– Espera ai! Está me dizendo que Damon Salvatore recuou quando foi confrontado por Katherine ? - Bonnie ficou quase louca ao receber a notícia da briga entre Stefan, Damon e eu, assim como os outros presentes ali .
Nós havíamos nos reunido na casa de Stefan e Caroline para fazer o trabalho que o Sr.Saltzman havia pedido . Aparentemente, o professor havia montado um grupo de sete pessoa formado por Jer, Stefan, Caroline, Bonnie, Nadia, Matt e, olhe que surpresa, nosso querido e amado Salvatore . Era incrível a minha sorte . Nós nos reunimos na sala da estar dos Forbes, todos espalhados pelo chão, cercados por algumas batatinhas e refrigerantes que a Sr.Forbes fora gentil em oferecer . A Mãe de Car e Stefan havia saído para o trabalho na delegacia, deixando Bonnie, Jeremy , os irmãos Forbes e eu sozinhos enquanto esperávamos pela chegada dos outros .
– Isso mesmo . -Stefan confirmou pela quinta vez enquanto Bonnie, Car e Jer me encaravam quase de boca aberta .- Ele foi um idiota, como sempre , e de repente eu só pude ver Kath batendo de frente com o cara com se isso fosse a coisa mais normal do mundo .
– Eu não vejo o que tem demais nisso .- Balançei a cabeça, um tanto incomodada ao pegar algumas batatinhas .
– O que tem demais ? O que tem demais ?! - Caroline surtou, balançando as mãos no ar como só ela sabia fazer . - Vou lhe dizer o que tem demais . Damon é o tipo de garoto que tem o que quer, quando quer . Quase todos na escola tem medo dele . E para piorar, ele é amigo do Tyler, que por sorte do destino, é filho do prefeito! Ele poderia fazer da sua vida naquela escola um inferno .
– Você é amiga dele .- Destaquei tirando meu caderno e minhas canetas de minha mochila e colocando ao meu lado . Eu simplesmente não entendia por que aquilo tudo era tão importante .
– Não . Eu sou a ... amiga do amigo dele .- Ela se corrigiu rapidamente ao notar o olhar de Stefan sobre ela .- E eu já tenho minha reputação ali formada . Todos nós temos . Mas você ...
– O que ela quer dizer - Bonnie a cortou , revirando os olhos para a amiga .- é que a maioria dos alunos tem medo do garoto, a não ser por nós e, bem, ele vê isso como uma ameaça . E você é nova aqui, então encara-lo assim como se fosse normal é ... um tanto ... incomum .
– Ele só não me assusta . - Dei de ombro ao tomar o último gole da minha latinha de refrigerante . - Ele é um garoto mimado, idiota, e que se acha no direito de passar por cima de todos . Isso não é certo, e se ele acha que vou baixar minha cabeça para ele, está muito enganado .
– Essa, sim, é minha Kath ! - Jer abraçou meus ombros, bagunçando meu cabelo .
Eu o estapeava, tentando faze-lo parar, enquanto os outros riam . Eu já estava começando a me irritar, mas assim que consegui afasta-lo e arrumar minhas mechas bagunçadas, o som estridente da campainha tocou, anunciando alguém na porta .
– Devem ser eles .- Car se levantou com um pulo , toda animada, correndo para atendê-los .
– Vou precisar de algo mais forte do que refrigerante para aguentar isso .- Stefan fez uma careta ao se levantar também .
– Aceita companhia ? - Eu o segui para a cozinha, onde ele se abaixou no armário, procurando por algo . Eu definitivamente não estaria na sala para presenciar a chegada do Salvatore .
– Isso deve servir .- Stefan disse ao pegar dois copos e se juntar a mim no balcão de mármore, com uma garrafa de Jim Beam em mãos .
– É o mais forte que tem? - Eu ri, ao pegar o copo que ele me ofereceu . Ele me olhou um tanto intrigado por um momento, balançando a cabeça e nos servindo .
– Não sei por que, mas acho que uma parte de mim ainda esperava que você fosse o tipo de garota certinha, que não bebe, nunca se mete em problemas, tem boas notas e tudo isso .
Eu dei um belo gole no líquido em meu copo, praticamente virando o conteúdo de uma vez só em minha boca e sentindo o álcool descer por meu esôfago . Eu sabia que aquilo não ajudaria em nada no trabalho, mas eu realmente precisava relaxar .
– Eu acho que não faço muito o tipo santa . - Eu ri ao baixar o copo com uma breve careta e me virei para ele . - Pelo menos não antes .
– E o que foi que aconteceu ? - Ele bebeu um pouco de seu copo, com os olhos fixos nos meus .
– Acho que foi toda essa coisa do acidente . - Respondi como sinceridade , dando de ombros . Stefan já sabia de meu pai, então eu simplesmente não via motivo em não lhe contar aquilo. De alguma forma eu sabia que poderia confiar nele . Stefan parecia entender o que eu sentia e eu duvidava de que ele mencionasse isso para mais alguém. - Eu me meti em problemas, para começo de conversa, então acho que se tivesse tomado mais cuidado ... as coisas só podiam ser diferentes, sabe ? Isso me fez abrir os olhos .
– Não foi sua culpa,Katherine ...
– Eu sei que não, Stefan . Mas o engraçado é que eu era exatamente como Damon . Eu era mimada e estúpida ... Acho que eu poderia ter, sei lá, tornado as coisas mais fáceis .
Eu olhei o copo em minhas mãos por um momento, lembrando-me de todas as vezes em que havia discutido com meus pais por futilidade . Eu fora uma péssima filha para meu pai e as vezes me pegava imaginando como tudo poderia ser melhor se eu não fosse tão infantil . Eu não poderia mudar aquilo, mas talvez pudesse ser uma filha melhor para Jenna .
–Só para constar, eu não acho que seja igual ao Salvatore . - Stefan sorriu para mim de forma doce, servindo mais uma dose da bebida em meu copo.
– Fico feliz em ouvir isso . - Eu ri.
– O que diabos vocês dois estão fazendo nessa cozinha ? - Ouvimos Jeremy gritando da sala . Eu podia imaginar sua testa e sobrancelhas franzidas com toda aquela sua pose de primo responsável .
– Trasando loucamente sobre o balcão ! - Stefan gritou de volta fazendo-me quase engasgar com minha bebida e começar a gargalhar.
– Ai, cara ... Nunca mais chego perto daquele balcão . - Car se lamentou baixinho no outro cômodo, fazendo-me rir ainda mais . Que tipo de amigos meu primo tinha ? Eles só podiam ser loucos !
– Vamos, garota sexy .-Stefan brincou, me chamando com uma piscadela ao pegar a garrafa e me arrastou para a sala com os braços em volta de minha cintura .
O resto das pessoas que faltavam estavam ali . Matt esparramado em um dos sofás com uma Nadia sorridente sentada em seu colo, e Damon logo no fundo, escorado na parede . Era de se esperar que ele não se sentisse confortável, se levar em conta que a única que realmente o suportava ali era Caroline . Eu apenas evitei seu olhar e me sentei novamente no chão ao lado de Stefan quando ele soltou meus ombros .
Eu havia escolhido apenas uma regata preta, uma jaqueta vermelha colada e uma saia quadriculada para fazer o trabalho, e imediatamente me arrependi ao ter que me sentar no chão . Aquela exatamente a melhor roupa para aquela ocasião, quando a maioria, a nãos ser Car com seu vestido florido, haviam escolhido calça jeans .
– Por favor, me diga que não está embebedando minha prima . - Jer pediu com um olhar acusatório ao ver a garrafa na mão de Stefan . O fato de ele já saber de todo o problema em que eu havia me metido com bebidas em NY não me surpreendeu e eu quase o abracei por se preocupar tanto comigo .
– Relaxa, mamãe .- Eu brinquei, dando mais um gole no copo em minhas mãos e lhe lançando um daqueles olhares devoradores de homens .- Achei que vocês sabiam se divertir . Não vou correr nua pela vizinhança .
Bonnie sorriu , apertando as bochechas coradas de Jer enquanto Car revirava os olhos e Nadia, Stefan e Matt riam .
– Será que podemos cuidar logo disso . - Damon pediu, rabugento com uma cara de poucos amigos .- Quanto mais cedo começarmos, mais cedo eu posso dar o fora daqui .
– Agradável como sempre .- Susurrei para Stefan, fazendo soltar mais uma risada .
– Algum problema, Forbes ? - Damon perguntou já em um posição tensa, se preparando para pular em cima de meu amigo .
– Calma aí, nervosinho .-Eu olhei nos olhos dele, vendo sua fúria aumentar ao ser confrontado .- Sabe, alguém devia pensar seriamente em te colocar uma coleira . Você precisa ser domado .

– Está se oferecendo ? - Ele desafiou em tom quase selvagem e raivoso .
– Tá legal ! Chega ! - Caroline interviu, antes que aquilo pudesse virar uma discussão, e eu quase podia agradecê-la . Tinha certeza que Damon retrucaria, e eu definitivamente não levaria desaforo para casa . - Será que podem tentar não se matar por pelo menos uma hora, enquanto fazemos essa droga desse trabalho ?
– Que se dane .
– Tanto faz . - Revirei os olhos .
– Ótimo ! Eu vou pegar meu notebook e quando eu voltar quero todos sentadinhos e quietinhos, me ouviram ? - Car olhou para mim e depois para o garoto, e recebendo um aceno de cabeça ela saiu da sala .
– Ela é sempre tão controladora assim ? - Perguntei a ninguém em especial .
– As vezes é pior . - Stef brincou com os olhos brilhando . Apesar de toda essa implicância ele parecia ter certo orgulho e carinho pela irmã . Chegava a ser bonito de observar .
Quando Car voltou,alguns minutinhos depois, já carregando o notebook e alguns livros de capa escura, todos já haviam tomado seu lugar . Bonnie escolhera sentar-se do outro lado de Stefan, e ao seu lado estavam Jeremy seguido por Matt, Nadia e logo depois Caroline . O círculo estava quase completo, mas Damon se recusava a tomar o lugar que havia sobrado ao meu lado . Eu agradeci mentalmente por ele ser tão teimoso, até que Caroline o encarou com certa ferocidade e apontou para o chão ao meu lado, obriganda-o a sentar-se a contragosto . Agora, como se já não bastasse permanecer no mesmo cômodo que ele, eu ainda teria que suporta-lo ao meu lado . Eu definitivamente não sabia se Caroline estava testando minha paciência, e naquele momento eu torturei Stefan mentalmente por tê-la como irmã .
– Eu falei com a minha mãe e consegui algumas coisas antigas na biblioteca da cidade . Tipo, antigas mesmo .- Ela soltou os livros no chão e ligou o notebook nos chão a sua frente . - Pensei que poderia nos ajudar .

– Vamos achar esse tipo de coisas sobre focos mitológicos nesses livros ?- Eu peguei um deles espalhados pelo chão e passei a mão sobre a capa castanha de alto relevo, limpando o pouco de poeira que tinha sobre ele . As figuras douradas mostradas contra o couro, revelavam o desenho de algumas espécie de pentagrama ou algo estranho do tipo . Aquilo me dava arrepios embora em achasse interessante .
– A cidade tem muitas lendas .- Matt me explicou, gentil como sempre . - A maioria são ainda da época da guerra, quando as pessoas buscavam conforto no sobrenatural para aguentar aos tempos difíceis . Muitas das lendas sugeriam que os monstros estavam soltos pela cidade . Diziam que os vampiros e os lobos matavam os soldados e algumas dos antecessores das famílias fundadoras . Depois de um tempo, as pessoas enlouqueceram tanto que, depois da morte de seus maridos, as esposas ficavam plantadas na varanda de suas casas esperando que suas maridos fossem trazidos de volta a vida por bruxas .
– Familias fundadoras ? - Eu não me lembrava exatamente sobre aquilo . Meu pai me contara algumas coisas sobre eles, mas nada que achasse valer a pena prestar atenção na época . Aquilo me parecia um pouco insano .
– As pessoas que fundaram a cidade .- Caroline respondeu com certo orgulho . - Aparentemente os Forbes faziam parte disso tudo assim como os Fell os Lockwood, os Salvatore e alguns outros .
– Um bando de idiotas . - Damon respondeu cheio de desprezo quando o olhei . - Isso tudo é bobagem .
– Bobagem ou não, parece legal . - Eu sorri para Care animada com aquele trabalho .
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Foi até divertido, se tirássemos os comentários irônicos de Damon dirigidos a mim ( Aquele cara sabia mesmo como irritar alguém) . Eu me lembrava de histórias que meu pai sempre me contava sobre o passado de Mystic Falls . Aparentemente, a cidade havia crescido sob lendas e mitos fictícios sobre monstros da noite . Aquilo tudo era até divertido, mas Caroline e Nadia tinham completo pavor das histórias, o que só nos servira para brincadeiras com intenção de irritá-las .
– Isso tudo é tão ridículo ! - Jeremy se queixou, jogando-se no chão .
– Acho divertido . - Eu disse um tanto sonhadora, rescostando minhas costas na parte inferior do sofá . - Pense só . Imortalidade . Esse tempo todo para viajar pelo mundo ... A liberdade .
– Claro ! Imagine só! Vampiros por toda parte tentando te morder . - Stefan puxou meu cabelo para trás e ameaçou uma mordida em meu pescoço . Senti minha pele arrepiar imediatamente ao sentir a aproximação .
Maldito Stefan , eu pensei em desespero ao sentir minhas bochechas ficarem vermelhas com aquela brincadeira . Eu sabia que estavam todos olhando e naquele momento, eu quase o estapeei para afasta-lo . Mas ao invés disso, não sei se pelo álcool em meu organismo ou simplesmente por que não me importava com tê-lo próximo , eu decidi não afastá-lo . Eu senti seus dentes brevemente em contato com a pele de meu pescoço sem qualquer força e me arrepiando novamente, eu comecei a rir .
– Tá, eu não preciso ver isso . - Eu ouvi a voz irritada do Salvatore ao meu lado e logo o vi se levantar .- Caso não precisem mais de mim, estou indo .
Como não havia recebido resposta de ninguém, Damon simplesmente pegou suas coisas e saiu dali rapidamente, batendo a porta com força ao sair da casa . Todos ficaram em silêncio por um momento, sem entender sua saída dramática e enfurecida . Aquele garoto tinha sérios problemas com personalidade . Eu realmente não conseguia entendê-lo com toda essa pose inquebrável de macho alfa . Eu podia cada vez mais me ver nele . A forma de agir, como se nada no mundo importasse ... Eu conhecia o que tinha por baixo de tudo aquilo, mas isso não me fazia odiá-lo menos . Damon Salvatore era um idiota, e isso ninguém poderia mudar .
– Irritadinho .- Stefan sussurrou para mim ao me soltar, fazendo-me dar uma risadinha .
– Ele não é sempre assim .- Caroline o defendeu, destraída enquanto ainda encarava a porta por onde ele havia saído .
– Claro . Tirando toda essa superficialidade e exibicionismo, ele até parece um lindo cão raivoso .
– Fala sério, Katherine, você já deveria estar acostumada .
– Como assim? - Eu perguntei a Jeremy, sem entender o que ele queria dizer .
– Seu namorado não era muito diferente .
– Ex .- Eu corrigi , estranhando o fato de ele tocar nesse assunto .- E Bradd não era nada parecido com Damon .
– Ah, ele é sim . Você sabe disso . E você, querida prima, não ficava atrás .
– Espera aí! - Nadia me encarou e por um momento e me mediu de cima a baixo como se me analisasse . Eu parei, imóvel e de repente todos estavam me olhando . - Ai cara, não vai me dizer que Katherine era um deles .
– Ao extremo . Uma dos piores tipos. - Meu primo confirmou com uma risadinha . Eu encarei aquele traíra sem acreditar que ele fosse capaz de contar a todos ali a garota mimada que eu um dia fora . Aquilo era humilhante . Me lembrar de toda aquela estupidez não era exatamente meu hobby favorito . - Se fosse em outra época, eu não duvidaria que ela seguisse o Salvatore como um cachorrinho .
– Eu não era assim ! - Menti .
– Ah, você era, sim . Quando você e aquele seu namoradinho estavam juntos, eram como se fossem o topo do mundo . Faziam de tudo para serem adorados por todos . Deus sabe o quanto sofri quando fomos lhe visitar em Nova York . Você sempre estava pelos cantos se agarrando com ele, bebendo ou em festas que sempre acabavam mal . Para sua sorte, seus pais nunca souberam de nada importante ou perigoso demais que pudesse te colocar em problemas .
– E o que te fez mudar ?- Caroline perguntou .
Naquele momento eu simplesmente emudeci, parada ali como se fosse uma pedra . Eu não queria responder aquela pergunta . Uma coisa era contar a Stefan tudo o que havia acontecido e todos os meus motivos para ser o que sou agora, mas outra completamente diferente era apenas abrir minha boca no meio de todos ali e contar tudo . Eu não poderia fazer isso . Não por que eu não confiava neles, quando os amigos de Jer haviam se mostrado ótimas pessoas, mas sim por que eu não estava pronta para receber todos os olhares de pena e consolo dos outros . Eu não precisava e não queria aquilo . Mas os outros ali em volta pareciam esperar uma resposta minha, quando eu realmente não sabia o que dizer .
– Pessoas mudam, ora! - Stefan respondeu ao perceber a confusão de alguns com minha hesitação .
Jeremy baixou a cabeça, sem saber o que dizer e um tanto envergonhado por ter aberto a boca . Eu vi Caroline dar de ombros e Bonnie me encarar um tanto desconfiada . Se Matt e Nadia suspeitaram de algo, não deram a menor menção . Eu olhei pelo canto dos olhos para Stefan, agradecendo mentalmente por sua ajuda, e recebi uma piscadela . Eu não podia estar mais grata por ter sua ajuda .
–Muito bem ! Acho que por hoje acabamos .- Caroline avisou, fechando o notebook em sua frente , recolhendo os livros e se espreguiçando . Todos ali suspiraram em alívio por finalmente nos vermos livres daquele trabalho .
– Finalmente . - Eu tentei me levantar para poder esticar esticar minhas pernas, mas ela pareceram fraquejar momentaneamente em cima de meus saltos e, se não tivesse me apoiado no ombro de Stefan, eu provavelmente iria ao chão .
– Calma aí, Kath !- Stefan riu, segurando minha cintura enquanto eu recuperava o equilíbrio . - Achei que fosse mais forte para bebidas .
– Engraçadinho .- Eu mostrei língua para ele é ajeitei minha saia .- Onde é o banheiro ? - Perguntei a Caroline .
– Segunda porta à direita no corredor .
Saí da sala sem qualquer problema de equilíbrio, o que me fizera constatar que minha resistência ao álcool continuava a mesma . Eu andei pelo curto corredor da casa dos Forbes, indo na direção em que Care havia me apontado . Era claro ali, mesmo sem qualquer iluminação de lâmpadas contra a pouca luz do entardecer . No fim do corredor havia uma porta de vidro revelando as árvores atrás da casa . Ignorando a porta do banheiro, eu caminhei até ela, empurrando-a e revelando a sacada . O Sol já estava se pondo ao oeste atrás das árvores, com a luz do crepúsculo . Era lindo de se ver .
Em Nova York, Charlotte, Raven, meus pais e eu costumávamos sair de todo aquele caos de cidade grande em alguns dias . Nós dirigiamos até o um dos pontos mais altos da cidade e sentávamos sobre o capô do carro para observar o por do Sol . Aquilo sempre fora algo que fizera parte de minha felicidade . Estar com meus pais e minha melhores amigas era algo que sensação nenhuma se comparava . Mas eu nunca soubera aproveitar aquilo apropriadamente, muitas vezes deixando um desses programas de lado para sair com Bradd ou para fingir estudar na casa de alguma amiga para depois fugir para alguma festa . Se eu pudesse voltar no tempo ... eu poderia tirar verdadeiro proveito de todos os momentos em que estivera junto com as pessoas que mais importavam em minha vida sem simplesmente ignorar a felicidade que me aguardava .
Em uma de nossas poucas brigas, Charlotte havia me repreendido sobre como todos aqueles meus atos impensados e irresponsáveis algum dia seriam capaz de afastar as pessoas que eu amava . Ela e Raven nunca haviam gostado da pessoa que eu me tornava ao lado de Bradd ou com os amigos dele . Elas diziam que isso ainda acabaria comigo e que algum dia eu iria me arrepender de todos os meu atos de garota mimada .

Elas estavam certas .

Se eu ao menos tivesse ouvido minhas amigas, muita coisa poderia ter sido melhor . Talvez até se não tivessem me pego com os amigos de meu ex namorado, bebendo no vestiário do campo de futebol aquele dia, ele estaria aqui . Se eu não tivesse sido tão idiota o suficiente para pensar que merecia mais atenção do que eu já tinha nos meio de todos aqueles alunos, se eu houvesse parado para pensar em algo que não fosse festas e essas idiotices talvez ... talvez ele ainda estivesse vivo ao meu lado . E por mais que eu já houvesse me convencido de que nada aquilo fora minha culpa, eu não podia deixar de pensar que se eu não fosse tão fútil, as coisas teriam sido diferente e ele não estaria naquele carro . Mas , no fundo de minha mente , eu sabia que isso não era tudo . Havia algo que eu não havia contado nem mesmo para Jeremy ou Stefan . Algo que ninguém mais sabia . Talvez ... se eu não tivesse discutido com ele naquela última vez , eu não precisaria me lamentar por ele . Talvez eu estivesse ao seu lado naquele último momento , como ele sempre havia estado comigo .
Talvez isso fosse o mesmo que culpar a mim mesma, mas que diferencia faria ? Nada o traria de volta ou mudaria o fato de que eu o havia perdido por pura estupidez . E foi com esse pensamento que eu senti as lágrimas rolarem por minha pele . Eu ouvi passos leves atrás de mim e as limpei rapidamente, sem querer deixar vestígios.
– Pensei que talvez houvesse se perdido .- Stef brincou, se juntando a mim na sacada . Eu continuei a olhar para frente, nas árvores, para evitar que ele visse caso houvesse qualquer coisa que denunciasse meu curto ataque de alto-piedade .
– Não, eu só ... vi isso e parei um minuto .
– É minha parte favorita da casa . - Ele suspirou e puxou duas cadeiras de madeira que haviam no canto para nos sentarmos . Eu agradeci com um aceno de cabeça e me sentei, qualquer vontade de ir ao banheiro sendo esquecida .
– Obrigada por ... você sabe . A pergunta da sua irmã .
– Sem problema . Eu sei como isso pode ser chato .
– Eu só não quero que todos saibam . Não ainda .
– Tudo bem, Katherine . O recomeço perde o sentido quando se é seguido por sua história.
Eu senti Stefan me olhar e me virei para ele, me ajeitando para que ficasse quase deitada de lado na cadeira . Eu não podiam ver qualquer vestígio de pena em seu olhar . Só havia compreensão e um brilho amistoso do Sol contra sua íris verde . Eu quase me permiti pensar que se Bradd fosse como ele, eu seria feliz . Stefan parecia o tipo de garoto fofo e cavalheiro que uma garota seria sortuda em ter como namorado . Eu sorri e desviei meus olhos para as árvore novamente, vendo-as esconderem qualquer luz .
– De qual planeta você veio? - Eu perguntei retoricamente ,rindo levemente .- Stefan, você não pode ser normal .
– Porque não? - Ele colocou a mão no peito, fingindo estar ofendido .
– Você só .. não é como os outros. - Respondi ainda sem olha-lo .- Meu primo tem sorte em ter amigos como você .
– E sorte de ter você como prima .
Eu senti minhas bochechas corarem e rezei para que a pouca luz fizesse impossível de Stefan ver . Seu tom de voz quase dava a leve impressão de que ele estava flertando comigo, e logo me perguntei onde fora parar a Katherine cheia de atitude que teria uma resposta na ponta da língua . Eu podia imaginá-la atrás da porta de meu inconsciente, dando tchauzinho e batendo a porta com força antes de trancá-la. Eu a xingava mentalmente por ser tão covarde quando a barulho dos passos de alguém se fizeram notar a nossas costas .
– Aí estão vocês .- Eu ouvi a voz de Bonnie e me virei para vê-la sorridente no meio do corredor .- Jeremy está querendo ir embora, Katherine . Ele perguntou se quer ir com a gente ou se vai pegar carona com alguém .
– Não, não . Vou com vocês .- Eu disse me levantando . Definitivamente não iria atrapalhar alguém quando Jeremy estaria indo para casa .
– Nos vemos depois ? - Perguntei a Stefan quando Bonnie se foi . Ele se levantou e caminhou devagar ao meu lado pelo corredor .
– Claro, claro .- Ele acenou examinando as mãos em um gesto um tanto nervoso . - Olha, vamos à uma festa na casa do Tyler depois do jogo no domingo . Só a galera do time , uma galera da escola e alguns convidados . Eu conversei com Jer e pensei .. talvez você quisesse ir .
– No domingo ? Por mim tudo bem .
– Okay .- Ele suspirou um tanto aliviado quando entramos na sala .
Jeremy e Bonnie já estavam em pé ao lado do sofá prontos para irem . Caroline e Nadia recolhiam todos os copos e pacotes de batatinhas pelo chão, enquanto Matt se jogava no sofá novamente .
– Até domingo, então .- Eu disse para Stefan, recebendo um beijo na bochecha e me despedindo dos outros antes de seguir Bon e Jer até o carro em silêncio .

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– Vou apenas deixar Bonnie na casa dela .- Jer disse assim que eu saí do carro na frente da casa dos Gilbert, um tanto envergonhado .- Tia Jenna pediu para avisar que saiu com meus pais . Algo a ver com a loja, mas não se preocupe . Eu volto logo .
– Vaza daqui, Gilbert .- Eu brinquei, rindo de todo o seu cuidado comigo .
Eu vi seu carro se afastar e imediatamente soube que Jer levando Bonnie em casa demoraria mais do que ele dizia . Foi rindo com aquele pensamento que entrei em casa e subi para o meu quarto, decidindo não esperá-lo .