– Sabe... Faz tempo que não sou chamado de pai. - É. Talvez não tenha sido a melhor coisa a dizer, pensa o primordial. Origem fecha os olhos e bate na testa, apertando os lábios para não xingá-lo e se segura para não bater em Vazio, recitando mentalmente como um mantra: Você o ama, não pode matá-lo. Você o ama não pode matá-lo. Ordem fica branca como papel e abre a boca, balbuciando coisas incompreensíveis, seus olhos vidrados em algum ponto da parede da Casa Grande. Caos abre e fecha a boca inúmeras vezes, piscando freneticamente para ver se não dormia. Vazio.... Bem, Vazio encolheu-se na cadeira e mordeu os lábios olhando para os três com certo medo. Até que por fim Origem se acalma e estala os dedos em frente aos olhos de Ordem, que desperta, olha para a mãe, para o irmão, para o pai e cai dura no chão, desmaiada. Caos, vendo a irmã, arregala os olhos e a pega no colo, correndo para fora até a enfermaria do Acampamento.

Origem olha severamente para o outro, que se encolhe mais à cadeira, ela suspira cansadamente e se deixa cair ao lado do primordial. - Acho que eu não devia ter dito isso. - Ela ri fracamente.

– Sutileza nunca foi seu ponto forte, você prefere ser sincero, nem que seja rude. E teríamos que contar uma hora ou outra. Acho melhor irmos ver como está Ordem.

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Eles entram na enfermaria calmamente. Bem... Aparentando estar calmos, eles estavam quase explodindo de preocupação e insegurança, eles os perdoariam por mentir? Eles os aceitariam? As mãos Vazio se mexiam freneticamente, arrumando o terno, passando-as nos cabelos, colocando-as nos bolsos, estalando os dedos... Isso estava deixando Origem louca! Ela agarra a mão do outro e o repreende, ele se aquieta. Eles veem Ordem deitada em uma cama, ela tinha os olhos fechados ainda, e continuava pálida, Caos estava sentado ao lado da irmã, ele segurava sua mão e seu olhar se perdia no rosto da mesma, pensativo. Eles se sentam silenciosamente do outro lado da cama, o primordial não desvia o olhar, mas eles sabiam que ele notara-os.

– O quê vocês querem? - Pergunta fracamente, eles sabiam que Caos sempre tivera o gênio mais forte dos dois, mas acharam que ele estaria bravo, não abalado, e isso choca os dois.

– Viemos ver como vocês estão. - Responde ela suavemente, não precisa explicar, eles entendem o que a mulher quis dizer.

– O quê querem que eu diga? Quer dizer... Minha vida toda meu irmão era meu pai e ele não me contou. Eu.... Não sei o quê sentir. - Admite, e os dois sabiam que ele sempre sabia o que fazer ou sentir, e estava odiando não saber.

– Pergunte à Ordem. - Fala Vazio sorrindo minimamente, os olhos da mulher deitada se abrem, ela foca-se nele e faz uma expressão emburrada.

– Não é justo! - Reclama se sentando, mas rindo logo em seguida, em um segundo sua expressão se torna séria. - Mas ainda não nos explicaram. Por quê não nos contaram antes? - Ela estava magoada, era visível, seus olhos marejados com lágrimas douradas denunciava-a. - Por quê nos fizeram esquecer?

– Nós não fizemos vocês se esquecerem. Vocês esqueceram por conta própria. Inconscientemente, vocês acharam melhor para si mesmos esquecerem, Vazio apenas não contou porque, bem, vocês viram como ele estava, eu lembro como eu estava, queríamos poupá-los disso. - Explica-se, sua voz falhando ao terminar, sua cabeça baixa, lágrimas douradas também se acumulando sob suas pálpebras Ela abre a boca em choque quando sente braços finos rodearem-na, ao ouvir o choro silencioso de sua filha, sentindo as lágrimas molharem seu vestido. Mas ela apenas se importou em abraçá-la de volta e beijar o topo de sua cabeça, como fazia quando era mais nova e se machucava.

Caos olhava-as sem saber o que dizer, ele sabia que falavam a verdade, e com certeza perdoara-os, mas e agora? Ele não sente seus pés se moverem, nem seus braços, mas quando vê está a o lado de Vazio com a mão em seu ombro, ele sorri para o mais velho, que lhe sorri de volta, e ele nunca vira ele sorrir assim.

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Eles não contaram à ninguém. As pessoas se contentaram em saber que Origem estava ao seu lado. E isso bastava-lhes. Eles começariam a treinar os deuses no outro dia, como combinaram no dia anterior. Estavam os quatro na arena com os oito deuses menores.

– Tudo bem. Jason, Nico e Hazel treinarão com Vazio e Caos. Annabeth, Leo e Piper treinarão com Origem e Calipso treinará com Ordem.

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– Acho que o treino de hoje acabou. - Fala Ordem casualmente, os deuses menores os olhavam incrédulos, estavam todos suados, vermelhos e ofegantes enquanto os quatro primordiais não tinham uma sequer gota de suor.

– Eu preciso melhorar no arco e flecha. Pode me ajudar, Vazio? - Pergunta Annabeth maliciosamente, o primordial olha para o lado desinteressadamente e dá de ombros, claro que ele não cairia nesse truque.

– Origem? Pode me ajudar? - Pergunta ele, reprimindo um sorriso ao ver a careta de desgosto da filha de Atena e o sorrisinho da outra. Os deuses, Caos e Ordem saem da arena, os dois primordiais, segurando o riso, o que confundiu os deuses menores. Vazio se posiciona e estica a corda do arco. - Somente imite. - Diz tentando parecer gentil, a loira se posiciona, completamente errado, e os dois bem sabiam que, propositalmente. O primordial bufa e corrige-a, tocando o menos possível nela, quando arrumou sua mão no arco de madeira ela o puxa segurando-o firmemente com a mão por cima da dele. E o beija, ele ia empurrá-la, se ela não tivesse sumido de repente, e com "de repente" quer dizer: puxada por Origem que a olhava com uma expressão psicopata.

– Deu merda.