Crooked escrita por blue devil


Capítulo 9
Shall we eat all the poison and leave all the questions behind.


Notas iniciais do capítulo

E finalmente voltamos do hiato de sete dias, yay. Eu estou morrendo aqui e só vou postar mesmo por que a fanfic me ajuda a distrair e vocês merecem esse capi. Para quem não ficou sabendo, eu viajei nesses dias que não postei, e sinceramente queria ter ficado por lá. Não por conta da fic, por que eu tava morrendo de saudade dela e do meu pc, mas pelo todo resto e.e
Aproveitem.



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"Smells like roses to me
Two young lovers at sea
Tastes so bitter and so sweet
You're my bang, together we go bang bang bang
Bang bang bang"
– Roses - James Arthur ft. Emeli Sandé


Nico não se incomodou em olhar para trás. Acreditava que seu índice suicida estava alto, mas havia se enganado. Seguiu Percy sem pestanejar, pronto para fugir e continuar "livre". Qualquer coisa longe dos vivos estava ótimo. Ainda mais quando não tinha a coragem de encará-los.

Ele não era mais o Nico SFP que não devia nada para ninguém. Nico era um monstro, um zumbi. As pessoas tinham razão em persegui-lo. Sua mente havia ficado na metade do caminho, porém seu corpo lutava incessantemente para continuar. Quando ele voltava a si, mesmo que ligeiramente, já estava longe do perigo.

Perguntava-se quão mais importante era do que a vingança de Bianca. Com certeza alguém pensara nisso, pois Bianca era adorada na cidade - diferente dele. Se perguntou, antes de parar, se Poseidon iniciou a caçada aos SFP. Se foi ele que ajudou Nico a destruir sorrisos pelo lugar. Se Poseidon pensou em Bianca fazendo tudo isso.

Se Hazel não fugiu por que estava sendo ameaçada de ser sacrificada no lugar dele.

– Aqui, vem. - Percy o puxou apressado, entrando em outra viela. Incrivelmente haviam conseguido afastarem-se da casa de Hades muito bem, sem serem notados. Aparentemente, SFP em estados não-medicados causavam muito problema a noite, o que Nico não entendia. Também não sabia como sabia disso, só estava em sua mente. Por que a cidade atraía tanto perigo? Ninguém acorda dizendo: "Hoje eu não vou tomar o remédio, vou comer gente."

Com essa distração, os soldados da FVH eram limitados. Eles só podiam estar em um lugar por vez, e de algum jeito maluco, Percy sabia como dobrá-los. Ele conhecia o lugar melhor do que Nico achava que conhecia. Ele reconhecia os pontos, podia lembrar-se de ter passado ali fugindo também, porém não ajudava a situá-lo. Na verdade só o distraía mais, forçando Percy a praticamente carregá-lo pelo caminho.

A ficha ainda não havia caído. Percy Jackson. O nome soava no fundo da sua mente, deixando um gosto azedo na boca. Todos já tinham ouvido. Todos queriam conhecer, menos Nico. Nico estava muito interessado na própria vida para ligar pro filho do prefeito. Agora, os dois estavam juntos, e Nico não conseguia mandar a felicidade/alívio que sentia com ele ir embora. Percy havia voltado para salvá-lo, quando havia sido Nico que afastara os dois.

Nico causou toda essa confusão. De novo. Desde o começo. Por que ele teve que ser sequestrado? Por que ele teve que renascer e matar Bianca? Por que ele fugiu de Percy? Era tão idiota. Aquela parte infantil dele continuava berrando, dizendo que tudo teria sido melhor se ele tivesse conhecido Percy antes.

O que aquilo ajudava?

Nico deveria estar com o corpo todo ferrado àquela altura, por que ele sentia dor. Ele tremeu e soluçou, notando que chorava. Não aguentava continuar dali. Ele caiu sentado no asfalto frio, atrás de uma lanchonete completamente fechada e desligada. Não quis olhar para Percy. Não quis encarar isso logo de cara. Ouviu um suspiro e de repente a dor diminuiu.

Tocou o próprio corpo e sentiu aquele tecido quente que reconheceria até com a falta do toque. Quase engasgou com a felicidade que o invadiu ao notar que tinha o casaco largo de aviador cobrindo o corpo novamente. Lembrava uma criança, reagindo com as menores coisas e ignorando as maiores com todas as forças. Como se tivesse voltado no tempo.

Vendo Percy de relance, notou que o garoto tinha seu próprio moletom azul. Questionou-se por que não se preocupou com ele primeiro, afinal Percy era o único que sentia frio ali. Ele sentou ao lado de Nico, sem dizer nada. Não quis descobrir o que ele pensava. Aquele era o reencontro mais estranho do mundo. Eles estavam se vendo, mas sentiam-se ausentes. Nico queria gritar, bater em Percy e abraçá-lo. Ou talvez pior que isso. Mas eles ainda estavam fugindo. Não era uma boa hora para se perder por suas emoções - sempre as ignorou, qual o problema de fazer isso agora?

– Não vai demorar muito até eles começarem a rondar a cidade. A FVH não vai se esquecer de você tão cedo.

Nico apertou os próprios dedos com tanta força que eles mudaram de cor ligeiramente. Parou. Não podia se machucar de novo.

– O que eu fiz? Por que diabos os vivos e os mortos ficam me perseguindo?! - a voz dele foi se elevando enquanto Nico afundava as mãos no coro cabeludo, deixando a cabeça cair. Percy aproximou-se dele, levantando o rosto de Nico com a mesma delicadeza que teve no carro antes de Nico fugir.

– Eu tenho um bom lugar pra falar disso, por favor me segue?

Nico tinha escolha? Não. Não era assim que deveria pensar. Deveria estar agradecido por Percy ainda estar com ele e querer tirá-lo de lá. Sinceramente, sozinho Nico não tinha chance. Para onde ele iria? Voltar para casa de Ethan e Luke não era uma opção, pois isso poderia marcá-los. Ele assentiu e levantou-se junto com Percy, tentando não se apoiar e se apoiando do mesmo jeito.

Os dois caminharam apressados de novo, tentando fazer o mínimo de barulho possível. Poucos carros passavam, por isso quando eles viam luzes diferentes dos postes, o primeiro impulso era se esconder. E mesmo com um peso enorme sobre si, Nico não parou ou reclamou mais. Ele continuou até o fim, contando os longos segundos para que a caminhada acabasse logo.

xx


Devia ser tarde da madrugada, pois as luzes no bosque estavam apagadas. Nico foi obrigado a segurar a blusa de Percy e ficar bem próximo a ele para não se perder no escuro, pois as árvores faziam questão de esconder qualquer luz lunar. Era um breu denso por todos os lados, como a barriga do dragão. Cada vez que andavam para mais adentro, Nico não conseguia evitar olhar para os lados e esperar um ataque.

Paranoico era pouco para descrevê-lo.

– Okay, aqui é meio perigoso...

Quando Percy terminou de dizer isso, os dois desceram rolando pelo barranco. Nico sabia que Percy era péssimo em se locomover, porém não esperava que ele iria conseguir quebrar os ossos dois na madrugada. A sorte deles é que naquele escuro e naquele ponto do bosque, não tinham como ser achados. Claro, por humanos. Zumbis e lobos ouviriam muito bem os gritos dos dois, mas esses eram detalhes.

– Perseu! - Nico exclamou. Percy estava rindo. Aquilo já havia ultrapassado a realidade há muito tempo. Nico levantou-se do melhor jeito que podia (bem mal) e quis avançar para cima dele, no escuro, acabando por atravessar o nada e cambalear. - Onde você tá?!

– Aquii! - Pery cantou. Não, sério, ele não podia ser completamente saudável da cabeça. Nico não iria entrar naquela merda. Ele fingiu que estava calmo e seguiu normalmente até onde ouvira a voz, esticando a mão para tocar Percy, porém era o vento de novo. Percy riu. - Tá quente, chega mais perto.

– Enfia essa loucura no seu rabo, filho da puta. - Nico estava resmungando, andando por não ter escolha. Até que ele tropeçou num galho e foi segurado por algo, com braços passando pela a sua barriga. - Eu vou te matar.

Nico não teve a chance de tentar, por que Percy o conduziu como se fosse um boneco pelo breu. O filho da puta estava andando de costas no escuro. Ele não era suicida, nem louco, ele simplesmente não existia. Entretanto, depois de um tempo naquela brincadeira ridícula que Nico mordia-se para não participar ou comer o cérebro de Percy por isso, ele sentiu um chão diferente sobre os pés. De repente não estava tão escuro.

– Surpresa. - Percy murmurou, não tão animado. Ele soltou Nico, deixando-o andar pela caverna iluminada por duas lamparinas elétricas. A boca de Nico caiu. A primeira coisa que reconheceu foi a sua própria letra na parede da caverna. Ele escreveu o nome de todas as pessoas que amavam, simplesmente por que podia. Então, bem no finalzinho da lista, tinha uma escrita diferente da sua, com o nome de Percy e Lilo.

Nico olhou o semblante triste e ansioso dele, pronto para perguntar, porém o garoto apontou para algo atrás de si. Dando uma volta, Nico viu a foto que segurava da mãe numa das visões numa moldura, do lado de outra moldura com uma mulher de cabelos e olhos castanhos. Ela tinha feições parecidas com as de Percy, o corpo magro e esbelto como o dele.

– Eu pensei... Que não te conhecia. - Nico murmurou.

– E você não conheceu. Mas eu te conheci. - Percy cruzou os braços, sentando-se de frente para as molduras e de costas para os nomes. - Meu pai nunca quis que eu conhecesse o resto da família dele. Mas a minha mãe falava de vocês para nós, então a minha irmã vivia atrás de você, sem coragem de falar nada. Aparentemente ela tomou a liberdade de fazer essa gruta como um lugar para as nossas mães?

Nico caiu no chão, olhando diretamente para ele com uma expressão boba, a boca aberta. Parecia ter chegado no máximo do estupor. Depois de um minuto daquele jeito, Percy franziu o cenho.

– Qual o problema com você?

– Você simplesmente... Está respondendo perguntas que eu nem fiz. - Nico tropeçou com a própria língua. Percy olhou feio para ele. - Não, sério, esse é um momento tão importante que eu buguei.

– Lá se vai a vontade de te ver, Nico. - o moreno revirou os olhos, meio ofendido pelas atitudes de Nico. Nada mais justo, Percy agia assim com ele o tempo todo. - Não vai perguntar por que eu te trouxe aqui agora?

Percy coçou o braço, desconfortável. Nico balançou a cabeça negativamente, encarando o belo rosto italiano da mãe na foto.

– A gente tinha que conversar. - Nico fez algo parecido com um suspiro. - Você me salvou, de novo. Não sei o que te dizer. Na verdade, eu não sei nada.

– Um "obrigado" e uma "desculpa" vai ser bom o suficiente, - Percy ofereceu um sorriso. - para começar.

Nico retribuiu o olhar dele. Não sabia o que ele queria ver em Percy, o que desejava dele no momento. Só sabia que não iria fugir. Não iria perder aquela oportunidade, por que aquele lado infantil dele só tinha crescido e ele iria satisfazê-lo.

– Desculpa por fugir. Eu fui um idiota. E obrigada por me ajudar.

Na pouca luz, Nico conseguiu notar o vermelho nas bochechas de Percy antes de ele desviar o rosto.

– Wow, nossa. Não achei que ia fazer isso de verdade. - murmurou acanhado. Eles passaram mais um instante em silêncio. Nico encarara tanto a foto de sua mãe e a mãe de Percy que sua visão estava desfocando. - Eu vi você no carro. Eles pegaram você no bosque e levaram direto para a casa de Hades. Foi burrice, quer dizer, sair com você à luz do dia para todos te verem...

– Não queriam me ajudar Percy. - Nico balançou a cabeça. - Seja lá o que acontece nessa bosta dessa cidade, tem haver comigo e com o que restou do meu pai. Quando me levaram para ele, estavam se opondo à Posei--

– Kronos. - Percy interrompeu. - Poseidon morreu.

Nico arregalou os olhos.

– Ele... Como? Há quanto tempo? - Nico agarrou o ombro de Percy. - Ele é o seu pai, Percy!

– De baixo de um túmulo, - Percy soltou uma risada irônica. - como a minha mãe.

Nico o chacoalhou mais, talvez entrando em pânico. Apertou tanto o ombro dele que iria deixar uma marca. Depois o abraço pelo pescoço, quase derrubando-o para trás com a força que colocou no impulso. Apertou-o a ponto de sufocá-lo. Não sabia se queria tirar o que sentia ou o que ele sentia. Se queria que Percy chorasse ou não.

Percy o afastou daquele jeito delicado, como se tivesse medo que Nico quebrasse em suas mãos.

– Nico, olha aqui. - fez o garoto olhar nos seus olhos. - Eu não voltei pelo meu pai, eu e ele não tínhamos além do sangue em comum. Eu voltei... Por outro motivo. Pelo o que eu te disse também.

– Por que você voltou, Percy? - Nico murmurou, afastando-se de verdade. Percy coçou a nuca.

– É... Eu não quero falar disso. - Percy mordeu o lábio, com uma expressão que mostrava que estava sentindo-se idiota no momento. - O túmulo da minha mãe está aqui, de qualquer forma, e quando eu parei para pensar não fazia sentido me matar sem me despedir da Sally.

– Esse foi o seu motivo?

– Não, não foi! - Percy rebateu. - Não comece fazendo essa cara pra mim.

– Percy, é uma história muito confusa, não acha? - Nico comentou sem controlar o veneno na voz. Ele soltou um tsc. - Agora você diz que já me conhecia.

– Não, Nico, não se atreva a pensar que eu te trouxe de propósito. - Percy segurou os pulsos de Nico com certa força. - Se eu soubesse que Kronos estaria atrás de você, nunca teria te trazido para cá.

Nico apertou os lábios. Aquela situação sempre repetia-se entre eles. Não sabia se deveria confiar ou não confiar, e no final confiava de qualquer jeito. Nico não queria entender o magnetismo entre eles. Parecia que não conseguia negar Percy, por mais que fosse o lógico a se fazer. Aquela parte infantil dele continuaria crescendo e incomodando-o, até que se apossaria dele e Nico não existiria mais.

Nico ainda sentia medo.

– Mas e ai, Percy? - Nico começou. - Eu acredito em você e nós voltamos ao começo. O que vai mudar?

– Não vou deixar o seu lado dessa vez. - Percy foi rápido em responder, afrouxando o aperto nos pulsos de Nico e subindo os dedos pela pele fria, tentando segurar mãos. - Kronos é um problema que eu não posso fugir, ainda mais quando ameaça você. Só notei quem você era depois, mas eu sei que não diminui a minha culpa.

– Então você está dizendo que não sabe como eu, e que nós dois devemos nos ajudar?

– Não, Nico. - Percy aproximou o rosto. Os ombros de Nico encolheram-se num reflexo e os olhos se abriram. Ele podia sentir o hálito quente e a respiração meio agitada de Percy. - Eu disse isso quando nos conhecemos. Agora eu estou dizendo que não vou deixar ninguém te machucar por minha causa, e até o fim eu vou fazer o que puder para ficar com você.

– Por que...?

– Por que você é o Nico. - Percy encostou os narizes. - Com ou sem memórias, SFP ou vivo. Eu me importo com você pelo o que é, por gostar de você. E se eles querem guerra, não acho que vou achar uma pessoa melhor para guerrear comigo do que você. E no fim disso tudo... Vou te provar que vai sentir a mesma coisa.

Percy beijou o canto da boca de Nico com carinho, demorando-se como se não quisesse se afastar. Por um instante, o Mundo caiu. Não havia mais Nico, tragédia, tristeza, realidade, nada. Nico derreteu e morreu ali, mas morreu do jeito mais doce possível, querendo mais daquilo.

Nico sentiu-se anestesiado com a droga mais forte. Percy sorriu e, oh, ele sorriu de verdade. Era tudo que ele precisava e nunca soube. Aquela partezinha infantil e chata dele? Era o garoto todo. Havia ganhado. Não gritava mais. Nico não iria conseguir contar o que aconteceu depois, pois estava perdido, porém deve ter sido o momento mais tranquilo que teve na sua vida. Criou algo quente e aconchegante no seu peito.

Durou até ele dormir, quando ele acordasse seria como renascer.


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Notas finais do capítulo

Eu lutei com a música nesse capitulo. Não sabia se colocava romantica ou outra coisa. Mandei se fuder e usei a que eu tava ouvindo, por que combinava mt com o Percy e o Nico -qq. Cara, minha qualidade durante o capi foi caindo muito, nem o dialogo vingou mt, desculpa gente. Prometo que o próximo vai ser melhor, é que eu acho que o cansaço pós-viagem tá vencendo contra mim D:. Eu ainda tenho que dar uma revisada em toda essa fanfic, mas acho que vou esperar terminar. Also, eu já tenho projetos (VÁRIOS) pra quando ela terminar. Tem até solangelo musical aqui gente, oia só -q. Em fim bye.



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