“A liberdade é uma dádiva.

E a melhor maneira de aproveitá-la é

permanecer com quem se ama.”

~Desconhecido

(Magnets- Lorde & Disclosure)

POV’s Autora ON

O loiro estava nervoso.

O olhar que seu pai lhe direcionava não era nada reconfortante. A juíza havia se retirado para tomar uma decisão fazia mais de uma hora. Isso não colaborava em nada para ele manter a calma. Ele só queria sair dali e abraçar sua morena.

FlashBack Mode ON

—Nathaniel, devolve a minha boneca!- a menina loira exclamava aos berros.

—‘Tá falando desse negócio feio aqui?- o loirinho balançou a boneca no ar.

—Me dá!- ela dava pulinhos, tentando alcançar a boneca na mão do irmão. O loiro riu.

—Toma aqui ela de volta.- ele arrancou a cabeça da boneca do corpo e jogou na direção da face da menina. Ela começou a chorar alto. Nathaniel revirou os olhos e puxou o cabelo dela com força. -Cala a boca, sua idiota! Se eu me encrencar por sua causa, você pode dizer adeus ao Buttstallion(1)!- sussurrou no ouvido dela e depois soltou o cabelo dela, fazendo-a cair. Saiu de perto dela com um sorriso sacana em seu rosto.

Foi a partir daquela tarde que o pequeno e levado Nathaniel mudou drasticamente.

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Quando ele fez doze anos, a única coisa que fazia era estudar.

Já não implicava mais com a irmã do mesmo modo que antes, pois sabia que se o fizesse, a punição seria severa. Por vezes, faltava à escola por um ou dois dias devido aos ferimentos que o pai deixava em seu corpo quando algo escapava de sua boca, mesmo que involuntariamente. Ele quase perdeu um ano letivo por causa disso.

Aos quinze os espancamentos já haviam diminuído a muito. Porém ainda aconteciam. Tudo pelo simples prazer do pai dele, um sádico.

Só havia uma única pessoa que se preocupava com ele e sabia o que acontecia com o loiro -mesmo sem ele ter contado-: Melody. A morena nutria uma grande paixão pelo loiro, mas este tinha medo. Não medo dela, mas do quê poderia acontecer a ela se eles mantivessem algum tipo de relacionamento, além do “profissional”.

Aos dezessete, sua vida continuou monótona. Até o aparecimento de Debby Williams/Angely Mccullen em Sweet Amoris.

A ideia dela de o colocar na banda do bicolor e do ruivo o fez se meter em uma encrenca daquelas...

—Onde vai?- a voz impotente de seu pai perguntou.

—Tenho uns assuntos pra resolver.- respondeu de forma calma, mesmo que por dentro estivesse se corroendo de pavor.

—Que assuntos?- ele indagou, o observando. Os olhos eram pequenos, mas podiam transmitir uma grande fúria.

—Da escola.- uma gota de suor frio escorreu pela sua têmpora.

—Sério? Então não tem nada a ver com o que Ambre me disse?- foi sarcástico.

—Claramente não.- falou, evitando olhar na direção do pai.

—PARE DE MENTIR PARA MIM!- bateu a mão na mesa, se levantando. -Você está indo atrás daqueles encrenqueiros!

—E se for?!- o loiro perdeu a paciência e confrontou o mais velho. -Eu tenho quase dezoito anos! Logo eu vou estar longe desse lugar, longe de vocês todos!- uma veia saltava na testa dele. Francis rangeu os dentes e socou o rosto do filho.

Nathaniel caiu num baque ao chão. Sua boca sangrava devido ao corte no lábio.

—Enquanto você viver sob o meu teto, vai seguir às minhas regras.- chutou o olho do rapaz, e logo em seguida chutou seu estômago e suas costelas. -Aprenda, seu moleque imbecil! APRENDA!

A culpa não foi de Debby/ Angely. A culpa fora de si próprio. Para ir ao ensaio naquele dia, ele fugiu pela janela, e por sorte conseguiu se safar quando voltou.

Depois de vários dias a verdade sobre Debby/Angely foi revelada com a volta de Debrah.

E foi quando todos foram convidados para ir à casa de Angely em L.A., que sua aflição aumentou. E, após a conversa dele com ela, depois de alguns dias, ele recebeu uma ligação...

—Alô?- ele indagou, confuso.

—Nathaniel Beaumont?- uma voz feminina falou do outro lado da linha.

—Sim?- ele continuava confuso.

—Sou Clouver Roberts, advogada da SY Records France. Angely Mccullen me falou sobre você.- ela explicou. -Será que podemos nos encontrar pessoalmente, para podermos discutir melhor o seu caso?

—Claro. Só me passe o endereço.

Naquela mesma tarde, ele se encontrou com a advogada no escritório dele e ambos discutiram o caso do loiro...

—Sr. Beaumont, já lidei com casos como o seu. E, de certo modo, são bem rápidos de se resolver. Só depende de seus pais assinarem a emancipação.- explicou. -Mas como você me disse anteriormente, eles não vão “se entregar” tão fácil. Nosso único meio é recorrer a um juíz. 

—E como isso vai funcionar?- o loiro indagou.

—Seus pais vão receber uma carta, os convocando para uma audiência.- começou. -Se recusarem comparecer, serão presos. Depois de apresentarmos nossos pontos de vista, o juiz vai decidir se lhe dá a emancipação ou não. E, ao meu ver, o caso está do nosso lado.- a mulher sorriu para ele.

Ele suspirou, sentindo-se aliviado. Sua tortura estava chegando ao fim.

E, seis dias após a conversa com a advogada, Nathaniel estava no Tribunal, junto da própria advogada, aguardando ser chamado...

(Fire Meet Gasoline - Sia)

—Nath?- ele ouviu alguém o chamar. Reconhecendo a voz, ele se virou, encarando-a.

—Melody?- indagou, confuso.

—Ela me chamou.- apontou para a advogada. Ele olhou para a mulher, que sorria.

—Vou deixá-los a sós.- a mais velha se retirou.

—Bom... O que faz aqui- ele arqueou as sobrancelhas, a observando. Ela trajava um vestido azul escuro, com um pequeno cinto dourado. Sapatilhas delicadas, com pedrarias, e acessórios de mesmo modo, delicados, deixando-a, ao ver dele, fofa. Seus cabelos castanhos estavam com ondulações, mas tinham uma trança que fazia uma coroa em torno da sua cabeça e sua maquiagem era leve.

—E-eu... Vim ver como você estava.- ela tinha um leve rubor nas bochechas. -A Srta. Clouver disse que você precisava de um a-agrado.- ela gaguejou. “Com certeza foi a Angely quem contou a ela.” - ambos pensaram.

—B-bom... Er...- foi a vez dele corar. Um baque de portas foi ouvido e ele sabia que seus pais haviam chegado. Nem era necessário olhar para trás. Melody notou que ele enrijeceu o maxilar. Ela olhou por cima do ombro dele, enxergando os Beaumont.

Instintivamente, ela segurou ambas as mãos dele e fê-lo olhar nos seu rosto.

—Fique calmo.- ela falou, tranquila, alisando o rosto dele.

—Depois... Eu preciso falar com você.- ele soltou um longo suspiro ao ouvir seu nome ser chamado para entrar na sala de audiências.

—Okay.- ela sorriu de leve. Ele retribuiu ao gesto e, de bônus, deu-lhe um beijo na testa. -Boa sorte.

—Obrigado.

(Magnets- Lorde & Disclosure)

Ao entrar naquela sala, percebeu o clima pesado. Os olhares frios de seus pais sobre ele. Mas ele se manteve impotente. Não expressou nenhuma reação. Sentou-se ao lado de sua advogada.

—Caso número 44657, Nathaniel Beaumont contra Francis e Adélaide Beaumont.- o meirinho se pronunciou. -De pé. A juíza Martinez vai presidir esta audiência.

 -Obrigada, meirinho.- uma senhora, com cabelos castanhos falou, se sentando. -Estamos aqui para decidir sobre a questão de emancipação do Sr. Nathaniel Beaumont. Srta. Roberts, explique-nos o porquê de este jovem ter entrado com o pedido.

—Pois bem, juíza.- Clouver se levantou e saiu de perto da mesa. -O meu cliente alega que sofre abusos constantes da parte dos pais, principalmente do Sr. Beaumont. O pedido foi feito para que isso se acabe. E como os Beaumont se recusaram a apenas assinar os papéis, tivemos que recorrer a uma audiência.- ela terminou e voltou a se sentar. A juíza anotava tudo.

—Sr. Curie, algo a declarar?- indagou ao advogado dos pais do loiro.

—Os Beaumont são uma família de alta classe, que criaram seus filhos de forma correta.- falou o homem. -O que este jovem afirma são blasfêmias!

—Protesto!- a advogada exclamou. -Ele está difamando o meu cliente, meritíssima.

—Deferido.- ela falou calmamente. -Reconsidere suas palavras, Sr. Curie.

—Nada a declarar, excelência.- o homem ajeitou a gravata e sentou-se.

—Srta. Roberts, o jovem em questão tem como sustentar-se por conta própria?- a juíza indagou.

—Sim, meritíssima.- a advogada disse.

—Ah, claro! Trabalha como músico numa bandinha, com aqueles maltrapilhos!- o pai do loiro falou.

—Ordem!- a juíza bateu seu martelo. -Isso é uma audiência, Sr. Beaumont. Por favor, controle-se.- ela limpou a garganta. -Pois bem. Irei retirar-me por alguns momentos para avaliar qual a decisão mais sensata a ser tomada.- dito isso ela saiu.

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Ao ver seu pai se levantado, o medo dentro de si aumentou. Ele não tentaria algo ali, tentaria?

—Ora, ora. Você quis mesmo recorrer a isso.- o pai dele falou sarcástico. -Como conseguiu pagar a advogada?

—Não é de seu interesse.- respondeu, frio. Tentava, ao máximo, não olhar no rosto do homem.

—Ora, seu moleque!- agarrou-o pelo colarinho. O loiro arregalou os olhos. -Você é um bastardo mesmo! O que acha que vai ganhar com isso?! Saiba que não vai me retirar nenhum centavo sequer!

—O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI?- a juíza berrou. -Senhor Beaumont, solte-o.- o mais velho soltou o colarinho do loiro, que teve de se sentar, por estar um pouco desnorteado. Clouver o abanava de leve. -Onde já se viu, um homem adulto se comportando como um adolescente. Sr. Curie, controle seu cliente, ou terei de pedir para que ele seja detido.- a juíza soltou um leve suspiro. -Está mais do que claro qual a minha decisão e o fato ocorrido contribuiu ainda mais para o lado dela. Declaro que esta audiência esta a favor de Nathaniel Beaumont. O Sr. e a Sra. Beaumont terão de pagar pensões mensais ao jovem até a sua maior idade. Caso encerrado.- bateu o martelo.

O loiro suspirou, sorrindo. Ele estava livre. Finalmente livre.

—Obrigado.- ele falou para Clouver.

—Não há de que.- ela sorriu. -Ah! Se eu fosse você, ia atrás daquela morena.- deu uma piscadela para ele. Ele se levantou rapidamente e saiu daquela sala.

(Fire Meet Gasoline - Sia)

Ao chegar no corredor, viu a morena sentada numa das cadeiras. Ela estava distraída. Ele chegou perto dela e se ajoelhou na frente dela. Quando ela viu que ele estava à sua frente, sorriu pra ele.

—Pela sua cara, você ganhou a causa.- ela falava baixo.

—Sim, ganhei.- ele confirmou. -Mas o que eu quero ganhar realmente está a minha frente.- a morena arregalou os olhos e suas bochechas coraram. O loiro foi se aproximando seu rosto do dela, suas respirações se cruzavam. Os lábios se roçaram e um beijo lento e profundo se iniciou. Ela passou as pequenas mãos pelos cabelos louros dele e ele segurava na cintura dela. Encerraram o beijo ofegantes.

—Nossa.- ela comentou, assumindo uma expressão de surpresa. Ele sorriu.

—Sei que parece inusitado, mas qual pedido não é, certo?- ele riu de leve e tirou de dentro do paletó que usava uma caixinha aveludada de cor azul. Ela arregalou os olhos. -Prometi a mim mesmo que a primeira coisa que eu ia fazer após conquistar a minha liberdade seria correr atrás do amor da minha vida. Ironicamente, ele quem veio até mim.- ele abriu a caixinha, mostrando as alianças. A dela parecia uma aliança de noivado, com uma pequena pedra de brilhante na ponta. A dele era grossa, ambas prateadas. -Melody LaMarc, você quer namorar comigo?

—S-Sim...- ela gaguejou um pouco. Algumas poucas lágrimas estavam formadas nos cantos dos olhos dela.

Ele colocou a aliança no dedo anelar direito dela e ela fez o mesmo com ele. E selaram aquele momento com mais um beijo apaixonado.

POV’s Autora OFF