Crooked escrita por blue devil


Capítulo 6
Your anger, your anchor.


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que estou demorando pra responder os reviews, quero compensar com esse capítulo enorme e cheio de respostas. Awww, Nyah cortou a minha nota inicial de novo, fica assim -q



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"The spark never lit up fire
Though I tried and tried and tried
The wind came from your lungs
A hurricane from your tongue
And I’ll keep your secrets with me
Right behind my teeth”
– Renegade - Paramore



– Mãos para o alto!

Ele fez o que a garota mandou, virando-se de vagar. Não tinha como evitar, então Percy não tentou. Sentia-se menos preocupado ao reconhecer a voz e o rosto de quem apontava uma flecha na direção dele. Reyna abaixou a besta, tentando controlar o sorriso malicioso que usara muito no passado.

– Perseu Jackson, no limite de Olímpia? É outro fim-de-mundo? - ela apontou o dedo indicador na direção dele.

– Sinceramente, estou me sentindo em um. - Percy riu sem vontade. - O que está fazendo? - olhou para a besta nas mãos dela.

– Vistoria. É pra isso que serve a FVH ultimamente. - Reyna andou na direção de Percy. - O que você está fazendo aqui?

– Longa história. - Percy segurou a cabeça com ambas as mãos. - E agora? Vai ‘me levar de volta?

– Claro que sim, ou Kronos ‘me mata.

– Quem?

– Kronos, Percy. - Reyna apertou os lábios. - Ele assumiu desde que Poseidon morreu.

XX


O garoto que encarava Nico tinha cabelo escuro, talvez mais escuro que o dele, pele branca e um tapa olho. Até onde Nico podia ver ele era asiático. Pretendia dizer algo a mais quando o chamou, porém perdeu a fala ao ver o rosto de Nico. Pareceu ficar pensativo, e Nico compartilhava isso.

Eu conheço você. Nico pensou.

– Que bom, não conhecer seu melhor amigo é bem complicado. - o garoto deu um sorriso que o deixava com cara de malvado com o tom de voz manso. Nico estreitou os olhos ao perceber que havia dito aquilo alto. - Nico Di Angelo, você está vivo!

Ele se aproximou rápido de mais, impedindo Nico de ter qualquer reação. Diferente do que pareceu o garoto asiático não o abraçou. Limitou-se em segurar seus ombros e sorrir com todos os dentes, ainda parecendo malvado, mas tão feliz ao mesmo tempo. Nico entendeu que aquilo era o máximo de demonstração de afeto que teria.

– Vivo em todos os sentidos da palavra, eu não estou né… - Nico engoliu a seco, tendo dificuldade para olhar o rosto dele. Aquele maldito tapa olho continuava distraindo-o. - Desculpa, eu…

– Ah, merda. - o garoto praticamente grunhiu, soltando-o. - Não vai dizer que perdeu a memória também?

– Também?! - Nico quase pulou. - Existem outros na minha situação? O que você sabe?

– Ohh, calma ai. - ele colocou as mãos na frente do peito, protegendo-se. Nico não notou que estava o cercando. - Olha, aqui não é o melhor lugar para conversar. Vem comigo.

– Espera! - Nico segurou o ombro dele, desesperado. - Eu nem sei o seu nome! Sinto que conheço você, mesmo assim…

– Afobado como sempre, hem? - o asiático riu. - Eu já estava achando que havia mudado completamente. Vem logo, Di Angelo.

Ele encerrou a conversa por ali e começou a andar na direção que viera. Nico grunhiu, olhando para o seu túmulo mais uma vez. Deveria estar aliviado por ter o achado, mas havia algo errado. Algo rastejando por de baixo da pele que tirava o seu sossego.

Nico não tinha problemas em relação àquele túmulo. Parecia um bom túmulo. Cheios de bichos de pelúcia, mostrando que ele foi uma criança feliz - batia com as memórias - e flores que ainda não haviam morrido. Alguém o visitava, mesmo sabendo que o filho andava pelas ruas agora.

Perguntou se já morou ali. Se os pais e a irmã continuavam o esperando voltar para o lugar de onde ele não deveria ter saído. Teria nascido e morrido na terra que pisava agora? Ele mal havia chegado e as perguntas que “acalmaram-se” na sua mente voltavam com toda a força.

Nico sentia-se de cabeça para baixo. Incomodava profundamente não se sentir bem agora que chegara e que poderia receber respostas. Uma parte dele estava imensamente satisfeita, mas outra não. Ele não sabia descrever essa outra parte. Não conseguia entendê-la.

Ou talvez não quisesse.

Oh céus, quando Nico virou um mimado?

– Deveria lembrar meu nome sozinho, já que sabe quem eu sou. - o asiático falou repentinamente, fazendo Nico prestar atenção. Eles já haviam saído do cemitério, a clareira estendendo-se. Caminhavam na direção dos pinheiros. Uma floresta com conexão à cidade, talvez?

– Eu não sei! - Nico tentou argumentar. O garoto revirou o olho.

– Se continuar dizendo isso, nunca vai lembrar. - ele grunhiu. Os dois caminharam em silêncio por mais um tempo, Nico sem respostas para dar. Dos pés a cabeça ele estava confuso, por dias a fio. Ele só queria relaxar um pouco e ouvir uma história concreta, ou o mais próximo disso. Era muito para se pedir? - Ahh, tá. - ele bufou. - Se precisa tanto conversar, que tal me dizer como chegou aqui?

– Não antes de você dizer o seu nome. - Nico fechou a cara. O garoto deu aquele sorriso “malvado” para ele de novo.

– Touché.

Caíram no silêncio novamente. Nico bufou. Achou que o “reencontro” com as pessoas do passado seriam de qualquer forma menos aquela. O asiático deveria ser alguém legal, porém com muitas camadas. Nada bom para uma mente bagunçada como a de Nico. Como os dois conseguiram ter um relacionamento, afinal? Estava sedendo por todas aquelas respostas.

A caminhada pareceu durar horas, talvez por Nico estar tão tenso e apressado, mas eles conseguiram chegar. Nico arqueou as sobrancelhas ao ver uma casinha branca, quase um “bangalô” americano. A luz do dia iluminava as janelas, mas elas revelavam pouco. Nico suspirou. Teria que esperar - ainda mais - a boa vontade do asiático para entrar.

– Luke vai adorar te ver. - ele comentou distraído. - Espero que já tenha descoberto o meu nome.

– Está mesmo contando com isso? - Nico o fuzilou. - Vai esperar eu entrar lá dentro, ficar preso para depois falar?

O garoto deu de ombros, cruzando os braços. Nico grunhiu. Não demorou nem meio minuto, o asiático sorriu.

– Ethan Nakamura.

– O senso voltou a sua cabeça? - Nico quase sorriu. Gostava daquele nome. Gostava do significado dele. Gostava de Ethan. Não soube por que, mas as coisas ficaram menos confusas enquanto o observava com a informação em mente. - Meu… Companheiro de quarto?

– Exato. Em Norfolk. - Nico o olhou estranho. - Campo de Reabilitação? - ele arqueou as sobrancelhas. Nico assentiu. Então o lugar estava em “Norfolk”.

– Sabia que fiquei lá. - Nico murmurou para a si mesmo.

– Boa parte de nós foram para lá. - Ethan deu de ombros de novo. Ele observava Nico, muito atento dessa vez.

– O que aconteceu?

Nico começou a se preocupar. Ethan balançou a cabeça.

– Pode entrar agora? Tenho algo para te mostrar, e é importante.

Ethan andou até a porta, parando para esperar Nico. Nico olhou para os lados, indeciso de repente. Havia o seguido até ali, e sabia que o conhecia, por que iria voltar agora? Aquilo era diferente. Tinha que ser diferente. Nico devia apenas ignorar aquela parte estúpida e infantil dele o chamando de hipócrita.

Ele entrou na casa no encalço de Ethan.

O lugar era confortável, sem muitos móveis por que um SFP não utilizava metade do que os vivos precisavam. Ethan pediu que ele esperasse, entrando no corredor mais próximo e em uma porta aberta. Nico continuou andando pela casa, atento aos detalhes, tentando reconhecer se havia estado lá. Nada. Nenhum sentimento, nenhum gosto, nenhum cheiro familiar.

– Hey, pirralho, vem aqui. - Ethan o chamou, provavelmente do quarto. Nico franziu o cenho. Suspirou e seguiu o som, parando na porta. O quarto era bem iluminado, com uma cama de casal e algumas coisas de madeira. Ethan estava na cama, com uma caixa em mãos. - Sua irmã me deu isso.

Nico pulou na cama ao lado dele quando percebeu que eram fotos. Isso o fez levar a mão até o próprio bolso, para ter certeza que a foto da moldura que quebrara mais cedo ainda estava ali. Óbvio que ele havia pegado. Fotos eram uma boa maneira de trazer as memórias de volta.

– Bianca? - Nico perguntou no seu usual tom baixo. A expressão que Ethan fez foi como se ele tivesse acabado de comer algo muito ruim. - O que?

– Você não se lembra… - Ethan engoliu a seco e desviou o olhar. - Ok… Ok. Vamos com calma. Isso explica muita coisa, pelo menos.

– Explica o que? - Nico piscou. - Caramba Ethan, você é horrível nisso. Pode não falar em picados?

– Wow, o garoto está todo durão agora, não? - Ethan revirou os olhos. - Você mudou, Nico. Quando estávamos em Norfolk, você não queria melhorar, nada que os médicos diziam para você ajudava. Estava começando a se abrir quando eu fui mandado de volta para cá.

– Eu… Eu não lembro de nada disso.

– Bom, olha. - Ethan mostrou uma foto para ele. Apontou para a garota negra com longos cabelos cacheados. - Ela é a sua meia-irmã. Foi ela que deu as fotos.

– Eu também não…

– Ela te visitava todos os dias. - Ethan suspirou. - Tentava te fazer sair o tempo todo. - Ethan passou a caixa de fotos para Nico.

Primeiro, Nico tentou lembrar de todos aqueles momentos. Foi um choque ver seu rosto - mais jovem, menos pálido e bonito, com um sorriso cheio de dentes e cabelo castanho - em todas elas. Aquela era a sua real vida.

Nico ganhou uma dor de cabeça, somada com as outras dores que ainda sentia da corrida e das reviravoltas do dia, mas nada disso conseguiu tirar o gosto, sentimento bom que se apoderou dele. Sua vida era boa. Ele finalmente estava ali, finalmente tinha a chance de olhar para ela e senti-la de novo. Sentiu vontade de abraçar Ethan por isso, vontade de...

Nico iria inventar um código: Toda vez que a palavra com "P" aparecesse na sua mente, ele a deixaria em branco.

Então, voltando a atenção às fotos, não controlou um sorriso quando viu uma sua da infância ao lado de Ethan mais jovem. O tapa olho, porém, já estava lá.

– Nós conhecíamos desde crianças?

– Nascemos em quarto vizinhos, depois moramos em casas vizinhas. - Ethan revirou o olho quando Nico pareceu impressionado e bobo por isso. - E depois compartilhamos o mesmo quarto em Norfolk. Não conta mais como coincidência, né?

– Como era antes?

– Eu não lembro muito, pra ser sincero. - Ethan abaixou o tom de voz. - Sei que ninguém queria falar comigo na época, por causa disso - apontou para o tapa olho - e a história atrás. Mas você e Luke ignoraram.

Nico finalmente retribuiu o olhar dele. Os dois estavam próximos, mas não o bastante para ficarem desconfortáveis. Na verdade, "desconforto" era a ultima coisa que Nico sentia. Tentou se lembrar do momento rápido que foi o reencontro que tiveram.

Quando viu o rosto dele, seus instintos gritaram. Ele já sabia. Sabia quem Ethan era o tempo todo, só tinha dificuldades em trazer à tona.

Por isso estar do lado dele vendo aquelas fotos foi a coisa mais certa que ele já sentiu até agora. Ethan era ponte para a vida de Nico, mesmo que um pouco turbulenta, segura e confiável. O que Nico precisava desde o momento que acordou sozinho na rua, sem memórias.

– O que aconteceu com o seu olho? - Nico tocou o tapa olho dele com a ponta dos dedos. Ethan remexeu-se de leve, mas não se afastou.

– Minha mãe. - Ethan murmurou, o olho bom fechado. - Ela enfiou uma faca no meu olho esquerdo quando eu tinha oito anos.

Nico apertou os lábios. Aquilo era horrível de mais para se digerir. Não queria imaginar como era lidar com aquele fato todos os dias, desde a infância. Qualquer criança teria enlouquecido. Talvez Ethan tenha. Talvez seja por isso que ele era tão desajeitado interagindo, talvez a sensação de conforto entre os dois o ajudasse. Então, com alguém que não conhecia, como Ethan era?

Nico não aguentou. Ele abraçou o seu melhor amigo pelo pescoço. Quis chorar por ele, porém não produzia mais lágrimas e tinha certeza que havia feito isso na infância. Pelo menos, Nico ficou do lado dele. Ajudou-o melhorar mesmo que minimamente. Agradeceu a esse Luke, que nem conhecia ou lembrava, por não ter deixado Ethan sozinho agora que ambos eram SFP.

– Tá, acabou o seu tempo de abraço. - Ethan tentou resmungar, empurrando-o para trás. Nico o encarou com olhos tristes. - Retiro o que eu disse. Continua o mesmo filhotinho perdido de antes.

– Ethan... - Nico murmurou após se afastar dele. - O que aconteceu? Por que eu me esqueci de tudo?

Ethan passou uma mão no cabelo escuro, suspirando. Apoiou os cotovelos nas pernas e encarou algum ponto no chão, conflitado de novo. Nico entendia que o assunto era complicado.

– Nico, eu não sei os detalhes. Eu não estava lá. O Campo de Reabilitação em Norfolk foi atacado na noite que eu voltei para Olímpia. Cem SFP foram encontrados mortos e outros sumiram. Os que foram achados não tinham memória nenhuma além dos próprios nomes.

– E você? - Nico tinha tantas dúvidas que não conseguia segurá-las. - O que você acha que aconteceu?

– Simplesmente o que acontece com "classes" que sofrem "preconceito". - Ethan bufou, segurando o rosto pela mão. - Os SFP dividiram-se em Comunidades para reivindicar os direitos deles. Até ai, tudo bem. O problema é que alguns são terroristas, como os que atacaram Norfolk.

– Então... Você acha que esses terroristas sequestraram os SFP que perderam a memória?

Ethan retribuiu o olhar dele, respondendo a pergunta. Nico havia sido abduzido como os outros. Okay, aquilo era perturbador. E alguma coisa dizia que as coisas só pioravam dali em diante. Olhou para os lados, procurando-o. A palavra com P. Foi o primeiro instinto de Nico. Ele tampou o rosto, esfregando-o em seguida. Queria gritar, queria correr de novo. Queria lembrar.

– Como eu chego na cidade? - Nico cortou o silêncio, destampando o rosto. Ethan arqueou a sobrancelha.

– Você teve sorte, Nico. Muita sorte. Agora, a cidade está uma bagunça. Se pensa que vai na casa da sua família durante o dia, está muito enganado.

– Eu preciso...

– Sei do que precisa. - Ethan balançou a cabeça. - Vamos de noite. Prometo. - seu olhar demonstrava a honestidade da promessa. Ethan faria de tudo para cumprir. - Olímpia foi o primeiro lugar que reagiu quando acordamos, sem ajuda do Governo. A FVH ainda existe aqui, então dá para imaginar que os caras não são exatamente amigáveis com o nosso tipo.

– FVH? - Nico massageou a têmpora.

– Força Voluntária Humana.

Eles caíram no silêncio por dez segundos. Esse foi o tempo que Nico precisou para perceber que não seria bom pensar naquela confusão agora. Era muita coisa para processar. Ele suspirou, ainda segurando suas têmporas. Deveria descansar, mas sabia que não iria conseguir isso.

– Então como iremos? - Nico perguntou.

– Andando. - Ethan deu aquele sorriso suspeito de novo. - De noite, pirralho. O movimento é fraco nessa hora. Pode confiar em mim.

Nico voltou a olhar para as fotos.

– Nico. - Ethan o chamou. - Eu não sei o que aqueles filhos da puta fizeram com você, nem o por quê. Mas sei que vou te ajudar de agora em diante. Quer dizer, é loucura pensar que você chegou até aqui sozinho sem ser pego. Se conseguiu isso, pode conseguir qualquer coisa. É só ser forte, e com isso eu não posso ajudar.

Foi um consolo saber que Ethan estava tendo pensamentos parecidos com o dele. Era tão bom ter um ombro amigo verdadeiro, sem precisar criar dúvidas ou se preocupar. Envolvido por isso, Nico assentiu e tentou se prender àquele momento. Ao que melhorava agora, não ao que já tinha se perdido.

xx


– Percy! - Lilo pulou no seu pescoço. Ela o apertou forte o suficiente para sufocar, porém Percy já estava acostumado. Pediu ajuda para Reyna, que estava atrás dos dois, assim que não podia afastar Lilo com os pulsos algemados. Reyna simplesmente riu. - Como pode ir embora sem se despedir?! - ela exclamou afastando-se tão ligeiramente. Percy deu o melhor de si para deslizar para longe.

– Dá uma folga, princesinha. - Octavian resmungou, a mão presa na pistola. - O príncipe ai precisa ver Kronos antes de tudo.

Lilo olhou feio para ele. O loiro não conseguiria ignorá-la mais. Reyna revirou os olhos, enfadada com a cena. Ela fez um aceno com a cabeça para Percy, mandando-o segui-la. Percy não tinha escolha. Mesmo não querendo ver Kronos, era necessário. E só ai ele poderia desamarrar as mãos.

Percy foi rápido o bastante - mesmo que o corpo pesasse - para que Lilo não o alcançasse. Gostava da irmã, porém o seu "gostar" estava desbocado desde que se vira livre do lugar. De jeito nenhum queria voltar, porém as cordas que o seguravam em Olímpia ainda existiam. Elas puxavam, cheias de força.

Reyna virou-se para ele quando atravessaram o mesmo corredor velho da prefeitura, puxando ar.

– Não faça uma besteira. - Percy arqueou a sobrancelha e puxou o canto do lábio, fazendo uma careta. - Quase não tem mais poder na cidade. Qualquer coisa que fizer para Kronos, vai ter que responder sozinho.

– Obrigada, Capitã Óbvia. - Percy deixou os ombros caírem. - Só tire isso de mim.

Reyna o fuzilou mais uma vez numa tentativa de avisá-lo antes de abrir a porta de madeira vagarosamente. Ela bateu primeiro, apenas para ter certeza. O escritório estava diferente de quando Poseidon o usava.

As paredes estavam cobertas por um papel de parede verde. Metade das estantes haviam mudado de lugar ou sido jogadas foras. Havia dois sofás brancos, não pretos, e uma mesinha de vidro transparente entre eles.

O que destacava-se, para Percy pelo menos, era o velho carrancudo atrás da mesa de mogno do seu pai na cadeira giratória também do seu pai.

– Filho. - Kronos resmungou, insatisfeito com a imagem de Percy.

– Que eu lembre, era neto. - Percy rebateu no mesmo tom, enquanto Reyna tirava as algemas. - O que fez com o meu pai?

A raiva era tanta que Percy não conseguia esperar. As mãos estavam úmidas de tanto que ele as apertava, os nós dos dedos brancos. O sangue fervia, à mostra no rosto, e Percy sentia-se a ponto de explodir. Era só olhar para aquele rosto irritantemente calmo e velho, então tudo que ele esquecera voltava borbulhando para a cabeça.

– Tsc. - Kronos balançou a cabeça. - Vai me culpar pelas tragédias da sua família?

– Você é a maior de todas!

Ele já tinha elevado a voz. Teria avançado se Reyna não o segurasse, forçando-o a sentar.

– Eu, Percy? - Kronos sorriu. - Fui eu que fugiu e matou a mãe de depressão? Fui eu que traiu o próprio pai?

Percy começou a se debater.

– Mas não vamos viver no passado. - Kronos riu, levantando-se e aproximando-se dos dois. Reyna teve que imobilizar Percy para que ele não fizesse uma besteira. Havia uma raiva cega dentro dele, mexendo com todos os seus nervos, queimando como brasa. - Eu fico feliz que tenha voltado Perseu, bem na hora certa. E você trouxe o herdeiro de Hades, não foi?

– Eu vim sozinho! - Percy conseguiu retrucar. - Vai te catar, Kronos. Você acha que vai continuar oprimindo a cidade por quanto tempo?

– Oh, Perseu. Sempre tão atrasado, não é mesmo? - Kronos inclinou o corpo, o rosto ficando no mesmo nível de o de Percy. - Eu só posso acreditar, do fundo do meu coração, que você entenda o movimento que estou começando aqui. A causa melhor cujo eu estou batalhando para concluir. E o filho de Hades, Perseu, é exatamente o que eu precisava.


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo foi menos filho da puta, vai HUSAHUASHU
Senti que ele ficou bem mal narrado em algumas partes, mas eu não quero revisaaaar e.e. Preciso de uma beta vei. Vou ir responder os reviews de vocês, até mais



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