A busca pelo Girassol. escrita por Mina Phantonhive


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Boooooooooom, agora temos Seraphina e Calvera em um papo bem interessante. Eu sei que casais ht não são o forte desse fandom, ainda mais com a ousadia de desfazer o IcePoison, maaaaas, estamos aí na atividade. Espero que se divirtam.



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Seraphina acordou e se deparou com um quarto simples em um lugar ensolarado. Havia muito tempo que não sabia o que era sentir realmente a luz do sol e se deixou aproveitar por alguns momentos. Na verdade, acreditava piamente que estava morta.

O que se deu com Seraphina foi uma espécie de coma dado ao extremo frio do lugar onde morava, como se estivesse congelada, ela não tinha morrido por assim dizer, mas estava inerte e vulnerável aos embustes e intenções do irmão. A garota não sabia exatamente o que tinha se passado, tinham apenas flashes do que supostamente teria acontecido e a lembrança latente de Dégel e da ponta dos seus dedos em seu rosto. Era a única lembrança real que possuía e não conseguiu evitar acariciar a própria face para reconstituir o contato. Tentativa frustrada, claramente. Também não sabia o motivo dele estar lá. Será que iria matá-la? Será que ele acreditava que ela junto com o irmão nessa loucura de restituírem o reino do mar?

Como poderia culpa-lo? Dégel era inteligente, mas era um cavaleiro de Athena que obedecia piamente as ordens de sua deusa e Poseidon era um inimigo conhecido, temido e complicado demais para ser ignorado. O fato de Unity estar tramando tudo isso só piorava as coisas, já que pelo que se lembrava, Unity era o melhor amigo dele, então ele foi enganado duplamente, tanto pelo amigo quanto por ela.

E quem era ela na fila do coração do cavaleiro? Nada. Ela era uma irmã mais velha, uma espécie de conselheira, alguém que só aparecia de vez em quando, uma mulher mais velha com uma paixão proibida e leviana pelo melhor amigo do irmão mais novo, cujo destino estava traçado muito antes de aparecer por aquelas terras geladas.

Pare de pensar nisso Seraphina. Não é porque está viva que as coisas mudaram. Athena está viva, as obrigações existem e mesmo que não, quais são as suas chances? Não sabe por que o viu, pode ser que nada seja real, que tenha sido uma ilusão dos deuses para aplacar o momento da morte. Eu queria estar morta. Era isso que deveria ter acontecido.”

Contudo, não podia deixar de notar o calor que sentia quando pensava no cavaleiro e a estranheza que aquilo trazia e chorou copiosamente.

Calvera, em uma espécie de clarividência, adentrou o recinto e foi acudir a moça.

“Seraphina, o que houve? Está sentindo dor? Está com fome?”

“Eu não devia estar aqui.” A garota dizia entre lágrimas.

“Mas você não está me incomodando, não é problema algum.”

“A questão não é aqui na sua casa, é aqui no mundo, viva. Isso está errado. Eu estava morta há tempos, eu sou um erro do destino. Não entendo que força foi essa, mas eu sou um fantasma, um erro, uma aberração.”

“Do que está falando? Como pode ser um fantasma se eu te vejo bem aqui na minha frente? Por que blasfema desta maneira quando diz que deveria estar morta? Se isso for verdade, não acha que foi um presente ter voltado à vida? Já pensou que esta pode ser a sua chance? Uma chance de encontrar aquilo que tanto procura, como o nome que vem sussurrando desde que está adormecida aqui?”

“Desde quando eu estou dormindo?”

“Há uma semana.”

“E aconteceu alguma coisa durante este tempo?”

“Claro, a vida não para, certo? Aconteceram várias coisas.”

Seraphina teria que tentar extrair a informação com cuidado, já que não sabia quais eram as intenções da garota à sua frente.

“O que deseja saber exatamente Seraphina?”

“Humm..algo relacionado à Guerra Santa?”

“Guerra Santa?” Calvera perguntou espantada.

Seraphina hesitou, não sabia bem ao certo quem era Calvera, na verdade não sabia de nada sobre essa mulher à sua frente, que não havia feito nada além de ajudá-la, mas poderia ser uma inimiga de Athena e ela não precisava de mais um motivo para Dégel odiá-la, já que ela própria, por ter sido o receptáculo de Poseidon poderia e certamente seria considerada uma inimiga também.

“Ah, você fala das guerras dos cavaleiros de Athena, certo? Coisa mais estúpida e cíclica, não acha? É até um sacrilégio com outros deuses chamar aquilo de Guerra Santa. Bom, você deve estar querendo saber dos detalhes do final da Guerra. Bom, aparentemente, outros deuses se intrometeram e alinharam os planetas e ocorreu um lapso no tempo, anulando todas as ações desencadeadas pelos espectros e até retrocendendo algumas coisas. Pelo menos foi o que eu ouvi falar. Excêntrico, mas necessário para colocar esses deuses gregos no devido lugar.”

Seraphina ficou temerosa pelas palavras de Calvera: “ Você não tem medo de falar assim? Sabe como os deuses são. Não tem medo de sofrer represálias?”

“Se for como dizem, seremos punidos de um jeito ou de outro. E saiba que a fonte de vida e poder deles é a nossa adoração e o nosso medo, já parou para pensar nisso. Claro que aparenta um certo desamparo, mas você não precisa adorar um deus que não fez nada para isso. Athena, pelo que eu sei, merece, mas se ela não merecer mais, é só não adorar mais. Eles só existem e persistem porque acreditamos neles. O poder da fé é a fonte do poder divino.” Calvera sorriu e deixou a outra com seus pensamentos.

Sozinha, Seraphina pos-se em meditação sobre tudo o que ouvira. Alinhamento dos planetas. Será que Degel previra? Talvez não, já que não foi obra dos deuses Olimpianos, mas como eu estou viva? Minha morte pelo que eu saiba não foi desencadeada por nenhum espectro. Como eu estou aqui?”

Calvera imaginou como sua colega conseguia passar de um estado de completa agitação para um estado de contemplação. Era deveras interessante observar. Ainda não sabia o motivo pelo qual a acolhera, mas acreditava que tinha algo em comum com ela. E toda conversa sobre guerra santa a fez recordar de Kardia e Sasha. Desde aquela visita, nunca mais viu a garota, mas o cavaleiro, ah, ele era uma outra história.

Tiveram encontros posteriores, furtivos e muito agradáveis, já que de acordo com ele, não era todo dia que uma mulher tirava um dente em brasa do coração dele e aquela conexão deveria ser aproveitada de alguma forma.

Ruborizou ao recordar da ousadia do último encontro e lembrou-se do desespero dele em se mostrar vivo, como se soubesse que aqueles eram seus últimos dias sobre a terra, mas ele não parecia com medo de morrer, mas com medo de ser esquecido. Calvera também não era apenas uma taverneira, era uma sacerdotisa e tinha seus poderes, sabia que o cavaleiro morreiria e aproveitou ao máximo para fazer aquele momento valer a pena e sentir o coração dele fervendo e sabiam que se encontrariam posteriormente. Não como amantes, mas como amigos, não era necessária uma ligação física, mas eles se davam bem e aquilo valia a pena como nada valera antes.

E as lembranças de Kardia desencadearam outras lembranças e finalmente ela soube de quem Seraphina falara tanto: o melhor amigo de Kardia. Era ele quem chamava Dégel, traça de livros, quatro olhos também, mas o nome de batismo, se é que ela podia falar assim, era Dégel. Será que era a mesma pessoa? Bom, se Seraphina perguntou da Guerra Santa, tinha relação com algum cavaleiro. Não precisava ser de ouro, mas quais eram as possibilidades de ser a mesma pessoa? Eram incrivelmente altas. Então, uma visita ao Santuário não estava mesmo fora de cogitação.




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