"Quando eu me for..." escrita por Cristina Rissan


Capítulo 2
Capítulo 01


Notas iniciais do capítulo

Um agradecimento ao comentário e favorito da Izobel.



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– Jéss, querida, onde você vai? – Mamãe me encarou realmente preocupada e eu suspirei enquanto me aproximava dela e a envolvia com os braços. Ela estava com um casaco grandão de bolinhas e os cabelos longos e platinados caiam por sobre o ombro. Para todos em Forks, minha mãe era só a Sra. Stanley, uma mulher que adorava fofocar, e realmente, mamãe não dispensava uma boa fofoca, no entanto, ela era muito mais do que isso. Era uma mulher abandonada pelo marido que criara uma filha sozinha, tentando ensina-lá a não ser como qualquer uma. As pessoas de Forks deviam levar isso mais em consideração.

– Vou sair com a Angie, mãe. – Respondi quando já estava com um pé para fora da porta. Por um instante me senti mal por mentir para Sarah, mas logo me lembrei que eu não ia fazer nada errado. Então não havia porque preocupa-la.

Assim que a primeira brisa da noite bateu em meu rosto me arrependi de estar só de jeans e uma blusa de mangas. É nessas horas que eu me perguntava como Lauren conseguia usar aquelas roupas curtas, eu tinha tentado por uns dias, e não tinha tido muito sucesso. Ficara gripada e tivera que tomar uns dos piores chás de mamãe por uma semana. E eu nunca, em toda a vida havia tomado algo tão ruim. Peguei um grosso casaco em um dos cabides na beirada da porta e me despedi de Sarah.

Enquanto caminhava ate meu carro, tive a estranha sensação de estar sendo observada. Até arrisquei olhar para os lados em busca de qualquer coisa que fosse, mas não ouve nada, então me apressei para entrar no carro quentinho.

Quando eu cheguei ao bar do Joe’s alguns motoqueiros se encontravam papeando animadamente na porta de entrada, e eu me lembro de que uma vez, briguei com Bella Swan porque ela pegou carona na garupa de um deles. Mas só porque, eles não eram do Joe ‘s e não eram amigáveis, e Isabella Swan tampouco era uma garota inteligente o bastante para saber que eles não iam dar dois beijinhos em seu rosto e deixa-lá em casa. Eu não sei se ela queria se suicidar, chamar a atenção ou coisa assim, mas devia ser coisa assim, porque logo depois disso, Edward voltou à cidade. E eu quase agradeci a Isabella, porque eu sentira falta de ver Edward pela Forks High.

– E ai, caras. – Eu os cumprimentei com um sorriso enquanto empurrava a porta estilo faroeste do bar do Joe.

– E ai, Jéssie. – Eles responderam em uníssoto e eu sorri. Eles pegaram o costume de me chamar de Jéssie há algum tempo. Eu não gostava do apelido, mas isso não significava que eu ia bater de frente com eles. Assim que me apoiei no balcão, Veronica se aproximou com um sorriso pequeno brincando nos lábios.

– Oi Jéss. – Ela cantarolou. – Beber ou cantar?

Eu fingi pensar por um momento e ela fez um gesto negativo com a cabeça, fazendo o rabo de cavalo ruivo se agitar.

– Beber. – Respondeu a própria pergunta pousando um copo em minha frente e enchendo-o com algo que eu nem sabia o que era. – O tal Edward Cullen de novo? – Ela perguntou se apoiando no balcão e eu revirei os olhos enquanto levava a bebida até a boca. Virando o conteúdo de uma vez. O que fez minha garganta queimar e a cabeça girar por uns instantes.

Verônica era a esposa do Joe, tinha por volta dos seus trinta anos, era uma mulher legal e durona, nós havíamos nos tornado amigas desde a primeira vez que eu parei no bar para afogar as mágoas, não que eu fizesse isso com freqüência. Eu gostava de vir aqui para cantar também. Ela era baixinha, com sardas e cabelos ruivos. Tinha várias tatuagens espalhadas pelo corpo e usava um daqueles coturnos que eram a prova de pisões no dedão do pé.

– Ele não me ama, Rô. – Eu soltei um suspiro conformado e ela me encarou com um sorriso gentil.

– Você contou a ele sobre esses sentimentos, Jéss?

– Como poderia? – Eu resmunguei tomando a garrafa de suas mãos e enchendo mais uma dose. Verônica me reprovou com o olhar mas não me impediu. – Ele vive grudado com Bella Swan. É ela que ele ama.

– Eu duvido que essa tal Swan seja tão boa como você é. – Joe se aproximou com um sorriso gigante, ele era um pouco mais alto e mais velho que Verônica, os cachos castanhos caiam pela cabeça, e a barriga rechonchuda fazia-o parecer grávido de três meses. Mas eu jamais diria isso a ele, só se estivesse muito bêbada. Ele jogou o pano de prato sobre o ombro. – Não seja tão depressiva, Jéssie. Esse cara está perdendo uma grande garota!

– Bom, ele não acha isso. – Eu resmunguei virando um novo copo.

– Talvez você devesse mostrar a ele. – Rô se aproximou tomando o copo de minhas mãos e eu bufei pegando uma nova garrafa e levando-a direto aos lábios.

– Talvez eu tenha desistido de Edward Cullen. – Respondi a ela. – Ninguém além de Bella Swan é boa o bastante para ele.

E se eu não tinha conseguido quando ela nem sequer existia, imagina só agora.

– Jéss... – Começou Verônica sem saber o que dizer e eu fiz um gesto mole de descaso com as mãos, já sentindo a bebida me deixar meio zonza. – Porque não sobe cantar? – Ela sugeriu. – Se ainda conseguir ficar de pé, claro... – Completou com um sorriso.

Eu lhe mostrei meu dedo e me levantei.

– Como se uma garrafa fosse me abalar. – Murmurei com a voz mole.

– Você tomou três garrafas e meia, Jéssica.

Eu dei de ombros e caminhei até o palco improvisado, informando para os garotos da banca a música escolhida.

Bennie and The Jets

Hey kids, shake it loose together, the spotlight's hitting something.That's been known to change the weather. – Eu soltei meu cabelo balançando-me ao ritmo contagiante da música. - Say, Candy and Ronnie, have you seen them yet, but they're so spaced out, Bennie and the Jets, but they're weird an they're wonderful. Oh, Beannie she's really keen! She's got electrice boots a mohair suit, you know I read it in a magazine. Oh! Bennie and the Jets! Bennie and the Jets!

Quando abri os olhos por um instante, ele estava lá. Os braços cruzados e uma carranca adornando o rosto perfeito. Eu sorri amargurada em sua direção, me sentindo repentinamente desconfortável, porém bêbada demais para qualquer coisa.

Assim que eu terminei de cantar o último Bennie and the Jets, desci do palco e cambaleante caminhei em direção ao bar e a Verônica, onde minha garrafa me esperava. Eu a peguei novamente e virei mais alguns goles enquanto Rô me olhava com aquela cara que diz “vou chutar sua bunda para fora daqui”.

– É ele não é? – Ela perguntou apontando com a cabeça para Edward Cullen. Ele não se encaixava em nada com o bar, e me perguntei o que ele estava fazendo ali. Por um instante desejei que ele estivesse ali por mim, mas eu sabia que era bobagem, então voltei a encarar Verônica assentindo para ela. – Devia ir falar com ele.

– E dizer o que? Que sou apaixonada por ele, e não ligo de ser rejeitada sucessivamente porque não tenho orgulho próprio? – Fiz um gesto de mãos. – Eu acho que prefiro um amor correspondido. – Murmurei indicando a garrafa já no final.

– Essa garrafa não te ama, Jéssie. – Joe gritou brincalhão.

– É claro que ela ama. Nos damos incrivelmente bem, se quer saber. Ela me faz muito feliz. – Respondi e ele riu audivelmente.

– Jéssica? – Ele chamou com a voz aveludada e eu senti minha boca secar. Poxa, ele era tão bonito. Bonitinho demais, tão bonitinho. Eu devia estar bêbada, pensamentos ridículos. Me bati mentalmente. – Jéss? – Ele chamou novamente, e eu percebi que tinha viajado na maionese. Maldita bebida que me deixava lenta. Talvez eu devesse dizer alguma coisa, mas ele tinha olhos dourados tão bonitos, e a boca também, e eu acho que devia me manter forte, e não ficar sonhando com a boca de Edward Cullen. Eu podia apostar que estava corando agora mesmo. Maldita bebida. – Vem, eu vou te levar embora. – Ele murmurou e se aproximou o bastante para que eu sentisse o seu perfume.

– Hã, eu... Não quero. – Fiz um gesto outra vez. Isso era coisa de bêbada. Na verdade, Edward podia me levar sim, pra casa, pra cama, seja onde for. Ele podia estar lá. Pelado, obviamente, e aí íamos brincar de... Do que mesmo? Como é que se diz? Isso supondo que eu fosse uma devassa. O que eu não era, claro.

– Vem, Jéssica. – Ele chamou outra vez e parecia conter o riso, eu arqueei uma sobrancelha desajeitadamente em sua direção e o encarei em duvida.

Eu queria perguntar por que o Edward idiota ama Bella Swan Cullen estava rindo. Mas não perguntei. Talvez ele estivesse rindo de mim, eu estava meio lentinha.

Com uma habilidade surpreendente em carregar bêbadas, Edward me levou até seu Volto bonitinho prateado e cheiroso e depois voltou pagar minha conta. O que eu achei extremamente cavalheiro e duvidoso. Porque ele estava fazendo isso? Edward nunca quis se aproximar de mim, isso era meio estranho agora. E mesmo bêbada, eu tinha plena consciência de quem ele era e não iria me iludir tão fácil, apesar de já sentir as malditas borboletas se remexendo em meu estomago.

– Talvez seja só a bebida. – Murmurei para mim mesma. Mas sabia que não. Eu não estava tão bêbada assim.

Edward entrou no carro e me encarou duvidoso e eu me senti corar violentamente.

– Eu vim de carro. – Disse depois de um minuto inteiro. Como se explicasse alguma coisa. Mas acho que explicava sim.

– Não espera que eu te deixei dirigir, não é? – Ele perguntou arqueando uma sobrancelha.

– Bom, eu esperava não ter de dirigir. Você acabou de estragar minha noite. – Eu resmunguei e cruzei os braços de uma maneira birrenta. Tudo bem, eu não tinha a intenção de transar com ninguém essa noite, mas não seria má idéia também. Tinha um cara que era gatinho, e ele até que ficou me olhando. Eu só acho que não me lembraria de muito coisa pela manhã, mas quem liga afinal?

– Não seja ridícula, Jéssica. O que fazia nesse lugar? – Ele parecia irritado agora. E eu imaginei se ele era bipolar, ou só estava de TPM.

– O que acha que eu estava fazendo? Estava me divertindo... – E afogando as mágoas e as rejeições acumuladas ao longo dos meses. Completei mentalmente, mas não disse isso a ele. Já era estranho o bastante Edward Cullen estar me levando para casa. Muito rápido, eu diria. Não que eu tinha alguma neura com velocidade, mas gostaria de passar mais um tempo com ele.

Cale a boca, Jéssica! Disse para mim mesma.

Minha mãe me mataria quando eu chegasse em casa dançando balé de bêbada.

Edward estacionou o carro e pela primeira vez eu ergui os olhos notando que não estávamos em minha rua. Onde estávamos então?

– É minha casa. – Respondeu minha pergunta mental. Talvez tivesse ficado muito claro minha duvida. Agora a pergunta era. Que diabos eu fazia na casa dele? – Imaginei que estaria encrencada se chegasse em casa a essa hora. Pode ficar aqui até o amanhecer, então te dou uma carona até a escola.

Foi aí que me lembrei que ainda era terça. E Sarah me mataria se eu perdesse aula. Provavelmente, ela achava que eu dormi na casa de Angie.

– Tudo bem. – Murmurei finalmente. Porque, por mais que eu estivesse mais do que constrangida de entrar na casa dele. Era isso ou ir até a casa de Angie, e a mãe de Angie provavelmente me deduraria, e isso geraria um castigo eterno e mil e uma lamurias por parte de Sarah.

Respirei fundo mais uma vez e ele segurou minha cintura gentilmente e apoiou quase todo o meu peso. O fato de estar morrendo de sono e terrivelmente bêbada não me fez não sentir as malditas borboletas assim que senti seu toque. Por Deus, eu era uma idiota. Ele só estava fazendo a bondade de não me deixar jogada em qualquer canto, correndo o risco de ser, sei lá, sequestrada pela empresa clandestina de trafico de órgãos...

Balancei a cabeça e me permiti apoiar me seu corpo, então Edward praticamente me carregou para algum lugar que eu não notei, já que meus olhos já estavam fechados. Eu suspirei pesadamente enquanto me deixava cair na inconsciência. Ainda pude sentir algo macio sobre meu corpo.

Talvez eu fosse algum tipo de idiota masoquista. Mas e dai? Resmunguei mentalmente envolvida pelo sono. Um dia, quem sabe, eu encontraria um cara legal e esquecesse Edward Cullen completamente. E aí então, ele seria só um passado ridículo de garota boba e apaixonada.


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