Crooked escrita por blue devil


Capítulo 8
Take another step, with each step you will fall away.


Notas iniciais do capítulo

Não acredito! Contando com esse capítulo, a fanfic só tem fuckin oito capítulos e já tem a recomendação mais fofa do mundo. Como pode? Como faz? Seus filhos de uma mãe linda, agora vou ter que postar mais cedo. Esse capítulo está cheio de cortes, por que? Por que ele é looooooongo. Fomos de uma etapa para outra, assim, poof
Um beijo e um cheiro especial à Gabs que recomendou, e a todos que comentaram e morrerem comigo, EU AGRADEÇO A TODOS VOCÊS



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/545407/chapter/8

Cause what i feared the most was drowning too deep
I don't know how to swim in this insanity
And the words you said keep washing over me
As i keep struggling to try and stay alive"
– Neko & Nano - Aimai Elegy


Luke e merda eram a mesma coisa no momento. Ele cobriu os olhos com a mão, grunhindo incomodado com tudo. Nunca era agradável acordar no chão frio daquele barranco - que não podia chamar assim. No momento que arrumou coragem para levantar, após ter xingado todos os Deuses de todas as religiões existentes, algo caiu em cima dele.

– Porra! - o loiro exclamou.

A primeira reação foi empurrar o que quer fosse para longe, porém no momento que tocou ele paralisou. Era Ethan. Luke reconheceria a textura das roupas e a silhueta do corpo em qualquer momento. Ele abriu os olhos, encarando uma cabeleira negra perto do rosto. Ethan apoiava a testa no chão frio em cima do ombro dele.

Ele não chorava por não conseguir, mas tremia.

Luke simplesmente o abraçou e o segurou pelo tempo que precisasse. Depois de dois minutos, Ethan arrumou coragem para levantar metade do tronco e encará-lo.

– O que está fazendo jogado no chão, pedaço de merda? - foi a primeira coisa que ele resmungou. Luke deu um sorriso triste.

– Essas negociações são um saco. - Luke bufou, tentando se levantar. Ethan saiu de cima dele, sentando-se próximo. Luke espreguiçou o corpo, sentindo dores por todas as partes. - Urggh, e você sabe, os SFP da cidade aproveitaram para aparecer. Estou odiando cada vez mais essas festas.

Ethan não respondeu. Não tinha cabeça para um assunto comum, porém também não queria falar o que lhe afligia. Luke admitia odiar esses momentos. Nunca foi paciente, uma atitude necessária para conviver com o asiático. Decidiu que não era bom ficar ali olhando para o rosto dele, então terminou de se espreguiçar e colocar os ossos no lugar, levantando-se.

Andou pelo "quase salão de festas" com decoração destruída agora. Abriu um frigobar desligado, puxando uma mala preta para perto e tacando a montanha de dólares que estavam no frigobar na mala. Ouviu Ethan levantando-se atrás dele. O garoto não deu nem dois passos direitos antes de soltar:

– Nico lembrou.

– Eu sabia que isso ia ser ruim. - Luke bufou, passando uma mão pelo cabelo loiro. - Ele lembrou de tudo? De Jason e Bianca?

– Eu não sei. - Ethan se encolheu. Não parecia ele mesmo. Estava cansado, fraco, machucado. Luke quis abraçá-lo de novo, porém ele sabia melhor. Se tentasse, Ethan o afastaria. - Nico estava gritando tanto, ele começou a se machucar. Acho que estava vendo coisas. Como isso é possível?

– Onde você o deixou?

– Em casa dormindo.

– Não foi a melhor ideia. - Luke avisou, sem ser muito sério sobre o assunto. - Então parece que o drogaram.

– O que diabos está falando?! Luke, se isso for algo dos seus...

– Não, não tem nada haver com tráfico dessa vez. - Luke o interrompeu. Ele olhou para os lados. - Foi a Comunidade. Você sabe o propósito deles, não sabe?

– Não... - Ethan arregalou o olho. - Nico não pode ser quem eles estão procurando.

– Isso nós veremos. - Luke estralou a língua. - Agora, eu sei que nos fudemos. Kronos vai fazer de tudo para pegá-lo antes dos outros. É melhor irmos logo.

Ethan espalmou a mão no peito de Luke, fechando os dedos contra o tecido da camiseta dele. Luke o observou com atenção, enquanto o asiático dava o melhor de si para formar as palavras:

– Se o Nico for... Então eu...

– Ethan, não sabemos de nada ainda. - Luke semicerrou os olhos para ele. Ethan apertou os lábios. - Eu vou te proteger se precisar. - Luke aproximou o rosto da orelha dele, sussurrando em seguida: - Ou te matar.

xx


Nico abriu os olhos assustado. A luz do Sol entrava pela janela, deixando-o insuportavelmente quente. Ofegante, em busca de ar, ele colocou-se sentado num pulo, agarrando a camisa pelos dedos e a puxando. Estava sufocando quando nem podia. Olhou em volta, ainda em choque.

Era o quarto da casa de Ethan. Nico passou a mão no rosto, sentindo-se um nada. Não era metade dele mesmo. Seu cérebro parecia meio derretido, cansado de mais para trabalhar. Nico arrancou a camisa e os sapatos, tropeçando pelo quarto. Sua visão estava escuro e os sentidos o deixaram. Parou quando bateu o joelho, causando um choque pelo corpo.

Então ele caiu como se não pesasse nada. Nico não soube o por quê, porém continuou em frente. A visão voltou enquanto tateava pelo chão de madeira, chegando num objeto do mesmo material. Apoiou-se na superfície, notando que era algo parecido com uma penteadeira. Nico ergueu-se, encarando o reflexo no espelho.

Igual ao garoto de quinze anos daquela casa.

Com cabelos negros caindo no rosto, pele pálida de um morto, ossos à mostra abaixo da pele fina. Olhos mortos, sem iris, apenas o branco e o negro da pupila. Um nariz que parecia quebrado, bolsas abaixo dos olhos e a cicatriz no pescoço onde a moto serra havia passado.

Ele nunca havia olhado para isso por muito tempo. Notou os arranhões que fizera em si mesmo, o sangue seco espalhado nas roupas que deixara no chão, e as cicatrizes da morte. Os fatos haviam voltado todos de uma vez para a sua cabeça, agora ele tentava juntá-los e arrumá-los como peças de quebra cabeça.

Nico havia se matado.

Antes disso, ele costumava a apanhar. Ainda tinha as sequelas. Seu pai nunca levantou o dedo para ele, mas as pessoas da rua sim. Ninguém o respeitava desde a morte da mãe. Depois que descobriram o caso idiota que tinha com seu primo e professor, Jason, os abusos subiram para um nível absurdo. De repente Jason não estava mais do seu lado.

De repente Nico encontrava-se fazendo pequenos machucados no corpo e segurando a respiração no banho.

De repente ele não falava com mais ninguém.

De repente a família estava destruída. Hazel tinha medo de se expressar, então saía sempre que podia. Bianca vivia estressada por tentar resolver as coisas. O pai continuava perdido, seguindo em frente sem a menor sensibilidade. Não sabia o que fazer. Não sabia desde que a mulher morreu e o deixou com duas garotas para cuidar e um garoto gay que não se encaixava.

Nico poderia reviver o dia da morte, se quisesse. Ele foi o melhor filho. Ficou com Bianca, assegurou-a que estava tudo bem, se reconciliou com Hazel e com o pai. Inocentes, eles acreditaram que o garoto decidiu se ajudar. Como se Nico não tivesse tentado antes.

Depois, durante a noite, Nico foi até o rio congelado no bosque cheio de neve. Ele se jogou e congelou até morrer. Sem deixar uma cara de adeus ou nada. Foi o primeiro momento de paz plena que sentiu. O tempo dobrou-se à sua vontade, deixando-o passar. Nico foi livre, voando para fora da gaiola.

Então o enterraram e ele acordou.

Agora Nico estava preso no inferno, nada comparado com a gaiola. Tudo teria sido mais fácil se ele continuasse morto. Nico levou os dedos até o reflexo no espelho, tocando-o com as pontas, como se tivesse medo de se aproximar de mais do reflexo. Olhou de verdade, olhou tanto que foi como se a imagem mudasse.

Como se ele não fosse mais o Nico.

Então puxou a mão para trás como se tivesse levado um soco, fechando-a num punho e socando o vidro em seguida. O espelho rachou no meio, distorcendo seu reflexo. Agora ele sentia-se representado. Bateu na madeira com força, tomado por uma fúria súbita.

Ficou ereto e pegou outras roupas pelo quarto, não muito diferentes das antigas. Precisava do seu casaco. Porém, se fosse fizer o que pretendia, não importava muito. O casaco não iria fazer diferença quando o matassem. Pulou pela a janela larga, sem paciência para passar pela a porta.

Então ele correu.

Correu mais do que no dia que fugiu de Percy. Só correu, com todos os sentidos da palavra. Não quis sentir nada, nem conseguia. Entrou no bosque à dentro, tropeçando nos próprios pés, em galhos e outras coisas da natureza, sem querer parar. Os raios solares o seguiam, esquentando suas costas e nuca. Só o fez correr mais.

Bateu em árvores. Caiu. Machucou-se. Berrou, enfureceu-se, entristeceu-se. Era tanta coisa que Nico não sabia mais onde um começava e o outro terminava. Mais do que tudo quis chorar, porém não o produzia. Aquela não era a vida dos filmes, onde o mocinho deixaria a lágrima milagrosa rolar para salvar o seu parceiro.

Não, na vida real, Nico havia comido a própria irmã. Era culpa dele. Sempre foi a culpa dele. Não iria ser um hipócrita e usar a desculpa de não estar medicado ou precisar sobreviver. Nico era um monstro, assim como os outros humanos. Eles iriam matar, estuprar, humilhar e destruir quem estivesse no caminho. Pelos motivos bons e motivos ruins. Se existia um Inferno, estava ao redor dele, em cima dele-- dentro dele.

Finalmente chegou ao cemitério para as pessoas que morreram durante o Renascimento. Sem graves, era difícil reconhecer quem era quem. Porém Nico achou. Ele viu uma cópia exata do morcego caolho em cima de um túmulo, com um cartão do lado. Pegando o cartão, ele leu: "Para aquela que vai durar pela eternidade, pura e doce Bianca Di Angelo."

Nico caiu de joelhos. Ele tinha tanta força antes. Tantos pensamentos, tantos sentimentos. Ele sabia o que iria, precisava fazer. Tinha a força de vontade, a mente preparada. Agora, simplesmente, estava drenado. Não conseguia ver mais nada. Só o nome de Bianca. Bianca. Bianca. Doce e pura Bianca.

Ela continuaria sendo se o irmão não foi um monstro. Nico soluçou, ouvindo seu coração quebrar em vários pedaços, como o vidro do espelho.

– Isso dói, realmente dói. - Nico murmurou. - Eu não posso... Eu não vou pedir desculpas. Isso é ridículo! Por que eu deveria? Isso não vai te trazer de volta, não vai... - Nico sentiu a cabeça pesando, então ele a abaixou, passando as mãos pelos olhos insistentemente. Não sabia por que a visão continuava sumindo. - Nunca vou resolver isso. Esquecer. Eu não mereço uma segunda chance, Bianca. Eu só queria... Eu só preciso de você. Agora que eu lembro eu sinto tanto, tanto a sua falta... E simplesmente dói de mais saber que o motivo de não estar aqui sou eu. Você nunca achou que terminaria assim, não é? Ver o seu irmãozinho virar um monstro.

Foi como se a gravidade o jogasse para baixo. Nico bateu com tudo na terra, sentindo o corpo sacolejar mais que o normal. Com uma fisgada de consciência, Nico cravou as unhas na terra e tentou cravar. Não entendia nada. A visão escureceu de vez, porém ele ainda ouvia, e sentiu sangue caindo da boca de forma dolorosa. Sentiu a mente indo embora.

Antes do último minuto, ele entendeu: Não havia tomado seu medicamento.

xx


– De qualquer jeito, o cara está preso. - a ruiva suspirou, obviamente irritada. A loira do seu lado balançou a cabeça, prestando pouca atenção. Andava cautelosamente pela terra com as botas militares, a arma firme em mãos. - Caramba, estou esperando o dia que a sua máscara de indiferença vai cair.

A loira olhou feio para ela.

– Eu só quero terminar o meu turno logo, okay? - revirou os olhos cinzentos em seguida. - Já pensei de mais em Percy.

– Somos duas, mas... - a ruiva se interrompeu ao ouvir um barulho. A loira a encarou rapidamente, mandando-a para outro lado. A ruiva assentiu, meio contrariada, sumindo do ponto de visão da loira. Esta respirou fundo.

Pisando nas folhas com cuidado, quase como uma dançarina no palco, a loira deixou de fazer barulho. Aproximou o visor da arma do olho, checando o perímetro. Os zumbis apareciam ali e aqui naquele bosque, geralmente por conta do tráfico de drogas intenso na área. As drogas que eles consumiam revertiam o medicamento, fazendo-os caçarem comida humana.

Kronos queria atingir primeiramente isso, e a loira não sabia se concordava ou não com a ideia. Afinal, Luke dirigia parte dos negócios e sempre esteve aliado com Poseidon. Era tudo tão confuso. Aquela cidade era suja, porém antes a podridão dela cheirava bem.

Ela começou a correr quando ouviu um grito. Quando o som diminuiu, pode ver cachos ruivos, depois cabelos negros. O seu primeiro impulso foi pular na ruiva, empurrando-a para trás. Ela tinha uma faca na mão, pois estava virando um hábito matar os zumbis que a atacavam em vez de devolvê-los para o hospital.

No chão, havia um garoto da infância da loira. Deforme, sibilando por comida, sacolejando violentamente. Não parecia que um dia tinha sido humano. Ele se rastejou, talvez por ter sido atingido na perna, até as duas grunhindo e grasnindo com vontade.

Com certeza não era um zumbi comum. Mais perigoso que os outros, isso você facilmente notava.

– O que diabos está fazendo, Annabeth?! - a ruiva gritou, debatendo-se. Annabeth a soltou, fuzilando-a tão intensamente que poderia queimá-la.

– Cala a boca Rachel. Ele é o Nico Di Angelo. - virou-se para Nico rastejando-se no chão. - Nós vamos levá-lo de volta.

– Que?! - Rachel gritou. - Kronos vai matá-lo.

– Não é para Kronos. - Annabeth pisou na mão de Nico, fazendo-o exclamar de dor e tentar se libertar inutilmente. - Vamos levá-lo para Hades.

xx


Se pudesse, Nico não acordaria mais. Isso era óbvio. Nem quando ele morava na rua, sendo obrigado a levantar do asfalto frio e duro, seu sono era tão ruim quando estava sendo naquele dia. Isso se continuasse o mesmo dia. Forçou as pálpebras duras como roxas a abrirem. A primeira coisa que reconheceu foi que seus braços estavam esticados de forma desconfortável. Muito desconfortável.

Levantou a cabeça, grogue, esperando as coisas pararem de rodar e formaram algo concreto. Metal. Uma corrente de metal, ligando duas argolas, presas numa barra. Espera. Algemas. Cano de metal. Cano de cozinha. O chão de baixo dele era frio, e ao redor tudo era muito branco. Armários, utensílios, paredes. Luzes. A primeira reação do corpo de Nico foi se debater e se desesperar. Como havia parado ali?

Não lembrava-se de nada que fazia muito sentido. Tinha medo de ter sido sequestrado de novo. Não, tudo menos isso. Só de pensar na probabilidade de terem feito algo com ele...

Nico não estava pronto para cair na insanidade ainda.

– Você acordou... - uma voz o assustou. Virando-se até onde podia na direção que ela vinha, Nico paralisou. O mesmo homem tão firme do seu passado, aquele de cabelo e barba negra, olhava-o como um animal perdido. Seu pai. Nico encolheu-se para longe dele, enquanto o mesmo se aproximava. Nico segurou uma respiração imaginária quando ele tocou no seu rosto com um pano quente. - Céus, continua tão parecido com elas. Como eu nunca notei isso?

– Fique longe de mim! - Nico rosnou. - Eu não sou mais nada seu, se quer me matar faça logo.

– Só que o temperamento continua horrível. - Hades o ignorou, suspirando. Então ele esticou as mãos, retirando a algema de Nico. - Pronto, podemos nos acalmar agora? Elas disseram que você iria ser assim...

Aquilo era de mais. Ele não era metade do homem que já fora. Estava perdido, mesmo assim não o bastante para tirar a capacidade de falar calmamente. Era como se não captasse a real gravidade das coisas. Nico notou que não deveria culpá-lo. O único culpado era ele mesmo. Não sabia por que continuava fingindo ter senso comum, quando desafiava isso.

Ele tocou a cicatriz que fizera com a moto serra em Nico. O garoto engoliu à seco.

– Por favor, pai. - Nico praticamente implorou. - 'Me deixe ir. Não sei como me achou, mas eu nunca mais vou ser o seu filho...

– Shh, não, não. Você é a única coisa que restou. Delas, de todos. Tudo vai melhorar agora, certeza que vai, eles não vão...

– Não Hades, não. - Nico segurou a mão que continuava passando no seu pescoço. Olhou nos olhos vazios do homem. - Eu não sou nada. Nada relacionado à elas. Por favor, me deixe ir. Me esqueça. Esqueça tudo isso.

– Esquecer...? - ele murmurou. - Isso não... Esquecer uma vida?

Como Nico podia pedir isso?

Nico só não sabia o que dizer.

– A Hazel... Ela mandou eu esquecer. Ela foi embora, voando para fora daqui. Ela e o garoto que nos traiu. Mas você não foi com eles, não Nico. Está aqui e vai continuar aqui. Podemos reconstruir aquela casa. Eu vou fazer tudo que...

Hades foi interrompido por um barulho alto do lado de fora da casa. Lembrava a um carro. Nico pulou no impulso, arrepiado. Aquele não era bom sinal. O que Hades havia dito? "Elas tinham dito que você seria assim..."

Alguém o achara na floresta e o levara até a casa do pai. Também o medicara. Seria uma questão de tempo até que fosse levado à prefeitura. Lembrava-se vagamente do prefeito da cidade, Poseidon. Mesmo assim, não iria arriscar seu pescoço conhecendo-o.

– Quem me trouxe aqui? - Nico sussurrou com pressa. Não podia conversar de mais. Hades o encarou desolado.

– Não vão te levar de volta. Me disseram... Você finalmente...

– Pai, escuta, olha pra mim, - Nico agarrou o rosto dele, reunindo uma força e compostura que não possuía. - não sou eu que você quer. Esse eu de agora é um lixo. Só que é um lixo que se move, e enquanto se mover, ele vai te devolver o que precisa. Não ouse desistir, não ouse perder. Eu vou voltar. Vou trazer Hazel, vou concertar a merda que eu fiz. Agora, por favor... Me deixe ir.

Nico não sabia o que estava fazendo, desde o começo. Apenas seguia as palavras que mais pareciam apropriadas. Seu pai estava tão quebrado, tão perdido. Ele precisava disso. Pelo menos isso. Nunca iria diminuir a sua dividir com ele, mas isso não o impedia de agir. O homem merecia sinceridade, mesmo que Nico não tivesse certeza que era isso que oferecia.

Não estava em condições para nada.

Depois de segundos tensos para Nico, os dois encarando-se, tão parecidos um com o outro; Hades assentiu. Colocou a mão em volta do pescoço dele, cobrindo a cicatriz, apertando-o de leve. Era um aviso. Uma fisgada de sentimento humano voltando-o para o mesmo. Porém, tão rápido quanto viera, se fora. Hades deixou a mão cair, quase como um boneco sem utilidade. Então ele se afastou, levantando-se sem dizer uma palavra.

Nico entendia.

Pois os dois pensavam parecido. Igualmente quebrados, não havia diferença entre eles. Por um instante, isso o fez considerar que se o pai merecia ajuda, então ele também. Ignorou o pensamento. Tratou de se levantar o mais rápido que pode e procurar uma saída. A cozinha não tinha uma maldita porta dos fundos, mesmo que fosse tudo que ele precisasse.

Saindo dela com cuidado e passando por um corredor, ele achou a entrada da garagem. Não havia sinal de carro por ali. Comemorando silenciosamente, sem pensar de mais, Nico correu pelo comodo silencioso e deu o melhor de si para levantar o portão metálico. Não conseguiu. Bufou e tateou pelo escuro atrás de um controle ou qualquer instrumento que o ajudasse. Achou um taco de beisebol de metal.

Não iria mexer com o mesmo, obviamente, até ouvir passos e vozes sérias dentro da cara, aproximando-se, prontas para darem o bote nele como uma cobra. Nico não quis ver ou articular mais nada. Pegou o taco e bateu o trinco que prendia o portão ao chão, com força o suficiente para fazê-lo quebrar com três batidas que ressoaram de forma alta.

Era agora ou nunca. Nico puxou o portão e, quando conseguiu o mínimo de espaço suficiente para seu corpo passar, jogou-se para fora. Quem quer que estivesse na casa, havia o visto sair e começou a gritar. Com a visão periférica notou as lanternas em sua direção, não era tolo de achar que não estavam acompanhadas com armas.

Atiraram enquanto ele corria.

Nico viu o escuro.

Estava quente, muito quente. A ponto de arder. Sentiu algo confortável comprimido contra ele, espremendo-o. Teve medo de abrir os olhos e achar a morte. Porém, quanto mais respiravam no seu cabelo e balançavam o corpo, menos parecia ser algo sobrenatural. Era humano. Lentamente, sem segurança nenhuma e mais por força de hábito, ele abriu os olhos para ver o que acontecia.

Seu casaco.

Soltou uma exclamação de alívio ao realizar que tinha seu casaco ali, junto com ele de novo. Então ouviu um "Shh" preocupado em resposta. Olhou para cima. Não era nenhuma surpresa, tirando o fato que significava uma grande reviravolta: Percy Jackson o segurava, após ter - estava deduzindo - puxando os dois para um beco escuro enquanto quem perseguia Nico passava.

Como? Ele não fazia ideia.

Nem queria saber.

Abraçou Percy e o casaco com força.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

CAPÍTULO LONGO É CAPÍTULO LONGOOOOOOOOO
Velho to morrendo de sono agora, deve tar uma merda esse final, mas foi o que eu consegui, fiquei até aqui por amor por vocês. Imagina se eu revisasse, vish, demoro horas pra escrever - é sério isso - e pra revisar são mais horas. Resultado: Passo dias fazendo capítulos. A vida é triste. Ou não.
Em fim, fiquem feliz com esse capítulo. Also, um spoiler de brinde: Não, Percy e Nico não se conheceram. Muita gente tava perguntando, então quis falar logo. Isso vai ser explicado no capi que vem mesmo. Percy sabia da existencia do Nico, mas nunca teve coragem de ir falar com ele por conta de umas tretas. Ele só realizou que o Nico que conheceu na rua era o Nico de Olímpia depois de um tempinho. Então ele não levou o Nico de propósito, nunca quis fazer mal pra ele :'D
Tchau, vou descansar minha cabeça q



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Crooked" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.