Arrow de coco escrita por Ricardo Oliveira


Capítulo 8
Capítulo 7.2 - Epistoleiro


Notas iniciais do capítulo

Estamos de volta!

Me desculpem por deixá-los tanto tempo sem novos capítulos. Sempre que eu encontro um dos meus inimigos, eu digo que ele falhou com o coco, mas, dessa vez, fui eu quem falhei. Prometo nunca mais abandoná-los.



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Meu nome é Olívio Rainha. Eu fiquei cinco anos fora da minha cidade, com apenas uma coisa em mente: Água de coco. Pura e límpida, sem os seus habituais envenenadores. Para garanti-la em sua forma ideal, tive que me tornar o Cuecão. Infelizmente, as coisas não foram tão simples quanto eu previa.

Anteriormente, eu conheci um vigilante que se fantasia de morcego: O BHatman. Ambos nos ajudamos e viramos alguma espécie especial de amigos. Ele me forneceu equipamentos e coisas do tipo, o que veio a calhar quando fui envenenado pelo chocolate de coco de um atirador mortal: O Epistoleiro. E não posso ir atrás dele, a menos que o detetive Lenço me ajude.

– Você veio sozinho? – Eu pergunto, quando nos encontramos no telhado de um prédio qualquer. Em vez de seguir praticando uma voz falsa ou de usar meus celulares, meu novíssimo modificador de voz, rigorosamente ajustado para a voz da Lola, do Baby Looney Tunes Show, me permite ocultar a minha identidade por mais tempo, assim como a cueca rasgada na parte dos olhos, que eu utilizo sobre a cabeça.

– Apesar de me sentir insano por isso, sim, eu vim. O que você quer nessa cidade, Cuecão?

– Hoje, eu quero apenas um favor. O que você sabe sobre Jaimio Rouder?

– O que diabos há com essa voz? – Ele pergunta, se aproximando um pouco de mim.

– Concentre-se, Lenço! – Eu exclamo, exasperado. Meu nome já não impõe qualquer respeito, não preciso que questionem a minha voz. Duvido que o meu amigo morcego em Belo Horizonte passe por isso.

– Maldição, parece que você saiu de um desenho animado ou algo assim… - Ele diz, coçando a cabeça, confuso.

– Lenço… Foque no Jaimio.

– Ele foi morto ontem, na própria casa. Não sabemos as circunstâncias ainda. Parece algum tipo de…

– Envenenamento por chocolate. Prestígio, certo? – Eu completo para ele. Já sei de tudo isso, essas informações são inúteis para mim. Mas preciso que Lenço possa juntar os pedaços desse caso tão bem quanto eu. – Por isso eu sempre compro Cacau Show. – Jogo uma pasta para ele. – O atirador se chama Freud Lawtonelada, é um obeso que só come chocolate, quando não o está atirando nos outros. Codinome: Epistoleiro.

– Por que você está me dizendo isso? – Lenço pergunta, sinceramente confuso.

– Não quero deixá-lo livre para fazer o que quer nessa cidade. Mas não consigo fazer isso sozinho. Preciso de você, Lenço.

– Droga, essa maldita voz. Como eu posso confiar em alguém tão ridículo quanto você? – Então, o rádio dele emite um sinal. Por alguns segundos, ele apenas escuta a mensagem, aproximando o ouvido do aparelho. Sua expressão muda repentinamente. – Teremos que continuar isso outra hora, Cuecão.

– O que houve?

– O seu amigo, Lawtonelada, Epistoleiro, ou sei lá que nome tem, atacou novamente. Adão Runt foi encontrado morto. Suspeita de envenenamento por chocolate. – Ele me diz, antes de partir. Lenço não parece tão interessado em me prender, talvez por não me considerar uma ameaça tão grande assim. Isso me deixa um pouco triste e feliz. E muito humilhado. Olho no relógio, são 20:00 h. O meu tempo está acabando. Se eu estiver em um lugar como Olívio, não posso procurar pelo Epistoleiro como Cuecão. Droga.

Uma rápida troca de roupas, e me encontro com o senhor Dingle, que me leva até o prédio onde farão o leilão.

“Yaoi Feio abatia uma lagartixa com uma flecha certeira.

– Comida. – Dizia ele.

– Comida? – Eu perguntava, surpreso. Era uma maldita lagartixa. Ninguém comia lagartixas.

– Comida. – Ele confirmava, acenando para que eu fosse pegar a lagartixa morta.

– Eu tenho uma ideia melhor. Por que você não deixa eu atirar? – Perguntei, fazendo o velho chinês franzir a testa por uns momentos antes de me entregar o arco e uma flecha.

– Atire naquela árvore. – Ele disse, apontando para uma árvore particularmente grande. Eu atirei, e errei por muito, o que fez Yaoi balançar negativamente a cabeça. – 你會死的可怕。.

– O que isso significa?

– Não sei. Tenho cara de quem entende chinês?”


– Olívio, você veio. Isso é tão importante para nós. – Maria diz, enquanto me abraça, sinceramente feliz pela minha presença no salão de festas onde se reúnem os compradores da Unidaqui.

– Como diria o meu pai, é um pequeno gole para o homem, mas um grande coqueiro para o coco. – Eu comento.

– O que isso significa, Óleo? – Tereza me pergunta. Aparentemente, ela está na idade de perguntar tudo. Por sorte, sou bem evasivo.

– Não sei. Tenho cara de quem entende metáforas? – Eu a abraço. O carinho sempre faz as pessoas esquecerem da dúvida. Então, eu vejo o detetive Lenço se aproximando da minha mãe e sussurrando algo para ela. O que ele estava fazendo aqui? Ele não deveria procurar pelo Freud?

– Isso é um absurdo. – Eu ouço minha mãe dizer para ele, um tanto assustada, e fico com uma ideia na cabeça. Ela dói um pouco, como acontece sempre que tenho ideias.

Acesso a internet pelo celular, não é grande coisa, mas nós ricos podemos pagar pelo 16G oferecido pela Lua, que é um satélite gigante. Então, eu descubro a verdade, Adão Runt e Jaimio Rouder também estavam na disputa pela Unidaqui. Repentinamente, um dos garçons dedicados a servir os clientes que participarão do leilão entrega uma carta para Maria. Uma epístola.

Olho para as janelas, ignorando o resto ao meu redor. De onde ele pode atirar? De onde? De onde? De onde? Então, um chocolate voador irrompe pela janela, despedaçando o vidro. Minha reação é excelente, mas nem eu posso pará-lo, não na velocidade em que ele está. Minha mãe nem entende o que está acontecendo, mas Lenço consegue empurrá-la para o lado, desviando do Prestígio que atinge um dos garçons.

O tumulto se torna generalizado no recinto. Eu localizo o senhor Dingle se aproximando de nós.

– Cuide delas, Dingle! – Falo para ele, empurrando Maria e Tereza em sua direção, mesmo enquanto elas protestam sobre a minha segurança. – Vão!

Só há um lugar de onde ele poderia ter atirado aquele chocolate. Um atirador conhece o outro. Vou para o prédio vizinho enquanto tiro a cueca e coloco na cabeça. Não trouxe arco nem flecha, mas peguei um trunfo ainda maior na mesa do Buffet. Espero que isso baste.

Chego no terraço do prédio. Lá está ele. Um obeso usando o fundo de uma garrafa em um dos olhos. Do seu lado, várias caixas de chocolate da Garoto.

– O Cuecão. – Ele diz, ao me ver. – Eu admiro o seu trabalho. – Então, arremessa um chocolate de amendoim em mim.

– Não estamos na mesma linha de trabalho. – Eu grito de volta, me escondendo atrás de uma caixa d'água. Então, repentinamente temos companhia e não é a polícia. Dingle aparentemente me seguiu e o Epistoleiro não quer ter piedade dele. A última coisa que Dingle vê é um chocolate de coco voando em sua boca. – Maldito!

Então, eu tiro o meu trunfo do bolso. Um bife. Eu seguro aquele pedaço de carne salgado e gorduroso com força antes de atirá-lo em Lawtonelada. A princípio, não parece surtir efeito, mas o sal é demais para aquele homem que cai, desmaiado. Eu deveria entregá-lo para a polícia, mas tenho outras preocupações. Preciso salvar a vida de Dingle.


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