Selecionados escrita por GarotoTumblr


Capítulo 3
O Levitador


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, hehe. Bem... Eu queria começar pedindo um milhão de desculpas para postar esse capítulo. O meu tempo apertou muito nessas ultimas semanas por causa do Enem, escola e tal. O tempo que restou para a escrita acabou sendo preenchida para o ócio, senão eu ficaria louco. Quando finalmente as coisas ficaram calmas eu comecei a escrever o capítulo, mas eu acabei parando em uma parte que a coisa não estava fluindo. Fiquei com esse bloqueio por mais ou menos duas semanas e ontem a coisa simplesmente "desceu". Finalmente eu consegui acabar e agora eu estou aqui



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BRANDON

Eu não queria deixar Brooke sozinha, mas eu tinha que seguir o plano que ela havia arquitetado, mesmo discordando dele. Teleportei-me para o topo de uma das paredes erguidas, onde eu pude ter uma visão melhor do campo de batalha. O Pátio Principal continuava intacto, mas dessa vez abrigava as paredes metálicas, dispostas paralelamente. Algumas estavam viradas para o sul e outras para o leste, criando corredores quase tão complexos quanto labirintos.

Não havia um canto sequer que os Barbarians não estivessem em combate. Obviamente, eu não gostava da ideia de batalhar contra nós mesmo, mesmo sendo apenas um jogo. Mas, como sempre, não tínhamos nenhuma opção.

De uma forma repentina, uma bala de paintball passou, assustadoramente, perto do meu rosto. Estava tão distraído que nem havia percebido a aproximação do moleque que havia tentado me acertar. Eu pensei, por um instante, que ele também fosse um Teleportador, já que se locomovia como um fantasma, mas a marca dos Levitadores — duas linhas onduladas, paralelas e com um círculo em cima — estava visivelmente estampada no pescoço dele.

Ele grunhiu. Provavelmente deveria estar cansado de errar os alvos com aquela pontaria lastimável. O rapaz fechou a cara para o meu sorriso debochado e cerrou os punhos, trazendo-me para o chão com a força da mente. Se havia um grupo que eu odiava mais do que os Mentalizadores, era os Levitadores. Sentia-me mais vulnerável sob a influência dos poderes deles.

Levantei-me rapidamente do chão, com o braço direito um pouco dolorido por conta da queda.

— Esse é o melhor que você pode fazer? — indaguei com a sobrancelha esquerda erguida e, com o canto da boca, desenhei um sorriso zombeteiro no rosto — Estou realmente decepcionado, Levitador. Eu esperava mais.

Ele estreitou os olhos e jogou-me contra a parede, sem o mínimo esforço de tencionar os músculos, como se eu fosse apenas um grão de areia no meio do caminho. Minhas costas bateram fortemente contra o metal e o meu rifle voou para longe, desarmando-me. A dor tomou conta do meu corpo, mas tive de ignorá-la. Infelizmente, utilizar o teletransporte para fugir do problema não era uma opção válida.

O Levitador, com um sorriso confiante no rosto, mirou a pequena pistola na minha testa e puxou o gatilho. Fechei os meus olhos instintivamente, esperando logo que a bala me acertasse, mas a arma apenas produziu um estalo. Senti-me completamente aliviado por não tem uma mancha estampada na minha testa. O idiota não havia recarregado a pistola.

— Sério? — ele gritou para a arma, jogando-a no chão.

Ele olhou de relance para a minha arma e começou a levitá-la até si. Arrisquei-me a acreditar que o Levitador não havia tanto controle do poder ao ponto de conseguir criar dois campos de levitação, então teleportei-me até a arma antes que ela conseguisse chegar nas mãos do rapaz e a segurei. Entretanto, o rapaz fora mais rápido. Ele jogou-me contra o chão antes que eu conseguisse fazer qualquer movimento, mas eu já tinha o que eu queria

Com posse do meu rifle, desintegrei o meu corpo, fazendo-o brotar alguns metros atrás do Levitador. Levantei a arma e mirei, pronto para atirar, mas algo me impediu. Eu hesitei. Minhas mãos tremiam. Meu subconsciente mandava-me não atirar, mas o meu instinto dizia o contrário.

O rapaz virou-se para trás, tentando me achar, mas eu automaticamente puxei o gatilho antes que ele conseguisse reagir à minha ameaça, projetando a bala contra a barriga dele. A adrenalina tinha falado mais alto.

Ele desceu o olhar para a mancha verde na camisa e levantou-o de novo para mim. Ele arriscou falar alguma coisa, mas a única coisa audível era uma tosse descompassada e tuberculosa. O Levitador começou a correr na minha direção, mas ele caiu inconsciente no chão, antes mesmo de chegar na metade do caminho.

Corri assustado até ele. Não tinha a mínima ideia do que estava acontecendo. Ajoelhei-me do lado do rapaz e pressionei meus dois dedos na artéria do pescoço. O coração ainda pulsava, mas lentamente.

— Ele só desmaiou, menos drama, por favor.

Virei-me rapidamente, com o rifle apontado para a figura feminina parada atrás de mim.

— Brooke, o que você fez? — perguntei um pouco exaltado, deixando a arma cair.

— Calma, apenas retirei o oxigênio ao redor dele. Ele não vai morrer, ok? — ela respondeu, batendo o pé direito constantemente contra o piso.

Massageei minha têmpora, tentando controlar a fúria que teimava tomar conta de mim. Abaixei minha cabeça para o Levitador e suspirei. Não podia deixá-lo ali, muito menos eliminá-lo. Ele estava indefeso.

— Me espere aqui — olhei para Brooke, que havia revirado os olhos. Ela sabia o que eu ia fazer.

Olhei mais uma vez para o Levitador, reparando a aparência dele, a qual não havia dado atenção antes. O rapaz jogava o cabelo castanho para um dos lados, com uma das laterais raspadas, e a pele tomava um leve tom moreno. Tentei gravar todos os detalhes possíveis na minha mente, pois agora ele me devia uma. Levantei-o do chão e teleportei-nos até o alto da parede que ele havia me derrubado. Ninguém o repararia, contanto que estivesse deitado. Desmaterializei-me e apareci em uma lufada de ar ao lado da Brooke.

Brooke, você não pode hesitar! — ela resmungou, tomando uma voz mais grave e zombeteira ao tentar imitar a minha voz.

— Sabia que você é chata? — perguntei retoricamente.

— A mais chata de todas — Brooke respondeu e sorriu de canto.

Sabíamos que ficar parado não nos ajudaria em nada, então logo tratamos de correr pelos corredores. Quanto mais rápido encontrássemos pessoas para eliminar, mais rápido a Seleção acabaria. No caminho, Brooke me contou que havia descoberto como eliminar alguém. De uma forma tão banal, você tinha apenas que acertar o peito da pessoa e o visor do bracelete informava se ela estava eliminada ou não. Por sorte, eu não tinha nenhuma marca naquela região.

Eu e Brooke estávamos descansando, com a precaução de manter-nos quietos, quando ouvimos o barulho de passos duros contra o chão do outro lado da parede a qual mantínhamos as nossas costas repousadas. Meus olhos estavam fechados, mas eu sabia que Brooke estava olhando para mim, e pela confiança que ela havia tomado naquele ano, eu arriscava-me a deduzir que a morena trazia o olhar esfomeado pelo desejo de vencer. Suspirei pesadamente e a olhei, pegando firmemente o rifle nas mãos.

— Vamos acabar logo com isso — sussurrei para Brooke e me teleportei para o topo de uma parede metálica não muito distante.

Novamente eu olhei para o pátio e me espantei ao ver apenas algumas pessoas lutando. Os focos mais concentrados de luta, que eu e Brooke evitamos sem querer, haviam se extinguido. Deveria ter, no máximo, quinze pessoas no local.

Voltei o meu foco para Brooke, vendo-a lutar contra uma Elementadora-do-fogo. Surpreendentemente, a luta de uma Elementadora com outra era até envolvente. Era fogo para lá e rajadas de ar para acolá. Tremendos efeitos especiais que nem mesmo os melhores filmes hollywoodianos conseguiam alcançar. Queria apenas assistir o duelo, mas eu tinha uma missão ali, e acabei me amaldiçoando por tamanha distração.

Segurei firmemente o meu rifle e apoiei-o no meu ombro direito, mirando na Elementadora-do-fogo. Meu ímpeto era de atirar desesperadamente nela até as balas acabarem, mas eu sabia que eu tinha apenas uma oportunidade e teria que acertar certeiramente no peito. O trabalho se tornava quase impossível com tantas paredes de fogo e ar sendo erguidas.

Para minha sorte, Brooke havia conseguido apelar para o físico. A morena desferiu um soco certeiro no maxilar da outra Elementadora, que não tardou a recuar. Aproveitando a baixa da guarda, puxei o gatilho e a arma disparou, fazendo com que uma mancha de tinta surgisse bem abaixo da gola da camisa dela. A menina olhou para o topo da parede que eu estava, finalmente percebendo a minha existência. Mas, ao invés do que eu havia imaginado, ela não carregava uma expressão de ódio, e sim um olhar perverso de diversão. Eu não estava entendo. Como ela podia não me odiar?

A resposta logo veio com o barulho de tiro. Um rapaz que estava escondido acertou o meu ombro e logo tratou de atirar mais uma vez. Quando a bala estava a pouco centímetros do meu peito, ela desviou para a esquerda, quebrando qualquer lei da física. Sem tempo para demonstrar qualquer reação, teleportei-me, parando ao lado do atirador. Eu estava preste a derrubá-lo, mas um campo de levitação fez todo o trabalho sujo, tão intensamente que o deixou inconsciente.

Suspirei aliviado e me sentei no chão gélido do pátio, tomando tempo para respirar um pouco. Durante a pausa as coisas começaram a fazer mais sentido. A Elementadora-de-fogo havia armado um golpe, assim como armamos um neles. E a bala quebradora de leis? Eu só conseguia pensar em uma teoria.

— De nada, mal agradecido — falou uma voz masculina atrás de mim. Eu já imaginava que era ele, então apenas virei-me sem preocupação de encontrá-lo com uma pistola mirada em mim. As oportunidades para me atacar foram todas, mas nada ele havia feito.

— Você ainda me deve uma, Levitador — eu disse para o rapaz com a lateral da cabeça raspada e deixei um sorriso escapar — Não foi fácil te levar lá para cima, sabia? Você pesa!

Ele esboçou um sorriso sorrateiro

— Eu já imaginava — ele ergueu as mãos para mim e eu as apertei, mas ainda com um certo receio de sabotagem — River. E você?

Eu estava pronto para me apresentar, mas fui interrompido por várias sirenes, que começaram a tocar ao mesmo tempo em que as paredes metálicas imergiram no chão. O Pátio Principal, em questões de segundos, voltou ao normal, mas desta vez abrigando apenas dez pessoas. Eu, River, Brooke e mais sete que estavam espalhados pelo local.

O silencio repentino foi quebrado com o barulho de um rádio tentando sintonizar, logo substituído por uma voz grave e autoritária, que já estávamos acostumados a ouvir todo dia. O Comandante.

— Não importa o quanto vocês lutem, vocês nunca terão plena liberdade. Esse não é um direito concedido a vocês, Bestas. Aproveitem ao máximo essa esmola que o governo mundial dá, ou vocês continuarão a sofrer em nossas mãos. Vocês estão dispensados, Selecionados. Vazem daqui!

A transmissão foi interrompida e uma Brooke enfurecida puxou-me pelas mãos, obrigando-me a segui-la para a saída.

— Não aguento esse babaca — Ela resmungou, tentando descolar a roupa de treinamento do corpo. — Vamos rápido, quero tirar esse troço do meu corpo.


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