A Lira da Verdade escrita por Anns Krasy


Capítulo 7
Capítulo 7 - Noah


Notas iniciais do capítulo

Amiguinhos, estou meio triste.
Não custa nada comentar. Quem tem fanfics sabe disso, o fato de poucas pessoas comentarem deixa agente - autores - desmotivados a continuar. Quem somente lê as fics, saibam que é pelo comentários e vocês que nos empenhamos mais em continuar as histórias.
Então se gosta, comente. Se não gosta, critique o que pode melhorar.
Não vou obrigar ninguém a comentar, comente se quiser. Mas pelo menos reflitam um pouco ^^ Já vi muitas fics boas e com ótimo futuro serem pausadas e nunca mais continuadas por causa disso.
Peixe amiguinho que sempre comenta!! :D



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N

O

A

H

No dia seguinte, Noah também não compareceu a escola. Ele sabia que tinha algo errado e não podia se dar ao luxo de ir para a escola como uma pessoa normal e ignorar aquilo. Carter e Sadie não tinham nada haver também apesar de o suposto inimigo tenha entrado nos sonhos da loira. Noah pegou algumas comidas e suprimentos e colocou numa mochila. Ele olhou para o vidro um pouco embaçado pelo frio. Era bom colocar um casaco também. Alguns litros de água e amarrou o cinto com seu punhal em sua cintura. Ele pegou um gorro e colocou na cabeça, calças camufladas, tênis, uma blusa preta, uma camisa um pouco grossa e cinza por cima e finalmente o casaco azul. Vestiu suas luvas que mantinham seus dedos a amostra e então pendurou a mochila nas costas.

O que ele estava fazendo? Tentando achar pistas. Ele tinha dinheiro para uma viagem de ônibus até certo ponto antes de Montauk. Depois iria até aquela praia a pé. Ele também estava indo para lá para ficar só por um tempo. Khufu e Filipe eram calmos na maioria das vezes, mas ainda o incomodavam. Aquela casa também o deixava com uma sensação esquisita e ele não gostava.

Depois de pagar sua passagem no ônibus ele subiu e achou uma cadeira para se sentar. Ele empurrou sua mochila para o lado do banco, se sentando na janela embaçada de inverno. Ele estava certo. Logo, logo nevaria. Ele se lembrou do dia em que havia nevado e sua antiga professora havia os mandado mais cedo para casa. Sua mãe recebeu-os bem, fez biscoitos como de costume e serviu chocolate quente para ambos. E eles haviam passado o resto do dia inteiro reunidos na sala perto da lareira e vendo um filme na TV. Ele nunca havia sentido ou precisado de um pai antes, mas agora sabia a verdade.

– Noah! – A voz o fez pular da cadeira. Ele fitou o dono da voz com uma expressão de surpresa e incredulidade.

– O que está fazendo aqui?!

– Eu que pergunto! Vocês deviam estar na escola e não aqui! – O garoto fitou Carter e procurou sua irmã. Ela se sentava na cadeira da frente e havia se voltado para eles. Dando uma piscadela, ela estendeu um pacote de chicletes.

– Você que?

– O que estão fazendo aqui? – Repetiu Noah. Isso era mal. Muito mal. Ele olhou para a janela e fitou a trilha da estrada. Estavam já perto de seu destino e ele nem tinha visto o tempo passar. Não era mal, agora era péssimo. – Eu vi vocês indo para a escola!

– Shabtis são ótimos disfarces. – Murmurou Sadie entretida. – Agora, para onde estamos indo mesmo?

– Vocês eu não sei. Porque vieram comigo escondidos? – Noah estava fervendo de raiva. Como não tinha previsto aquilo? Eles eram magos poderosos, melhores e os instrutores do Vigésimo Primeiro Nomo! Ele havia sido descuidado demais.

– Porque saiu escondido? – Retrucou Carter. – Vamos esclarecer algumas coisas: não leve a mal, mas eu não confio muito em você. Você é um cara legal, mas tem algo... De diferente, não sei explicar.

Essência de semideus? Foi o que Noah havia pensado. Era totalmente normal Carter pensar isso dele. Noah também não conseguia confiar 100% nos egípcios, mas confiava mais da metade neles. Noah abriu a boca para falar, mas o que iria dizer? Que iria à praia para, talvez, ver se seu sonho era real ou não? – Poderia ser uma armadilha que aquela voz quis que ele acreditasse. E ela nem mesmo tinha insistido para ele ir lá, foi tudo ideia de sua cabeça.

– Acho que não acreditariam se eu dissesse que estava indo compra sorvete. – Ele suspirou.

– Não com essa mochila ai. – Carter concordou. – Vimos você colocando várias coisas ai dentro como se estivesse planejando ficar o dia todo fora. Desculpe por nos intrometer de novo, mas é que não queremos enfrentar outro Apocalipse por um longo tempo.

– Sim. Você está certo. – Noah não estava chateado, não com os irmãos Kane. Mas consigo mesmo. Ele estava distraído como antes, naquela missão. E por isso fracassaram. Melhor, se fosse só o fracasso, ele poderia ter lidado com aquilo. Mas não foi só isso.

– Então? Para onde estamos indo? – Sadie quis saber.

Antes que ele pudesse responder, o ônibus parou no ultimo ponto. A mais ou menos alguns metros então eles estariam em seu objetivo. Carter e Sadie o seguiram apesar de tudo. Estavam hesitantes? Carter, sim. Sadie nem tanto.

[Ai! Sadie segure seu irmão!! Voltando...]

A praia estava vazia e úmida. Não era um dia de praia. Estava frio o suficiente para convencer Carter a colocar um casaco de couro, apesar de eles usarem somente linho. Carter praguejava sobre ter vindo com chinelos, mas Noah o ignorou. Ele esperou algo obvio no cenário, mas somente havia um chalé normal e de madeira lá.

– Está vazia. – Sadie declarou o obvio.

– Vamos ficar aqui por um tempo. – Decidiu Noah. Depois de acenderem uma fogueira pequena eles observaram o horizonte. Era de manhã, mas estava tão nublado e escuro como o fim da tarde. Mesmo debaixo dos casacos eles estavam gelando de frio.

– Nossa! O que vocês... – Uma voz havia soado suave e preocupada, mas parou abruptamente quando o trio se voltou para a pessoa.

Era uma mulher, cabelos castanhos e olhos claros. Parecia simplesmente preocupada e usava um casaco grande. Havia um homem na porta do chalé. Eles deviam ter alugado pensando que seria bonito ver a praia no inverno. E era. Ela deu um olhar significativo para Noah, e o garoto ergueu as sobrancelhas surpreso. Ela não era normal, mas não tinha uma aura de monstro e tampouco de deus. Ela era mortal, mas sabia exatamente o que Noah era. O que Noah realmente era.

Olhando para os lados, ela os fitou novamente.

– Vamos, venham comigo.

Carter e Sadie se inclinaram na direção de Noah

– Nós não iremos certo?

Noah franziu a testa. Ela deveria saber algo sobre o acampamento. Há muito ele não tinha noticias de lá. Seu “espião” havia ficado danificado quando a ultima tempestade de chuva aconteceu enquanto ela estava voltando para o Cairo. E então ele criou outro, mas ele ainda não havia retornado.

Por um momento, Noah não sabia o que optar. Ele fitou os céus e teve a sensação de que iriam congelar se não se abrigassem logo. Péssimo dia para descobrir a verdade sobre seu sonho. Ele podia ter esperado um ou dois dias e poderia assim ter despistado os irmãos Kane, mas ele estava ansioso demais.

– Vamos. Se ficarmos mais um pouco aqui fora nós iremos ter hipotermia.

Noah se ergueu.

– Não está exagerando? – Sadie indagou.

– Não se a tempestade de neve começar. – Respondeu ele. Os primeiros flocos começavam a cair e logo a areia da praia iria ser substituída por um lençol branco e frio de inverno. Ele não sabia quem era aquela mulher, mas sabia que era uma mortal. Não representava perigo. O homem na porta também era mortal e Noah sentia isso de longe. Sadie e Carter o seguiram apesar disso, ambos relutantes, mas parecia que nenhum deles queria congelar até virar um bloco de gelo.

*.*.*

A cabana era pequena e confortável. Uma cozinha com balcões de madeira e uma pequena mesa. Uma sala com lareira e um sofá verde-escuro se encontravam lá fazia anos, junto com uma pequena estante de livros velhos e uma pequena TV não muito nova, mas parecia em ótimo estado. O lugar tinha dois quartos, um com uma cama de casal e outro com uma cama de solteiro. Logo quando todos entraram, foram surpreendidos por uma ventania forte na janela, fazendo-as balançar sem parar. Com ajuda, cada um naquela cabana de praia foram fechando-as e o fogo da lareira fortalecido.

Uma vez reunidos na sala, à mulher sorriu timidamente para o trio de crianças. O homem estava na parede, sem falar nada até agora.

– Paul, querido, faça chocolate quente para nossos visitantes. – Pediu ela.

– Sim. Eles são...

A mulher olhou para Noah e depois pousou um par de olhos inseguros em Carter e Sadie, como se não soubesse o que falar sobre eles. Ela devia conhecer bastantes semideuses para conhecer sua essência. Aquilo não era um dom que era concedido da noite para o dia, precisava de bastantes anos para aprimorar e saber diferenciar muito bem semideuses de mortais. Precisava conviver com semideuses para adquirir algo assim. Noah se sentiu para baixo. Aquela mulher não era a primeira mortal que Noah havia conhecido que podia ver através da Névoa. Era algo muito raro, mais raro que ganhar na loteria.

– Sim. Acho que sim. – A mulher respondeu, apesar da insegurança.

O chocolate quente estava delicioso. E Noah estava atordoado. Havia tempo que não tomava uma bebida dessas. Sua mãe costumava faze-los em todos os invernos e sempre colocava marshmallow ou chantili além de acrescentar caramelo. Não era como aquele chocolate quente, mas pelo menos tinha caramelo. O que era um começo bem promissor.

– Está bom. Sinto-me mais quentinha. – Sadie sorriu. Aninhada perto do fogo com Carter, pareciam que não tinham o peso de vários aprendizes em seus ombros. Nada de responsabilidade por um tempo era algo bom, fazia bem para a saúde.

– Que bom. – O sorriso da mulher passou de tímido para sincero. – Paul aprende rápido a fazer chocolates deliciosos.

O homem sorriu.

– Ah, – Continuou a mulher. – Meu nome é Sally. Sally Jackson.

– Noah.

Carter e Sadie demoraram um pouco para responder. – Chamo-me Sadie, e este é meu irmão, Carter.

– Vocês não se parecem de longe. – Riu Sally, divertida.

– Ainda bem. – Concordou Sadie. Carter deu uma cotovelada nela, ele havia ficado um pouco irritado com o comentário de sua própria irmã. Isso só divertiu ainda mais Sally. Noah também sorriu.

– Desculpem. Vocês tem razão. Apesar de não se parecerem nada, sei que são irmãos. – Sally disse.

Noah sabia o que ela queria dizer. Meios-irmãos no acampamento quase nunca se pareciam uns com os outros, mas não deixavam de compartilhar a mesma metade de sangue que herdaram de seu deus ou deusa progenitor. Sempre os meios-irmãos tinham algo em comum além do sangue. Como o fato de os filhos de Atena ter olhos cinzentos, a maioria dos filhos de Afrodite eram vaidosos, e os filhos de Hefesto tinham mãos grossas e cicatrizadas de tanto mexerem em metais e utilizarem vários instrumentos para moldar armas e autômatos. Os filhos de Hermes tinham agilidade e olhares travessos, do mesmo modo que os filhos de Ares tinham paixão a brigas e guerras.

Carter e Sadie silenciaram. E então Sally voltou-se para Noah. Seu rosto eram preocupação e ansiedade, como se algo estivesse errado e ela soubesse disso. Ela fitou os irmãos Kane de realce e logo se voltou para Noah novamente.

– Eles...

– Não. – Noah respondeu rápido, antes mesmo de ela concluir a pergunta. Eles não eram semideuses, não podiam ser. Eram descendentes de faraós e não tinham nada haver com a mitologia grega. Eram totalmente egípcios. Mais Noah não iria contar isso a Sally.

Sally pareceu entender o que estava havendo. Não sabia o que os irmãos Kane eram, mas ela havia entendido que eles não eram gregos e que não precisavam saber sobre isso. Ela assentiu de leve, absorvendo aquilo tudo. Paul se sentou no sofá, inclinando-se para Noah.

– Como está lá?

– Lá... Onde? – O moreno franziu a testa.

. – Insistiu Paul, como se só houvesse um lugar que ele quisesse mencionar. As engrenagens mexeram-se dentro do cérebro de Noah, ele entendeu rapidamente onde Paul estava querendo chegar. Não era todo dia que encontrava um mortal que soubesse do Acampamento. E mesmo assim ele não havia notado seu punhal que ele carregava. Ele não podia ver entre a Névoa, mas sabia sobre aquilo. Era estranho.

– Ah... Esta tudo bem. – Mentiu Noah. – Qual a relação de vocês com aquele lugar?

– Meu filho está lá. – Respondeu Sally. – Ele é um dos garotos, é o segundo verão sem o Sr.D então eu estava preocupada com o que iria acontecer. Não quero que ele saia da linha ou se ponha em perigo.

Noah assentiu, escondendo sua surpresa. O acampamento estava sem o Sr. D? O que aquilo queria dizer? Ele havia sido dispensado de ser o diretor do acampamento quando os campistas haviam derrotado Cronos? – Era bem provável que sim. Então o diretor do acampamento agora era Quíron o que já era uma vantagem. Ele era compreensível, coisa que Dionísio não era. Noah tentou dar um sorriso tímido.

– Não tem como nós ficarmos fora de perigo, Sra. Jackson. – Disse o moreno, embaralhando os cabelos negros.

A mulher sorriu fraco. Carter e Sadie observavam tudo em silencio e com curiosidade, sem entender nada do que estavam falando. Noah observou seu chocolate quente, agora morno em sua xicara. E então voltou a olhar para a mulher que o fitava como se quisesse saber mais sobre ele, como se sentisse que ele escondia algo.

Ela lembra muito minha mãe. Pensou Noah. O mesmo olhar preocupado que ele a via adquirir toda noite quando pequeno. Ela estava tentando escondê-los ao máximo dos monstros e impedir de que eles fossem levados para o acampamento. Se eles tivessem ido, ou pelo menos Noah, nada daquilo tinha acontecido.

Um trovão simbolizou ao longe e seu estrondo fez com que Sally pulasse do chão. Um urro alto cortou os gritos da tempestade e agora Noah sabia que não estava nada bom. Seria possível que em um momento tão aconchegante os monstros conseguiriam rastreá-los? Fala sério! Não podia ser verdade! Além disso, eles estavam mais desprotegidos do que antes, um semideus, dois mortais e dois magos presos em uma minúscula cabana na tempestade de neve.

Com certeza isso não era uma boa combinação.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler ~ :3
Pode ser meio confuso Noah refletindo sobre o passado dele, mas bem na frente - bem na frente mesmo - tudo será esclarecido.