A minha tristeza é algo contínuo, infinito.
Um vazio, um buraco, uma angústia sem fim.
Tenho vontade de dormir até tudo passar e voltar a ser feliz, como era antes.

~Desconhecido

— Vamos Ruivinho... _ Ela suplicou._ Faço o que você quiser.

—O que eu quiser?_ Perguntei. Ela assentiu... Abri um sorriso. Um sorriso bem largo.

“Acho que posso tirar proveito disso.”

POV’s Castiel Off

POV’s Angely On

Muito bem, muito bem. Aquele sorriso dele está me assustando. Ele ‘tava meio que concentrado nos pensamentos dele, mas seu sorriso continuava se alargando.

—Ei! _ Comecei a estalar os dedos na frente do rosto dele._ Tomate! Vamos chegar atrasados. Você dá a carona ou não?_ Continuei estalando os dedos e ele não reagia._ Zeus..._ Dei um tapa na testa dele e ele gemeu de dor.

— Por que fez isso?_ ele me olhou indignado, com a mão na testa.

— Você não reagia._ falei simplesmente e peguei meu celular e olhei a hora. 17h57min! PQP!_ E nós estamos atrasados. Vai me dar a carona?_ Perguntei.

—Talvez._ Ele falou.

— Decide! Ou me dá a merda da carona ou vai levar mais um chute!_ Falei já me preparando para chutá-lo novamente.

—NÃO SE ATREVA!_ Ele gritou._ Denis ainda está machucado._ falou já subindo na moto e me jogando um capacete._ Sobe logo.

—Boa escolha_ falei subindo na moto e colocando o capacete_ Espera... Denis? Quem é esse? Não vai me dizer que..._ Nem consegui terminar de falar, ele acelerou a moto. Em um ato de desespero, coloquei as mãos em volta da sua cintura e fechei os olhos. Ele devia estar a 90 km/h, eu acho.

Ele chegou no estacionamento da escola e parou a moto em uma vaga. Quando a moto parou, pareceu que minha alma tinha voltado pro meu corpo. Desci da moto e retirei o capacete. Entreguei a ele e comecei a arrumar meu cabelo novamente. Ele parou ao meu lado esquerdo e me observou. Eu apenas o ignorei e comecei a andar. A diretora estava nos esperando.

— Muito bem! _falou_ Chegaram na hora._ então ouvi um latido. Um cachorro de porte pequeno se aproximou. A diretora o pegou no colo e começou a acariciar a cabeça dele. _ Pois bem, vamos falar sobre o que vocês terão de fazer hoje._ Ela passava a mão com tanta força por cima da cabeça do cão, que parecia que os olhos dele iriam sair de dentro da cabeça, de tão esbugalhados que eles ficavam._ Vocês terão de limpar o antigo salão de música. Ele realmente precisa de uma limpeza._ ela ainda acariciava a cabeça do cão com violência._ Por hora, apenas isso vocês devem fazer. Até amanhã_ Ela começou a caminhar em direção ao portão. Eu e o Tomate nos olhamos. Ela não ia... É.. ela realmente fez isso.

— E ela nos tranca aqui, sem mais nem menos?_ O tomate perguntou.

— Essa velha precisa ir pra um Asilo_ Eu e ele falamos ao mesmo tempo. Nos olhamos. Eu revirei os olhos.

— Vem logo._ Comecei a andar. Ele me seguiu._ Onde é que fica esse ‘’Antigo Salão de Música’’?_perguntei.

—Fica num prédio velho que tem atrás da escola._ Falou me olhando.

Andamos por toda a escola até encontrarmos um prédio bem acabado. E quando eu digo acabado, é acabado de detonado. As paredes, que um dia tiveram vida, agora possuíam diversas rachaduras.

— Esse lugar precisa de uma reforma e não uma limpeza_ falei.

—Nem me fale. Mas não dê ideias, aquela velha pode estar nos vigiando_ ele falou, seguindo para dentro do prédio.

Se por fora já ‘tava feio, nem queiram saber como estava por dentro.

— O que houve aqui?_ Perguntei desviando de um trombone que estava empoeirado e jogado no chão.

—Esse lugar foi abandonado_ ele começou_ o Governo obrigou a velha e ela teve de cortar as aulas de música, dança e teatro.

—Mas, por quê? Se a escola ainda tivesse essas aulas, arrecadaria verbas enormes._Falei.

— Foi o que todos falaram na época_ ele desviou de um violão sem cordas_ Mais a velha falou não, então...

— Mais isso ‘tá errado..._falei_ Esse lugar_girei apontando_ Devia ter vida... A arte... ela pode mudar muita coisa... ela pode..._ Coloquei a mão do lado esquerdo do pescoço.

— Salvar_ falamos em uníssimo.

— É... _ suspirei.

— Por que você faz isso?_ ele perguntou.

— Isso o quê?_ o encarei confusa.

— Isso._apontou para a mão no meu pescoço_ Você fez isso hoje, e agora ‘ta fazendo de novo. A mão está no mesmo lugar.

—Não é nada._ tirei a mão do pescoço e coloquei na cintura._ Temos que começar a limpar isso aqui._ comecei a caminhar em direção da porta.

—É por causa da cicatriz, não é?_ ele perguntou e eu congelei. ‘’Como ele sabe disso? ”

—Que cicatriz?_ indaguei ainda virada de costas pra ele.

—Essa do lado esquerdo do seu pescoço_ ele falou.’’Droga.. Com toda aquela correria, esqueci da maquiagem na cicatriz. ‘’

—Merda._sussurrei, e ‘pra piorar, saiu em inglês.

—Não vai me responder?_ perguntou.

— Castiel... eu já te falei .. você não tem o direito de saber sobre a minha vida._ falei friamente. Eu piscava os olhos freneticamente, tentando conter as lágrimas_ E-Eu v-vou buscar as c-coisas para limparmos a-aqui_ gaguejei, já com lágrimas escorrendo pelo meu rosto. Continuei a andar em direção a escola. Quando cheguei perto de uma parede, longe o suficiente de Castiel, escorreguei as costas nela, abracei os joelhos e me afoguei em lágrimas.

POV’s Angely Off

POV’s Castiel On

Castiel, seu burro!

Passei as mãos pelos meus cabelos nervosamente. ‘Tava na cara que ela saiu chorando. Mais eu tinha que falar... Aquela cicatriz é estranha... Tinha a forma das letras “DS”. Não era de queimadura, nem nada... É como se alguém tivesse enfiado uma faca ali e feito as letras... Mais aí ela teria morrido... Suspirei. Aí tem coisa.

“Ela mesma disse que você não tem direito de saber sobre a vida dela”

— Cala a boca mente_ falei em voz alta.

—Com quem ‘ta falando, ruivinho?_ escutei a voz dela e me virei. O nariz dela estava levemente avermelhado. “Bingo! Ela tinha chorado...”

— Eu sou um idiota_ acabei falando e não pensando.

— Só agora você percebeu?_ ela riu fracamente.

—Olha... Desculpa por..._ tentei falar, mas fui interrompido.

— Não se preocupe... Só... Esqueça_ela falou_Vamos limpar isso aqui, antes que fique muito tarde._ ela se direcionou a uma vassoura._ Você pode retirar os instrumentos do chão?_ ela perguntou.

—Am... claro._ falei.

Comecei a tirar alguns instrumentos que estavam no chão enquanto ela varria.

(Quebra-tempo=1hora)

Nós já havíamos limpado tudo. Eu agora estava arrumando alguns instrumentos que ainda estavam em bom estado, enquanto ela tirava o pó do piano.

—Muito bem.. agora como saímos da escola?_ela perguntou.

— Sei lá.. Pulamos o muro?_ perguntei coçando a nuca.

— Claro que não!_ ela me olhou com uma expressão de tédio._ E a sua moto?

—Ih’ .. verdade_ falei.

—Além do mais_ ela fez uma pausa enquanto -ainda- limpava o piano_ O condomínio fica bem longe.

Suspirei. Ela tinha razão. Espera... eu ‘tô concordando com ela? Eu devo de estar com algum problema mental. Coloquei a mão na testa. Talvez... possamos pegar a chave na sala dela.. ela deve de ter uma reserva lá... É só eu..

— E, antes que pense em algo mirabolante, como entrar na sala da diretora e procurar uma chave reserva..._ ela fez mais uma pausa e me encarou. Arregalei os olhos. Era justamente o que eu estava pensando... ÓTIMO, ALÉM DE ELA SER O HE-MAN, AGORA ELA LÊ MENTES!_ ela deixou isso aqui_ ela me mostrou a chave_ dentro do piano._ ela começou a caminhar para fora. Eu fiquei parado._ Escuta.. Eu meio que preciso de você, já que você é dono da moto... então dá pra agilizar ou eu vou ter que roubar as chaves da sua moto e ir embora?_ ela fez novamente uma expressão de tédio.

— Nem vem baixinha_ falei.

—Eu não sou baixinha!_ ela exclamou_ Você que é alto!

Soltei uma risada. Ela bufou e revirou os olhos.

Caminhamos em direção ao estacionamento para pegarmos minha moto e irmos embora.

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Estávamos caminhando em direção ao elevador, quando o celular dela tocou. Ela arregalou os olhos e tratou de tirar o celular do bolso. Na tela, escrito “Dad’s”, ela atendeu.

—Oi pai.— ela conversava em inglês. Ela fez uma pausa ._ Sim, e a propósito, adorei o carro._ ela riu. A essa hora já estávamos perto do elevador, esperando ele chegar ao térreo_ Eu também, manda um beijo pra mamãe. Tchau.— Ela encerrou a ligação. Apesar de não ter entendido nada, resolvi zoar com ela.

— Fancy*.. sério?_ olhei-a com uma expressão de tédio. Já entrávamos no elevador.

— Me admira uma pessoa como você conhecer essa música.._ ela fez uma pausa._ Não se preocupe... você não é o único que tem gostos assim, mais afeminados.. Alexy também é assim..._ ela tocou o meu ombro.

— Eu gosto de mulher_ falei bufando e cruzando os braços. Ela me olhou e colocou as mãos na cintura.

— Não se preocupe, ruivinho.._ela apertou minha bochecha enquanto eu estava sério_ Deve ser difícil admitir... Mas eu sei que uma hora você sai do armário._ ela começou a rir novamente.

O elevador abriu. E eu saí. Ela me seguiu. Paramos cada um em frente a sua porta.

—Am.... Eu acho que te devo um ‘’Obrigada’’_ ela murmurou.

— Com certeza._ falei.

— Bom... obrigada, eu acho_ ela fez uma expressão confusa. E depois fez uma coisa que eu não esperaria nem em um milhão de anos... Ela beijou minha bochecha. Ela corou. Eu nada falei. Ela simplesmente se virou e entrou no apartamento dela.

Eu ainda estava com aquela expressão boba na cara.

“Essa garota ‘ta mexendo contigo”

— Fica quieta mente._falei.

“Eu só to falando a verdade”

— E porque eu estou discutindo contigo?_ perguntei a mim mesmo._ Quer dizer... comigo.._ fiz uma expressão confusa._Preciso me tratar.

“Concordo”

Bufei e entrei no apartamento. Eu acho melhor eu dormir, talvez aí amanhã eu esteja um pouco mais lúcido.