A testemunha- HIATUS escrita por Zia Jackson


Capítulo 30
Barrados no Condomínio/ Converso com policiais


Notas iniciais do capítulo

Qualquer semelhança entre o título e a série Barrados no baile não é mera coincidência.


Obrigada a quem comentou: Duda, Izzy, Branca e Pere.




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Ian

– Como assim eu não posso sair do condomínio?

– Me desculpe, Ian, mas regras são regras. - Diz o porteiro

É um absurdo. Minha amiga está no hospital e eu não posso ir visita-lá? É sério isso?

– Senhor, se não se acalmar terei que chamar os policiais.

– EU NÃO VOU FICAR CALMO PORCARIA NENHUMA! - Grito - EU QUERO VER SE ELA ESTÁ BEM.

– Se o senhor sair, corre risco de vida. É uma testemunha.

– QUE SE DANE!

– Repito: Volte para sua residência e se acalme, daqui você não sai.

Saio, bufando e batendo os pés. Fico nesse maldito condomínio, mudei toda a minha vida para nunca poder sair? Nem para visitar uma pessoa no hospital?

– Ei - Chama alguém

Olho para trás, é Lucas o filho do porteiro. É um rapaz alto, físico atlético, pele cor de chocolate. Parecia um jogador de basquete, mas ele estava mais para uma diva do pop .

– Que foi? - Indago

– Não fica bravo, meu pai só fez o trabalho dele.

– Eu sei, mas é terrível.

– Sua amiga deve estar bem.

– Será?

Ele me encara.

– De qualquer forma, está mais segura no hospital.

– Como?

– Nada. - Ele diz, como se tivesse se arrependido de ter dito.- Preciso ir, o cachorrão aqui quer beber água.

Aponta para o labrador de pelos pretos, que está com a língua para fora.Ele retoma a caminhada,eu faço o mesmo.

Chego em casa e me deparo com todos dormindo. Quero fazer alguma coisa, mas não sei o que. Preciso falar com Lisa, mas a garota que Igor levou para a casa dos Palmer não se parecia em nada com ela, é como se fosse uma boneca sem alma.

Ainda me lembro das pessoas ao redor da garota, das ordens para darmos espaço, da ambulância e dos policiais mandando que só ficassem na casa os membros da família.

Clara acorda, e como se soubesse no que estou pensando, fala:

– Cara, imagina o psicológico dela.

– Pois é. Ela presencia um assassinato, tem a vida toda mudada, leva um tiro e depois sofreu sabe-se lá o que.

– Eu só queria uma informação, sabe? - Fala , enquanto tira lasquinhas do esmalte - Os policiais ficam indo e vindo, mas não tem nem a decência de nos informar de algo.

– A gente nem sabe o que aconteceu com ela.

– Pois é.

– E sabe o que é o pior? É saber que , quando ela voltar e se voltar, vai considerar Igor seu grande herói, que a resgatou da torre do dragão e blábláblá.

– Francamente, Ian, como pode ser tão egoísta?

– Eu sou egoísta, você deveria saber mais do que ninguém.

Ela bufa, depois continua a cutucar o esmalte azul nas unhas.

– Só queria ter certeza de que ela está bem.

– Sabe o que é duro de se envolver com as pessoas? Você começa a se importar com elas, e quando algo acontece você perde a insanidade só em pensar que algo está errado.

– Isso foi uma tentativa de frase filosófica?

Em outra situação eu teria rido, mas dessa vez só peço para ela mudar de assunto. E é isso que faz.

* * *

Lisa

Não consegui dormir por muito tempo, a resposta eram os pesadelos que me assolavam: Uma mistura entre a razão de eu estar no condomínio e do que vivenciei na casa de Igor.

Um policial entra no quarto,quase me matando de susto. A máquina de batimentos cardíacos faz um enorme alarde.

– Desculpa,moça. Só vim ver se estava tudo bem.

– Quando prenderem aquele idiota é que tudo estará bem . - Falo, a voz saindo mais como

– Me desculpe, mas prender quem?

– O idiota que me fez isso.

– Falaremos disso amanhã.

– Amanhã ele já pode ter fugido.

– Senhorita, essa foi a ordem que recebemos.

– Ele pode estar fazendo com outra. - Falo, com raiva. Não raiva do policial, mas raiva de tudo. Do agressor, de mim mesma.

– Está muito exaltada, vou chamar a enfermeira para te dar uma medicação.

– Não preciso me medicar.

– Durma. Tem um longo dia pela frente.

Ele sai do quarto, fechando a porta.

Olho para minha mãe, na poltrona branca. Está dormindo como uma contorcionista, tentando conseguir um pedacinho confortável de espaço.

A coitada acordou durante a noite toda com meus gritos, tentando afastar os pesadelos de mim. Ela já mudara toda sua vida por algo que eu tinha visto, não era justo que passasse por alguma outra experiência ruim.

Já não sinto mais dor (bendita seja a Morfina!) , mas ainda consigo ver os hematomas e machucados em minha pele.

Fico acordada a noite toda, pensando e tentando não chorar.

* * *

De manhãzinha, a psicóloga vem conversar comigo. Me sinto bem conversando com alguém que sabe de diferentes métodos para me chamar de louca. Segundo ela, eu provavelmente terei que tomar remédios para não pirar a cabeça.

– Agora os policiais vão vir conversar com você - Diz ela, com a voz mais calma do mundo - Se se sentir ameaçada, amedrontada ou qualquer outra coisa é só mandar eles pararem, tá bom?

Assinto com a cabeça, exatamente como uma criança do maternal após receber orientações da professora.

Três policiais entram na sala, um deles é o baixinho que encontrei à noite, carrega um gravador de voz nas mãos.

O outro policial é ruivo e alto, encara tudo como se fosse um grande tédio.

A terceira é uma mulher de pele negra e cabelos pretos. Ela tem um sorriso amigável.

– São só algumas perguntas, responda com sinceridade, ok? - Diz , com a voz doce.

Não respondo.

– Ok.Primeiro, você pode dar uma descrição do que aconteceu? Tudo o que você fez no dia.

Começo a relatar,quando Dafne entrou em minha casa, quando decidi explorar, quando o pai dela me torturou.

Minha mãe parece assustada.

– Mas ele estava nos ajudando a te encontrar, é um cretino.

O papo que se segue parece interminável, os policiais insistem em me fazer a mesma pergunta, como se pudessem me pegar na mentira. Chega uma hora em que eu peço um descanso, e então recebe mais um enorme papo da psicóloga.


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Notas finais do capítulo

Eu, particularmente, achei que esse cap ficou bom. Não MARAVILHOSO, mas ficou bom.
E EU PASSEI DE MIL PALAVRAS o/


O que acharam?


Reviews, recomendações (estou carente)


Bjus da zia



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