Uma história de amor um pouco diferente escrita por Weslley Fillipe


Capítulo 6
Capitulo Cinco - Amizade paga com sangue




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Oito horas da manhã. Lágrimas por todo canto. Sangue por todo lado. O corpo de um amigo no chão...

Após aquela tarde, esqueci de narrar um pequeno trecho do que aconteceu ...
Estávamos todos juntos. Eu, Gabriel, Yuri, Megan e minha irmã assistindo '' Supernatural ''. Eu sentado na poltrona lendo '' A culpa é das estrelas '', Yuri sentado no sofá menor, minha irmã em cima de algumas almofadas no canto da poltrona, minha prima no tapete e Gabriel, claro, do lado dela.
– Cara! Eu tenho medo desse negócio.... TIRA ISSO! - Megan reclama.
– Calma gatinha, estou aqui. - Gabriel
– Mas é de você mesmo que estou falando...
Eu e Yuri não conseguimos segurar a risada.

Ta, deu muita dó da carinha que o Gabriel fez na hora, mas não podia fazer nada. Minha prima era bem difícil...
A luta de Gabriel pra conquistar o coração de pedra da minha prima era inspiradora, mas minha prima nem dava bola. Até que ...
– Alguém quer bolo? - Pergunta Gabriel
– Não. - Eu
– Não - Yuri
– Não - Alice
– Sim - Megan
O rosto de Gabriel enche de brilho.
Quando Gabriel entregou-lhe o bolo ela disse :
– Obrigada
– Obrigada nada, quero algo em troca
– Como o que ?
– Feche os olhos que eu lhe digo
Minha prima na inocência, fechou. Gabriel lhe deu um beijo tão forte e ao mesmo tempo tão nojento que quase vomitei. Embora minha prima estivesse fazendo o máximo pra não magoar o pobre Gabriel, não se conteve e lhe deu um tapa tão forte que creio eu, os dentes de Gabriel trocaram todos de lugar.
Como manda a R.D.M.A ( Regra Dos Melhores Amigos ) eu e Yuri começamos a rir. Ríamos tão alto e tão preciso que Gabriel levantou-se com os olhos cheios de lágrimas e saiu pela porta da cozinha, derrubando tudo que via pela frente, outra vez e berrando : '' EU ODEIO TODOS VOCÊS '' .
Tentei impedi-lo, mas minha irmã pôs a mão em meu peito e disse : '' Deixa ele, tentar se desculpar só vai piorar a situação .. '' Ao que minha prima respondeu : '' Eu não queria, foi sem querer. Droga .... ''
Minha mãe levou Yuri embora trinta e cinco minutos depois daquilo. Megan foi pro quarto da minha irmã e eu fiquei pra terminar meu livro; afinal, o que eu poderia fazer ?

Logo chegou a noite, e logo chegou a manhã do dia seguinte. Me arrumei, tomei meu café e fui pro colégio. Na porta apenas Yuri me esperava, o que me preocupou bastante.
– Viu Gabriel por ai ?
– Não, tentei ligar pra ele mas ele não atendia.
Gabriel estava sentado no banco de espera da sala do diretor. Havia agredido um garoto quatro anos menor que ele acidentalmente.
Eu e Yuri ficamos ouvindo a conversa entre ele e o diretor. quatro dias de suspensão e advertência acompanhada dos pais. Isso era problema, o pai de Gabriel era, digamos, o pai mais violento de todos os tempos.

Tentei falar com ele, péssima ideia.
– Cara...
Ele se virou
– Cara é serio para. - Digo, encostando no seu ombro direito, outra péssima ideia.
– É SERIO CARA ? ISSO QUE VOCÊ ME DIZ DEPOIS DE TUDO QUE ACONTECEU? LEVEI UM TAPA DA MENINA MAIS LINDA DO MUNDO E VOCÊ ME DIZ QUE FOI SÉRIO ? TOMEI QUATRO DIAS DE SUSPENSÃO POR CHEGAR NERVOSO E EMPURRAR AQUELE PIRRALHO NOJENTO POR SUA CULPA E VOCÊ DIZ QUE FOI SÉRIO? MEU PAI VAI ME MATAR DE TANTO BATER! QUER SABER, VÁ PRO INFERNO VOCÊ COM SUA PRIMA, YURI E TODO O RESTO. E-U O-D-E-I-O TODOS VOCÊS ! - Gabriel sai correndo cego de ódio.
Impressionante como ele disse alto e rápido ao mesmo tempo.

Dois minutos depois, escuto uma freada brusca, uma batida forte, um grito.meu coração gela, era Gabriel.
Yuri olha pra mim, com os olhos cheio de pânico. Retribuo o olhar cheio de lágrimas.
Corremos feito cães atrás de carne na direção do acontecido. Um siena prata com a frente toda destruída... Pessoas em volta com cara de pânico... Bombeiros e policiais chegando... Sangue por todo lado... Um amigo caído no chão...

Tentamos ir até o local do acontecido mas os policias não deixava ninguém chegar perto... Cara aquela cena doía. Um amigo sendo levado de maca, e no local onde estava havia tanto sangue que daria pra fazer umas três mil transfusões. Ele estava mal, ele iria morrer, e tudo... E tudo por minha culpa ....

Ainda tremendo, ligo pra minha mãe:
– Alô ?
– Ga...briel... Acidente. Ambulâncias. Hospital Santa Casa.
Minha mãe não esperou eu terminar de gaguejar, após ouvir as palavras '' Gabriel '' e '' Acidente '' desliga o celular, pega as chaves de casa e liga pros pais de Gabriel.
Eu e Yuri nos dirigimos imediatamente para o Hospital onde havia sido levado, segundo um dos enfermeiros. Chegando lá, vi minha mãe, minha irmã, minha prima, a mãe de Gabriel e... Droga, o pai de Gabriel. O lado bom disso tudo era que ele não iria apanhar por causa da advertência. A parte ruim disso tudo era, bem, ele estava morrendo....
O olhar da minhã prima era tipo : '' Isso foi culpa minha ? '', eu a retribui com um '' Relaxe, você não tem culpa disso. Não totalmente '', ela começa a chorar.
Os olhos da mãe de Gabriel, embora pouco tempo depois da notícia, estavam tão inchados e tristes, os do pai dele como quem diz '' Imbecil ''. Cara, odeio ele!

Entramos no hospital, logo de cara recebemos a notícia de que Gabriel estava na UTI e havia perdido muito sangue e que teríamos de esperar quatro horas pra saber mais sobre o caso. Cara foram as quatro horas mais agoniantes e doloridas da minha vida, roí tanto minhas unhas que quase engoli meus dedos. Mas finalmente o médico chega, a cara não é das melhores. Mas também não das piores.

– Garoto - apontando pra mim - O que você fez ? O psicológico dele está muito mais afetado do que o físico. Bem, ele levou uma pancada muito forte e perdeu muito sangue, vai ficar umas duas semanas aqui no hospital mas os órgãos não foi afetado, a única coisa que ele disse foi '' meu pai vai me matar por ter morrido '' e '' Droga ''.
Não tive forças para continuar de pé, sentei, abaixei a cabeça e comecei a chorar. Meu amigo estava numa cama de UTI por minha culpa, eu sou a pior pessoa do mundo...

Os pais de Gabriel foram embora vinte minutos depois de mim e Yuri, minha mãe o deixou em sua casa e eu voltei pra minha. Chegando, mandei uma mensagem com '' Desculpa por destruir sua família '' para a mãe de Gabriel, e alguma coisa me dizia que foi seu pai quem leu, porque como resposta enviou '' Aquele burro imprestável não serve pra nada, merece morrer horas ''. Era duas horas da tarde. Eu não conseguia parar de chorar. Se algo acontecesse á ele, creio que o mesmo aconteceria comigo...

Eu não conseguia dormir, então liguei para o Yuri :
– Oi..
– Oi, como você está ?
– Mal.
– Eu também
– Não parece
– Mas estou.
Fiquei um tanto quanto bravo com a forma que Yuri lidara com tudo. Tudo calmo, tudo bem, parecia até que estava feliz. Como se Gabriel fosse um obstáculo...
– Está feliz por tudo que aconteceu não é ? - Digo
– Cara deixa de paranoia, ele também era meu amigo!
– Pois não parece!
– Minha mãe está piorando, quando estiver mais calmo me liga...

Pronto, dia perfeito ! Mato um amigo, magoo outro. Daria de tudo para estar no lugar de Gabriel. Faria de tudo pra ser um amigo melhor. Sacrificaria qualquer coisa pra acordar logo daquele pesadelo...
Fecho a janela, tranco as portas, deito na cama. Escuto por todo momento o grito de Gabriel, o choro de sua mãe, a voz do médico quando perguntava o que foi que eu fiz. Aquilo estava me matando, aquilo estava me enlouquecendo. Havia uma tesoura em cima da minha mesa, mas não era a hora. Não ainda...


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