Arrow de coco escrita por Ricardo Oliveira


Capítulo 7
Capítulo 7.1 - Epistoleiro




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Meu nome é Olívio Rainha. Pelo menos, metade da cidade me conhece assim. O garoto rico que passou cinco anos na ilha Dois Irmãos. A outra metade me conhece como Cuecão. Um vigilante implacável que busca trazer justiça ao coco, e salvar seus derivados que os empresários da minha cidade insistem em envenenar.

Jaimio Rouder é um deles. Ele é o responsável pela morte de incontáveis pessoas com o seu suco de coco. E aqui estou eu, na sua cobertura, vendo-o à beira da piscina com algum tipo de papel na mão. Curtindo o dinheiro. Dinheiro fruto de muitas mortes e muitos cocos adulterados. Não mais.

– Jaimio Rouder! – Eu grito. Pratiquei a minha voz de vigilante. Ela é quase rouca, mas sólida. Por baixo do meu capuz verde, uma máscara em forma de cueca. O idiota se sobressalta. Com certeza, ele já ouviu rumores sobre o Cuecão. E, com certeza, duvidou deles. Mas eu não vou deixar dúvidas. Vim aqui para purificar a minha água de coco. – Você falhou com o coco!

– Não, não, eu… - Uma ardência se espalha pelo meu braço. Um problema. O menor da noite. Sangue se espalha pelo tórax de Jaimio. Ele cai na piscina. Eu me escondo em algum lugar e tento identificar a origem do disparo. Sem sucesso, o atirador se foi. O tiro destinado a Jaimio pegou de raspão em mim. Não seria um problema.

Mas é. Não sei que tipo de bala ele usou até tocar na ferida. Chocolate e coco. Prestígio. O chocolate mais mortal de todo o mundo. O penúltimo a ser retirado da caixa da Garoto. O último era o de amendoim. Sim, sou tomado por lembranças do tempo de pobreza enquanto agonizo de dor. Estou morrendo envenenado.

Lentamente, mais do que de costume, vou até a Aljava. Lá tem algo que eu posso usar contra isso. O antídoto natural do mundo. Cura ressacas, envenenamentos e doenças. É gostoso. Quase tanto quanto água de coco. Me fez conquistar uma amizade importante. Sim, o guaravita.

Eu tomo um gole. O bastante para me fazer dormir e metabolizar os efeitos. Logo depois de acordar, limpo a ferida no braço. A casca dura de chocolate do Prestígio me atingiu de forma superficial, mas doeu. Tento usar os sofisticados computadores que o Bruno deixou para mim, a fim de encontrar a identidade do atirador. Não são muitos deles que usam Prestígio para abater as vítimas. O que era irônico. Um coco envenenado matando um envenenador de coco.

Eu finalmente encontro um nome. Epistoleiro. Um atirador do submundo que deixa cartas – Ou epístolas – nos locais do crime antes de cometê-los. Muita coisa se explica nisso. O papel na mão do Jaimio. Ele sabia que ia morrer, ou… Ele duvidava disso? Mas, que motivo, além dos meus, levaria alguém a querer matar Jaimio Rouder?

Meu celular toca. É Maria, minha mãe.

– Alô?

– Óleo? Você está sumido. Lembra que hoje à noite é o leilão da Unidaqui, certo? – O leilão. A Coconsolidados quer comprar as empresas Unidaqui, que produzem helicópteros. É algo estranho, na verdade. Segundo minha mãe, nossa intenção é melhorar o transporte de água de coco pelo Brasil. Não tenho tanta certeza disso.

– Sim, sim, claro. – Eu respondo. – Eu estarei lá.

– Ótimo, mandarei o senhor Dingle ir te buscar às 20:00 h.

– Certo. Até lá. – Eu me despeço. Olho para o relógio. São exatamente 17:00 h. Tenho pouco tempo para descobrir a respeito do Epistoleiro e pará-lo antes que mais alguém saia ferido.

“– Bata na água. – Dizia Yaoi Feio, ele havia enchido uma bacia com água e agora queria que eu batesse nela. Um chinês estranho, de fato.

– Qual o ponto disso? – Eu perguntava, entediado. Queria sair dali, embora no meu íntimo soubesse que não havia maneira.

– Força. Você parece um palito.

Um pouco furioso, eu batia na água.

– De novo. – Ele dizia. E eu repetia. Repetia. Repetia. Até a água acabar e ele me dizer: - Encha novamente.

Eu o conhecia o suficiente para saber que não era uma boa ideia dizer ou fazer o contrário. Aquele maldito arqueiro chinês velhote era perigoso.”

Eu pego um dos celulares impossíveis de rastrear que o Bruno deixou. Preciso fazer uma ligação.

– Quem é? – O homem que atende pergunta, eu sei quem ele é. Ele é o pai da Diná. Quentinha Lenço. Também é o detetive responsável pelo caso do Cuecão.

– Detetive Lenço. Eu preciso da sua ajuda. – O telefone também camufla a minha voz.

– Quem é você?

– O Cuecão. E, se trabalharmos juntos, podemos salvar vidas hoje. – Não tenho muito tempo. Preciso do Quentinha. E de água de coco. Mas tenho algumas prioridades. Ninguém elimina pessoas na minha cidade, além de mim.


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