos e prontos para o sopro, outros amarelinhos), o único lugar vazio é uma trilha de pedras de caminho que acaba na porta de entrada (que é branca e tem um vitral na parte de cima) .

–Admirando a casa? - Ian pergunta

– É tão requintada - Falo, enquanto caminhamos

– Meu pai trabalhava no parque botânico da cidade - Ele comenta - E, com o tempo, foi arrumando a casa conforme seu jeito.

– Quanto tempo faz que estão aqui, digo, no programa de proteção? - Pergunto

– Dois anos - Clara, que estava soprando um dente de leão fala.

Penso um pouco. Dois anos nesse lugar parece muito tempo.

– Vocês veem seus amigos com frequência?

– Não os vejo desde que botei os pés aqui dentro - Ian fala, seus olhos azuis transmitem tristeza

Penso em Marisa, quanto tempo eu aguentaria sem ter ela para desabafar e contar tudo o que sinto?

– Uma vez por mês eles nos permitem um bilhete para os amigos, mas não podem ser extensos e devem seguir as regras de privacidade, é horrível - Clara fala, com raiva.

– Crianças - Uma voz feminina soa - Por que não entram?

– Devo te alertar sobre minha madrasta - Ian sussurra em meu ouvido - Ela é um pouquinho... deixa pra lá

Arregalo os olhos

Clara abre a porta de entrada, revelando um ambiente parecido com minha casa.

Uma grande escada de mármore é a primeira coisa que noto, ela não tem corrimões. O lugar onde em casa fica a mesinha com flores, deu lugar a uma luxuosa poltrona vermelha (Não que eu veja sentido em ter uma poltrona vermelha de costas para a escada).

– Bem vinda, Lisa. - A voz feminina fala

Olho para os lados e vejo um mulher glamourosa. Ela em olhos verde escuro e cabelos castanhos claro. A mulher deve ter uns 1,70 e tem uma magreza quase excessiva, apesar de exibir belas curvas.

Suas roupas não me deixam duvida sobre quem organiza o armário de Clara. O rodado vestido de bolinhas pretas e brancas no estilo anos 50 deixam a cintura da mulher bem marcada. Os sapatos pretos estilo boneca a deixam ainda mais alta. O longo cabelo preto está abrigando uma faixa preta sob a cabeça, e, apesar de ser dia, a mulher ostenta um colar de pérolas.

– Roupa bacana - Falo

– Meu marido a detesta, ele é muito natural - Ela comenta, com nojo na voz

– Você é a madrasta deles? - Pergunto

– Sim

Suspiro , escondendo a curiosidade sobre o que aconteceu com a mãe deles .

– Diana, Não encha a paciência da visitante. -Um homem diz, descendo as escadas rapidamente.

O encaro. Ele deve ser o pai

– Sou o pai dos irmãos Vieira - Ele diz, como se lesse minha mente - Meu nome é Carlos

Ele aperta minha mão. Não posse deixar de comentar sobre o quanto ele e os filhos são diferentes. O homem exibe olhos castanhos atrás de óculos. Ele é magro e tem a minha altura (Para um homem, é baixinho). A pele bronzeada traz a sensação de estar na praia e os cabelos loiros não se parecem em nada com a negritude do mesmo em seus filhos.

– Eles puxaram a mãe - Ele diz, novamente come se lesse minha mente

– Legal.

Clara puxa meu braço , me arrastando pela escada

– Foi um prazer conhece-los - grito

Ian vem logo atrás de mim, rindo

Clara me joga para dentro do primeiro quarto que vejo, deve ser o dela. A parede é de um tom azul bebe.], com uma enorme cama com mosquiteiro no centro do quarto. Uma mesa habita quatro cadeiras e uma prateleira sustenta discos de vinil da banda Beatles.

– Fuja da Diana, é meu conselho

Faço cara de confusa

– Senta, é uma longa história.

Ian arrasta uma cadeira giratória e eu me sento.

Um cachorro pequeno, que até então eu não havia percebido, pula em meu colo.

– Paulo josé, pro chão. Agora - Ian fala

– Seu cachorro chama Paulo José?

– Algo contra?

Dou de ombros e acaricio o cachorro.

– Agora, vou contar a história da minha vida. Era uma vez uma família feliz. Carlos e Sabrina Vieira eram casados e eladeu a luz a dois filhos, um dia, a Sabrina fez uma cirurgia na coluna, pegou infecção hospitalar e morreu. Dois anos depois, uma doida chamada Diana apareceu. Ela se casou com Carlos e virou madrasta dos irmãos.Ian nem liga muito, pois ela é legal com ele. Mas Clara é obrigada a manter seu guarda roupa sempre com sapatos glamourosos de salto, quando isso Não acontece, a doida da Diana queima todas as roupas da menina. Essa guria ficou traumatizada e tem pavor de vestidos anos 50 e qualquer pessoa chamada Diana.

– Uau - Falo

– Ela é legal, bem maluca, mas legal - Ian fala

– Isso porque ela te joga pra cima das meninas

Ele fica vermelho

– Posso perguntar uma coisa?

– Pode - Ian fala

– Qual foi o crime que vocês testemunharam?

– Você conta, Ian - A irmã diz

Ele suspira e começa

– Minha irmã fazia aula de francês. Eu tinha de busca-la todos os dias, pois Diana não gostava que Clara voltasse sozinha para casa. Em um desses dias, o ônibus quebrou , e nós tivemos que ir para casa a pé. Quando chegamos em frente a um parque, escutamos um grito apavorado. Corremos para ver o que era - Ela faz uma pausa - Era uma menininha, ela estava sofrendo um estupro.

– Que horrível- Comento

– Foi isso que pensamos - Ele fala - Clara discou para a policia, mas um dos caras que estavam lá deram um tiro em seu ombro. Eu a peguei no colo e nós corremos até a delegacia.

– Os caras foram encontrados - Clara interrompe - mas o líder deles ainda está a solta, e está nos procurando. Se ele me pegasse, ia fazer a mesma coisa que fez com a menina, e depois mataria eu e meu irmão.

– Credo

Eles assentem

– É um papo muito pesado, pesado demais para tão cedo do dia. - Ian fala

– Não tenho dúvida - Falo

Nesse momento, Diana abre a porta do quarto

– Venham comer, eu fiz bolo


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Notas finais do capítulo

Acabou ficando longo.
Gostaram?