Crooked escrita por blue devil


Capítulo 5
I'm already somethin to someone that I don't know.


Notas iniciais do capítulo

A.k.a capítulo mais difícil de se achar uma música até agora, por que diabos capítulos de transição são TÃO difíceis de transcrever? Parecem que vieram do Inferno. Eu devia ter tacado aquelas mensagens aleatórias achadas no google no começo dos capítulos em vez de musicas e.e

Em fim, ignorando a minha revolta por um instante, quero agradecer a todos vocês pelo apoio lindo que me deram - puxa, a fic já tem 13 comentários e 18 acompanhamentos, é mt coisa sô! HASUHAUS - me ajudaram tanto que eu estou sentindo a minha escrita mais confiante, mais prática e bonita. Sem contar que já estou dentro do ritmo dessa fic, ansiosa para fazer o circo pegar fo-- Quer dizer, avançar nos capítulos HSAUHSAUHUA
Devo tudo à vocês, aproveitem



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"As I look round this make shift moving house
I'm searching for whatever's left of me
It's on the ground in a box thas reads lost and found
It's lost and found"
– I'm Already Gone - A Day to Remember


Nico abriu os olhos vagarosamente, tendo evitado o acordar durante tempo suficiente. Por algum motivo estranho, sentia-se muito aliviado toda manhã ao se levantar sem aquela sensação horrível de xixi pesando na bexiga. Sim, ele lembrava disso.

Havia dormido muito bem, a ponto de continuar com bom humor pelo resto do dia, mas isso não durou muito.

Seus sentidos clarearam e a primeira coisa que ouviu foram batidas impacientes em algum vidro do lado de fora do carro. Depois de dois segundos ele entendeu: Estavam batendo na janela. Olhou para todos os lados numa busca desesperada, só para achar Percy babando atrás dele.

Nico fez um esforço desumano para ignorar o fato que eles dormiram abraçados. Chacoalhou Percy o mais forte que pode sem movimentar-se muito, o que era igual a nada. Grunhiu e caiu no chão do carro, chutando Percy na barriga. O garoto sentou-se no mesmo instante, cobrindo o lugar machucado.

– Percy, sua lesma irresponsável! - Nico se controlou para não elevar à voz. - Vai atender o cara.

Percy quis ignorá-lo deitando as costas no banco, mas Nico agarrou a sua camisa e o forçou a se mexer. Quando Percy finalmente entendeu que não tinha jeito, soltou as mãos de Nico de si e foi para o banco do motorista, com uma cara de quem poderia matar o primeiro que falasse com ele.

Abaixou a janela e o mesmo funcionário da noite passada o encarava, tão impaciente e incomodado quanto os dois que acabaram de acordar.

– Esqueceu de tirar o carro da nossa parte privada para filmes, senhor. - ele avisou cheio de veneno. - E se eu não estou ruim da memória, creio que cobrei apenas dez dólares da sua estadia?

– Era o maldito preço? - Percy resmungou. Nico bateu na própria testa.

– Esse é o preço para UMA pessoa, e não há apenas você ai, não é senhor?

Percy segurou o ar por um instante. Nico ficou tão agitado que acabou batendo a cabeça na parte baixa do banco, controlando uma exclamação de dor com uma concentração que não sabia que tinha. Eles estavam tão, tão fudidos. Percy até poderia ser preso por ser "cúmplice" na "fuga indevida" de Nico e sua "fraude de identidade".

Não, Nico não deveria pensar nas piores situações. Tinha que fazer algo, ter certeza que Percy conseguiria contornar a situação. Ah. Ele era tão lerdo, imprevisível, céus, o cara babava! Os dois estavam ferrados. Não tinha salvação dali. Isso que dava sair viajando todo saltitante e contente com pessoas que nem conhecia.

– Senhor, eu vou ter que--

– Você me pegou. - Percy levantou as mãos em rendição. - Tem razão, eu não estou sozinho no carro.

Ele não podia estar entregando Nico. Não, não, não. Nico confiou nele! Droga, não era tempo de pensar em nada disso. Ele agarrou a mochila, odiando Percy com todas as suas forças por estar com o seu casaco. Iria embora na primeira oportunidade. Olímpia deveria estar bem próxima agora e Nico não iria parar no caminho por um vivo maldito. Não importa. Nunca importou.

Então por que ele sentia mais que dor física enquanto se arrastava pelo chão evitando o menor dos barulhos, na direção da porta do carro? Por que havia uma névoa grossa ao redor dos sentidos dele, da cabeça dele? Nico sentia-se perdido. Como se o corpo estivesse ali, mas a alma houvesse fugido.

– Pode me explicar ou eu vou ter que revirar seu carro, senhor?

– Não, cara, olha... - Percy pausou por um instante. - Gary, certo? Gary, eu estou numa situação muito delicada.

– Não acho que tenho tempo para a sua história de vida, senhor. - Gary retrucou sem humor. Ele parecia estar sedento de vontade de ver Percy se ferrar.

Maaan, que duro da sua parte. Primeiro não me reconhece, depois não quer me escutar?

Nico parou de se mover.

– Te reconhecer? - Gary soou tão confuso quanto Nico soaria. - Espera, não está dizendo que...

– Exato. Você tinha duvidado, hem? Garoto esperto. Sinceramente, não gosto muito quando as pessoas aparecem gritando sobre isso.

– Ah, meu Deus! - Gary exclamou como se fosse uma fangirl enlouquecida. - Como eu...? Desculpa, mil desculpas por essa gafe! Se me permite perguntar, o que veio fazer aqui?

De repente Percy estava falando num tom quatro vezes mais baixo.

– Essa "companhia" que estamos discutindo sobre, não é algo que alguém deveria saber, principalmente o meu... - ele travou. - Pai. - tossiu. - Entende?

– Claro, como eu não pude entender antes! - Gary estava quase alucinado. - Mas senhor, o meu patrão é meio ranzinza, sabe como é, tem um filho SFP em casa.

– Posso te pagar dez dólares a mais e resolvemos isso, que tal?

Nico não ouviu mais nada, apenas barulhos aleatórios, até que Gary constatou com um tom rídiculo:

– Não se preocupe, pois isso acontece por aqui o tempo todo. - ele deu uma risada maliciosa, escrota aos ouvidos de Nico. - Aposto que ela deve ser muito boa para ter sido escolhida por você, senhor Jackson.

Nico e Percy engasgaram ao mesmo tempo.

– É! Exato, incrível, nem sei como... Er... - Percy soou tão constrangido que doeu. -E-eu realmente preciso ir agora, valeu, Gary, bom... Err... Bom trabalho.

Nico parou de prestar atenção, apoiando o rosto sobre a mão. Numa só manhã ele havia sido chamado de prostituta, quase traído, quase se ferrado. E o que iria fazer? O que todo morto faz: Para e pensa para ver se sente algo sobre isso. A única coisa que havia na sua mente era um grande "PUTA QUE PARIU COMO EU ODEIO ESSA PORRA".

– Nico? - Percy perguntou acanhado. Eles haviam acabado de sair do estacionamento. Nico bufou e coçou a cabeça de forma nervosa, machucando o coro cabeludo. Saiu de baixo do banco e passou para frente, sem nunca olhar para Percy. - Posso parar por um instante? Eu preciso... Er, sabe...

Nico simplesmente assentiu com a cabeça, virando o rosto para o outro lado. Percy deu um longo suspiro. Dizer que o clima estava ruim entre eles era um eufemismo. O clima havia pulado de um penhasco e ficado por lá. Quando voltaram à estrada, Percy parou o carro num encostamento e saiu, deixando a porta aberta.

Não soube o por quê, mas Nico só se moveu quando ele saiu da sua vista, assegurando-se a todo momento que Percy não estava voltando. Pegou a mochila no banco de trás, abrindo-a para pegar o medicamento. As pessoas iam fazer necessidades, tomar banho e um café; a única coisa que Nico precisava logo cedo era daquela injeção com um líquido verde escuro por dentro.

Deve ter pego um trauma sério de injeção nos dias de vivo, pois toda vez que é obrigado a encarar a agulha ele treme de medo. Depois de repetir o processo todos os dias, o medo diminuí. Mas ainda existe e torna o processo mais lento só por que o fazia desejar que terminasse logo.

Nico deslizou a mão livre pela nuca, chegando exatamente no ponto onde ela terminava e as costas começavam. Havia um buraco escuro rodeado por plaquinhas de ferro negras nessa área, onde ele alcançou com a injeção e afundou a agulha lá dentro até sumir. Ele não via, só presumia. Não precisava colocar tudo, porém sentia-se mais seguro assim.

Nico respirou e inspirou fundo, mesmo sem nenhum ar para soltar, contando até três com muita calma na mente. Apertou a injeção e o remédio desceu.

Nortriptilina era o nome daquela merda. Quando usado todos os dias pelo corpo doente no "acordar" do organismo, mata um dos vários vermes corrompendo o corpo de Nico. Aparentemente, vários médicos haviam lhe explicado isso, por que toda vez que ficava tonto e o seu corpo travava num choque surdo por conta efeito colateral, estas mesmas informações repetiam-se como cd's arranhados.

Nico queria ser cremado. Se ele fosse cremado, nada disso teria acontecido. Uma das suas milhares de perguntas para a sua família era por que enterrá-lo, já que esse foi o motivo de voltar como zumbi. Os vermes que deveriam comê-lo entraram dentro do corpo dele, tantos que o medicamento não conseguia matá-los completamente. Apenas controlar o bastante para que Nico fingisse que estava bem.

Eram como aquelas pulguinhas que atordoavam cachorros ao chupar o sangue deles. No caso, atordoavam todo o organismo de Nico enquanto o comiam, forçando-o procurar comida para se sustentar de forma irracional. Era um ciclo horrível e só podia ser parado com aquela injeção.

– Nico? Tudo bem? - Percy perguntou preocupado, vendo-o com a testa em cima da porta luvas. Nico tentou limpar o sangue negro que havia escorrido da boca. Porém, seu sangue era expresso e apodrecido, quanto mais ele tentava limpar mais espalhava-se.

Levantou o rosto do mesmo jeito. Percy arregalou os olhos.

– Caralho. Quem te bateu?

Percy inclinou-se no mesmo instante, tirando a injeção do caminho de Nico e ajudando o garoto tonto a deitar no banco enquanto o abaixava. Pegou um pano no porta luvas, limpando qualquer rastro de líquido escuro no rosto dele. Eram realmente muitos cuidados, mas Nico não conseguia se apegar à nenhum.

– Tem mesmo que tomar essa droga todos os dias?

Nico assentiu como uma criança. Percy bufou.

– Sinto por isso. De verdade. Posso fazer qualquer coisa, menos lidar com agulhas.

– Eu tenho um buraco. - Nico comentou debilmente. Percy arregalou os olhos para ele. Nico deu uma risada seca e machucada. Lembrou-se de Gary e a risada morreu. - Eles abriram um buraco em todos os SFP para que o remédio fizesse efeito. - murmurou.

– Isso deve ter doído. - Percy soltou um sussurro dolorido. - Aquele chute que você me deu está latejando até agora. Acho que pode ficar vermelho.

Nico não queria entrar naquela brincadeira.

– Por que mentiu para mim?

– Quê? - foi a resposta rápida de Percy.

– Não se faça de desentendido, Percy. - Nico levantou o tronco e sentou-se de repente, forçando Percy ir para trás. - Aquele cara do estacionamento sabia mais de você do que eu.

– Não é uma mentira. - Percy murmurou.

– Não é a verdade, do mesmo jeito. Você me enganou.

– "Enganei"? - Percy retrucou indignado. - Como eu fiz isso, Nico? Eu posso te jurar que eu nunca conheci você antes!

– Nem eu. - Nico continuou com o tom baixo, as expressões duras. - Enganar, Percy. Não dizer a verdade. Não assegurar alguém. Sabe o que eu pensei naquela hora com o cara? Que você ia me entregar. Ia cair fora, por isso estava tentando abrir a porta do carro. Sabe o quão isso é ruim? Quer mesmo continuar viajando comigo, quando eu me sinto assim? Você não 'me dá confiança. É maluco. Não fala sobre si mesmo.

– Não é assim. - Percy não tinha muita força para retrucar. - Não é do jeito que você está pensando.

Nico inclinou a cabeça para o lado.

– Qual o seu nome inteiro?

Percy não respondeu.

– Por que sabe onde Olímpia fica?

Silêncio.

– O que fez aquele cara te liberar afinal?

Nada. Nico olhou para o asfalto à frente dele.

– Por que ia se matar? - murmurou por fim. Eles ficaram um minuto inteiro em silêncio até Percy socar a buzina e sair do carro praguejando, o rosto e as orelhas vermelhas. Nico balançou a cabeça. Fingiu estar vazio por dentro como sempre ficava e pegou sua mochila, fechando-a e saindo do carro em seguida.

Percy andava pela a rua sem se afastar, indo e vindo, perdido e conturbado. Nico não quis olhar mais. Ele só queria ir até ali e arrancar o seu casaco do corpo dele, porém se tentasse não iria conseguir. Pelo contrário, Nico iria ficar.

Nico havia brincado por tempo o suficiente e era hora de parar. Então ele deu às costas para Percy e adentrou a mata. Segundo a placa perto deles, Olímpia estava naquela direção. Caminhou exatamente como um zumbi fazia. Engolindo a emoção, os pensamentos, a personalidade. Só andava. Sem caminho de volta.

– Nico!

No primeiro grito, Nico não acelerou.

No segundo, Nico aumentou o ritmo da caminhada.

O terceiro foi bem mais próximo, fazendo-o correr. Correr era estranho. Seu corpo não estava preparado para o exercício, porém não sentia cansaço. Uma dor desfocada nas juntas, facilmente ignorável. Quis correr mais. Quis correr como se sua vida dependesse disso, por que Percy estava o alcançando.

Nico percebeu o próprio desespero em fugir - desespero que alguém sentiu fugindo dele – quando tropeçou. Durante a corrida, perdeu completamente o foco e tudo era um borrão verde e marrom. Em cima, abaixo, dos lados. Esses borrões pesavam e despencavam sobre ele, querendo o fazer ceder, querendo destruí-lo. Eram como Percy, amigáveis, quentes, suicidas e criativos o bastante para acabá-lo da melhor forma.

Levantou o rosto, sendo atingindo por um choque muito maior que o efeito colateral ou o choque do desespero.


Ao redor dele, vários crucifixos pintados de branco estavam fincados sobre a terra com relevo. O lugar era uma clareira espaçosa o suficiente para abrigar, no total, vinte crucifixos com a adição de pequenos muros feitos de pedra para "proteger". A estátua de uma mulher chorando com uma asa de anjo e outra quebrada, encontrava-se logo no meio.

Na pedra, Nico leu: "Cemitério Pobres Almas Que Foram E Não Voltaram."

Abaixo havia um símbolo e "Olímpia" escrito. Com a data do Renascimento. O corpo de Nico curvou-se, uma dor que ele não reconhecia esmurrando-o.

Mesmo envolvido por inteiro na sensação doente, Nico pode ouvir passos e nenhuma dor o impediria de fugir deles. No começo ele saiu tropeçando, até controlar o ritmo do corpo de novo e poder correr. Mas não como antes. Era mais como um trote, muito dolorido por sinal.

Nico chegou a um planalto com grama rasteira. O céu estava nublado, fazendo-o agradecer por não ser atacado pelo Sol. Esse agradecimento foi cortado cedo quando desceu um relevo, sem ouvir mais passos e vendo o que se estendia pelo caminho: Um cemitério. Muros altos, portões negros, graves por todas as partes. Aquilo tinha que ser alguma brincadeira bizarra.

Tocou o portão, notando inesperadamente que ele estava aberto. Ótimo. O primeiro lugar oficial de Olímpia que ele visitaria, depois de tantos dias imaginando, seria o cemitério. Não tinha graça mais. Nico andou pelas graves, mais perdido do que antes. O que ele deveria fazer agora? Não tinha seu casaco para se proteger, por isso estava com frio. Na prática, não era nada. Na teoria, ele estava gelando a ponto de morrer de hipotermia.

Nico iria continuar zanzando pelo cemitério expansivo até pisar em cima de algo, ouvindo vidro se quebrar de baixo do sapato. Afastou-se, pegando o que havia quebrado em seguida: Uma moldura. Na foto havia uma garota de longos cabelos castanhos escuros, sorrindo enquanto abraçava um garoto mais baixo que ela. Os dois eram terrivelmente parecidos. Usavam chapeizinhos de aniversário iguais, parados atrás de uma mesa com um bolo. Haviam três velas apagadas: Um "N" e um "Treze".

E os dois eram terrivelmente iguais à ele.

Espalhado por ali havia flores, bichinhos de pelúcia (um morcego caolho, um coelho cinza e uma mariposa com asas roxas cheias de glitter) e alguns balões velhos. Nico levantou os olhos para a grave, lendo o poema na pedra:

Um fantasma de palhaço sentou em seu trono
Chorou pelos amigos que choravam por ele
Depois riu
Mandou os vivos colocarem a merda no lugar
Por que eles tinham que continuar, hahá!


Não precisava olhar. Nico sabia que era o poema no papelzinho que trazia. Em baixo do poema estava escrito: "Nico Di Ângelo - 1994 a 2009".

– Hey! - alguém gritou atrás dele. Nico pulou para ficar de pé. Não era Percy.


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Notas finais do capítulo

NÃO REVISADO
Ce tá uma merda? Óbvio que tá minha gente. Okay, eu sei que terminei de um jeito mt filho da puta, desnecessauro, mas é a vida e o momento HUASHASUHU. Espero que gostem do mesmo jeito



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