Na manhã do dia seguinte, Nikko desceu mais uma vez para tomar o seu café-da-manhã, quando se deparou com Jin comendo juntamente com Nobi e Goru.

“Não coma também do meu prato, mestre.” Reclamou Jin ao ver a sua comida sendo levada velozmente pelo ruivo.

“O que está acontecendo aqui?” Indagou Nikko confusa.

“Bom dia, Nikko.” Cumprimentou Nobi animadamente. “Não é óbvio? Estamos comendo.”

“Sim, mas por que é que ele está aqui?” Questionou a loira batendo na mesa e apontando para o azulado que comia calma e educadamente.

“Eu já te tinha dito que o Jin entrou na Onigumi.” Respondeu o ruivo comendo um pouco de arroz.

“Isso não explica por que é que ele está na minha casa.” Reclamou ela. “Ele dormiu aqui?”

“Não, eu vim esta manhã.” Respondeu Jin continuando a comer calmamente. “E você não devia ter mais respeito pelo seu Oyabun?”

“Ei, a personalidade dele não mudou um pouco?” Comentou Nikko para o seu Oyabun.

“É um pouco complicado explicar, mas basicamente, eu tornei-me no seu mestre e ganhei o respeito dele enquanto lutamos.” Explicou Nobi com um ar pensativo.

“Mas afinal por que é que vieste cá?” Perguntou Nikko sentando-se e também começando a comer.

“Não podia deixar o mestre sozinho com uma garota suspeita que possa ter intenções impuras.” Respondeu Jin com uma expressão séria.

“Normalmente é com a garota que se tem de preocupar!” Reclamou ela irritada e levemente corada.

“Devias moderar o teu tom.” Falou Jin friamente pegando na sua espada.

“Oh, parece que queres briga.” Comentou Nikko levantando-se e estalando os dedos.

“Vamos, não precisam brigar por mim.” Disse Nobi sorrindo e esfregando a mão atrás da cabeça. “É meio constrangedor.”

“Ninguém está brigando por ti!” Gritaram Nikko e Jin em simultâneo.

“Vamos deixar isto, já temos pouco tempo.” Falou a loira voltando-se a sentar, enquanto Jin assentiu e voltou a guardar a sua espada.

“Sinto que acabamos de evitar uma grande confusão.” Pensou Goru bebendo calmamente o seu óleo quente.

“Agora me pergunto, de onde vem toda esta comida.” Comentou Nikko lembrando-se de que ontem a mesa também estava cheia de comida.

“Foi o Aniki que fez.” Respondeu o pequeno robô vermelho.

“Eh? Estás brincando, certo?” Indagou Nikko surpreendida. “Ele cozinha?!”

“Claro.” Confirmou Nobi terminando de comer. “É assim tão surpreendente?”

“Realmente não podemos julgar um livro pela capa.” Murmurou Nikko voltando a comer.

“Bem, antes de irmos para a escola, preciso de vos dizer uma coisa como Oyabun.” Falou Nobi ficando sério, fazendo com que os outros o escutassem. “Segundo as informações que o Jin nos revelou, a nossa escola ainda não foi dominada pela White Tigers. Isso por causa desses tais executores e em especial do presidente do Concelho estudantil.”

“Onde queres chegar?” Perguntou Nikko curiosa.

“Decidi que o 1º objetivo da Onigumi aqui em Tóquio será conquistar a escola e fazer dela nosso território!” Explicou Nobi animado. “Estão comigo?”

“Eu vou para onde o Aniki for.” Respondeu Goru levantando-se.

“Eu dei a minha palavra naquela aposta. A minha espada está ao teu comando.” Falou Jin com um ar convicto e um sorriso bastante leve.

“Se não estiver contigo, provavelmente vais armar uma enorme confusão. “Suspirou Nikko e depois sorrindo. “Portanto acho que também te vou deixar me arrastares para isto.”

“Muito bem, pessoal.” Disse Nobi animadamente. “A Onigumi irá dominar a escola!”

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Mais tarde, no fim da primeira aula, os membros da Onigumi conversavam no corredor.

“Então, qual é o seu plano, mestre?” Questionou Jin.

“Sim, Aniki, como vamos fazer?” Interrogou Goru animado.

“Vocês são realmente impacientes.” Riu Nobi virado para a janela. “Tudo bem, eu conto-vos… Bem… Na verdade… Ainda não pensei em nada.”

“Depois de teres feito aquele discurso confiante, devias ao menos ter um plano!” Reclamou Nikko.

“Não podemos simplesmente ir batendo nos inimigos até eles nos entregarem este lugar?”Propôs o robô da Onigumi.

“Isso é capaz de funcionar.” Opinou o ruivo pensativo.

“E tu não estás a ajudar.” Falou a loira para Goru.

“Talvez devêssemos ir diretos ao líder.” Comentou Jin no meio da agitação.

“Oh, essa é uma boa ideia.” Elogiou Nikko reparando depois em algo. “Mas agora que penso… Acho que nunca vi o presidente do conselho estudantil.”

“Isso é porque ele quase nunca vem à escola.” Explicou Jin com um ar sério. “Tudo o que se sabe sobre ele é que o seu nome é Hirata Seika e que está no terceiro ano, eu mesmo só o vi uma vez.”

“Como é que raios vamos confrontar alguém assim?” Indagou Nikko pensativa.

“Disse-te Hirata Seika?” Inquiriu Nobi engolindo em seco.

“Sim. É seu conhecido, mestre?” Perguntou Jin curioso.

“Entendo, então ele está mesmo aqui.” Murmurou Nobi com um sorriso confiante.

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Enquanto isso, noutro lugar da escola, um jovem de cabelo e olhos azuis caminhava envergando o seu uniforme escolar e uma braçadeira dizendo “Presidente”, enquanto era acompanhado por Hitomi. À medida que ele caminhava, todos os alunos abriam caminho e cochichavam entre si.

“Ei, aquele não será…”

“Acho que sim.”

“Sim, eu lembro-me dele. O presidente do conselho estudantil, Hirata Seika!”

“É a primeira vez que o vejo.”

“O que ele estará a fazer aqui, pensei que ele sempre matava aula.”

“Odeio usar este uniforme e esta braçadeira.” Comentou o azulado enquanto caminhava. “Estraga a minha imagem rebelde.”

“Você devia agir mais como alguém no seu posto.” Recordou Hitomi ajeitando os seus óculos. “E por que é que finalmente resolveu voltar à escola?”

“Se o Nobi está aqui, então tenho de tratar disto pessoalmente.” Respondeu Seika olhando para cima e cerrando o punho. “Já se passaram 5 anos.”

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“Finalmente vou voltar a vê-lo!” Exclamou Nobi animado.

“É difícil acreditar que alguém como ele se tornou o presidente do conselho estudantil.” Comentou Goru cruzando os braços.

“Já o conhecem?!” Falou Nikko surpreendida.

“Claro, afinal ele é o meu…”

“NOBI!” Um grito vindo o outro lado do corredor interrompeu o ruivo.

“Seika-nii!” Respondeu Nobi ao avistar o autor do grito.

“Nii?” Indagaram Jin e Nikko confusos.

Então, sem prévio aviso, os dois começaram a correr em direção um ao outro, era possível ver nas suas faces o quanto estavam animados. Assim que cada um chegou a meio do corredor, sem trocarem uma única palavra, socaram-se mutuamente na cara, causando a queda dos dois.

“Não mudaste nada, Nobi.” Comentou Seika rindo enquanto se levantava. “Sinto que levei com uma bola de boliche.”

“Também continuas o mesmo, Seika-nii.” Riu Nobi também se levantando e depois chocando os punhos com o azulado. “É bom voltar a ver-te.”

“Digo o mesmo.”

“O que raio está acontecendo aqui?” Reclamou Nikko confusa.

“Não é óbvio? Eles são irmãos.” Respondeu Hitomi aparecendo sem ser notada e ajeitando os seus óculos.

“Parece que tanto o presidente como a vice-presidente vieram ao nosso encontro. “Comentou Jin calmamente levando a mão até à sua katana, apenas por precaução.

“Espera aí, vocês são irmãos?” Indagou a loira espantada.

“Na verdade não temos qualquer relação sanguínea, mas fomos criados pela mesma pessoa.” Explicou Seika ajeitando a sua braçadeira. “Então finalmente conseguiste encontrar mais membros para a Onigumi, Nobi.”

“Sim, estes são o Jin e a Nikko.” Respondeu Nobi pousando as mãos nos ombros de cada. “Serão eles que me ajudaram a conquistar este país.”

“Oh, então continuas com esse sonho.” Comentou Seika observando os novos membros da Onigumi. “Vai ser interessante ver-te tentar.”

“Eu não vou tentar, eu vou conseguir.” Disse o Oyabun decidido.

“Estás muito confiante para um moleque que acabou de entrar na grande cidade.” Afirmou o presidente com uma mudança no seu olhar, assim como Nobi, quase era possível ver faíscas entre os seus olhares.

“Eles dão-se bastante bem, não é?” Comentou Nikko com uma gota atrás da cabeça.

“Acho que sim.” Concordou Jin.

“Realmente já passou muito tempo, Seika-san.” Falou Goru aproximando-se do azulado mais escuro.

“… Goru? És mesmo tu?” Apercebeu-se Seika levantando o pequeno robô. “Mal te reconheci, já vi que te fizeram algumas remodelações.”

“Entendi, mas me ponha no são já!” Reclamou o robô temperamental.

“Já agora, não vejo a Momo-chan. Onde ela está?” Perguntou o presidente baixando Goru.

“A Momo? Bem… Ela teve de ficar na vila.” Respondeu Nobi nervosamente.

“Aconteceu alguma coisa?” Inquiriu Seika curioso. “Vocês brigaram? Realmente não tens jeito nenhum com as garotas.”

“Não é bem isso…”

“Espera aí… Não me digas que ela não soube que vinhas para Tóquio.” Supôs Seika.

“Algo assim.” Confirmou Nobi receoso.

“Foi um prazer ter-te conhecido, não te esquecerei.” Disse Seika pousando a mão no ombro do seu “irmão mais novo”.

“Não digas coisas dessas!” Reclamou Nobi assustado.

“Se não me engano, ele já falou dessa tal Momo antes.” Pensou Nikko. “Que tipo de pessoa será para que ele tenha tanto medo.”

“Bem, eu e a vice-presidente, Hitomi-chan temos trabalho que fazer.” Falou Seika indo-se embora, acompanhando por Hitomi. “Vão para as aulas e não perturbem a ordem da escola.”

“Realmente não esperava que o Presidente fosse o irmão mais velho do mestre.” Comentou Jin.

“Deve ser mais fácil tomar a escola tendo ele como aliado.” Presumiu Nikko.

“Do que vocês estão falando?” Indagou Nobi de costas para os seus subordinados. “A dificuldade só aumentou com o facto de o Seika-nii estar aqui. Recordem isto, a partir de hoje, toda a escola se tornou nossa inimiga, estejam atentos.”

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“Você finalmente ficou com vontade de trabalhar?” Perguntou Hitomi enquanto seguia o seu superior.

“Há vezes em que um homem tem de ser rebelde com a própria rebeldia.” Respondeu Seika continuando a andar.

“Mais uma vez dizendo coisas sem sentido.” Suspirou Hitomi. “E então? O que faremos com Hirata Nobi?”

“Eu prometi àquele homem que protegeria a ordem desta escola.” Falou o presidente sem olhar para trás. “Se é do Nobi que estamos falando, então ele é o mais potencial perigo para paz desta escola. Vice-presidente, Hitomi-chan, avise todos os executores, Hirata Nobi e seus amigos passam a ser o alvo prioritário.”

“Entendido.” Respondeu ela anotando algo num bloco de notas.

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Na manhã do dia seguinte, num local pouco frequentado da cidade, numa agência de detetives privados chamada Usagi, que ficava por cima de uma velha loja de doces, uma jovem de olhos âmbar e cabelo roxo preso em marias-chiquinhas entrou, carregando consigo um jornal.

“Kazuo-san, já leu a última notícia?” Perguntou ela.

“Não faças tanto barulho de manhã, Michiko.” Pediu um homem jovem de cabelo loiro que devia ter cerca de 20 anos e se encontrava sentado numa cadeira de escritório com os pés apoiados em cima da sua secretaria, com um mangá aberto sobre o seu rosto e um cigarro na boca. “O que foi?”

“Veja isto.” Falou ela batendo com o jornal na mesa.

“Vamos lá ver.” Murmurou o loiro retirando o mangá, revelando assim os seus olhos azuis. “Então esse tal exército escarlate voltou a acabar com uma gangue Yakuza, já é a terceira este mês, eles estão bastante ativos.”

“Não é só isso, chefe.” Falou Michiko apontando para uma pequena notícia no jornal. “Leia isto.”

“Uma misteriosa garota tem sido transferida de escola em escola nesta região, todas as escolas pelas quais ela passou acabaram num caos. Interessante.” Comentou Kazuo após ler a notícia. “E por que é que isto é tão importante?”

“Estão oferecendo uma recompensa por ela.” Explicou Michiko confiante. “Se descobrirmos o próximo alvo dela, vamos finalmente fazer algum dinheiro.”

“Realmente tens muita energia.” Comentou o loiro encostando-se de novo na sua cadeira. “Mas acho que não nos devíamos meter nisso.”

“Mas pensando bem, ela pode estar ligada de alguma forma às armas amaldiçoadas.” Disse Michiko decidida. “Não podemos deixar isto passar.”

“Podes ter razão.” Murmurou Kazuo soprando um pouco de fumaça. “Talvez devêssemos investigar isso.”

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Nesse momento, na sala do 1º-B, já no final da aula, a professora tinha recebido um papel que parecia trazer algum tipo de notícias.

“Muito bem, parece que temos mais uma aluna transferida.” Anunciou ela e então os murmúrios e cochichos começaram na sala de aula. “Podes entrar.”

Então uma bela garota passou pela porta, o seu cabelo era marrom e levemente desarrumado, o seu rosto tinha algumas sarda, usava óculos com uma armação negra e os seus olhos eram violetas.

“Olá, o meu nome é Yamaguchi Momoka, prazer em vos conhecer.” Apresentou-se ela amigavelmente, escrevendo o seu nome no quadro negro.

“Ela é bem bonita.” Comentou uma Nikko para Nobi, que já tinha adormecido. “Não tens mesmo jeito nenhum.”

“Finalmente te encontrei, Nobi.” Falou Momoka com um sorriso aparentemente amigável.

“Hã?” Murmurou ele acordando e depois ficando surpreso com a pessoa que vi na frente da sala.

“Vocês já se conhecem?” Sussurrou Nikko curiosa.

“M-M-Momo?!” Exclamou ele espantado e caindo da cadeira.

“Anego!” Gritou Goru animado. (N/a: Anego é como uma forma feminina para Aniki)

“Eh? É ela?” Indagou Nikko surpreendida.

–Fim de capítulo-

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–Omake-

Nikko, Nobi e Goru caminhavam de volta para casa, quando reparam num cachorrinho dentro de uma caixa de papelão.

“Oh, um cachorro abandonado.” Comentou a loira.

“Cachorro?” Indagou Nobi avistando o dito animal e depois saltando em direção a ele, pegando-o e acariciando. “É tão fofo!”

“O que deu nele?” Perguntou Nikko estranhando o comportamento do seu Oyabun.

“O Aniki é um amante de cachorros.” Explicou Goru suspirando. “O problema é que os cachorros não o amam.”

Enquanto Nobi continuava brincando descontroladamente com o cachorro, este fartou-se e mordeu-lhe a mão, fazendo com que a mesma sangrasse bastante.

“… Eh? ISTO DÓI PARA CARAMBA!” Gritou o ruivo tentando soltar o cão da sua mão, mas sem sucesso.

“Realmente parece ser algo bem problemático.” Comentou Nikko com uma gota de suor atrás da cabeça.