“Quem tem autoestima, tem muita coragem, se mete em tudo, não tem medo de errar.”

~Luiz Gasparetto

(Quebra – Tempo = 1 semana)

POV’s Angely ON

Era segunda e nós estávamos no intervalo. Finalmente aquela semana havia passado. Vocês não sabem a tortura que eu passei. Eu tive que limpar os banheiros. O feminino, numa boa. Mas eu tive que limpar o banheiro MASCULINO também. Vocês nem queiram imaginar a sujeira que aquilo era. Depois de ter deixado aquele banheiro impecável, eu ameacei o Ruivinho: se ele não alertasse os garotos para não deixar o banheiro naquela imundice novamente, eu daria mais um chute nele. Foi o suficiente.

—Mas então... Como foi a semana, Debby?- Alexy perguntou. Eu roubei o sanduíche de Kentin, que me olhou indignado. Eu apenas sorri.

—Duas palavras: Uma Droga.- falei mordendo o sanduíche. -Foi a pior semana da minha vida. Eu tive que limpar o banheiro masculino.

—Então é por isso que ele ‘tá limpo daquele jeito.- Kentin falou. Fulminei-o com os olhos. -O quê? Você roubou meu sanduíche e eu não posso comentar nada?

—1º: Sim, eu posso roubar o seu sanduíche porque você é meu melhor amigo, então eu tenho o direito. 2º: Não, você não pode falar nada porque você sabe que eu posso fazer com que você não tenha filhos.- falei dando mais uma mordida no sanduíche. -3º Nem pense em sujar o banheiro. Isso vale para todos os garotos da mesa.- apontei para cada um.

—Bela desculpa.- Ele sussurrou. Mas eu ouvi.

—Só por isso, você não vai ganhar o presente.- falei mostrando o pacote pra ele.

—Não...- ele fez uma cara estranha. -Meu Pocky! Meu precioso! Você não se atreveria...- ele falou semicerrando os olhos. Parecíamos duas crianças.

—Ah, mais eu me atrevo. eu abri o pacote, peguei um e mordi. -Pocky, sempre delicioso.— falei em inglês.

—Você sabe que está na França e que muitos aqui não falam inglês, né baixinha?- o ruivinho falou. Olhei pra ele com cara de tédio.

—É por isso mesmo que eu falo em inglês algumas frases, Ruivinho de farmácia.- falei provocando-o.

—Quantas vezes eu vou precisar falar que o meu nome é Castiel, baixinha?- ele se levantou do banco, que era do lado contrário ao meu na mesa.

—E quantas vezes eu vou precisar falar que o meu nome é Angel... er... Debby, ruivinho?- me levantei. “Eu quase falei.. um deslize..’’

—Eu te chamo de baixinha porque você é baixinha.- ele resmungou, cruzando os braços.

—Eu te chamo de ruivinho porque você é ruivo.- falei. -E eu já disse que não sou baixinha. VOCÊ que é alto.

—Mais é claro que você é baixinha. Você ‘tá usando até salto.- ele apontou pro meu pé. Eu usava uma bota marrom- clara que combinava com a blusa bege e a calça jeans azul.

—Por favor...- eu bufei. -Pelo menos eu tenho senso de moda e mudo de roupa, diferente de você.- apontei para ele. -Aposto que você deve de usar isso até quando está na praia.

—É claro que não!- ele exclamou batendo na mesa.

—Ei, ei, ei! Vocês dois. Eu sei que a DR ‘tá boa e que em briga de marido e mulher não se mete a colher, mas vamos parar?- Rosalya falou. Todos da mesa riram menos eu e o ruivinho, óbvio.

—Eu e ele(a) não temos nada! E parem de falar besteiras.- eu e o ruivinho falamos ao mesmo tempo. -E você não me imite.- nos apontamos um para o outro, falando ao mesmo tempo novamente. Antes que pudéssemos falar mais alguma coisa juntos, um som calou todos da mesa. Era o meu celular que tocava. Peguei-o no bolso traseiro de minha calça e olhei a tela. ”Logan Nerd”. Eu atendi.

—Muito bem, a coisa deve de ser séria, já que VOCÊ está me ligando no meu horário de aula— dei um ênfase, enquanto gesticulava com a mão. Todos me observavam. Kentin falou sem produzir som. “Quem é?” Eu apenas respondi da mesma forma. “Logan”.

—Você me atendeu enquanto ‘ta dentro da sala de aula?— ele perguntou. “Esse desgraçado ‘tá com um sorriso, eu sei disso”

—Logan...— Eu respirei fundo. -Você tem algum problema seu retardado? Claro que eu não ‘tô na sala de aula. É recreio.

—Se diz intervalo.— ele falou. Eu revirei os olhos.

—Meu queridinho... Eu chamo do que eu quiser.— falei sorrindo de lado, colocando a mão direita na cintura.

—Eu sei que você me ama.— Ele falou e eu fiz um som de reprovação. -Com certeza você quer que eu vá direto ao ponto, certo?— ele perguntou e eu fiz uma cara de tédio, permanecendo calada.—E com certeza você esta com a expressão do tédio, certo?

—Fala logo, caramba!— exclamei.

—Tudo bem, nossa, calma aí, ‘tá na TPM maninha?— ele perguntou, brincando.

—Logan...- eu suspirei. -Fala logo a merda que você tinha que falar, antes que eu vá atrás de ti, estrupício.

—TUDO BEM!— ele gritou tão alto que eu tive que afastar o telefone da orelha. -Papai quer a sua ajuda.

—E por que raios ele próprio não me ligou? Ou a mamãe? Vindo dela eu até acreditaria, mas de você...— olhei pro Kentin que estava entendendo o que eu falava e ria.

—Aí você dá seus pulos, maninha.- ele falou simplesmente.—Eu apenas estou lhe entregando o recado do papai.

—Virou menininho de recado agora?— perguntei rindo.

—Haha... você tem senso de humor de nascença ou fez um curso?— ele perguntou sarcasticamente e eu bufei. -Olha, papai me pediu, eu liguei, te avisei, fim.

—Você me avisou que ele precisava da minha ajuda, mas não falou que ajuda é essa.— falei.

—Nem eu sei do que ele precisa— ele bufou. ”Deus, como é burro em certos aspectos...” —E antes que você fale que sou burro em certos aspectos... Eu só não sei, porque ele simplesmente não me falou. Ele apenas me falou para contatar você e lhe avisar que quando ele tivesse tempo, te ligava. Só isso.

—’Tá bom. Eu já ‘tô avisada, retardado.— falei rindo.

—Tchau, maninha— ele falou e desligou.

Eu me sentei no banco bufando.

—My Songs Know What You Did in The Dark*… Muito melhor- O ruivinho falou.

—Ruivo... Cala essa merda de boca.- eu falei. Ele estava pronto pra revidar, mas Kentin o interrompeu.

­-Logan? Ele te ligando?- ele perguntou e logo depois esfregou as mãos uma na outra. -Muito bem...  Quantos caixões tenho que providenciar?- ele perguntou olhado pra mim. Eu ri. Mas eu tirei o sorriso do rosto rapidamente. Ele percebeu e começou a suar frio.

—Kentin..... Você... Você comeu todo o MEU Pocky?-eu o olhei friamente.

—C-Comi...- ele meio que gaguejou. Eu já ia gritar com ele, quando o Ruivinho me interrompeu.

—Duas crianças.- o ruivo falou e bufou. Eu apenas me virei pra ele, dei um sorriso de “Tenho 32 dentes”, ao qual assustou ele, e logo após, assumi uma expressão de tédio e mostrei os “dedos mágicos”.

 -Idiota- sussurrei. Kentin riu. -E você não fala nada.- puxei a orelha dele com força e logo soltei. Ele começou a esfregar o local, sussurrando palavrões. Revirei os olhos.

O sinal bateu. ÓTIMO! DE VOLTA A TORTURA! Eu teria aula de Educação Física novamente. Espero que aquela hiena oxigenada não me irrite.

POV’s Angely OFF

POV’s Castiel ON

Bela vida essa a minha! Discutir com uma baixinha e ainda falam que nós parecemos um casal tendo uma DR. Todos estávamos na quadra. E quando eu digo todos, quero dizer todos os homens. As garotas e o Alexy ainda estavam no vestiário. FALA SÉRIO! Pra que se produzir?

—Finalmente!- o professor/tarado falou. -Estão indo pra um desfile de moda pra ficarem se produzindo?

A baixinha, que estava sendo arrastada pelo Alexy e pela Rosalya, bufou.

—Me soltem, por favor... Antes que eu atire em vocês- ela respirou fundo, fechando os olhos. Os dois apenas riram e continuaram a puxar ela. -Porra! Eu não sou uma boneca pra vocês ficarem me puxando. Me.Soltem.

Eles se entreolharam e deram um sorriso, daqueles de orelha a orelha.

—’Tá bem- os dois deram ombros e a jogaram. Não no chão, mais em cima de uma pessoa. Eu até riria, mas a pessoa que eles jogaram ela fui EU! Ela bateu contra mim e o impacto foi tão forte que eu cai de costas no chão e ela ficou sobre mim. Rosalya e Alexy riam, acompanhadas do resto das meninas do nosso grupo. Nós dois estávamos com os rostos bem próximos. Eu estava com uma das mãos na cintura dela. Ela corou e saiu de cima de mim. Se levantou e seguiu para o lado das meninas, que ainda estavam rindo e ela fulminou todas. Eu me levantei. 

—Tudo bem, hoje vamos jogar queimada.- o tarado começou a falar. -Vão ser times mistos. Os meninos podem apenas acertar os outros meninos e as meninas podem acertar tanto os meninos quanto as meninas- Todos os garotos começaram a reclamar, enquanto que as meninas comemoravam. (N/A: Minha professora sempre fazia isso quando todos tinham a Educação física conjunta e isso deixava os meninos putos da vida).

Ele mesmo separou as equipes. Eu nem percebi com quem fiquei, na verdade eu só pude perceber quando uma coisa loira grudou no meu braço. Eu tinha ficado no time da Ambre e seus clones. ISSO! DEUS COM CERTEZA DEVE DE ESTAR RINDO DA MINHA CARA AGORA! A baixinha estava no outro time, rindo.

—Desgruda praga!- eu falei tentando soltar ela do meu braço.

—Ai Cast! Por que você não assume que me ama?- ela falou. Bufei e consegui soltar ela do meu braço.

Começamos a jogar. A baixinha até que era boa nisso. Ela desviava e... POR QUE EU ESTOU OBSERVANDO ELA?! Balancei a cabeça, tentando me concentrar. Desviei de uma bola que tacaram na minha direção.

(Quebra-Tempo=20 minutos.)

Apenas restaram duas pessoas de cada lado da quadra. Do meu lado, eu e quem eu menos queria e esperava que duraria até ali... A Praga Loira, ou Ambre, como preferir. Do outro lado, sobrou o Kentin e a Baixinha. Ao que parece, eles tinham algum tipo de sincronia, enquanto que eu praticamente jogava sozinho, já que a praga ficava me encarando e mandando beijinhos. Eu ainda pensava como ela conseguiu desviar das bolas e fazer aquilo. Num momento, ela me mandava beijinhos, no outro, levava uma bolada na coxa. O professor apitou.

—‘Tá fora! Ambre, pra arquibancada.- o professor falou. Ela deu um gritinho batendo o pé e fulminando a baixinha, que ria e fez um toque com o Kentin, que também ria. Só sobrou eu.

—Desiste ruivo, vai me poupar tempo.- ela falou. Eu sorri de canto.

—Acho que não.- falei. Ela deu ombros e pegou uma bola e se posicionou. Tacou em minha direção, eu desviei, mas a bola passou de raspão.

Ficamos assim durante dez minutos. Eu já estava começando a ficar cansado. Eu até consegui tirar o Kentin da jogada, o que me possibilitou poder acertar a baixinha. Ela estava ofegante, assim como eu, mas ela não parava de tacar as bolas.  Eu ainda desviava, mas ela achou uma brecha e me acertou. Bem no ombro. Todos do time dela comemoraram.

—Time A ganhou.- o tarado falou. -Dispensados.- e saiu em direção à sala dos professores.

Eu não tive tempo nem de sair de fininho que aquela praga loira grudou no meu braço, DE NOVO.

—Ai Cast! Eu não me importo que você não tenha vencido!- ela se esfregava em mim. PQP! ISSO JÁ ‘TÁ ME ENCHENDO.

—A Hiena Oxigenada e o Ruivinho de Farmácia.. Até que combina.- a baixinha falou acompanhada de Kentin. A minha expressão com certeza era de raiva.

—Você ‘tá é com inveja.- A praga falou, sem soltar do meu braço.

—Me desculpe.. Mas DO QUÊ eu deveria ter inveja?- a baixinha falou.

—É porque eu tenho o Cast e você não.- a praga se soltou de mim, se aproximando da baixinha.

—Quem disse que você me tem?- Eu poderia ter ido embora, mas preferi ficar... não sei o porquê.

—Não negue, Cast!- ela falou e eu bufei. “Isso tudo por causa de uma boneca”.

—Você deve de ter algum problema... QUEM IRIA QUERER FICAR COM ESSE AÍ?- Ela meio que gritou. O nosso grupo se aproximou, querendo ver o circo pegar fogo.

—Ora... eu não tenho nenhum problema. Cast é realmente lindo e gostoso- ela falou e eu fiz uma careta. ‘Tá, eu posso até admitir que eu seja lindo e gostoso... (N/A: Convencido... Mas é verdade) Mas quando essas palavras saem da boca dela, eu me sinto enojado.

—Olha... eu não tenho tempo pra ficar aqui me rebaixando ao seu nível- a baixinha se direcionou a saída, com Kentin ao seu encalço.

—Como é que é? Você se acha superior a mim?- a praga ficou com uma expressão indignada. A baixinha apenas parou de andar e se virou.

—Enquanto eu tiver isso- ela colocou o dedo na têmpora. -e isso- ela apontou para os seios. -a mais que você... Eu, com certeza, serei superior.- Ela sorriu de lado, se virou e saiu andando.

—ARREGAÇA!- Alexy gritou e tudo que eu pude ouvir foi risadas vindo do corredor. Ambre bufou e seguiu ao vestiário, sendo seguida por seus clones.

“Tenho de concordar”

—Do que você ‘tá falando, mente?

“A Debby tem mesmo mais peito que a Praga... Muito mais”

—Por que eu ‘tô pensando isso?- me perguntei.

“Talvez porque você seja um tarado com sérios problemas mentais”

—Cala a boca!- exclamei.

—Com quem ‘tá falando, Castiel?- Lysandre me perguntou.

—Com ninguém.- falei, balançando a cabeça.

—Então ‘tá... Vamos ensaiar hoje?- ele perguntou.

—Vamos sim.- falei. Ele assentiu.

—Até mais tarde- ele falou e seguiu em direção dos vestiários. Eu apenas me direcionei a saída.

Passei as mãos pelos cabelos. Desde a chegada da baixinha, eu tenho ficado mais estranho. EU TENHO CONVERSADO COMIGO MESMO! Eu sei que tem gente que fala consigo mesmo, mas comigo é diferente. Essa baixinha ‘tá provocando alguma mudança em mim... E eu não sei se essa mudança vai piorar ou melhorar minha vida...

POV’s Castiel OFF