A New Place To Start escrita por WhateverDhampir


Capítulo 27
Capítulo 23 – Problemas paternos.


Notas iniciais do capítulo

Bem, galera, me desculpem pelo pequeno atraso, mas eu estou enterrada até a cabeça de tarefas e trabalhos do colégio.
Mas e quanto a vcs? Sumiram '-'



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POV Stefan

Eu havia passado a noite na casa de Katherine. Tentei argumentar, dizendo que talvez aquilo não fosse uma boa ideia, afinal a mãe dela havia nos pegado praticamente nus. Mas quando ela insistiu, olhando para mim com aqueles olhos inchados de tanto chorar, eu não pude dizer não. Eu tinha ouvido os gritos vindos da cozinha e sabia que sua discussão com a mãe não tinha sido nada amigável. Eu poderia perguntar a ela sobre o tal garoto do bar, mas após alguns segundo me convenci de que aquele não era o melhor assunto no momento. Mas eu sabia que teria de perguntar em algum momento. Eu me sentia quase... possessivo em relação a Katherine, como se ela já fosse minha. Eu sabia que não era assim, mas isso não me deixava menos perturbado. Katherine andava meio fechada desde a história com Rebekah. Eu vinha tentando entende-la da melhor forma possível, mas algo em mim se recusava a esquecer o olhar que ela tinha dirigido a mim durante o almoço no colégio. Sobre como ela simplesmente me olhou nos olhos com tanta frieza e me disse que talvez eu não a conhecesse tão bem. Eu sabia que ela estava errada, no entanto. Eu havia sido que a tinha melhor entendido desde sua chegada a Mystic Falls... certo?

Nós havíamos dormido um pouco demais e enquanto eu observava os últimos raios de sol da tarde entrarem pela janela e iluminarem a linha da cintura delicada, tudo que eu conseguia pensar era como Kath vinha agindo desde a chegada de suas amigas. Era como se ela fosse outra pessoa e não a garota que eu havia conhecido. Katherine estava mais... forte? Era como se algo selvagem dentro dela estivesse lutando para se libertar. Levando em conta tudo o que vinha acontecendo ultimamente, eu não sabia o que esperar dessa Katherine. Eu não sabia nem mesmo se poderia lidar com ela da mesma forma como lidava com a garota deitada ao meu lado.

Eu vinha tentando ser neutro entre ela e minha irmã, mas as coisas não estavam sendo fáceis. Caroline havia se prendido em uma rotina que se constituía basicamente em tentar me convencer sobre como Katherine quebraria meu coração em milhões de pedacinhos ou sobre como nossos amigos e eu estávamos errados sobre quem ela era. Eu normalmente sempre confiava em Care. Mas estávamos certos, eu sabia disso. Kath tinha um passado. Um passado que ela estava tentando enterrar e seguir em frente. A garota que ela era não importava mais. Ou pelo menos, era assim que deveria ser.

Parte de mim não conseguia parar de pensar sobre como a antiga Kath se encaixaria bem na pequena turma do Salvatore. Talvez fosse por isso que sempre que os via minimamente perto um do outro, cada parte de mim me dizia para que eu a jogasse sobre os ombros e fugisse com ela para longe dele. E sempre que eu me lembrava da forma como ele a havia acobertado para o diretor, eu tinha vontade de socar algo. Damon estava envolvido naquilo, eu tinha certeza. E isso só me fazia imagina-los armando para Rebekah. Então, quando ela voltou para o refeitório e comentou com Raven a forma como Rebekah estava com toda a história do vestiário, senti como se tivesse sido traído. Eu tentei defende-la e, no entanto, ela havia confessado sua parte naquilo tudo. Katherine era inconstante e imprevisível. Talvez fosse isso o que mais me assustava sobre ela.

Meu celular apitou no criado mudo e eu me estiquei sobre o corpo de Katherine para pega-lo, tomando cuidado para não acorda-la. Era uma mensagem de Caroline, e por um momento fiquei tentado a ignora-la e voltar a dormir. Mas eu sabia que ela não deixaria seu orgulho de lado e me mandaria uma mensagem a não ser que fosse importante.

Lexi está na cidade.

Mamãe me deixou dar uma festa.

Apareça, se não estiver ocupado demais.

Eu sabia o que ela queria dizer com “ocupado demais”, mas resolvi ignorar. Lexi, minha amiga de infância desde a época em que eu ainda morava com meus pais biológicos, estava na cidade. Nós havíamos crescido juntos e eu não via a hora de apresenta-la à Katherine. Afinal, ela vivia me torrando a paciência dizendo que devia aproveitar mais a vida e sair com mais garotas. Talvez Kath a fizesse se calar de uma vez, e essa alternativa me fez sorrir.

–Como você consegue acordar feliz?

Eu olhei para Kath e me deparei com seu próprio sorriso, olhando para mim com aqueles grandes olhos castanhos. Seu rosto ainda estava um tanto inchado de tanto chorar, mas como sempre ela parecia disposta a deixar a assunto de lado, como se devesse se preocupar com as outras pessoas em primeiro lugar. Era uma das coisas que eu admirava nela. Estar sempre disposta a deixar seus problemas de lado para ajudar os outros.

–Deixe-me ver... – eu deitei minha cabeça sobre meu braço para olhar em seus olhos enquanto brincava com um dos cachos de seu cabelo. Katherine conseguia ficar linda ate mesmo ao acordar. – Estou deitado ao lado de uma garota linda e minha melhor amiga está na cidade. Acho que tenho alguns motivos para sorrir hoje.

–Sua melhor amiga? – ela perguntou erguendo as sobrancelhas.

–O nome dela é Lexi. Ela está na cidade e Caroline resolveu dar uma festa de boas vindas. Quer vir?

Sua testa se franziu. Eu quase podia ver as engrenagens funcionando em sua cabecinha enquanto ela pensava.

–Acha que é uma boa ideia? Quer dizer, Caroline me odeia e aparecer em sua casa durante uma festa que supostamente deveria ser para sua melhor amiga...

–Care não te odeia, okay? Ela só... está sendo um pouco superprotetora. Deixe que eu me preocupe com ela.

–Tem certeza? Eu só não quero que vocês continuem nesse clima por minha causa. Ela é sua irmã, Stefan. Vocês não deveriam...

Eu a interrompi com um beijo e ela sorriu quando me afastei.

–Fico pronta em alguns minutos.

E ela não estava brincando. Considerando o tempo que Caroline demorava para se arrumar, eu não me surpreenderia se tivesse de esperar mais algumas horas por Katherine. Ela tomou um banho enquanto eu me vestia e já estava quase pronta quando eu disse que iria buscar o carro, que eu havia deixado na próxima quadra.

Eu esperei sentado no carro e alguns minutos se passaram. Eu pensei que ela tivesse desistido ou ainda não havia terminado de se arrumar, mas ela já estava praticamente pronta quando sai e disse que já estava descendo. Eu voltei para ver se estava tudo bem e a encontrei de costas para a porta, checando as correspondências em cima da mesinha no hall de entrada.

–Katherine? – ela saltou com o sobressalto, mas não se virou para mim. – Está tudo bem?

–Sim, tudo bem. – ele disse ainda de costas e eu a vi enfiar algum envelope em sua bolsa. Quando se virou para mim, notei que sua pele estava pálida, como se ela tivesse visto um fantasma.

–Tem certeza? – eu tentei me aproximar, mas ela levantou a mão, caminhou até mim e sorriu ao passar em direção ao carro, parecendo sussurrar para si mesma.

–Claro. Tudo bem.

[****]

POV Katherine

Eu permaneci o caminho todo até a casa de Stefan em silencio. Ele havia concordado que eu ligasse para Raven, Charlotte e Kyle e os convidasse para a festa. E desde que eu havia recebido a resposta de Raven, dizendo que todos estariam lá, eu não conseguia parar de balançar o celular em minha mão. Era a única coisa que eu conseguia fazer para me distrair do envelope em minha bolsa. Aquilo parecia estar fazendo com que ela parecesse dois quilos mais pesadas, e tudo que eu podia pensar era em chegar na festa e arrastar Raven para um lugar onde pudéssemos conversar a sós. Eu precisava que ela me dissesse que eu estava ficando paranoica ou que aquele envelope não tinha nada a ver com o que eu estava pensado.

Não me leve a mal. Eu não tinha preferencias entre minhas amigas. Eu as amava em igual. Mas eu sabia que a responsabilidade de Charlotte não viria a calhar naquele momento. Ela me diria que era errado abrir correspondências que não eram minhas, insistiria que eu devolvesse aquilo ao lugar onde pertencia e ficaria falando na minha cabeça por horas. Ela não entenderia. Eu precisava de Raven naquilo. Meus pais sempre a consideraram como uma filha caçula e ela conhecia bem minha família e toda a minha vida. Talvez ela pudesse me dizer que eu estava delirando e o quanto eu tinha sido estupida em pensar naquilo.

Eu podia sentir os olhos de Stefan em mim durante todo o tempo. Ele parecia dividido entre me encarar ou prestar atenção na estrada em sua frente. Eu sabia que ele havia sentido a mudança repentina em meu temperamento, mas nenhum de nós disse nada.

A festa mal havia começado quando chegamos. Já estava escurecendo e a musica alta se sobrepôs assim que viramos na rua da casa dos Forbes. Havia pessoas na varanda, bebendo ou conversando. E se você olhasse pelas janelas, seria capaz de ver as pessoas dançando lá dentro. A mansão Salvatore não ficava tão longe dali, então não me surpreendi ao ver meus amigos na frente da casa de Stefan. Raven estava sentada sobre o capô do carro do irmão, conversando com Charlotte, ambas sorrindo com copos vermelhos em mão. Mas imagine só minha surpresa ao ver Kyle conversando com Damon Salvatore, escorado em sua própria moto. Stefan deve tê-lo visto também, por que mesmo em minha visão periférica, fui capaz de vê-lo ficar tenso.

–O que ele está fazendo aqui?

–Ei, relaxe. – eu coloquei minha mão esquerda sobre a dele e o fiz olhar para mim assim que ele estacionou na frente de meus amigos e desligou o carro. – Ele é amigo de Kyle. É claro que ele viria.

–Não gosto dele.

–Ele não é tão idiota depois que você começa a conhecê-lo.

Stefan revirou os olhos.

–Ainda não gosto que ele fique perto de você.

Eu ri, e naquele momento fui capaz de me esquecer sobre a bomba em minha bolsa por alguns minutos.

–Stefan, você está com ciúmes?

Eu poderia jurar que ele havia corado se não fosse pela falta de iluminação.

–Vamos logo, antes que eu decida te levar para longe daqui.

Stefan segurou minha mão de forma quase possessiva assim que nos encontramos na frente do carro, como se quisesse provar algo a Damon. Eu nem mesmo pude olha-lo e sabia que ele também não queria me olhar nos olhos.

–Oh meu deus! Eles transaram.

Todos nós encaramos Raven, que me olhava com um sorrisinho totalmente satisfeito.

–Raven! – Charlotte ralhou com ela.

–Olhe só! Ela está com aquele olhar!

Então todos me encararam enquanto eu ficava ali em choque, tentando decidir entre voar no pescoço de minha amiga, ou enfiar minha cabeça em um buraco.

–Do que você está falando? – Charlotte perguntou.

–Aquele olhar que ela tinha sempre que voltava para a escola na segunda feira.

–Eu não tenho nenhum olhar! – eu disse, quase histérica. Droga, eu tinha certeza de estava totalmente vermelha.

–Ah, você tem, sim.

–Eu definitivamente não vou ficar aqui e discutir com você sobre minhas expressões faciais ou vida sexual na frente de todo mundo. Droga, eu preciso de uma bebida se for para passar por isso.

Eu soltei a mão de Stefan, decidida a cair fora dali, sabendo que as garotas se juntariam logo, logo a mim. Eu definitivamente não poderia encarar Damon depois daquilo, não com tudo o que tinha acontecido ainda pairando como um grande balão de tensão entre nós prestes a explodir sobre nossas cabeças. Mas enquanto eu passava por ele, fui capaz de ver uma de suas mãos segurando o guidão de sua moto com tanta força que parecia que os tendões de sua mão estavam prestes a se romperem. E mais uma vez eu não fazia a menor ideia do que esperar daquele garoto.

Stefan estava logo atrás de mim quando eu passei por um grupo de adolescentes risonhos na varanda da frente e segui para a cozinha de sua casa. O ambiente parecia totalmente diferente quando se tinha um punhado de pessoas bêbadas em sua casa.

–Suas amigas são um pouco...

–Intrometidas?

–Eu ia dizer...

–Extremamente irritantes?

Ele riu quando pegou dois copos de cerveja da mão de um garoto. O menino apenas resmungou, sem nem mesmo ter a chance de reclamar antes que Stefan me oferecesse um dos copos. Eu aceitei enquanto eu sentava no balcão ao lado da pia – malditos balcões.

–Honestas. – ele respondeu ao se escorar ao meu lado.

Eu levantei a sobrancelha.

–Eu já vi darem vários adjetivos a elas, mas ‘honestas’ definitivamente não está nessa categoria.

–Eu não sei. Elas são divertidas. E a garota, Raven... ela sempre fala o que vem na cabeça. Acho engraçado.

–Acredite, isso é tudo, menos engraçado.

Stefan riu.

–Tenho que procurar Lexi. - ele se colocou em minha frente e me deu um beijo rápido. – Não saia daqui. Você vai adora-la.

E então ele já tinha se enfiado entre os adolescentes em sua sala de estar e sumido no meio deles. Eu não demorei muito para perceber que estava nervosa em conhecer Lexi, afinal de contas ela era a melhor amiga de Stefan, e se eu não estivesse errada, ela também era amiga de Caroline. Imaginei quanto tempo Caroline havia levado para convencer Lexi de que eu era uma total vadia. Talvez alguns minutos? Care conseguia ser bem convincente quando queria. Mas eu sabia que se as coisas entre mim e Lexi não fossem da forma como Stefan queria, as coisas iriam ficar complicadas. Uma coisa era a irmã superprotetora, outra era a melhor amiga e a irmã de Stefan contra uma garota novata na cidade que já havia arrumado confusão demais até ali.

E foi como se esse pensamento a atraísse que Caroline entrou na cozinha. Ela deu uma breve parada no hall de entrada ao me ver e revirou os olhos ao caminhar até o armário e tirar de lá alguns sacos de um salgadinho qualquer.

–Acho que vou ter que começar a especificar as mensagens que mando para Stefan. – eu a ouvi cochichar enquanto pegava algumas tigelas grandes de vidro e despejava o conteúdo das embalagens nelas.

Droga, eu queria mesmo retrucar ou dizer alguma coisa espertinha. Mas apesar de tudo a única coisa que saiu de minha boca foi:

–Me desculpe por chama-la de vadia.

Caroline congelou com o pacote em mãos. Por alguns segundos a única coisa que fazia barulho era a música vinda da sala. Enquanto eu encarava meus pés, balançando-os suspensos no ar, eu rezei para que ela não estivesse considerando a ideia de tacar a tigela de vidro em minha cabeça. Ela se virou e colocou as mãos na cintura, porem não disse nada, então eu achei que talvez ela estivesse esperando que eu continuasse.

–Eu estava irritada, tá legal? – eu fiquei de pé. – Caso não tenha reparado eu sou um pouco impulsiva. E às vezes eu falo coisas ruins quando estou brava.

–Então você acha que é só pedir desculpas e então eu vou começar a te chamar de cunhadinha?

–Não. É claro que não. Olha... eu não estou tentando justificar tudo o que eu fiz, Caroline. Você tem razão em ter raiva de mim. Quer me odiar? Tudo bem. Vá em frente. Só não fique brava com o seu irmão, esta bem? Ele não tem culpa da bagagem que eu carrego.

–Ele mentiu para mim. Stefan e eu nunca mentimos um para o outro.

–Por que eu pedi! Eu estava com tanto medo de que vocês soubessem sobre tudo que acabei colocando-o nessa posição.

Caroline fechou os olhos e suspirou. Pela primeira vez desde toda a nossa briga ela parecia disposta a realmente conversar. Eu me perguntei o quanto ela havia bebido para chegar nessa posição.

–Eu não te odeio, okay? – ela disse em um sussurro quase inaudível. – Eu estou com raiva e talvez até esteja sendo um pouco teimosa, mas eu não te odeio. A questão é que você poderia ter contado para nós, Pierce! Você não precisava esconder isso como se fossemos tão mesquinhos ao ponto de julgar você assim! Bem, talvez eu tenha julgado um pouco, mas isso não importa agora...

–Eu sei. Sinto muito. Eu não deveria ter mentido.

Caroline suspirou novamente, e como se ser boazinha por alguns minutos já fosse o suficiente para ela, sua expressão se tornou pouco amigável novamente.
–Eu realmente não dou a mínima para o que você fez ou quem você foi. Vou deixar uma coisa bem clara; eu vejo do jeito como meu irmão olha para você, Katherine. E se você magoa-lo, pode ter certeza de que vou fazer com que sua vida nessa cidade seja um inferno.

Então já não havia mais nada a se dizer. Parte de mim se sentia mais aliviada pela declaração ‘não-te-odeio-mas-não-choraria-no-seu-enterro’ de Caroline. Afinal, aquilo parecia uma pequena luzinha de esperança no final do túnel. Mas estava claro que meu nome ainda estava riscado de sua lista de presentes no Natal.

–Ai está você! – uma garota alta e loira entrou na cozinha, segurando um copo de cerveja. Ela era bonita e de certa forma me fazia lembrar alguma modelo. Ela parou por um momento e alternou seus olhares entre Caroline e eu. Não era preciso muito para perceber a certa tensão na cozinha. – Deixe-me adivinhar... Você deve ser Katherine Pierce.

Eu a observei de cima a baixo. Nunca havia visto aquela garota em Mystic Falls, então isso poderia dizer que talvez ela fosse Lexi.

Eu acenei positivamente com a cabeça.

–Ótimo! Eu realmente precisava falar com vocês duas. – ela sorriu. – Pelo que posso ver, vocês duas não conseguem ficar no mesmo cômodo sem bancarem duas crianças birrentas.

–Eu já disse que isso não tem nada a ver com você, Lexi. – Caroline revirou os olhos. – E mesmo se tivesse...

–Calada. – Lexi a interrompeu. A garota a enfrentava sem medo, o que me fez imaginar que elas se conheciam há um bom tempo. – Stefan me disse o que anda acontecendo por aqui, e eu não vou deixar que vocês duas continuem agindo como duas adolescentes idiotas e territorialistas.

Lexi olhou em minha direção, e essa era a vez dela de me analisar. Eu cruzei meus braços e a encarei de volta, sem deixar que ela me intimidasse. Você não está tornando as coisas mais fáceis, Katherine.

–Eu não dou a mínima para quem você é, não dou a mínima para o que você fez, e definitivamente não dou a mínima para o que o cabeça oca do meu amigo viu em você. – ela olhou para Caroline e então olhou de volta para mim. – Ou vocês crescem, ou eu mesma vou cuidar para que vocês não voltem a magoa-lo, vocês me entenderam?

Silêncio.

Era impressão minha, ou as duas se pareciam?

Lexi observou Caroline mais uma vez, que encarava o chão, e então, agora sorrindo, ela se virou para mim.

–Mas foi bom conhece-la, Katherine. Espero que possamos conversar depois. Tenho certeza de que, se Stefan escolheu você, ele deve ter visto algo especial. Por acaso viu aquele cabeçudo em algum lugar?

–Ele... ele disse que iria lhe procurar. – eu respondi um tanto hesitante. Como alguém conseguia mudar de humor assim tão rápido?

–Oh! Tudo bem! Vejo vocês depois. – e então ela desapareceu entre a multidão.

–Ela é sempre assim? – perguntei ainda encarando o lugar onde ela havia sumido.

–Não. Hoje ela está de bom humor.

Eu olhei para Caroline e ela olhou para mim. E sem nenhum motivo aparente, começamos a rir.

–Tá legal. –ela disse ainda rindo. – Acho que ela gostou de você.

–Espero que sim. Eu não sei você, mas ela me assusta.

Caroline riu de novo.

–Ela causa essa impressão no começo. – quando parou de rir, Caroline estava mais descontraída e já não me encarava com tanta raiva. – Vou procurar as garotas. A gente se vê depois.

–Tudo bem.

Quando Care já não estava mais na cozinha, eu me escorei na pia e sorri. Acho que ter vindo não tinha sido uma ideia tão terrível. Eu havia conhecido a melhor amiga de Stefan – uma garota durona e que parecia se importar muito com ele -, e de quebra o clima entre Caroline eu parecia estar melhor.

Eu tinha acabado de levar o copo de cerveja até a boca quando vi Raven subindo as escadas em direção ao andar de cima. Imediatamente me lembrei de um dos motivos para tê-la chamado para a festa, e eu deixei o copo de lado e corri através da pequena multidão para encontrá-la. Ela estava entrando no banheiro quando a puxei pelo braço e a empurrei em direção ao quarto de Stefan. Raven ficou me encarando enquanto eu trancava a porta atrás de mim e me virava para ela.

–Precisamos conversar.

–Sabe, pessoas normais apenas avisam que querem uma conversa. – ela se jogou na cama de Stef e cruzou as pernas parecendo estar bem confortável.

–Estou falando serio, Raven.

Ela levantou as mãos, como que se rendendo.

–Tudo bem. Essa é a parte onde você me conta que está gravida e entra em pânico? – Seus olhos se arregalaram e sua voz se elevou. – Ai meu deus! Você está gravida?

Eu me joguei contra ela e tapei sua boca antes que alguém no corredor escutasse.

–Não! Não estou gravida.

Ela suspirou aliviada quando eu me afastei.

–Uffa! Eu definitivamente não estou em idade de ser chamada de ‘titia’.

–Raven, será que pode calar essa boca e me ouvir?

–Tá legal! Desembucha, KitKat.

Eu abri minha bolsa e tirei de lá o envelope que havia achado em meio à correspondência de manhã. Ao entrega-lo, percebi que estava tremendo. Raven parecia ter percebido também, pois sua testa se franziu e ela me encarou com preocupação antes de examinar o envelope em mãos.

–O que, supostamente, isso deveria ser?

–Me diga você. Por que honestamente eu já não sei mais o que pensar. – eu comecei a andar nervosamente de um lado para o outro dentro do quarto. Eu simplesmente não conseguia me controlar. Era como se continuar em movimento fosse capaz de me fazer escapar dos pensamentos tumultuados em minha cabeça. – Quer dizer, as coisas parecem fazer mais sentido agora, não é? Todo o tempo em que Jenna ficava longe de casa, as brigas entre ela e o papai...

–Você pode estar errada. – Raven agora encarava o envelope em suas mãos com um certo olhar de pânico. Eu sabia que ela estava pensando no mesmo que eu. – Talvez você tenha entendido errado.

–Então me diga, o que mais poderia ser isso?! – eu gritei. Droga, eu estava tentando me controlar para não entrar em pânico.

Raven me deu um olhar condescendente. Eu odiava quando ela me olhava daquele jeito, como se estivesse com pena de mim ou algo parecido.

Eu passei minhas mãos por meus cabelos, tentando me recompor. Puxei a cadeira da escrivaninha de Stefan e me sentei, abraçando minhas pernas contra o peito.

–Preciso que você abra.

–O quê? Nem pensar! – eu dei a ela aquele olhar pidão ao qual ela nunca conseguia resistir. – Sem chance. Não mesmo.

–Raven...

–Sabe que isso é crime, certo? A correspondência não é minha.

–Não é qualquer respondência, Raven. Você sabe disso. – ela cruzou os braços e negou com a cabeça. – Por favor, eu preciso da minha melhor amiga nisso. R, eu não posso... eu não vou conseguir abrir isso.

Ela suspirou, me encarou com certa irritação, mas com certa hesitação ela abriu o envelope. Eu não precisei perguntar nada quando ela me olhou novamente. Sua expressão deixava bem clara que eu tinha razão. Eu tomei o papel de suas mãos e não foi necessário ler duas vezes para entender tudo.

Eu estava certa. Droga, eu realmente estava certa.

Meu braços caíram ao lado de meu corpo, como se fossem feitos de pano. Eu estava certa.

–Katherine...

–Não. – eu levantei a mão para fazê-la se calar. – Só... não diga nada.

–Isso não quer dizer nada. Só porque o nome do seu pai está ai, isso não quer dizer que...

–Raven, meu pai está morto. – eu fui um pouco rude, mas naquele momento tudo que eu conseguia pensar era... – E a minha mãe, até onde sei, não está gravida. Então só tem um motivo para o nome do meu pai estar nesse teste de DNA. E se eu estiver certa? E se...e se Jenna realmente tivesse tido um caso? E se nem mesmo ela tivesse certeza... Raven, e se eu não for filha do Logan?


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Notas finais do capítulo

Até mais, guys 0/



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