“Estas notas são tão ruins que chega até a ser impressionante.” Comentou Koji observando as notas de Nobi e Chiyo.

“Não tenho como lhe defender, mestre.” Falou Jin também as observando. “Não esperava que estivesse tão ruim assim.”

“Bem, como o meu objetivo era dominar o Japão, nunca liguei muito para os estudos.” Bocejou o ruivo.

“Mesmo assim não entendo.” Comentou Nikko pegando numa das provas. “Como você pode ser tão ruim em todas as matérias, mas mesmo assim ter 90 pontos de 100 na prova de história? A sua nota foi até melhor que a minha.”

“É simples, a história japonesa é muito maneira.” Respondeu o Oyabun com um olhar brilhante. “Gosto especialmente da Era Sengoku, vários clãs se enfrentando para decidir quem iria dominar o Japão. Ah, isso é tão maneiro!”

“De certa forma nós estamos numa situação similar.” Comentou Jin.

“Eu gosto especialmente do Nobu.” Continuou Nobi fascinado.

“Nobu?” Questionou Nikko confusa.

“O Aniki está falando de Oda Nobunaga.” Explicou Goru.

“Oh… Espera! Oda Nobunaga?” Indagou a loira surpresa. “Mas ele não era um cara ruim? Era até conhecido com Rei Demônio do Sexto Céu.”

“Primeiro, esse é um apelido muito legal.” Respondeu Nobi levantando os dedos à medida que ia enumerando. “Segundo, numa guerra não existem rótulos de bom e ruim. Na visão de cada um, o inimigo será sempre o vilão e os aliados os heróis. Concordo que o Nobu tinha métodos um pouco extremistas e violentos, mas simpatizo com o seu objetivo de unificar o Japão e com a forma que ele montava estratégias de combate, ele era um líder nato. Não admira que nos dias de hoje ele ainda seja tão recordado, não só em livros de história, mas em diversas médias. Ninguém pode negar que ele é um ícone japonês. É isso que eu quero fazer, marcar o meu nome na história, para que as gerações futuras saibam da minha existência.”

“Então o Nobi-san é um daqueles Otakus por história.” Comentou Chiyo com uma gota de suor atrás da cabeça.

“É o que parece.” Concordou Nikko no mesmo estado. “Mas você também parece estar numa situação similar, Chiyo-chan. Você reprovou em quase tudo, mas teve notas altas em Biologia e Química.”

“Bem, é realmente a única coisa que eu estudo mesmo.” Respondeu ela coçando a cabeça. “Como assassina e médica naturalista, é o mais importante.”

“Vocês dois… Não se pode focar apenas umas poucas disciplinas.” Suspirou a loira. “Sinceramente não sei se vão conseguir passar nas provas de recuperação.”

“Vão conseguir.” Falou Momoka com um olhar sério. “Irão passar pelo meu treino intensivo.”

“Treino?” Indagou a Izumo confusa.

“Sim.” Respondeu ela. “Um simples estudo não será suficiente para estes dois idiotas. Farei um treino especial que entranhará tudo o que precisam para as provas nas suas mentes.”

“Um dos treinos infernais da Anego.” Murmurou Goru num tom sério.

“Já estou tremendo só de pensar.” Comentou Nobi com uma expressão abalada.

“Seja forte, Chiyo-chan.”  Falou Nikko com um olhar de pena, pousando a mão no ombro da rosada.

“Você me está assustando, Nee-san…” Murmurou Chiyo tremendo.

“Muito bem, chega de conversa, só temos duas semanas.” Declarou Momoka com um olhar rígido. “Vamos começar.”

E assim começaram os árduos dias de estudo de Nobi e Chiyo. Momoka estava responsável por todas as disciplinas, no entanto, cada membro da Onigumi ajudava na sua melhor disciplina.

Nikko ajudava em literatura.

“O autor queria expressar a desigualdade social da época usando esta metáfora.” Explicava a loira dedicadamente. “Já nesta frase, o protagonista mostra-se um personagem mais completo e…”

“A Nee-san fica tão deslumbrante como professora.” Comentou Chiyo com os olhos brilhando, enquanto Nobi dormia ao seu lado.

“Se concentrem, vocês dois!”

Koji ajudava em inglês.

“E assim, a frase no futuro fica “The Hero will save the planet.”.” Explicou Koji usando uns óculos falsos e apontando para um quadro negro com a frase escrita em inglês e em japonês.

“Você é muito bom em inglês, Koji.” Comentou Nobi admirado.

“A pronuncia também é muito boa.” Concordou Chiyo escrevendo no seu caderno.

“Kukuku, pode-se dizer que já passei muito tempo em certos sites americanos.” O esverdeado com um riso perturbador e depois apontando para mais uma frase no quadro. “Muito bem, Loli-chan, agora repita esta frase aqui. “I'm so horny right now”.”

“I…” Quando a rosada ia repetir, Nikko interveio e tapou-lhe a boca.

“Não diga isso, Chiyo-chan!” Pediu a loira exaltada. “E você, não a faça falar coisas como essas!”

“Isto foi uma frase leve até, não?” Respondeu Koji encolhendo os ombros.

“O que foi, Nee-san?” Perguntou Chiyo confusa, então Nikko sussurrou-lhe o significado ao ouvido, fazendo com que ela ficasse completamente vermelha e furiosa, jogando agulhas em direção ao pervertido. “Você é o pior!!! Morra!!”

Não era como se fosse a sua especialidade, mas Jin ajudava em física.

“E então têm de usar esta fórmula para a velocidade.” Explicava ele apontando para os exemplos no livros.

“Entendo, estou começando a entender.” Falou Nobi escrevendo no seu caderno. “Só tenho de fazer assim… E assim… E logo depois isto… Certo?”

“Correto, Mestre.” Respondeu Jin num tom orgulhoso olhando para o caderno do seu Oyabun.

“Mas, Jin-kun… O Nobi-san usou as fórmulas erradas.” Apontou Chiyo confusa.

“Então é a física que está errada!” Respondeu o azulado com um olhar determinado. “Não o Mestre.”

“Jin-kun… Assim você não está ajudando.” Comentou a rosada com uma gota de suor atrás da cabeça.

Goru ajudava com matemática.

“Estão vendo esta equação?” Questionou ele apontando para o quadro negro. “Este é o resultado.”

“Mas… Como chegamos ao resultado?” Indagou Chiyo confusa.

“Escrevendo ele, claro.” Respondeu o robô.

“Mas o que temos de fazer na equação para chegar a esse resultado?” Perguntou Nobi não entendendo.

“Sim, qual é o procedimento?” Insistiu a rosada.

“É só olhar para ela e ver o resultado.” Explicou Goru como se fosse algo completamente simples.

“É inútil, Nobi-san.” Suspirou Chiyo. “Estamos falando com alguém que tem com uma calculadora no cérebro… Literalmente.”

“Mudança de professor, por favor.” Pediu Nobi levantando o braço.

“O quê?” Perguntou o robô chocado.

Nobi e Chiyo se ajudavam com história, biologia e química.

E no final de cada dia, era a vez de Momoka ensinar todas as matérias.

Após horas intensivas de estudo, a mão direita de Chiyo perdeu as forças e deixou cair o lápis.

“N-não… Consigo… Continuar.” Murmurou ela sem forças, levemente perdendo o brilho no seu olhar.

“Chiyo!” Gritou Nobi preocupado. “Aguente firme!”

“É impossível… Nobi-san.” Respondeu ela num tom de voz fraco e caindo para o lado. “Continue por mim… Por favor… Parece que chegou a minha hora…  Diga à Nee-san que eu sempre a admirei…”

“Eu estou aqui.” Comentou Nikko simplesmente assistindo a cena.

“Você não pode desistir assim!” Respondeu Nobi com os olhos lacrimejando e pegando na mão da rosada. “Este não é o lugar do seu fim! Seja forte, você não está sozinha nisto! Vamos mostrar a eles, o quão longe podem chegar dois idiotas juntos!”

“Nobi-san…” Murmurou Chiyo recuperando o brilho no seu olhar.

“Chiyo!” Chamou Nobi ajudando-a a se levantar, enquanto uma aura cintilante de pura determinação rodeava os dois, assim nascera a aliança dos idiotas da Onigumi.

“O que eles estão fazendo?” Questionou Goru.

“Sinceramente, já desisti de tentar entender.” Respondeu Nikko com uma gota de suor atrás da cabeça.

“A pausa acabou.” Falou Momoka envolta numa aura negra e um olhar ameaçador. “Vamos continuar.”

E assim, a árdua e sofredora jornada dos dois idiotas continuou por duas semanas, houve momento de dor, leves momentos de alegria que eram rapidamente esmagados, momentos em que estavam prestes a desistir e momentos de glória e superação… E então, o dia dos testes de recuperação chegou.

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Poucos dias depois, os resultados chegaram.

“Não acredito…” Murmurou Chiyo começando a chorar ao ver as notas. “Nobi-san… Nós passamos!”

“Sim, Chiyo, nós conseguimos!” Gritou o ruivo animado e emocionado.

Os dois se abraçaram de pura felicidade, os seus esforços haviam valido a pena, os dois idiotas mostraram do que eram capazes.

“É bom que estejam felizes… Mas passaram por muito pouco.” Comentou Nikko observando as notas. “A maioria foi perto de 50… Mesmo assim estou feliz por vocês.”

“Agora podemos ir todos para Okinawa!” Festejou Koji. “Mal posso esperar para ver todas em roupas de banho.”

“Do que você está falando?” Questionou Nikko inclinando a cabeça.

“A viajem é só para alunos do primeiro ano.” Informou Momoka. “Alguns alunos executores do terceiro ano também irão para ajudar com a segurança. Mas você é do segundo ano.”

“Você não vai!” Afirmou Chiyo apontando para ele.

“Eh? Hãaaaaaa?” Indagou o esverdeado em choque. “Como assim? Vocês vão me abandonar aqui? Tudo bem em irem para Okinawa sem mim?”

“Por mim, não tem problema.” Comentou Jin limpando a sua Bokuto.

“Digo o mesmo.” Concordou Nikko com um olhar desinteressado.

“Tanto faz.” Respondeu Momoka jogando um jogo de celular.

“Não podia ser melhor.” Declarou Chiyo mostrando-lhe a língua de forma infantil.

“Isso é tão cruel…” Murmurou Koji deprimido.

“Não te preocupes, Koji.” Falou Nobi pousando a mão no ombro do seu subordinado. “Estaremos contando com você para cuidar de tudo enquanto estivermos fora. Você é o nosso confiável companheiro, estou contando com você.”

“Obrigado, Oyabun.” Respondeu ele de forma simples.

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Mais tarde, nesse mesmo dia, Momoka estava sentada descontraidamente, olhando para o jardim da casa de Chiyo, enquanto mastigava um Pocky, até que duas figuras se aproximaram dela.

“Então, o que querem?” Questionou ela terminando o Pocky.

“É um pouco ousado pedir isto logo depois de me ter ajudado tanto a estudar…” Murmurou Chiyo com um olhar decidido.

“Agora que estou completamente recuperado, tenho de aproveitar…” Falou Jin com o mesmo olhar.

“Momoka-san/dono, por favor nos treine!” Pediram os dois em simultâneo

“Oh, isso é repentino.” Comentou Momoka ajeitando os seus óculos. “Alguma razão especial para virem até mim?”

“Naquela noite em que enfrentamos os White Tigers, aquele ninja chamado Sarutobi Yosuke que matou o Ishida só pode ser do lendário clã Sarutobi, se alguém desse clã é nosso inimigo, eu não estou nem um pouco perto do seu nível.” Pensou Chiyo mantendo o olhar firme e falando. “Foi você que treinou o Nobi-san, não foi?”

“Eu danifiquei demais os meus braços nestes dias e nem cheguei a enfrentar um general White Tiger como todos os outros, eu tenho de me superar, eu quero lutar ao lado do mestre na próxima vez.” Pensou Jin também decidido e falando. “Os seus treinos físicos são os mais eficazes, não são?”

“Para poder proteger a Nee-san…” Falou Chiyo.

“Para caminhar ao lado do mestre…” Falou Jin.

“Eu quero ficar mais forte!” Concluíram os dois em simultâneo.

“Tudo bem.” Suspirou Momoka se levantando e mostrando um sorriso sádico. “Mas estejam avisados, eu vou mostrar para vocês o verdadeiro inferno.”

“Estamos preparados para isso!” Responderam os dois imediatamente, sem perder a determinação no olhar.

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“Como fui escolhido para ser um dos alunos do terceiro ano que vai acompanhar os alunos do primeiro ano na viagem a Okinawa, daqui a uma semana, vou estar afastado por um tempo.” Explicava Kentaro para Takara, Hikaru e Shirokiba.

“Sem problemas, aproveite para relaxar também.” Respondeu Takara com um sorriso gentil. “Então o Nobi-senpai também vai para Okinawa?”

“Aparentemente sim.” Respondeu Kentaro.

“Que legal, eu também queria ir… Nunca vi o mar.” Murmurou a princesa com alguma pena.

“Se eles vão para Okinawa, então talvez se encontrem com aquela família problemática.” Comentou Shirokiba pensativo.

“Wako… Só de pensar neles fico com dor de cabeça.” Comentou Hikaru já mostrando um olhar cansado.

“O Oyabun deles é bem peculiar mesmo.” Murmurou Takara com uma gota de suor atrás da cabeça.

“Do que estão falando?” Perguntou Kentaro curioso.

“Wako foi a família mais recente a entrar para as 12 grandes famílias Yakuza, aconteceu há dois anos, quando eles conquistaram todas as ilhas de Okinawa e marcaram lá o seu território.” Explicou Takara. “E pode-se dizer que eles são bem… Peculiares. Especialmente o seu Oyabun. Só o encontrei uma vez, na sua primeira e última reunião das 12 famílias.”

Então a princesa recordou as palavras desse Oyabun nesse dia, dois anos atrás.

“Oiçam bem, seus mafiosos ou sei lá o quê! Eu não tenho intenção de vir para estas reuniões chatas! Também não tenho interesse nisso de reunir terras ou seja lá o que for! Só vim avisar todos vocês, mantenham bem isto nas vossas mentes, todo o mar do Japão me pertence, estamos entendidos?”