Uma história de amor um pouco diferente escrita por Weslley Fillipe


Capítulo 7
Capitulo Seis - Um beijo Inesquecível




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Bom dia, nove horas da manhã, mas não estou na escola. Estou no hospital, na sala de esperas...
– Você dormiu no hospital essa noite, por uma pessoa que não quer nem ouvir seu nome - A enfermeira me diz, entregando-me um edredom.
– Ele está nesse inferno por minha culpa.
– Não foi você quem o atropelou
– Mas foi eu que o coloquei na frente daquele carro...
– Sinto muito pelo seu amigo
– Obrigado.

Vinte e cinco minutos depois, a médica apareceu e me disse que eu poderia ir vê-lo, fiz que não com a cabeça. Não poderia aparecer na sua frente depois de tudo.
– Mas faz quase dez horas que você está aqui sem comer
– Tudo bem, caso aconteça algo já estou no hospital mesmo
A doutora Maria Ester ri - Direi que ele tem um ótimo amigo.
– Melhor dizer que todos estão torcendo por ele, não quero que ele piore ao lembrar-se de mim. - Digo, e a doutora sente a dor nas minhas palavras.

Meu peito começava a queimar, havia tempo que não sentia aquilo; isso me preocupava, minhas intuições estavam cada vez mais fortes, mas não podia dar o luxo de pensar naquilo em tal ocasião. Infelizmente a doutora percebe o que estou sentindo e diz :
– Existem coisas que não devemos lutar sozinhos Harry
– Não posso me preocupar com isso agora
– Se você morrer não irá ajudar em nada seu amigo.
Aquilo me tocou, senti um vazio no peito
– Estou com um intervalo de quarenta minutos, gostaria de vir na minha sala pra, bem, vermos se está tudo bem com você ?
Fiz que sim com a cabeça.

A sala dela era num formato de retângulo. Havia uma salinha fechada onde fazia as tomografias e dava notícias como '' seu filho tem uma leucemia incurável '' ou '' o câncer do seu filho é terminal '' até chegar no '' seu filho se foi, sinto muito. ''
– Sente-se senhor...?
– Augustus. Harry Augustus.
– Pois bem, senhor Augustus, irei fazer alguns testes rápidos. Mas se quiser poderá fazer uma tomografia quando quiser, e não precisa dizer nada disso sobre ninguém, apenas eu e você, está bem ?
– Tomografia... Você sentiu só de me ver não é doutora? Creio que a situação está grave então...
– Farei de tudo para que não seja, cofie em mim. - A doutora diz colocando um aparelho no meu peito e pressionando três vezes. Na tela ao lado mostrou meu corpo por dentro, nada. Mostrou dentro dos meus órgãos, nada. Mostrou dentro de minhas veias, esbranquiçado. Por um segundo, fiquei aliviado; tolice minha.
– Não se iluda Harry. A leucemia não pode ser vista, apenas sentida. A única coisa que muda é a coloração do sangue, que ganha um tom esbranquiçado
– Nojento ...
– Triste ...
– Tem cura ?
– Difícil dizer sem exames, mas não parece estar muito grande.
– Legal. Posso dar um nome pra ela?
– Pra sua doença, na qual poderá ti matar ?
– Sim.
– Bem..
– Jully.
– Jully?
– É. Eu gosto desse nome, dá-lo para algo que esta me matando seria uma maneira irônica de passar o tempo.
– Você fala como se já tivesse certeza dos resultados.
– A pessoa sente quando está morrendo
– Sim
– Sim.

Volto pra sala de espera depois de algum tempo. Marco os exames pra daqui dois meses, não estou preocupado. Afinal, já sabia o que ela iria dizer : '' Surpresa! Seu amigo está numa cama de hospital por sua culpa, você tem uma de vida de merda e agora ganhou uma leucemia de brinde! ''
Os enfermeiros me aconselharam a ir para casa, eu não estava com disposição para contrariá-los, então eu vou.

Quando chego em casa, Yuri esta sentado na minha cama, lendo meu diário, onde havia escrito que, bem, poderia ter tal doença.
– Por que não me contou?
– Você não precisava saber
– Pensei que éramos amigos
– Você não precisava sofrer por uma coisa que não lhe machuca.
– Uma coisa que não me machuca. É triste ouvir isso. Você sabe o quanto você é especial pra mim ? Sabe o quanto gosto de você? - Yuri se vira, posso ver claramente que estivera chorando antes da minha chegada. - Isso é maldade dizer.
– Maldade seria eu, além de estar morrendo por uma doença incurável, ter que compartilhar isso com meus amigos, para que eles morram comigo. Minha irmã ouve, mas fica em silêncio e eu não a vejo.
– Yuri se levanta, vem na minha direção. Eu seguro seu braço, ele me chama de idiota, calo sua boca com um beijo. Ele retribui.
Aquele beijo foi cinco vezes mais quente. Dez vezes mais calmo. Vinte vezes mais sofrido. Cem vezes mais gostoso que todo beijo que já dei em toda minha vida.
– Desculpe. Você estava falando de mais
Yuri estava tão, alucinado, que nem conseguiu responder. Depois de alguns segundos:
– Tu-tudo bem, vou falar mais vezes então.. Digo - Yuri fica vermelho.

Minha irmã vira e ouvira tudo, mas fez de conta que não, quando percebeu que minha prima estava subindo, bateu na minha porta e disse '' pare com o que está fazendo porque a Megan está vindo ''
Pare com o que está fazendo? Aquilo me preocupava. A leucemia já seria um choque forte pra minha mãe e minha irmã, agora um leucêmico homossexual, era demais pras duas.

Yuri janta conosco, os cinco na mesa, tudo em silêncio.
– E o Gabriel, como ele está ? - Pergunta minha prima
– Vivo - Respondo
– Sai quando ?
– Em duas semanas
– Que bom
– Sim.
– A mãe dele me ligou hoje, pedindo desculpas pelo comportamento do pai - Diz minha mãe
– A mãe dele não tem cupa de ter se casado com um completo idiota. Bem, não totalmente.
– Amanhã você vai voltar la ?
– Sim
– E a escola ?
– A vida do meu amigo em primeiro lugar
– Entendo.
Em parte estava certo, mas eu queria conversar mais com a doutora sobre a minha doença, não poderia esperar dois meses como havia proposto.

Estava muito tarde para Yuri ir embora, minha mãe insiste que ele fique. Droga mãe, isso logo hoje...
Dou-lhe o lugar no meu quarto, arrumo minha cama na sala mas não deito. Fico lendo.
Alguns minutos depois, Yuri aparece com uma manta preta arrastando pelo chão com um olhar misturando timidez com sono e medo.
– Desculpa, não consigo dormir lá sozinho.
– Tudo bem
– Posso ? - Diz, apontando para um espaço ao lado da minha cama. Fiz que sim com a cabeça, ele se deitou, mas não fechou os olhos.
– Dói ? - Ele se referia a doença
– Mais no coração do que no físico.
– No coração ?
– Sim. O sentimento de ter que deixar amigos e familiares que tanto amo para trás é bem pior do que ter vários vírus mortíferos crescendo dentro das minhas veias e me matando pouco a pouco.
Minha irmã aparece atrás de mim, estava na cozinha.
– Não... Não quero que você morra... - Seus olhos estavam cheios de lágrimas. Ela segurava um ursinho que eu tinha lhe dado quando fez três anos, ela amava aquele urso. Ela entregou pra mim, eu peguei. Ela me abraçou tão forte que pude sentir seu coração dizendo pro meu : '' por favor, vença isso por mim, eu lhe imploro ''.
Não aguentei, comecei a chorar dizendo '' não se preocupe, vai ficar tudo bem '', mas eu sabia que não ia. Eu iria morrer, iria deixar minha irmã mais nova e minha mãe sem ninguém pra protegê-las. Aquilo era pior do que a morte.

Ela acabou dormindo no meu colo. Yuri também chorou junto, mas reservadamente.
– Você tem uma família incrível
– É
– O que mais dói em você ?
– O fato de não ter sido quem eu queria ser
– Como por exemplo ?
– A melhor pessoa do mundo.
– Você ainda é novo..
– Mas a minha doença já é velha. Jully não irá me deixar tão fácil.
– Jully? Você deu um nome pra sua leucemia ?
– Assim encaro a morte mais fácil.

Fecho o livro, coloco minha irmã na cama dela, dou um beijo na sua testa, deito do lado do Yuri e murmuro um '' Boa noite '' , e ele murmura de volta '' pra você também. Dormimos lado a lado como dois amigos. Nada além disso.


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Notas finais do capítulo

Lembrando. Sou um adolescente de dezesseis anos com conhecimentos limitados. Não tenho, portando, nenhum meio de conhecimento sobre a doença citada no capítulo, portado, de sintomas e aparências inventadas. Caso esteja errado os sintomas peço humildemente pelo vosso compreendimento e muito obrigado pela leitura.



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