A New Place To Start escrita por WhateverDhampir


Capítulo 24
Capítulo 20 – Eu, a boa garota que papai criou.


Notas iniciais do capítulo

Olha qm está de voltaaaaa!! Gente eu mal acredito que finalmente minha net está de volta. huahhueauehh Acho que foi o tempo mais longo sem internet na minha vida e, acreditem, não foi nada divertido. Mas aqui estou eu com um capítulo novo que aposto que vai criar alguns surtos por aí. haueaeuae
Mayara Pierce, sua linda. bem vinda ao mundo das tretas de Katherine Pierce. Espero que a fic continue lhe agradando assim.
Mas sem mais delongas, espero que vocês gostem do capítulo. Acho que o desejo de muitos de vcs (ou todos, vai saber) está prestes a ser realizado.
Kisses, guys!



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O resto das aulas se arrastaram. Parecia que cada vez que eu olhava na direção dos relógios que sempre ficavam no alto de cada porta naquele colégio, o tempo parecia se demorar mais. Eu estava aliviada por não ter aula com nenhum dos amigos de Jer no pelo resto do dia, mas os olhos dos outros alunos sobre mim me irritavam cada vez mais e mais.

Todo o assunto sobre a briga no refeitório pareceu rodar a escola como fogo, e então todos já estavam sabendo não só sobre Rebekah, como também sobre minha discussão com a irmã de Stefan. Sempre que pegava alguém olhando em minha direção ou cochichando algo, eu retornava o olhar até que a pessoa ficasse tão sem graça que se sentia obrigada a desviar os olhos.

–Vai com calma. – Charlotte me sussurrou no final da ultima aula quando faltavam apenas cinco malditos minutos e o relógio parecia andar na velocidade de uma lesma. – Você está assustando alguns deles.

É melhor assim, pensei. Talvez me deixem em paz se estiverem ocupados demais tentando me evitar.

Assim que a poeira baixou e eu parei para respirar, notei o quanto tinha sido uma idiota total. Eu havia provocado uma discussão com Caroline que sabia que me traria problemas depois. Eu não tinha sequer olhando para Stefan depois daquilo, e ele provavelmente estava pensando em uma forma de me mandar para o inferno. Eu não me surpreenderia. Eu já tinha passado dos limites com tudo aquilo, mas de alguma forma não me importava. Eu tinha passado tempo demais tentando ser quem não era e parte de mim já tinha se cansado de ser boazinha.

Assim que o sinal tocou, eu juntei minhas coisas e as enfiei de qualquer jeito na mochila. Raven nos encontrou do lado de fora, no estacionamento. Ela estava escorada em um carro vermelho, conversando com alguém que rapidamente reconheci como sendo seu irmão. Kyle vestia uma calça jeans e uma polo vermelha que destacava seus músculos. As garotas que passavam por ali o encaravam, admirando seus cabelos escuros e o físico do garoto mais velho. Assim que seus olhos escuros nos localizaram enquanto caminhávamos até ele, Kyle sorriu e acenou.

–Hey, garotão! – Eu o cumprimentei quando ele me abraçou e bagunçou meu cabelo como se eu ainda fosse uma criança.

–E ai? – Charlotte foi direta. Direta até demais. – Aonde vamos?

–Eu estava pensando em algum lugar calmo. – Ele respondeu com indiferença. – Meu amigo vai conosco. Ele disse que tem algo em mente. Ei, aí vem ele!

Eu me virei para ver de quem ele estava falando. O garoto moreno de olhos azuis caminhava até nós quase como se estivesse desfilando pelo estacionamento. Não pude deixar de dar uma risadinha irritada.

–Você só pode estar brincando comigo.

Mas ele não estava. Droga, ele não estava mesmo. Damon parou em nossa frente com um sorriso arrogante. Seus olhos pareceram faiscar quando ele notou o braço de Kyle em minha cintura, mas se eu vi mesmo ou foi só minha imaginação, eu não fazia ideia.

–Mas você não perde tempo, não é mesmo, Pierce? – Ele sussurrou com ironia.

Eu tentei não admitir para mim mesma que parte de mim esperava que depois de nossa conversa quase amigável e depois de eu ter praticamente me aberto com ele, Damon se mostraria um garoto mais agradável. Mas como sempre, acerca de tudo sobre o Salvatore, eu estava errada. Ele continuava o mesmo pé no saco, e isso me irritou. Eu o encarei como se aquilo fosse capaz de abrir uma cratera em seu crânio, e aquilo só o fez sorrir mais.

– Então vocês já se conhecem? –Kyle perguntou, alheio a tensão entre o garoto e eu.

–Oh, querido irmão, podemos apenas dizer que ele é o motivo de nossa presença em Mystic Falls.

Kyle olhou para o amigo com a testa franzida. Ele não era de ficar chateado, mas também tinha um certo jeito protetor quanto às garotas e eu.

–Foi você quem fez aquilo?

–Ele ajudou. – Eu me peguei de algum jeito aliviando a culpa para cima dele. Talvez fosse minha forma de lhe agradecer pelo que ele havia feito no refeitório por mim, por mais que eu ainda estivesse com raiva dele. –Mas não se preocupe. Ele está procurando um jeito de se redimir, não é, Damon?

Ele estava parado com uma expressão quase indiferente. Eu poderia dizer que ele estava calmo, mas o conhecia bem o suficiente para saber que a pequena veia saltando em seu maxilar perfeitamente delineado e a tensão em seus braços fortes eram sinal de sua irritação. Eu pisquei para ele e foi quase possível imaginar uma placa de neon em sua testa dizendo “NÃO PRECISO DA SUA AJUDA!”.

Oh, baby! Sempre tão orgulhoso.

–Bem, meu amigo – A raiva na expressão de Kyle sumiu quase instantaneamente. -,se Kath está lhe fazendo pagar por isso, sinto lhe dizer, mas você está totalmente ferrado.

–É. – Damon sussurrou, fitando meus olhos.- Eu percebi. Mas então,- Ele se virou para Raven.- você é a pestinha caçula. Seu irmão fala bastante de você e das suas amigas. Sabia que conhecia esses olhos de algum lugar.

–E você é o amigo dele. – Raven declarou como se já não fosse obvio. – Para falar a verdade, ele não nos falou nada sobre você.

–É o que parece. –Então ele se virou para mim. – E você é a doce amiga que estava passando por um momento difícil. Eu não deveria estar tão surpreso.

–Eu também não. – Sorri cinicamente. - Acho que parte de mim esperava que Kyle tivesse companhias melhores.

Aquilo o fez rir, e por algum motivo desconhecido, eu sorri.

Damon nos guiou para fora do colégio em direção a um barzinho nos limites da cidade que ele jurava ser um bom lugar para beber em uma sexta. Ele foi na frente em sua CBR preta enquanto Raven ia no carro do irmão e Char e eu seguíamos logo atrás no meu. O céu estava se fechando e algo me dizia que ficaria frio mais tarde. Eu não tinha trazido nenhum casaco e sabia que minha roupa não me ajudariam em nada. Eu fechei os vidros do carro e segui os outros com Charlotte em silencio ao meu lado. Ela não havia aberto a boca ainda e desde a chegada de Kyle, parecia um tanto estranha. Eu poderia muito bem perguntar o que diabos estava acontecendo, mas Char não era do tipo que simplesmente abria a boca com uma simples pressão. Chegava a ser irritante às vezes.

Dirigimos por mais ou menos uns quinze minutos até pararmos em uma rua um tanto movimentada. Eu parei o carro ao lado do de Kyle e desci, tomando cuidado para que meus saltos não me traíssem e me fizessem cair nos cascalhos do estacionamento. Damon estava nos esperando na frente de um bar com uma fachada escura com os dizeres “Sin’s Bar” piscando acima de portas duplas que faziam me lembrar daqueles filmes antigos do velho oeste. Ele tinha as mãos enfiadas dentro dos bolsos de sua jaqueta de couro e o vento chicoteava contra todos nós. Eu joguei meu cabelo para o lado, tentando evitar que ficasse muito bagunçado e assim que olhei para cima, notei os olhos de Damon brilhando em minha direção. Parado ali, ele parecia um daqueles garotos perigosos que encontrávamos e a primeira reação que tínhamos era querer fugir. Mas eu não queria fugir. Não mesmo.

[****}

–E então teve essa vez em que fomos a uma festa e, de alguma forma totalmente desconhecida, Katherine acabou no telhado da casa. Até hoje não descobrimos como aquilo foi possível.

E mais uma vez todos na mesa estavam rindo. Acabou que Damon tinha razão. O lugar era totalmente aconchegante e o barulho das conversar, a música e até mesmo a iluminação pareciam deixar o lugar mais confortável e divertido. Nós havíamos escolhido uma mesa no fundo do bar com acentos estofados vermelhos que pareciam um grade sofá circular. Charlotte estava sentada em uma das pontas, seguida de Raven, Kyle, eu e então Damon. Nós mal havíamos terminados a nona garrafa de cerveja que Kyle tinha pedido para todos e já estávamos contando os podres uns dos outros como se fossemos velhos amigos. Acho que de certa forma, erámos mesmo, e até mesmo Damon estava rindo e se divertindo conosco. Assim que a garçonete nos serviu novamente, ela lançou um olhar de desaprovação para Kyle e Damon, como se o mais velhos ali não devessem estar dando bebidas a garotas da nossa idade. Vendo que fora totalmente ignorada, ela apenas balançou a cabeça e se foi.

–Oh, Calada! - Eu repreendi Raven enquanto ela contava velhas historias sobre as coisas que eu já tinha aprontado. Não que eu mesma não estivesse quase morrendo de rir. – Você já fez coisa pior. Ou realmente preciso te lembrar da vez em que vomitou nos sapatos daquele garoto na festa da Brynnie.

–Que nojo! – Charlotte fez cara de nojo enquanto todos riam.

–Eu estava bêbada! – R se defendeu. – Não vi que ele estava parado ali.

–Não acredito que já se passaram dois anos. – Eu fiz bico. – Nós tínhamos o quê? Quinze anos? Éramos terríveis!

–Droga, foi a melhor época da minha vida. – R se recostou no banco enquanto as garotas e eu sorriamos de forma nostálgica.

Kyle apenas nos observava com um sorriso. Ele tinha uma politica sobre essas coisas; Se já passou, que diferença fara brigar conosco? Kyle amava a irmã caçula e sempre fazia de tudo para nos manter fora de encrenca. Mas ele sabia deixar que nos divertíssemos e isso era um dos motivos pelo qual nunca escondíamos nada dele. Sabíamos que ele sempre faria de tudo para nos entender, e quase como o irmão mais velho de todas nós, ele sempre estaria disposto a nos ajudar e aconselhar.

–Ah, droga, eu preciso de ar. – Char riu. Ela tinha o rosto vermelho e eu quase ri quando ela se levantou um tanto trôpega e seguiu para longe pela multidão.

–Oh, cara! Eu amo essa musica! – Raven, que parecia apenas estar mais elétrica, levantou quando Burn começou a tocar e puxou o irmão para o aglomerado de pessoas que estavam dançando.

Eu ri de sua dancinha ao lado do irmão. Mesmo no meio da multidão era possível ver os dois e chegava a ser engraçado. Os dois dançavam bem, mas Raven parecia um pouco bêbada e não rir daquilo era quase impossível. Eu baixei a mão para pegar meu copo e sem querer, minha mão esbarrou na de Damon, segurando seu próprio copo. Eu olhei para ele e o vi me observando. Só então me toquei de que durante todo esse tempo, tínhamos estado sentado um do lado do outro, com nossos braços e pernas se tocando. Os outros tinham saído da mesa, e mesmo assim nenhum de nós fez questão de se afastar.

–Então... –Eu tentei iniciar uma conversa amigável ao perceber que provavelmente ficaríamos sozinhos até que algum de nossos amigos resolvesse voltar para a mesa. – você é amigo de Kyle.

Damon deu de ombros, bebendo o conteúdo de seu copo se desviar os olhos de meu rosto.

–Por que a surpresa? – Ele perguntou ao baixar o copo. Sua voz era alta o suficiente para que apenas eu a ouvisse sobre a música.

–Nada. É só que você não me parece o tipo de garoto com o qual Kyle andaria. Não me leve a mal. Ele só sempre preferiu outro tipo de companhia.

Os olhos dele faiscaram, e um meio sorriso irônico deu sinal de vida em seu rosto. Damon passou o braço por trás de mim e o apoiou no assento às minhas costas. Ele se aproximou minimamente, o suficiente para que eu sentisse o aroma de pinho, glicínias e loção pós-barba que parecia vir dele. Era um cheiro másculo que me fazia querer aproximar meu rosto de sua pele somente para sentir o aroma.

–O que te faz pensar que sabe algo sobre mim? –Sua voz era rouca e ameaçadora e fez toda a minha pele se arrepiar.

–Então me conte. – Eu tentei fazer com que minha voz não denunciasse o quanto sua aproximação me afetava.

Eu acho que minha resposta surpreendeu a nós dois. Eu realmente não estava brincando, percebi. Queria saber mais sobre o garoto que me odiava tanto que estaria disposto a acabar com a minha nova vida em Mystic Falls. Aquilo o pegou de surpresa e ele teve de piscar duas vezes para se recompor. Sua expressão se fechou em uma carranca e, como se tentasse evitar meus olhos, Damon pegou a garrafa para se servir. Antes que ele levantasse a garrafa, eu segurei sua mão e pus a garrafa sobre a mesa novamente.

–Será que pode parar de ser tão covarde? – Eu perguntei irritada, fazendo com que ele olhasse para mim. – Quando é que vai parar de fugir de mim?

–Eu não estou fugindo. – Ele sussurrou com a testa franzida.

–Sim, você está! Fugiu de mim no estacionamento, fugiu no corredor do colégio e está fugindo agora. Toda vez que as coisas ficam minimamente serias você foge! Quando é que vai parar de ser tão covarde, Salvatore?

Ele olhou para mim com os olhos minimamente arregalados. Era assim que ele me olhava sempre que eu lhe dizia algo que ninguém mais tinha coragem de dizer. E eram nesses momentos que eu sentia como se estivesse perto de tocar seus segredos. Sua expressão se fechou novamente e foi ai que eu soube que havia ganhado.

–Você não quer saber, acredite. –Ele sussurrou de olhos baixos.

–Estou disposta a correr o risco. – Dei de ombros.

Damon olhou para mim, e mais uma vez senti como se ele estivesse olhando para minha alma. Seus olhos azuis tinham uma seriedade que eu nunca tinha visto antes e algo dentro deles quase me fez ofegar. Dor. Naquele momento eu senti como se fosse a primeira pessoa a se aproximar dessa parte dele. Sua expressão poderia ser quase indecifrável para qualquer um, mas eu podia ver toda a dor dentro de seus olhos. Eu tive de me controlar para não levantar minha mão e tocar seu rosto.

–O que quer saber? –Ele perguntou com a voz baixa, parecendo quase derrotado.

–De onde você é?

Eu resolvi começar com uma pergunta fácil. Me endireitei em meu acento, e coloquei uma de minhas pernas no espaço entre nós. A pergunta pareceu surtir certo alivio em Damon, que suspirou e largou o copo de lado.

–Fairbanks.

–Uau! Alasca? – Eu ri. – Tá aí uma coisa que eu não esperava. Um pouco frio, não acha?

–Você se acostuma.

–Sente falta?- Eu só sabia que eu sentia falta do clima caótico de Nova York.

–Não fiquei tempo suficiente para que algo me fizesse falta.

–O quê? Seus pais se mudaram?

E mais uma vez ele se fechou. Eu quase pude ver etapa por etapa enquanto ele ficava tenso e sua testa se franzia. Ele olhava para longe e seus lábios ficavam tensos. Em seu queixo eu quase podia ver aquele pequena espécie de veia que saltava quando ele estava tentando se segurar para não socar algo e de alguma forma era quase como se eu o sentisse se distanciar.

–Fala sério, Damon! – Revirei os olhos. – Você está falando comigo, cara. O que pode ser pior do que tudo o que você sabe sobre mim? - Ele continuou calado, olhando para longe. –Ei, olhe para mim.

Demorou um pouco, mas eu fiquei lhe encarando até que ele me obedecesse.

– Apesar de toda essa merda, você pode confiar em mim. – Era eu ou o álcool falando? Como uma criança eu lhe estiquei o dedo mindinho. – Juramento do mindinho?

Eu fiquei parada como uma boba, olhando para ele com a mão ainda esticada. Damon encarou à minha mão e a mim por um segundo antes de soltar uma risada. Não foi uma risada que o sacudisse, mas tinha sido um grande avanço. Quando finalmente parou, eu baixei minha mão, sabendo que não teria sucesso. Damon ficou quieto por alguns segundos, olhando para mim.

–De onde você saiu, Pierce?

Eu dei de ombros e dei uma golada em minha cerveja. Ela já estava quente e eu podia sentia a embriagues quase me tocando.

–Minha mãe morreu quando eu tinha doze anos. – Sua voz saiu quase como se ele tivesse que se obrigar a montar aquela frase.

Eu demorei um segundo para perceber que ele estava falando comigo e quando me virei para ele, ainda bebendo, ele estava sério.

–O quê?- Perguntei como uma boba.

–É por isso que vim para Mystic Falls. Minha mãe.

Eu fiquei parada, com o copo em mãos sem nenhuma reação. Eu já não sabia o que dizer. “Sinto muito” iria parecer muito clichê? E como se minha boca não funcionasse na mesma frequência de meu cérebro, ela abria e fechava, sem emitir som algum.

–Eu disse a você. – Ele deu um meio sorriso sem humor algum. – Essa cidade suga tragédias.

Logo depois de me dizer que queria me beijar, meu cérebro intrometido apontou sem ser convidado.

–Todos aqui, eu, você, seu amiguinho Forbes, temos algo que queremos esconder.

–Então o quê? Seu pai decidiu que seria melhor virem para cá?

–Ah, não. – Damon riu com escárnio. Foi uma risada quase de ódio que fez com que eu me arrepiasse. – Ele estava escondido atrás de uma garrada de whisky para pensar em algo assim. Meu tio foi nos visitar e quando viu o que meu pai tinha se tornado decidiu que seria bom para nós estarmos em Mystic Falls, onde ele poderia estar de olho em meu pai. Acho que parte dele tinha esperanças de que ainda houvesse salvação para ele ou algo assim.

–E havia?

–Não. – Damon fechou a cara. – Nós o perdemos no momento em que minha mãe ficou doente. Aquilo estava acabando com ele por que ele sabia que não havia nada que pudéssemos fazer para salva-la. Ele a amou demais, e as vezes amar alguém dessa forma destrói você.

Damon parou um segundo e bebeu mais um pouco. Eu sabia que sua cerveja também já estava quente, mas parecia que ele estava buscando fazer algo que o impedisse de olhar para mim.

–Quando ela finalmente morreu – ele sussurrou olhando na direção da pista de dança, onde Kyle e Raven ainda se divertiam. -, ele surtou. Não parava mais em casa, e toda vez que chegava tarde estava cheirando a álcool e cigarros. Às vezes quando chegava irritado, saía quebrando qualquer coisa que estivesse ao seu alcance.

Quase que inconscientemente, Damon tocou sua própria clavícula dentro da jaqueta com a mão direita. Tive um breve flash de nós dois na cabana, a forma como os curativos que ele fazia em mim eram precisos e bem feitos. Ele parecia ter pratica e então me lembro de tê-lo elogiado enquanto ele terminava de enfaixar meu tornozelo. “Tive pratica”, ele havia dito e dado de ombros como se estivesse desconfortável com o assunto. Eu estranhei, mas fiquei calada. Só então notei o que aquilo significava.

–Damon... – a imagem de um garotinho pequeno de olhos azuis e cabelos negros encolhido em um canto em seu quarto, chorando enquanto cuidava das próprias feridas encheu minha mente. – Eu sinto muito.

E realmente sentia, percebi com surpresa. Mas também sentia raiva. Raiva do homem que havia ousado levantar a mão para ele e raiva de qualquer outro que não tivesse levado esse monstro para longe daquele garotinho. Nenhuma perda justificava o que havia acontecido com ele, e por um instante eu quis abraça-lo e dizer a ele o quanto eu sentia muito.

–Não sinta. – Damon finalmente me olhou. Era um daqueles momentos em que ele me encarava com tanta intensidade que me fazia pensar que o chão estava tremendo. – Isso não é assunto seu.

Ele não falou aquilo de uma maneira mal educada, como se quisesse me insultar. Era mais da maneira Damon de ser, afastando qualquer um que chegasse perto demais dele. Eu poderia ficar irritada com ele e manda-lo para o inferno, mas não quis. Enquanto o encarava, qualquer raiva que eu sentia por ele desapareceu. Percebi então que de alguma forma, mesmo antes de nossa o conversa, eu o havia perdoado pelo que ele havia feito. E agora, conversando com ele abertamente, toda aquela raiva parecia sem sentido. Ele olhava para mim com um pequeno e disfarçado sorriso no rosto, que me dizia que ele sabia o que eu estava pensando. Damon estava tão perto e o calor que girava ao redor do corpo dele era estranhamente convidativo. Ele era como o Sol, aquecendo cada pessoa que estivesse por perto. Acho que naquele momento, parte de toda a raiva que existia entre nós se esvaiu como se tivesse sido espantada.

–E quanto a você? – Ele pegou de volta seu copo e levou o liquido aos lábios sem desviar os olhos de mim. – Qual é a grande história?

Eu dei de ombros sem entender por que ele queria voltar nisso.

–Você sabe a história. – Falei com ironia. – A grande garota má e sem sentimentos.

Damon sorriu.

–Não acredito que as pessoas sejam apenas más. Talvez elas tenham tendências, mas suas escolhas definem quem você é... Se é que isso faz sentido.

E fazia.

E parei por um momento, encarando o garoto que tanto havia despertado raiva em mim. Damon começou a brincar com o copo em mãos ainda com os olhos em mim enquanto eu baixava minha cabeça e me concentrava na repentina tarefa de mexer com os vários anéis em meus dedos. Talvez ele não fosse tão irritante como eu pensava, afinal.

–O que quero dizer é que eu sei de tudo. Mas acho que ainda não ouvi o seu lado da história.

Levantei minha cabeça.

–O que quer saber? – Perguntei, observando Kyle rindo da dança desajeitada da irmã. Raven sabia como se divertir. Acho que no final das contas, era sempre ela quem me animava quando eu estava para baixo. Ela nunca poderia invadir um cômodo sem carregar toda aquela sua luz e energia com ela. Chegava a ser revigorante.

–Por que você mudou? Quer dizer, todos conseguem ver a diferença entre você agora e você antes. Eu só queria saber...

–Se eu me arrependo de tudo que fiz? – completei sua frase. Eu mesma me perguntava aquilo algumas vezes. – Talvez eu devesse, não é? Me sentir mal por ter sido uma completa vadia?

Eu dei para Damon meu melhor sorriso cruel. Ele me fitou sem nem mesmo hesitar, de testa franzida como se me analisasse. Então percebi que ele não era do tipo de garoto que caia em minhas mentiras. Ele esperava por uma resposta e eu revirei os olhos ao perceber que ele não aceitaria outra piadinha.

–Não, Damon. Eu não me arrependo. Papai sempre dizia “o que está feito, está feito. Se lamentar não vai fazer diferença, então aprenda com seus erros e não olhe para trás”.

–Então é isso que você faz? Nunca olha para trás?

–Exatamente. Mas isso não quer dizer que eu não faria diferente se pudesse voltar atrás. Talvez eu pudesse ser uma filha e uma amiga melhor, mas no final das contas isso não importa. É como você disse. Minhas escolhas definem quem eu sou, e erradas ou não elas me trouxeram até aqui. Talvez eu goste de quem me tornei.

–Ou talvez não. – Damon sussurrou como se esperasse não ser ouvido por mim com o som alto da musica à nossa volta.

Eu o encarei por um instante antes de desviar os olhos, envergonhada. Era como se eu fosse transparente para Damon. Ele via tudo e isso estava começando a me irritar. Eu estava tão acostumada que as pessoas vissem o que eu queria que elas vissem, que o fato de uma simples sugestão parecer ser mais do que apenas isso me assustava. Talvez ele estivesse certo. Talvez eu não gostasse de quem eu tinha me tornado.

–Ou talvez sim. – Eu teimei com ele, tentando não parecer uma menininha assustada que estava prestes a se esconder em baixo da mesa.

Damon riu de mim, balançando a cabeça como se eu tivesse dito algo engraçado.

–Posso vê-la, sabe? – ele disse quando seu ataque de risos cessou. – Posso ver você agora. Foi difícil entender, mas... eu entendo agora. Vejo todo o esforço que você faz. Mas quando me enfrenta... – Ele sorriu. – quando estava discutindo com Rebekah ou até mesmo encara o vazio eu vejo aquela pequena chama de uma garota que não quer ser controlada. Acho que ela simplesmente não pode ser controlada por mais que você tente. Então eu quero saber... Por que você se esforça tanto? Por que sempre que esta por perto dos seus amigos, você sorri e eu sinto que é como uma máscara?

– Por que quando sou aquela garota... coisas ruins acontecem.

Eu olhei em seus olhos, tentando ver deboche ou qualquer coisa que eu estava acostumada a ver em sua expressão. Mas o que vi foi diferente. Foi entendimento, como se ele soubesse exatamente sobre o que eu estava falando. Mas uma vez eu tinha vontade de fugir para o mais longe possível onde ele não pudesse me alcançar. Onde eu pudesse me afastar de toda a atração que eu sentia nos rodear.

–Então por que não tenta um meio termo?

Eu fitei seus olhos, me lembrando de minha conversa com Enzo no Mystic Grill algumas poucas semanas antes. Ele havia me dito a mesma coisa. Que eu devia tentar encontrar um meio termo entre a garota que eles queriam que eu fosse, quem eu achava que deveria ser e quem eu queria ser. Eu acho que o fato de eles serem tão parecidos não devia me surpreender. Mas era estranho e ate mesmo irritante que todos parecessem ter soluções para minha vida quando eu nem mesmo sabia o que fazer com ela.

–E quanto a você? – perguntei. – Já tentou um meio termo?

–Eu não preciso de um meio termo. Esse é quem eu sou.

–Não. – eu teimei. – Não é.

–Como pode ter tanta certeza?

Eu ri.

–Você é teimoso, arrogante e passa a maior parte do tempo tentando afastar as pessoas ao seu redor. Esse não é você. É quem você finge ser por que acha que é a melhor forma de chegar no final do dia sem ser magoado.

Eu fiquei parada, olhando em seus olhos e esperando que ele fosse teimar comigo, dizendo que eu estava errada e que eu não sabia nada sobre sua vida. Mas algo me dizia que essa noite já havia se mostrado estar se seguindo de uma forma completamente contraria. Damon me encarou com uma expressão de quem tentava se manter indiferente.

–Você me assusta. – Ele deu uma risadinha brincalhona como se todo aquele assunto fosse apenas isso; uma brincadeira.

Deixei de lado por que sabia que aquilo era o máximo que eu poderia fazê-lo se abrir em uma noite mesmo sob influência do álcool. Eu ri e me sentei direito em meu lugar.

E como se esperasse o timming perfeito, ela apareceu.

–Katherine?

Eu olhei para cima ao ouvir sua voz. Jenna estava parada ao lado de nossa mesa. Ela não sabia se encarava o garoto mais velho desconhecido ao meu lado, a garrafa de cerveja e os copos agora vazios em cima da mesa ou a mim.

–Jenna? – Eu falei, mais chocada ao encontra-la ali de todos os lugares possíveis do que preocupada com o que quer que estivesse passando por sua cabeça.

Minha mãe me encarou com reprovação ao ser chamada pelo nome. Só então pude notara forma como ela estava vestida. Jenna estava com uma maquiagem forte q há tempos eu não via, e o vestido azul cobalto que ela usava certamente era novo, já que eu nunca o vira em seu closet.

–O que faz aqui? – Perguntei, esperando ver tia Miranda aparecendo atrás dela a qualquer momento. Mas minha tia não estava ali.

–Eu... estou com uma amigo.

–Um amigo? – Eu não era idiota. Sabia que minha mãe tinha amigos e saia com eles às vezes. Mas foi a forma como ela falou a palavra ‘amigo’ , como se não fosse apenas isso, que me fez estranhar por um minuto.

Jenna lançou um olhar nervoso por cima de meu ombro e eu me virei para ver o que diabos ela estava encarando. Sentado no bar, havia um homem de costas um tanto largas que parecia estar pedindo uma bebida. Ele usava uma camiseta de flanela vermelha que lhe caia um tanto bem demais e seus cabelos castanhos estavam bagunçados de uma forma atraente. Se eu ainda fosse a velha e selvagem Katherine, com certeza me aproximaria do cara mais velho. O Bar tender lhe deu algo que parecia Whisky e assim que o homem se virou, eu prendi a respiração.

–Você só pode estar brincando. – Eu falei quando Alaric Saltzman cruzou o olhar com o meu. Imediatamente ele engasgou com a bebida, como se tivesse visto um fantasma. Acredite, eu queria ser um para poder desaparecer dali.

–Nós nos esbarramos outro dia. Literalmente. – Minha mãe sorriu com hesitação, parecendo sem graça. – Ele se ofereceu para me pagar uma bebida como forma de se desculpar.

Eu não sabia o que era pior. Ver minha mãe tendo um encontro com um cara, ou que esse cara fosse meu professor super gato. Eu encarei minha mãe, sentindo a raiva borbulhar dentro de mim.

–Você não pode estar falando serio. Não mesmo.

–Eu não sou uma criança, Katherine. – ela fechou a cara ao notar minha raiva. - Posso muito bem sair para beber com um amigo.

–Por mim você pode fazer o que quiser! Desde que não seja se agarrar com meu professor de história em um barzinho onde todos possam ver!

–Cuidado com essa sua boca, mocinha! Eu ainda sou sua mãe e você me deve respeito.

Eu até poderia falar mais baixo ou apenas ignorar Jenna e sair dali, mas eu já havia bebido um pouco demais e o álcool me deu coragem para falar o que estava preso em minha garganta há vários dias.

–Ah, então agora você é minha mãe? – Eu me levantei, ficando na mesma altura que ela. – Desculpe, mas eu achei que você estava ocupada demais com a porcaria do seu trabalho para se lembrar disso. Então por que não faz um favor a nós duas e se tranca no seu escritório como tem feito? Você poderia muito bem ignorar minha existência e de bônus pode até levar meu professor para lá. Aposto que podem se pegar lá dentro sem que ninguém os interrompa.

Eu senti meu rosto queimar antes que sequer pudesse ver sua mão voando e se chocando contra meu rosto. Ela tinha me batido. Mas que droga! Jenna nunca tinha me batido. Eu levei minha mão ao meu rosto e o senti latejar. Damon ao meu lado tinha se levantado, e parecia perdido sem saber se deveria ou não interromper.

–Você está passando dos limites, Katherine Pierce. Pegue suas coisas agora mesmo! – ela disse com um tom autoritário que raramente usava sem nem mesmo vacilar. -Vou te levar para casa antes que cause mais estragos.

Imediatamente, como se tivessem ouvido a briga – o que eu não duvidava – Raven e Kyle saíram do meio da multidão e vieram em nossa direção. Alaric tinha saído de seu lugar no bar e caminhou até Jenna com uma expressão preocupada.

–Está tudo bem? – Ele perguntou, apoiando a mão no ombro dela. Aquele simples gesto só fez minha raiva aumentar ainda mais.

–Sinto muito, Ric. – ela disse com a voz um tanto mais delicada enquanto sorria para ele. Ric? Serio? – Preciso levar Katherine para casa. Acho que precisamos ter uma conversinha.

–Não se incomode. – Eu agarrei minha bolsa e dei a Alaric meu melhor sorriso irônico antes de encarar Jenna. –Vocês façam proveito. É bom saber que pelo menos uma de nós esqueceu papai e está seguindo em frente.

Meu ombro esbarrou no dela quando eu sai dali em direção a saída.

–Não me espere acordada. – Eu gritei por sobre o ombro enquanto a ouvia gritar meu nome e mandar que eu desse meia volta.

Foi Charlotte quem dirigiu na volta. Eu apenas escorei minha cabeça no vidro enquanto encarava pelo retrovisor o reflexo dos faróis da moto de Damon e do carro de Kyle. Raven havia escolhido vir com Char e eu, e estava sentada no banco traseiro com a cabeça apoiada no ombro de meu banco. Nenhum de nós disse nada ao sair do bar. Kyle apenas apertou meu ombro e me perguntou se eu estava bem. Eu tinha balançado a cabeça, indicando que sim ao mesmo tempo em que pegava os olhos cautelosos de Damon me observando enquanto subia em sua CBR. Ninguém me deu uma bronca ou tentou o discurso ‘ela-é-sua-mãe-e-você-deveria-repeitá-la’.

Kyle sugeriu que talvez fosse melhor que as garotas e eu passássemos a noite na casa de Damon, que havia concordado sem nem mesmo questionar. Talvez fosse bom que Jenna e eu ficássemos longe uma da outra por essa noite. Eu sabia que se a visse de cabeça quente, acabaríamos discutindo ainda mais.

A casa de Damon era enorme. Enquanto eu via a fachada aparecendo na frente do carro, imaginei quem mais morava ali. Eu desci do carro, tremendo com o vento gelado e observei Raven e Char fazerem o mesmo. Eu senti algo cobrir meus ombros e quando olhei para trás, Damon sorriu, colocando sua jaqueta de couro sobre meus ombros. Agradeci brevemente e ele seguiu na frente.

[****]

Damon POV

–Acho que vou subir. –Kyle informou quando entramos. –Preciso de um banho, e vocês – ele apontou para as garotas. – deveriam fazer o mesmo.

Raven sorriu e arrastou Charlotte escada a cima, seguindo o irmão. Katherine, porém, ficou para trás, encarando distraidamente a lareira brilhando em chamas enquanto puxava minha jaqueta para se enrolar mais dentro dela.

–Quer beber alguma coisa? – Perguntei, retirando-a do torpor com certo sobressalto. Ela assentiu e eu indiquei o sofá para que ela se sentasse.

Ela tinha estado calado desde que desceu do carro. Sua testa tinha se franzindo e ela insistia em brincar com os anéis em seus dedos como sempre fazia quando estava irritada ou sem graça. Eu liguei o som com uma musica animada qualquer e lhe entreguei um copo com Whisky. Katherine sorriu e revirou os olhos. Era um progresso.

–Sou uma idiota. – ela sussurrou quando eu me sentei no sofá ao seu lado com meu próprio copo. Eu não sabia se ela estava falando comigo ou com si própria.

–Não, não é. – eu disse querendo tirar de seu rosto a expressão triste que ela tinha.

Katherine olhou para mim como se tentasse entender quem estava em sua frente. Acho que assim como eu, ela estava tentando imaginar como havíamos chegado ali, sentados no sofá de minha casa, bebendo amigavelmente quando tudo o que tínhamos feito nas ultimas semanas era odiar uma ao outro. Não pude deixar de lembrar de nossa conversa minutos atrás e a forma como ela tinha desafiado a mulher que eu acreditava ser sua mãe. Katherine era incontrolável, brilhando com uma chama tão forte que eu nem mesmo sabia se ela tinha consciência. Ela era totalmente diferente da garota que eu tinha visto chegar em Mystic Falls. Naquela época ela parecia tão irritante e sem importância alguma para mim. Mas então eu via seus olhos quando brigávamos, e o que eu via dentro deles me assustava ao mesmo tempo em que me fazia admirá-la. Eu nunca tinha visto alguém como ela.

Katherine desviou o rosto e suspirou, se levantando e deixando minha jaqueta de lado no sofá. Ela caminhou até a lareira e se prendeu a tarefa de observar a as fotos emolduradas que Zach fazia tanta questão em manter as vistas. A primeira era de Zach e meu pai, quando ainda crianças segurando animadamente dois coelhos peludos que haviam ganhado. Na outra, minha mãe sorria atrás de mim enquanto eu soprava velhas em um enorme bolo de aniversario. Naquela época ela já tinha adquirido a expressão exausta que o câncer tinha lhe dado. Mas foi a ultima na qual ela se prendeu. Meu pai tinha o braço esquerdo em volta de minha mãe, sorrindo com um bebê no colo. Zach, do outro lado dela, sorria para a câmera, abraçado com sua falecida esposa. Eu nunca a havia conhecido, e meu tio nunca tocava no assunto, então eu não fazia ideia do que tinha lhe acontecido. Nós já havíamos discutido varias vezes para que aquele retrato fosse tirado dali. Para mim, não passava de um lembrete das pessoas que tínhamos perdido.

Katherine se virou, segurando a moldura e sorriu.

–Você se parece muito com ela.

Muitas pessoas já haviam me dito aquilo. Lilian tinha os mesmos cabelos escuros e olhos azuis. Zach vivia dizendo que uma parte dela ainda estava viva dentro de mim, que eu era parecido até demais com ela. Talvez tenha sido isso que tenha feito meu pai me odiar tanto.

Eu me levantei e retirei o quadro das mãos dela, com delicadeza suficiente para que ela não achasse que eu estava sendo grosseiro.

–Venha. – Eu lhe empurrei uma garrafa de whisky e a puxei em direção a cozinha. – Você não comeu nada hoje. E não venha me dizer que aquela garrafa de suco na hora do almoço se encaixa como uma refeição, se é que você bebeu.

Katherine ficou parada do outro lado do balcão de mármore que dividia a cozinha, me encarando com surpresa. Eu não deveria ter notado isso, mas desde que tínhamos saído do vestiário e eu a tinha visto chorar, não conseguia tirar os olhos dela. Tinha a impressão de que a expressão indiferente que ela tinha carregado a tarde toda não passava de uma mascara.

Me concentrei em achar algo na geladeira para que ela pudesse comer. Havia alguns pedaços de pizza que Kyle, Enzo e eu tínhamos pedido na noite anterior, então coloquei em um prato e os enfiei no micro-ondas. Assim que me virei, fui detido pela visão de Katherine, dançando com a garrafa ainda em mãos. A musica ainda animada vinha da sala e ela parecia estar se divertindo. Escorei-me ali mesmo e cruzei os braços, observando-a sem conseguir conter o sorriso. Eu nunca havia conhecido alguém como ela. Mesmo que sua noite estivesse sendo uma droga, ela ainda era capaz de fechar os olhos e dançar como se tudo estivesse fantástico. Eu a via se mexer e tudo que eu conseguia pensar era em como ela era linda. Katherine abriu os olhos e assim que me viu, ao invés de parar e ficar envergonhada como eu tinha certeza de que outra qualquer faria, ela sorriu e continuou, sem dar a mínima importância.

O micro-ondas apitou, e sua pequena diversão teve que ser interrompida para que se alimentasse. Ela se sentou e eu me perdi na tarefa de observa-la enquanto ela pegava um pedaço e o lavava a boca.

–Ah droga – ela sorriu ao mastigar o primeiro pedaço. – Não tinha nem percebido o quanto estou faminta.

Como se tentasse concordar, seu estomago roncou e aquilo a fez rir de novo.

Assim que comemos, ela se levantou e foi até a pia para lavar os pratos.

–Não. – eu segurei sua mão, tentando fazê-la larga-lo. – Aqui. Deixe comigo.

Como se um espécie de carga elétrica passasse por nós, eu vi a e pele de seu braço se arrepiar e sua respiração acelerar. De repente, a proximidade entre nós pareceu grande demais. Katherine se virou para tentar sair, mas eu estava no caminho e tudo o que ela fez foi ficar de frente para mim. O ar pareceu ficar pesado e tudo que eu conseguia ver eram seus lábios em minha frente. Tentando me controlar, mordi o meu próprio, mas a única coisa que eu consegui foi atrair os olhos dela até minha boca.

Eu não sei o que aconteceu a seguir, ou sequer quem começou, mas a próxima coisa de que me lembro é de ter os lábios dela pregados aos meus. Eu segurei seus cabelos de forma que pudesse puxar sua cabeça para trás e eu pudesse ter mais acesso a sua boca. O beijo chega ser violento, um confronto de línguas com tanto desejo que faz um gemido escapar da boca de Katherine. Como se algo tivesse explodido dentro de nós dois, ela agarrou meus braços com força, quase afundando suas unhas em minha pele. Eu segurei suas coxas com força e a levantei, colocando-a sobre o balcão atrás de nós. Ela enganchou as pernas ao meu redor com força, puxando-me para ela como se a mínima distancia pudesse ser demais para que suportássemos. Enquanto minha mão adentrava sua regata, passeando pela pele macia de suas costas, Kath se inclinou em minha direção. Desviando minha boca da sua por apenas um segundo, eu arranquei sua blusa azul e a joguei em algum lugar no chão. Me afastei apenas alguns segundos para por admira-la. Katherine tinha a pele clara e tão bela que me fazia querer beijar seu corpo todo. Seu sutiã preto cobria seus belos seios e eu tive de me segurar para não arrancá-lo ali mesmo. Ela gemeu mais uma vez quando beijei a base de seu colo, subindo por seu pescoço e me apoderando de sua boca mais uma vez, com força. Éramos um emaranhado de corpos quentes e quase delirantes. Dessa vez o gemido escapou de mim, enquanto eu me perdia na sensação extraordinária de senti-la tão perto. Eu nunca tinha sentido meu corpo responder tão prontamente a alguém quanto ele respondia ao de Katherine.

Mas de repente tudo isso acabou. Ela colocou a mão entre nós e me afastou rapidamente. Estávamos ambos ofegantes, e em seus olhos eu conseguia ver todo o desejo, como tinha certeza de que ela podia ver no meu. Mas como se tivesse levado um tapa da realidade, Katherine balançou a cabeça e olhou ao nosso redor como se tentasse espantar a fumaça de luxuria que envolvia seus pensamentos.

–Não. – ela alertou, olhando fundo em meus olhos ao mesmo tempo em que tentava acalmar sua respiração descompassada.

Ela não precisou falar nada para que eu entendesse no que ela estava pensando. Stefan. Seu amado namoradinho babaca. Com orgulho ferido e ate mesmo irritado, eu me afastei dela me apoiando na pia atrás de mim. Nem mesmo longe o idiota do Forbes me dava sossego.

–Damon... – como se percebesse algo em meus olhos, Katherine sussurrou, quase culpada.

–Esqueça. – eu disse, tentando engolir toda a raiva que estava sentindo. Peguei sua regata do chão e joguei em sua direção sem nem mesmo olhar para ela. – É melhor você se deitar. Quinta porta a esquerda subindo as escadas.

Sem esperar para que ela tivesse mais um ataque de consciência e me fizesse um discurso sobre como aquilo tinha sido errado, eu me virei e subi para meu próprio quarto, pensando em como um banho seria bom para tirar o cheiro da pele de Katherine de mim.


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Notas finais do capítulo

E aew, pessoal? O que acharam do Capítulo?
Algo me diz q vem mais treta por aí. hauehaueaueaue
Bjs
Até o próximo cap.



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