Enquanto subia as escadas em direção a boate tentava controlar meus nervos e me lembrar das palavras da Felicity, que precisava estar ao lado de Thea. Ainda faltavam algumas horas para a boate abrir, mesmo assim o trabalho estava a todo vapor. Thea caminhava de um lado a outro dando instruções detalhadas aos funcionários, ela se parecia exatamente com minha irmã, mas eu já vi a maldade e sei que nem sempre ela aparece com chifres e pele vermelha se autonomeando belzebu. Aproximei-me dela com cuidado e um enorme aperto em meu peito.

–Thea, posso falar com você? –Perguntei com cuidado vendo seus olhos assustados me fitarem.

–Ah, claro. Vamos ao escritório. –Ela se virou e eu a segui em silencio, prestando atenção ao caminho e a qualquer sinal de perigo.

–Pode começar a perguntar, eu sei que é isso que quer, não confia em mim. –Ela disse assim que fechei a porta. –E eu não confio em você. Parece que temos um impasse aqui. –Sua voz era áspera, mas seus olhos não. Ela parecia realmente perdida, aquilo me fez querer protegê-la, abraçá-la.

–Sepe... Thea. –Concertei. –Tenho mais inimigos do que você possa imaginar, não espero que me perdoe por ter escondido tudo de você, muito menos que Merlin era seu pai. Todos nós, eu, Roy, mamãe e papai mentiram e falharam vezes após vezes, mas todos tentando protegê-la. –Dei um passo em sua direção e fiquei feliz quando ela não recuou imediatamente. –Eu não sou seu inimigo, não sou diferente do Oliver que você sempre conheceu claro que tenho uma identidade secreta e combato o crime em minhas horas vagas, mas sou seu irmão! –Nesse ponto lágrimas escorriam por seus olhos e eu continha as que queriam escapar dos meus com muito esforço. –Não posso viver em um mundo que você me odeie. –Confessei com carinho em minha voz. Dessa vez ela deu um passo em minha direção temerosa.

–Eu não odeio você. –Negou. –Eu precisava me fortalecer Ollie. –Sorri sem conseguir evitar ao ouvir meu apelido. –Não sou mais a mesma garota, mas sempre vou proteger quem eu amo, mesmo que isso custe minha própria vida. –Disse cheia de convicção e força. –E você ainda é meu irmão. –Estendi minha mão lentamente para segurar a dela. –E eu ainda amo você.

Tudo pareceu girar em minha volta. Todos os sentimentos se misturavam em meu peito, eu não pude mais me conter. Puxei minha irmã para um abraço apertado cheio de saudade e carinho. Quando nos afastamos lágrimas corriam abertamente por nossas faces, nossos olhos refletiam o mesmo sentimento.

–Prometo nada mais de mentiras de agora em diante. –Disse a ela afastando seus cabelos para poder dar um beijo em seu rosto.

–Eu sou completamente a favor desse acordo. –Respondeu sorrindo.

–Já que estamos em acordo, preciso que conheça um lugar. –Tomei sua mão a guiando. –Acho que agora você faz parte da equipe.

FELICITY

Oliver voltou acompanhado por Thea que andava dois passos atrás do irmão totalmente admirada, seus olhos pararam em Roy que já estava com o uniforme do Arsenal e os dois se encararam por um tempo.

–Thea acredito que assim se encerram os segredos. –Oliver começou a dizer fazendo com que ela em fim tirasse os olhos de Roy que também desviou seus olhos para mim respirando fundo. –Esses são meus parceiros, você já os conhece. Diggle me ajuda em campo eventualmente, agora, mas é um grande homem. –Diggle se adiantou a cumprimentando com um aperto de mãos. –Felicity. –Ele suspirou sorrindo ao dizer meu nome, não pude deixar de sorri também. –Ela é especialista em TI, entre outras coisas, costuma ser nossos olhos e por vezes nossas mentes em todas as missões. –Estendi minha mão para ela e para minha surpresa Thea se adiantou me dando um abraço.

–Eu sei, ela abriu meus olhos hoje. Obrigada. –Disse me soltando. Oliver sorria vendo a cena.

–Não por isso. –Respondi um pouco envergonhada.

–E Roy. –Ele disse franzindo o rosto como se sentisse dor por ter que enfiar o dedo na ferida dos dois. –Ele luta ao meu lado e tem se revelado um arqueiro tão bom quanto eu, nós o chamamos de Arsenal.

Thea deu um passo em direção a Roy com os olhos brilhado, ele parecia travado em seu lugar, mas seus olhos eram tão intensos quanto os dela, pareciam não saber como agir ou o que fazer a seguir.

–Também existe a Sara. –Acrescentei olhando para Oliver para que ele me ajudasse a tirá-los dessa situação.

–Claro. –Ele voltou a dizer, conseguindo quebrar o olhar dos dois. –Ela é meio que um membro honorário da equipe.

–Sara... Ela é a Canário? –Perguntou ligando os fatos. Oliver confirmou com a cabeça. –Uau!

Passamos o resto da noite contando e ouvindo segredos. Thea nos contou que por mais que ela se envergonhasse em assumir ele encontrou certo conforto em Merlin, ela havia perdido a mãe, ele o filho isso fez com que os dois se encontrassem de uma forma que nem mesmo ela entendia. Oliver contou tudo sobre Ra’s Al Ghul que sabíamos as batalhas passadas e algumas de suas experiências na ilha, ele parecia realmente disposto a colocar todas as cartas a mesa. Devido à conversa dos irmãos Roy acabou indo fazer a ronda sozinho, liguei para o Sr Lance o pedindo para reforçar um pouco segurança e que o Arqueiro atenderia qualquer chamado urgente e Diggle acabou cuidando da boate.

–Tem só mais uma coisa que precisa saber. –Disse Oliver se levantando e caminhando em minha direção com Thea o seguindo. –Felicity e eu somos um casal agora. –Contou segurando minha mão.

–Isso me deixa feliz Ollie. –Disse ao irmão nos olhando com carinho. –Sei que morreriam um pelo outro e é bom saber que tem alguém disposto a tudo por você. –Oliver soltou minha mão e foi abraçar a irmã.

–Eu faria o mesmo por você Speed. Pode acreditar. –Disse em seu ouvido.

–Eu acredito. –Respondeu. –Agora eu acredito. Também faria o mesmo. –Ela deu um beijo na face do irmão e um breve abraço em mim. –Preciso voltar ao trabalho. –Anunciou já se encaminhando a saída.

–Felicity. –Chamou Oliver assim que ficamos sozinhos.

–Sim?

–Obrigado.

–Por quê? –Perguntei confusa.

–Por ser assim. –Respondeu simplesmente. –Por não ter desistido de mim, mesmo quando eu fiz de tudo para que você fizesse isso. Eu não sei o que faria sem você em minha vida.

–Oliver, não precisa agradecer...

–Preciso. –Interrompeu. –Eu não sou o melhor em demonstrar sentimentos Felicity e por mais que eu diga que amo você. –Ele tomou minha mão a colocando sobre seu peito para que eu sentisse seu coração batendo acelerado. –E eu amo você. –Enfatizou me olhando nos olhos. –Nunca vai ser o suficiente para te fazer entender a intensidade desse sentimento. -Eu queria responder, mas não encontrava palavras. –Eu sempre evitei te tocar, aprofundar nossa intimidade ou mesmo olhar para você por um determinado tempo seguido. –Disse dando risada. –Quando eu te disse que preferia não me envolver com alguém que eu realmente viesse a me importar, eu não estava sendo totalmente sincero. –Oliver afastou uma mecha do meu cabelo com sua mão livre. -O que eu realmente gostaria de dizer e que não poderia me envolver com você, por que já te amava muito, por mais que eu não soubesse a real profundidade desse amor. –Uma lágrima escorreu dos meus olhos. –E não suportaria ver nada de mal acontecendo contigo, por que isso sim me destruiria.

–Oliver... –Chamei por seu nome sem conseguir dizer mais nada. Completamente emocionada.

–Hoje eu tive a prova de que você é minha melhor parte, Felicity, só tenho minha irmã de volta por sua causa. Não sei como agradecer por isso. –Toquei sua face com carinho antes de beijá-lo.

–Já agradeceu. –Respondi sorrido.