Tears Rose- Hiatus escrita por Alice Prince


Capítulo 4
Um motivo para ser feliz


Notas iniciais do capítulo

Sei que demorei, mas em compensação trouxe um capítulo enorme para vocês.
Boa leitura.



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O sol já havia nascido no horizonte de New Orleans e o céu começava a ganhar uma bela cor azulada, pessoas aos poucos saiam de suas casas, em direção ao trabalho, crianças preparavam-se para suas aulas. Em toda parte a cidade acordava aos poucos, pessoas que seguiriam com a vida como sempre. A calmaria do lugar era como um presente para Doroteia, a bruxa já havia visto tanta coisa na cidade nos tempos antigos, sangue, mortes, e coisas horríveis.

— Acho que esse lugar servira de abrigo por enquanto estivermos aqui.— Dizia Doroteia enquanto descia as escadas da grande e luxuosa casa em que se encontravam, um belo colar com uma pedra de rubi brilhava em seu pescoço pálido, suas habituais vestes pretas esvoaçavam-se enquanto ela descia lentamente os degraus, tinha uma das mãos sobre o corrimão de madeira com pequenas rosas esculpidas.

— Essa casa já foi a morada deles um dia, por que a abandonariam assim?— Questionou Theodora que se encontrava sentada em uma das cadeiras da bela mesa de carvalho escuro que decoava o centro da grande sala.— Alguma noticia de alguma bruxa da cidade?

— Elas não podem fazer magia, como Marcellus pode proibir isso, essa a quem chamam de Davina, é ela que descobre quando magia é feita na cidade, o que será que ela acharia de nossa magia.— Comentou Dorothy observando a vista que a grande janela proporcionava, logo depois ela começou a girar seu delicado anel de uma prata incrivelmente brilhante, uma pequena safira encontrava-se em seu centro.

— Isso atrairá Marcel até nós, Dorothy. E não estou a fim de sentir o cheiro deles por aqui.— Doroteia disse com a voz fria como sempre os olhos fixos na filha mais velha, Theodora que pensava a mesma coisa, não queriam os vampiros por lá, o objetivo delas era outro.

[...]

— Davina, o que aconteceu, pude ouvir seu grito lá de baixo. — Marcel disse entrando no sótão do qual Davina, sua protegida, se encontrava. A garota estava de frente a uma de suas telas, mas ela estava imóvel, os olhos fixos no papel desbotado á sua frente.

— Bruxas estão usando magia, Marcel. Muita magia. — Disse ela sem olha-lo, sua expressão estava começando a assustar o vampiro, ela tremia visivelmente, e ele estava preocupado, Davina era forte, uma bruxa muito poderosa, o que a faria ficar assim.

— Quem, Davina, conte-me. — Indagou ele gentilmente, ele não conseguia irritar-se com a garota, nem mesmo em seu pior humor, ele havia salvado sua vida, e ela confiava nele.

— Eu não sei, é como se eu apenas possa sentir o poder, a magia, mas não sei quem estava fazendo... — A garota pôs as duas mãos sobre a cabeça, apertando os olhos. — Marcel, isso dói muito, é como se queimasse. — Anunciou ela soltando um gemido dolorido, suas pernas de repente pareciam feitas de algo absurdamente mole, e ela teria caído com tudo ao chão se o vampiro com sua velocidade desumana não a tivesse pego antes.

— Dorothy... — O vampiro sussurrou, Davina jazia desacordada em seus braços.

Marcel estava no jardim da antiga mansão dos Bennet, uma antiga família que tinha um gosto estranho por rosas, aquelas eram umas das poucas grandes casas de New Orleans que estavam abandonadas e sem vigilância, e ele sabia que as Dickens a escolheriam, o belo jardim decorado com rosas de todos os tons ainda era como antigamente, ele lembrava muito bem.

Os Bennet tinham uma aliança com os vampiros da cidade, mas quando a grande batalha se aproximou arrastando-se e levando cada um que estivesse em seu caminho consigo, eles deixaram a cidade, deixaram tudo, e a casa foi usada por Marcel por um tempo, mas a antiga mansão conhecida como La Rosea havia sido esquecida.

A casa estava viva novamente, mas o vampiro não gostava de suas habitantes.

— O que esta acontecendo aqui? — Pergunta ele assim que entra sem ao menos bater, era incrível como cada coisa estava conservada, como se a casa estivesse congelada no tempo, nos moveis as rosas ainda estavam talhadas de sua forma delicada, e os quadros ainda decoravam as paredes por todos os cantos, aquilo o fez ir de volta ao passado.

— Ora, se não é o dono da cidade, a que devemos a honra. — A doce e maliciosa voz de Dorothy tirou o vampiro de suas lembranças, trazendo-o de volta a infeliz realidade. Enquanto um tímido fogo crepitava na lareira a bela mulher andava mexendo seu corpo de forma sensual, mas ele sabia que era apenas seu jeito.

— Irei perguntar apenas uma vez, o que fizeram com Davina? — Questionou rudemente encarando o par de olhos castanhos que o fitavam de forma desafiadora.

— Nada. Apenas fiz um simples feitiço de localização, por que, algo aconteceu a sua preciosa arma secreta? — Uma risada ecoou por todo o amplo cômodo. Em sua mão esquerda o anel de esmeralda brilhava tanto quando seu sorriso malicioso.

— Quem esta tentando localizar? —Quis saber o vampiro.

— Isso não é da sua conta, Marcellus, mas creio que isso serve para que você possa pensar um pouco— Começou Dorothy mexendo-se lentamente em direção a ele. —, se meu poder usado em um simples feitiço de localização a fez gritar como uma criança o que pode acontecer caso usarmos nossos poderes ao mesmo tempo? — Ela abriu um sorriso maior ainda ao ver que aquilo afetara Marcel de algum modo.

— Se vocês fizerem algo à garota eu juro que eu mesmo as matarei, e iram implorar por suas vidas. — Apertando o nó dos dedos de uma forma tão forte que estes estavam começando a perder sua cor, ele girou os calcanhares e com um estrondo fechou a porta atrás de si, deixando Dorothy só e satisfeita na mansão.

— Se minha irmã realizar mais um feitiço, seja ele qual for, sua protegida o ira sentir com mais intensidade. — A voz autoritária de Theodora fez com que o vampiro parasse sua caminhada solitária, ele virou-se para observa-la, ela era uma mulher muito bonita, mas seus olhos eram iguais aos da mãe e irmã, mas se ele olhasse mais profundamente poderia ver que ela não era igual a elas em suas atitudes.

— E o que você tem haver com isso, Theodora? — Ele pergunta erguendo uma sobrancelha, então ele percebeu que ela não vestia o preto como habitualmente o fazia, um belo vestido azul levemente deixava as curvas de seu corpo a mostra.

— Eu posso ajudar. — Disse ela com sinceridade, ela o fitava de forma diferente do que ele havia visto na Colina do Lamentos.

— E como é que eu posso acreditar em algo vindo de você? — Ele tentou não demonstrar interesse, mas era impossível não deixar isso transparecer.

— Particularmente não gosto de você, mas não quero que uma criança sofra por culpa da falta de maturidade de Dorothy. É um feitiço simples, ele impedira que ela possa nos sentir novamente.— Explicou a bruxa.

— E como posso saber se esse feitiço não vai piorar as coisas. Preciso saber o que acontece na cidade, não posso simplesmente faze-la parar.— Ele disse cerando os olhos e se aproximando de Theodora na tentativa de intimida-la, mas esta já estava acostumada a lidar com vampiros.

— Ela apenas não poderá mais sentir a nós, o resto fica como esta. Você quer protege-la, e você sabe que não iremos parar o que viemos para fazer. Para o bem da garota não seja um tolo e leve os ingredientes. É sério, Marcel, não ai querer saber o que pode acontecer com a menina se minha mãe decidir usar sua magia. Vamos, pegue!— Insistiu ela entregando ao homem o uma delicada caixinha de madeira.— E não intervenha em nossos negócios. Sabe que elas não pensam e nem agem como eu.

[...]

Rose estava mais uma vez naquele restaurante, sentada na mesma mesa ao lado da janela, sozinha com seus pensamentos em algum lugar muito longe dali.

Pensava em seu irmão, Thomas, como estariam indo as coisas em sua faculdade, da qual ele acabara de entrar. Ela lembrava o quanto ele estava feliz por poder ir para uma faculdade, a vida não fora boa com nenhum dos dois irmãos, mas Rose tinha feito de tudo para que ele não fosse afetado, por isso ela acabou levando tudo consigo, absorveu todas as consequências, mas assim pode permitir que se irmão tivesse uma vida normal. Sacrifico, ela conhecia essa palavra muito bem, e agora quando tudo estava bem, e sua vida estava boa, ela mal conseguia acreditar que um dia fora tão difícil sorrir.

— Rose.— Uma bela e atraente voz a tirou de seus pensamentos, a garota que estivera de olhos fechados por um bom tempo os abriu relutante, queria poder continuar viajando em seus pensamentos.— Parece que meu lugar preferido também virou o seu.

— Elijah, oi.— Ela o cumprimentou com um sorriso em seu rosto, ela notou que ele estava acompanhado de uma bela mulher, loira e com um belo sorriso, a mulher a olhou sorrindo.— Não sei se gostariam de me fazer companhia, ou preferem ficar sozinhos, para... Fazer sei lá o que namorados fazem.

— Não— Começou Elijah ampliando ainda mais seu sorriso, a mulher ao seu lado o acompanhou, Rose queria rir, mas não estava entendendo nada.—, esta é minha irmã, Rebekah.

— Ah, então estão esperando um convite formal ou algo do tipo?

Os dois irmãos sentaram-se a mesa e logo uma conversa iniciou-se, no começo Elijah apenas observava sua irmã sorrindo e rindo junto com Rose. Ele podia observa-la ali sem nenhuma desculpa, podia acompanhar cada gesto, e ouvir o som de sua risada.

— Elijah. Elijah, você esta surdo?— Sua irmã o cutuca com o pé por baixo da mesa, ele a olha murmura um “o que”.— Disse que preciso ir, você vem ou vai ficar com a Rose?

Aquela pergunta era tão obvia, qualquer momento que ele pudesse passar com ela era bem-vindo, ele estava começando a querer passar muito mais tempo com a garota. Mas o que é que ele estava fazendo, ela era jovem, muito jovem. Estava começando sua vida, seguindo um sonho, ele não poderia se envolver, ele sabia o que viria a seguir, e ela não podia nem ao menos pensar, era injusto que ele não pudesse ser feliz, mas ele não a traria para o seu mundo, não tinha o direito de acabar com a vida da garota.

— Pode deixar, eu vou cuidar bem do seu irmão!— Disse Rose se despedindo de Rebekah. Mas não havia mais volta, ela era tão bela, e seu jeito havia conseguido fazer com que algo dentro do Original se acendesse novamente.

[...]

— O que sugere que façamos para passar o tempo?— Elijah perguntava enquanto ele e Rose se dirigiam ao estacionamento onde encontrava-se o seu carro, com um pouco de insistência ele havia conseguido convence-la a dar um passeio.

— Iremos passar na faculdade para pegar Alyssa, sabe se quiser andar comigo tem que aguentar o que vem de brinde.— Informou a garota enquanto esperava que Elijah destravasse as portas do carro, logo depois antes mesmo que o homem entrasse ou pensasse em usar seu cavalheirismo, ela entrou no carro. Elijah comtemplou o lugar de onde a garota estava a poucos segundos e deixou que um sorriso brotasse em seu lábios, espontaneidade, Rose tinha isso de sobra.

— Se pudéssemos passar em casa para uma troca básica de roupa ainda tem aquela balada no centro da cidade, soube que ela esta bombando há essa hora....— Alyssa que estava no banco de trás disse, a loira estava sorridente ao ver o modo como, de vez em quando, Elijah olhava para a amiga.

— Não iremos a balada nenhuma, Aly, devemos ir em algum lugar mais calmo, não creio que Elijah seja o tipo de homem que goste de pessoas esfregando-se nele.— Rose comentou lançando um olhar ao homem que dirigia, pelo retrovisor ele pode ver Alyssa revirando os olhos.

— Que droga, para onde então?

— Acho que pode ser ali mesmo.— Informou a garota apontando para um pequeno estabelecimento nomeado de A Pérola, o letreiro estava brilhando em diferentes tons de vermelho e uma musica leve vinha lá de dentro. Alyssa bufou, não era nem um pouco o que ela estava precisando.

— Não creio que seja um bom lugar, Rose, é um bar para pessoas mais velhas. Vamos achar algo melhor.— Elijah falou, mas Rose meteu a mão na direção e ele parou.— Não tem nada que possamos fazer por aqui.

— Ah qual é, vamos dar uma chance, os velhos precisam de sangue novo no pedaço.— Ela disse em um tom de voz aventureiro, o que fez os dois rirem, aquela era a típica Rose, sempre aberta a coisas diferentes.

Quando chegaram ao local apenas algumas pessoas mais velhas encontravam-se lá, quietas, alguns jogavam cartas e outros apreciavam a musica que tocava, os três sentaram-se em uma mesa, logo uma senhora rechonchuda veio entusiasmada para recebe-los, pediram alguma coisa para beber.

— Com licença, senhora.— Rose disse observando um pequeno palco que havia logo á frente da mesa em que estavam.

— Sim querida?

— Aquilo ali é um karaokê?— A mulher abriu um sorriso doce para Rose, e assentiu.— Alyssa, topo se você também topar!

— Não acredito que vão fazer isso.— Elijah disse fingindo estar desapontado, enquanto observava Rose e a amiga subiam ao pequeno palco, sorridentes, elas escolheram uma música.

— Por favor, liguem os aparelhos auditivos que o show vai começar!— Rose disse sem conseguir conter uma risada.

[Ouça-me]

Elijah não conseguiu não sorrir quando a musica começou, ele não conseguia escolher quaç das duas era a mais desafinada, quando o refrão chegou, ele teve certeza que Rose era desprovida de uma boa afinação e coordenação motora para dança. Mas ele começou a pensar que talvez isso a deixasse irresistível, que o fato de ela não ser como todas mulheres com quem já esteve, o fato de que ela não precisava usar decotes, e fazer insinuações para ficar bela.

Se quiser ser meu amante

tem que se dar bem com meus amigos

Faça durar para sempre, a amizade nunca termina

A musica estava quase no fim quando Elijah se sobressaltou ao ver um par de olhos o observando pela janela que dava para a rua, ele não teria como não os reconhecer, ele fez um sinal de que iria até a rua, Rose estava animada demais para se importar.

— O que faz aqui, Dorothy?— Perguntou ele para a bruxa que estava oculta pelas sombras, ela sorriu e caminhou para perto do original, agora as luzes avermelhadas do letreiro iluminavam a bela mulher a sua frente.

— Apenas conhecendo a cidade, Elijah.

— Você já a conhece muito bem.— Exclamou ele friamente, fitando-a.

— Não depois de Marcel tê-la tomado como dele.

— Elijah, por que você não entra de uma vez, Alyssa não esta muito bem.— Rose o chamou.

— Vejo que esta se divertindo.— Disse a bruxa olhando para Rose que a cumprimentou com um aceno.— Volte, a doce rosa não pode esperar. Ela parece legal, você não deveria brincar com a comida.— Ela virou-se e começou a andar lentamente.

O original voltou para dentro, mas agora não estava mais tão feliz, Dorothy não estaria andando pela cidade e por acaso o encontrara, ela estava o seguindo, ele não acreditava em uma palavra que sairá de sua boca.

— Sabe qual é o seu problema?— Alyssa perguntou assim que pôs os olhos no homem.— Você não sorri, esta sempre tão serio.

— O que ela tem?— Perguntou Elijah para Rose que acabara de sentar-se ao seu lado na mesa, a loira encontrava-se a frente, e parecia com sono.

— Ela esta cansada, e aquele senhor deu algo para ela, tenho a impressão que não é agua, e ela fica bêbada fácil.— Explicou a garota lançando um olhar ao senhor que agora estava com a cabeça apoiada na mesa.

[...]

— Alyssa tem razão sabe, você precisa sorrir mais, Elijah.— Admitiu a morena, eles estavam no carro, a loira dormia calmamente no banco de trás.— Precisa de um motivo para sorrir, sabe eu nem sempre fui assim como sou hoje. Minha família era complicada quando eu era mais nova.

— Problemas na família também? Parece que temos algo em comum.— Observou Elijah mantendo a atenção na estrada.

— Meu pai era um idiota, e minha mãe era fraca demais para confronta-lo, então restou a mim proteger meu irmão e eu. Foram tempos difíceis. E você, seja o que for que tenha acontecido, o melhor é pegar isso e por em uma parte abandonada, esquecer, mas não totalmente, por que você precisa ter ciência de que você é tudo o que é hoje por que seu passado o fortaleceu. Precisa de um motivo para ser feliz.

Ela estava certa, ser feliz era o que ele precisava, mas não era tão simples, ele não era normal, e sentia-se culpado por esconder sua verdadeira natureza, ela era tão jovem, isso não saia de sua cabeça.

— Com uma condição— Começou ele olhando-a.—, que me ajude a encontrar o que me faz feliz.— Ela arqueou uma sobrancelha.

— Imponho um condição a sua. Por favor, nunca mais me deixe escolher um lugar, aquilo foi péssimo.


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Notas finais do capítulo

Então é isso, espero que tenham gostado, até a próxima.
Bjss