Crooked escrita por blue devil


Capítulo 7
I can't take back the words i never said.


Notas iniciais do capítulo

ESSA FANFIC NÃO VAI ACABAR POARR U_Ú
Quem tá sabendo das potarias no fandom sabe que os shippers de Pernico estão com medinho, mas fiquem de boas, que fics como essa daqui não vão terminar. Vão continuar sendo Pernico, beijo. Apesar que esse capítulo tem Jasico dsahfjkhdsajkdhsjkadhsjkhdas *sai rolando*
NÃO OLHEM ASSIM PRA MIM, VÃO LER. Also, depois que terminarem de ler, vão no twitter fazer essa hashtag: #SaveInTheFlesh < ou algo assim
A GENTE PRECISA DE TERCEIRA TEMPORADA
PERA PERA, NÃO SAI DAQUI AINDA! Ouçam a música a mais que eu colocar como link no meio do capi, eu sei que não deveria fazer isso, mas poarr, combinou de mais tive que por



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"Always talking shit
Took your advice and did the opposite
Just being young and stupid
I haven't been all that you could've hoped for
But if you'd held on a little longer
You'd have had more reasons to be proud"
– Words - Skylar Grey.


Luke molhou os lábios, pousando os olhos em Nico. Nico fez o movimento de respirar fundo, de braços cruzados. Sentia-se mais desconfortável do que nunca, com roupas que não eram suas, na frente de um estranho que não sabia se era vivo ou não.

Luke poderia ser qualquer coisa. A pele dele era da cor da maquiagem, os olhos eram um azul genérico que eles ganhavam na escolha de lentes. Não era esse o problema com ele. O real problema é que Nico não se lembrava.

Foi um alívio ver Ethan sair do quarto, pois assim os dois finalmente poderiam visitar a casa de Nico. Não havia como não depositar suas esperanças no lugar. Ele iria lembrar lá. Não importasse o que fosse, iria voltar para a sua cabeça.

Seria sua vida de novo.

– Luke. - Ethan exclamou. - Por que estão com essa cara?

– Ele fica engraçado confuso. - Luke comentou do nada, um sorriso surgindo no rosto. Nico franziu o cenho, incrédulo. Isso fez o loiro rir. - Como chegou aqui, cara?

– Longa história. - Ethan abanou a mão no ar, mandando-o deixar isso para depois. - Nico se esqueceu de tudo. Íamos na casa dele agora para ver se ajudava.

Luke ficou sério em instantes. Ele olhou de Ethan para Nico, depois de Nico para Ethan. Estava insatisfeito, quase tenso. Nico não sabia se era uma boa ideia ouvir o que ele tinha para falar ou simplesmente ir de uma vez. Talvez fosse mesmo perigoso. Nico havia pensado muito nisso durante o dia. Sentia-se fraco. Ele fora sequestrado tão facilmente, como iria reagir à uma cidade preconceituosa?

Também tinha medo do que fosse encontrar. Ethan não queria dizer por que sua meia irmã não estava mais ali. Era mais que preocupante não se lembrar dela. Recusar-se sair do Campo de Reabilitação, ele? Logo Nico, que acreditava odiar hospitais e coisas relativas? Por que diabos queria continuar doente para sempre?

– Tudo bem. - Luke suspirou, surpreendendo Nico novamente. Tinha certeza que ele iria vetar a ideia. - Só não demorem. Eu vou estar naquele galpão depois da floresta. Vai encher de negociantes.

Foi a vez de Ethan parecer insatisfeito. Na verdade, se olhares pudessem matar, Luke já tinha virado picadinho. Nico jurou que Ethan iria deixá-lo sozinho para ir atrás de Luke - só para brigar com ele; porém o garoto grunhiu e foi até a porta da frente:

– Ótimo.

Mandou Nico passar pela a porta aberta com a cabeça. Se pudesse, Nico teria bufado. Olhou para Luke mais uma vez, arrependendo-se. Ele estava sendo tão confuso naquela primeira impressão que Nico o colocou na listinha de "Coisas ruins acontecendo ao mesmo tempo comigo".

Por isso, apressou-se em sair daquela casa, sem dar tchau. Luke podia engolir aquele sorriso de gato chesire. Por que diabos Ethan era amigo dele, afinal? Os dois não tinham nada haver. Pelo o que Nico pode tirar nota, sabiam se decepcionar como ninguém.

Um relacionamento desse nunca é saudável.

– O que vocês dois são um do outro, afinal? - não se aguentou de curiosidade, perguntando assim que passou a andar do lado dele.

– Quem?

Ethan não estava prestando a mínima atenção. Nico cruzou os braços, semicerrando os olhos.

– Luke. O que ele era nosso?

– Amigo. - Ethan respondeu usando um tom óbvio, como se Nico fosse muito lerdo por não saber disso. - Aquela foto de nós dois juntos? Ele que tirou. Eu contei para você que Luke também não me ignorava na infância.

– Só por isso continua com ele agora? - Nico arqueou a sobrancelha. - Quer dizer... Vocês são estranhos.

– Falou o garoto que chegou na cidade sabe-se lá como. - Ethan deu o sorriso suspeito de novo. Nico já estava se acostumando. - Somos amigos, Nico. Você não esquece os amigos tão cedo. Ainda mais quando eles te dão uma casa para morar quando você não tem mais nada.

– Eu fico agradecido por ele ter cuidado de você. - Nico murmurou sincero. Ethan olhou para ele surpreso. Nico desviou o olhar. - É só que... Com você eu senti como se as coisas estivessem voltando ao que eram antes. Senti que fazia parte da minha vida. Com ele, não foi nada disso.

– Você só teve um dia péssimo. - Ethan deu de ombros. - Descobriu coisas que não dá para aceitar assim tão fácil. Eu entenderia caso seu corpo desistisse de lembrar.

Era o motivo mais lógico. Assim os dois caíram em silêncio, caminhando pelo bosque - que Nico só notou ser um bosque agora. O lugar estava iluminado por luzes postas em galhos das árvores, brancas como raios lunares misturadas com o céu escuro da noite deixavam o ambiente mais agradável. Não havia vento. Nem frio, porém se tivesse Nico não o sentiria.

Nico tinha várias perguntas em mente; perguntas que julgou serem pertinentes. Queria saber se havia brincado por ali. Queria saber quantos parentes tinha na família além dos pais. Por que em todas as fotos que via de si mesmo, estava com o cabelo castanho escuro e não preto. Como era a relação com a irmã que se lembrava?

Uma das principais questões era: Por que Ethan estava tão tenso. Essa não mostrou-se agora. Estava flutuando pela cabeça desde que os dois começaram a conversar do passado. Então, não podia ser por Luke. Ethan estava preocupado com algo relacionado à Nico, e ele não queria falar da irmã que Nico não lembrava...

Nico sentia-se andando à caminho do lugar onde iriam cortar a corda que o segurava no mundo. Ao mesmo tempo, sentia que sem essa corda, ele poderia viver.

Espero que ninguém passe por essa merda.

Pior divergência possível. A da tal Tris era pouca coisa comparada com a dele.

Nico parou de pensar quando eles começaram a sair do bosque. Ele viu ruas. Era um asfalto comum, escuro e mal colocado. Mesmo assim isso atiçou um nervosismo dentro dele, como graveto cutucando brasa até virar fogueira.

Casas começaram a surgir. Os postes eram de boa qualidade, iluminavam como as luzes da floresta. A boca de Nico caiu. A cidade era linda. Era uma versão bem cuidada de Nova Orleans. Casas com arquiteturas antigas, branco com marrom, branco com vermelho, preto com marrom. Casarões. Prédios comerciais e de utilidade pública, todos com pintura nova e aspectos convidativos. Nico queria entrar em todos eles.

Eles entraram no centro, e não havia ninguém na rua. Aquilo era surpreendente de mais para se por em palavras. Nico já tinha avistado mais de dois museus - com títulos diferentes, mas que deveriam falar do mesmo assunto - e centros culturais. Um teatro com letreiro. Lojas. Mais lojas. Agora casas, das humildes até as ostentativas.

– Como... Como esse lugar pode...

Ethan riu. Nico andava ao redor de si mesmo Se ele morasse ali, iria sair todas as noites, brincar como se não existisse limites. Era bonito de mais para ser despedaçado, parado no tempo como uma cidade de miniatura num globo de vidro.

– Eu sabia que ia perguntar isso. - Ethan comentou alegre. Nico não fazia ideia do que havia na cabeça dele. - Essa cidade não era assim antes. Na nossa época, a festa era tanta que teria todos os dias da semana. - ele olhou ao redor, nostálgico e agora triste. - Agora eles não têm ânimo para pensar nisso. Fazem um toque de recolher idiota às dez da noite todos os dias, como se fosse um maldito Silent Hill.

– Por causa dos... - Nico engoliu à seco. - Zumbis? - encolheu os ombros.

– Durante o Renascimento, isso era mais que entendível. - Ethan revirou o olho, voltando a andar. Nico tentou manter o passo. - Só que, por mais que seja difícil aceitar, essa merda já acabou. Estamos salvos. Eles que não entendem isso ainda, causando mais guerra.

Nico apertou o lábio. As pessoas ainda estavam se matando, mesmo que ele e Ethan não significassem mais uma ameaça. Seria ele e os outros SFP os culpados disso, ou o assunto já era com os humanos? A verdade era que a guerra nunca iria acabar. Principalmente quando um motivo aparece. A primeira pedra, por mais pequena que fosse, conseguia criar um grande fogo entre os humanos.

Nico só não conseguia acreditar nisso de corpo e alma e esquecer que fora um zumbi. Pois um monstro que caçara as pessoas até elas sentirem medo e se esconderem em suas casas não podia ter a consciência tranquila. Ele destruiu as festas, os risos, o entretenimento.

Ouçam


– Nico. - Ethan parou de repente. Nico levantou o rosto. Encarou as expressões tensas dele, depois olhou para o que estava atrás. Primeiro os muros para serem demolidos. Depois o portão escancarado. A grama alta, a escadinha para uma varanda de madeira, colunas na varanda. Tudo preto. Porta branca, duas janelas quebradas. Três andares, o último provavelmente sendo um sótão - o teto terminava em ponta, como se a casa fosse um triângulo.


Era encantadoramente miserável e depressiva. Abandonada como a vizinhança que estava. Olhando em volta, Nico percebeu que deveria ter andando muito. Parecia estar num distrito todo de casas abandonadas, uma visão dolorosa, pois todas eram bonitas. Todas tinham uma história para contar.

– Eu... Morei aqui? - Nico murmurou, aproximando-se do portão.

– Sim. Eu também. Boa parte dos nossos amigos. Era o bairro residencial mais amigável, e agora... É como um cemitério de casas.

Nico o encarou por um instante antes de seguir em frente. Tinha que entrar. Não podia parar. Era assustador, porém nem o medo gelado iria puxá-lo de volta. Passou pelo mato, subiu os pequenos degraus e tocou numa coluna inteira. Escura, de um material bom só que desgastado. Ethan o acompanhava de longe.

Era intenso. Amortecedor. Nico estava sentindo coisas que já sentira mais vezes, e as realizações voltavam como flashes duros para ele. Andou pela madeira familiar, com seu rangido familiar e cheiro familiar. Tudo fazia parte dele. Abriu a porta, encontrando um cômodo de estar vazio e escuro, cheio de poeira. Não havia mais móveis ali.

Mesmo assim, Nico os via.

– Você não me pega, cara de fuinha! - Nico gritou para a irmã, mostrando a língua e fazendo um barulho parecido com balão que esvazia de água. Ele devia ter 1,50 de altura, com cabelos castanhos bagunçados e pele cor de oliva. Corria pelos móveis da casa, antigos e refinados, que não combinavam nada com as crianças energéticas passando por eles.

– Eu vou arrancar o seu coro! - Bianca exclamava, com o cabelo bagunçado e canetinha no rosto. Ela e Nico criança passaram pelo Nico SFP, fazendo-o ir para trás. A visão se desfez.

Outra começou sem momento de pausa. Havia tantas crianças amontoadas próximas umas das outras que poderiam formar uma sala de aula. Olhavam atentamente para a TV, que deveria ser a única tecnologia no cômodo, enquanto um filme animado passava. Nico conseguiu ver sua mãe da cozinha, ao lado de mais uma mulher, olhando para as crianças e rindo.

Depois achou ele mesmo quando criança ao lado de um garoto loiro mais velho, segurando a sua mão de forma discreta.

Ele seguiu para a entrada de onde julgou ser a cozinha. Outra visão começou. Ele tinha crescido três centímetros, sorria cheio de dentes com covinhas. Estava coberto de ingredientes de cozinha pelo corpo, tentando ajudar a mãe - e só dando trabalho para a mesma - enquanto ela cozinhava gargalhando. Bianca estava na mesa, ao lado de Hazel, que esforçava-se para escrever algo num caderno.

Essa desfez-se. Começou outra. Nico tinha mais dois centímetros, ele e Bianca olhavam com cara de cachorrinho perdido para um homem de cabelo negro, rosto severo e barba. Seu pai.

Nico conseguia vislumbrar os móveis antigos nas visões. A cozinha era linda. A luz dela tinha sido forte, agora estava quebrada. A visão terminou.

Ele foi até um corredor com duas entradas, uma escada e uma portinha abaixo da escada. Entrou na primeira entrada. Era uma sala de música onde Hazel, Bianca e ele brincavam e tocavam. Hazel tocava trompete. Bianca violino e Nico saxofone. Era loucura pensar que ele sabia tocar saxofone.

Na segunda visão na sala de música, ele viu o garoto loiro de novo. Nico havia crescido uns bons dez centímetros, parecia ter quase treze anos. Ele tentava tocar piano, enquanto a mão do garoto loiro sempre esbarrava na dele, arrancando risadas clandestinas de ambos. Estavam colados no banquinho, fingindo não gostar disso.

Saiu dali. De repente o lugar ficou muito quente. Na outra entrada, ele viu um escritório. Nele, viu sua mãe, seu pai e ele mesmo. Não havia crescido. Olhavam preocupados para Nico como se ele estivesse com uma doença séria, dizendo coisas que o Nico de agora não conseguia entender. O Nico criança continuava de cabeça baixa. Ele estava chorando. E tinha medo.

A segunda visão mostrava uma mulher num sofá à frente da poltrona de Nico, falando de forma eloquente e polida, tão concentrada a ponto de assustar. Nico não soube porquê, mas sabia que a mulher era uma psicologa. Ele estava tendo uma sessão.

De repente, essa visão cortou. Outra. Nico não achou que o padrão iria acabar. Havia um amontoado de cobertores no meio do escritório. Os sofás tinham sido afastados, deixando mais espaço. Cobertores formaram uma cabana, livros foram espalhados pelo o cão chão, cobertores fazendo camas, cobertores cobrindo corpos pequenos que conversavam. De novo, Hazel, Bianca e Nico.

Mesmo que brincassem e rissem, Nico pode percebeu que o seu eu criança ainda estava assustado. Chorava e gritava por dentro, sem saber o por que. Já tinha quatorze anos.

Nico saiu dali. Olhou a portinha de baixo das escadas, nada. Subiu as escadas, entrando em outro corredor. Portas todas arrancadas. Na primeira entrada, Nico viu um reflexo. Havia um espelho quebrado no primeiro cômodo. Entrou e olhou para o próprio rosto transtornado. Então a visão começou.

Ele tinha quinze anos. Era magro de mais, de repente pálido de mais. O que havia acontecido com a criança de covinha de antes? Não sabia. Tinha acabado de pintar o cabelo de preto, não sentia-se melhor. Nem bonito.

Seus ossos estavam à mostra, cobertos por uma pele fina e acabada. Era uma daquelas noites que ele sentia-se pior que merda e não sabia o que fazer. Perambulava como um zumbi, tentando afirmar para si mesmo que estava bem.

Nada estava bem desde que viu como as coisas realmente eram.

Nico SFP, o Nico de agora, tropeçou para fora do cômodo que era um banheiro. A visão não havia acabado ainda. Ele viu um corredor lindo e bem iluminado, com uma janela grande no final. Bianca batia na porta do banheiro enquanto chorava.

Em outro quarto, Hazel se encolhia e tentava ler. Depois andava em círculos. Depois ligava para o namorado. Depois saía. Bianca continuava parada no mesmo lugar.

Nico entrou no quarto de Bianca. A garota que berrava antes agora estava lá dentro despreocupada. Depois, sem corte entre visões, ela aparecia falando com Nico extremamente preocupada. Ele não a ouvia. Bianca tentava instruí-lo, ajudá-lo, porém Nico não ligava. O Nico da visão saiu furioso do quarto, forçando o Nico SFP ir para trás, enquanto o Nico da visão batia a porta.

Bianca estava desolada.

As visões quebraram completamente. Nico continuou andando, sem saber mais o que fazia, como se o cérebro estivesse entrado em choque. Ele chegou no único cômodo que ainda tinha porta. Empurrou uma fresta e viu, era o quarto dos seus pais. Porém, não eram eles ali dentro. Era Nico. E um garoto loiro que não era mais garoto, sim um homem. Nico continuava com quinze anos, de qualquer forma.

Nico bateu a porta com força ao entender o que eles iriam fazer quando se beijaram. O susto foi grande o bastante para que se perdesse de vez. De tudo. Perdeu qualquer capacidade de acompanhar. Mesmo assim ele continuou andando. Então chegou no último cômodo do andar de cima. Era o seu quarto.

As visões se embolaram, virando uma bola de neve: Ele criança com a mãe em uma parte, ele com as irmãs, ele com o pai, ele com o garoto. Eram várias situações num só lugar. Positivas, negativas. Nico se viu tentando argumentar com o pai. Viu descontando a raiva em Bianca com palavras. Ignorando Hazel. Se afundando com o loiro sem saber o motivo. Ele chorando com uma foto da mãe nas mãos. Notou que ela não estava em mais nenhuma visão depois dos seus treze anos.

Nenhuma das memórias doeu tanto quanto a última.

Bianca tropeçou para dentro do quarto, completamente desconcertada. Fechou a porta e tentou colocar algo para bloqueá-la, porém ela foi arrombada por uma mão antes que Bianca conseguisse. A garota gritou e pulou para trás, encarando com olhos enormes assustados o zumbi entrando. O rosto dele era deforme, porém ele não havia apodrecido o suficiente ainda. Tinha cabelos negros como os de Nico. Feições de Nico.

Era Nico.

Aquela era a noite que Nico renasceu.

Bianca gritou, tentando ficar o mais afastada possível e controlar o medo. Ela tinha uma chave de fenda, mas não a coragem para usá-la.

Nico, por favor, volta! Não me machuque! PAPAI! PAI!

BIANCA, VOCÊ VAI TER QUE ACERTÁ-LO!– ouviu o pai gritar do andar de baixo, com muitas dificuldades. Havia mais zumbis na casa. Bianca gritou de dor. Ela não conseguia, claro que não conseguia. Nico era dela, o irmãozinho dela, não um morto vivo que iria comer o seu cérebro.

Só que não importava muito a consideração ou os sentimentos dela. Nico avançou do mesmo jeito, pois ele precisava sobreviver. A carne de Bianca parecia perfeita. Quando o pai de Nico conseguiu chegar ao quarto, ele soltou um grito horrorizado e avançou contra o morto vivo com todas as forças. Queria matá-lo pela a perda da filha.

Ele não conseguiu.

A moto serra parou no pescoço sujo de sangue de Nico, ajoelhado ao lado do corpo, um dos pedaços cheios de sangue em mãos. Sua cabeça estava virada na direção de seu pai, porém ele não via nada. Não sentia nada. Então voltou a se alimentar.

– Pai! - Hazel gritou, chegando à cena. Ela não quis olhar. Não quis pensar. Puxou o homem pelo braço e fechou a porta, tão nervosa e desesperada quanto alguém poderia ficar. Hazel o abraçou, prestes a explodir. - Vamos embora... Só vamos...





Nico berrou. Ele berrou o mais alto que pode. Ele queria sair dali. Queria sair daquele corpo, queria sair daquela casa, daquela vida. Não podia ser real. Não pode ter sido assim. Aquelas não eram suas memórias, não...

De repente Ethan estava perto dele. Perto o bastante para impedi-lo de continuar machucando os braços e o rosto. Nico fincava as unhas na pele morta, tentando se livrar dela, tentando livrar-se de tudo. Ele já estava cheio de arranhões e um pouco de sangue podre.

Nico caiu no chão, sem entender como se sustentara até agora, com Ethan em volta dele, o mais próximo que podia ficar para o garoto não acabar consigo mesmo.

Então ele estava chorando. Berrando. Tremendo. Prestes à convulsionar. O cérebro havia parado de vez. Tudo que ele via era Bianca morta, tudo que cheirava o sangue dela, tudo que sentia era a carne nas mãos. Tudo que ele significava agora era uma tragédia que não iria terminar até que se fosse. Não merecia continuar ali. Quem merecia era Bianca, e ela não estava lá.

E Hazel. Céus, Hazel.

Hazel o amava de todas as formas.

Aquilo era doente.

Ele a odiava.

Não, odiava a si mesmo. Odiava o pai por não tê-lo matado.

Odiava Ethan por abraçá-lo e fazer de tudo para acalmá-lo.

Quando já estava amanhecendo, ele conseguiu. E Nico teria o odiado por isso se o corpo não tivesse desmaiado. Desistido de sentir ou de lutar.

Nico aprendeu uma coisa: Precisava morrer.


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Notas finais do capítulo

........................................................ MELDELS VÃO QUERER ME MATAR POR ESSE CAPÍTULO
QUE POARR FOI ESSAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
Bom, tá ai o motivo por que o Nico era tão: "Uhh não me leve eu sou du mal" no prólogo da fic -q. Uma história engraçada pra descontrair: Meu cachorro tava mexendo no lixo enquanto eu escrevia, fui chamar a atenção dele, em vez de gritar o nome dele eu gritei: "NICO!" bem zangada
ASHDJSHADKJSAHDJKASHDKJHSAJ VELHO
Foi mt vergonha alheia. Mas eu to sozinha, pelo menos qq
Errr... Não me matem? Tchau?



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