A New Place To Start escrita por WhateverDhampir


Capítulo 22
Capítulo 19 – Não deixe a raiva entrar.


Notas iniciais do capítulo

Sim, eu sei que demorei. Sorry, pessoal. Mas é que eu estive sem tempo essa semana e como se já não fosse o bastante meu computador desligou do nada e eu perdi todo o cap que eu tinha escrito.
But here am I ! E para fazer a felicidade de vcs, esse é definitivamente o maior cap que eu já escrevi, entao aproveitem. pq a treta ta rolando solta! hauehaeu
Mas antes da bomba toda explodir, eu queria voar na clavícula da Quenn B e dar aquele super abraço pela recomendação. babei arco iris e fiquei gritando aqui em ksa, pulando em cima da cama. Acho que minha mãe começou a questionar minha sanidade huehaeuhae
Younglove e Davina Carvalho Branco sejm bem vindas sua divas!
E a coisa perfeita da Tay Dragomir s2 Me abraça, Tayssa! Minha baby finalmente veio ver o resultado de todos os meus surtos e ideas malucas. Tatah é, tipo, minha irmã gêmea separada na maternidade que assim como eu tem total pavor de palhaços ( A Coisa? Tá brincando? Aquela coisa é apavorante! ). Acho que o simples fato dela usar Dragomir e eu Hathaway já explica grande parte, neh? jaeieuehaeuhaeuhae
Bem, pessoal, é isso.
Aproveitem o capítulo e me digam o que acharam.



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–Vocês o quê?! – Charlotte gritou assim que contamos a ela o que havíamos feito com Rebekah.

Nós tínhamos duas opções; A) Deixávamos com que ela descobrisse por si própria, e quando a bomba caísse, ela nos defenderia a todo custo, mas mais tarde teríamos uma bela duma conversa, onde ela poderia gritar e nos insultar de todos os poucos palavrões que ela conhece. O que logo depois resultaria à Raven e eu convencendo-a de a ficar do nosso lado e que Rebekah Mikaelson merecia o que recebera. Ou B) Contaríamos a ela antes da escola, então ela surtaria, gritaria com a gente e nos chamaria de loucas. Mas de uma forma ou de outra R e eu acabaríamos convencendo ela a ficar do nosso lado e que Rebekah Mikaelson merecia o que recebera. Viu? Todos ganhamos com uma opção ou outra. A diferença é que, assim que todos em casa saíram podíamos conversar sem ouvidos por perto.

Char era uma ótima amiga. Responsável, dedicada e nas poucas vezes que se permitia, realmente carinhosa. Mas um dos seus defeitos e um dos que mais a metera em confusão era que ela nunca nos deixava na mão. Charlotte sempre dava um jeito de ajudar, e dessa vez eu sabia que não seria diferente.

–É só uma brincadeira. – Raven, deitada em minha cama sorriu, sapeca. – Não vamos surtar, tá legal?

–Surtar? Surtar?! Vocês trancaram uma garota no vestiário! Ela passou a noite lá e vocês não querem que eu surte?!

Sentada na poltrona no canto do quarto, eu vi Raven revirar os olhos enquanto Charlotte andava de um lado para o outro em nossa frente. Ela estava prestes a fazer um buraco no chão e o barulho de seus saltos já estavam me irritando.

–Ela não é uma garota. É a Rebekah, se lembra dela? A garota que ferrou com a nossa amiga e o motivo de estarmos aqui. Ela no mínimo se encaixa categoria animal.

–Olha eu entendo. – Char olhou para mim com os olhos cheio de compaixão. Era nesses momentos em que eu estava disposta a arrancá-los de suas orbitas antes que ela começasse com um discurso que normalmente seria direcionado a uma criança e não uma adolescente de 17 anos. – O que ela fez foi errado e te magoou. Mas esse não é o jeito de resolver tudo.

–É claro que é! – Raven franziu a testa. – Ela merece. Trancamos a vadia em algum lugar e deixamos ela apodrecer, de preferencia para o resto da eternidade. O vestiário foi pouco comparado ao que tenho em mente para ela.

–Droga, Raven! Por que Jeremy nos chamou aqui? Para ajuda-la a passar por isso. – Ela respondeu sem esperar por R. – Era para estarmos ajudando ela a se sentir melhor, e não arrumar confusão na nossa primeira semana aqui.

–Oh, acredite, ela parecia bem contente quando estava trancando aquela cadela no lugar dela.

–Nós não vamos fazer isso de novo, certo? Nós mal chegamos e você e Katherine já estão de segredinhos, sendo impulsivas e se metendo em problemas.

–O que quer dizer?

–Isso. – Ela indicou ao redor enquanto elas discutiam como se eu fizesse parte do cenário. – Sempre que Kath está por perto você a segue como um cachorrinho. Será que preciso te lembrar de todas as encrencas em que se meteu por causa disso quando Bradd arrastava ela para os lados? Aonde ela ia, você estava junta. Por favor, não me faça envolver seu irmão nessa historia.

–Você está se ouvindo? – Raven ficou de pé em um salto, bufando em irritação. – Eu não a seguia, Charlotte! Eu estava onde minha amiga precisava que eu estivesse. Eu a ajudava, sempre estive do lado dela muito antes de você aparecer em nossas vidas. Ao contraio de você, que age como covarde fugindo no menor sinal de perigo, eu pretendo estar do lado dela sempre que ela estiver em problemas!

Char abriu a boca para falar algo, mas foi interrompida novamente. Raven era uma garota doce na maioria das vezes. Mas quando se irritava, chegava a ser assustadora.

–E não ouse colocar meu irmão no meio! Só porque vocês viraram um grude depois que Kath foi embora e me deixaram como segunda opção, isso não quer dizer que você tem o direito de se meter em minha vida.

–Isso não é verdade. Nunca te deixamos de lado. Kyle só esta preocupado com você. Ele iria querer...

–Não fale por meu irmão! Eu o conheço melhor que você, e agora parece que você nem ao menos conhece Kath também. Se fosse realmente amiga dela, estaria do lado dela e...

–Já chega!- Eu gritei, interrompendo as duas. Raven estava se aproximando de Charlotte e por um momento tive medo de que elas fossem se estapear. Eu realmente nunca as tinha visto discutir dessa forma. Elas tinham suas briguinhas, mas aquilo estava além do que eu já sequer tinha presenciado. O que diabos estava acontecendo com essas garotas?

–Olhe, Char, se não quiser se meter, eu entendo. Mas Raven e eu vamos fazer isso, okay?

Ela olhou em meus olhos por alguns segundos, então a teimosia dentro dela pareceu se quebrar e Charlotte deixou seus ombros tensos relaxarem. Até que tinha sido fácil dessa vez.

–Tudo bem. – Ela suspirou. – Mas, por favor, me prometa que se as coisas saírem do controle e eu disser que acabou, então nós paramos. Não quero que as coisas acabem como da ultima vez.

Eu senti que Raven iria discutir e segurei seu ombro para fazê-la se calar. Eu sabia que ate mesmo com Charlotte era bom não abusar da sorte.

–Tudo bem.- Concordei.

Nós pegamos nossas coisas e decidimos partir antes que chegássemos atrasadas. Eu estava pegando minha jaqueta de couro no hall de entrada quando vi a chave de minha mãe em cima da mesinha ao lado da porta.

–Droga, será que podemos passar na loja da minha mãe no caminho?

–Claro. – Raven deu de ombros.

O caminho todo foi estranho e constrangedor. Raven ao meu lado e Char no banco de trás estavam em silencio total, olhando pela janela . Eu coloquei um dos CDs do Metallica que havia ganhado de Bradd e enquanto Fade To Black tocava a falta de conversas no veiculo parecia pesar. Teria de perguntar a Kyle o que estava acontecendo com elas mais tarde. Ele havia prometido passar no colégio mais tarde nos ver e eu teria que dar um jeito de ficar sozinha com ele.

Anna estava na recepção quando entrei. Ela sorriu, parecendo realmente contente em me ver e fechou o caderno em cima do balcão, afastando o cabelo castanho do rosto.

–Katherine! Oi!

–Oi, Anna.- Sorri em resposta. – Bom ver que ainda está por aqui.

Minha mãe havia tentado contratar duas garotas antes dela, mas nunca dava certo.

–Sua mãe é muito boa. E ela me deixa usar o computador para trabalhos escolares quando estou por aqui, então... Quer alguma coisa?

–Eu só vim entregar as chaves de casa. Ela esqueceu e não sei se vai ter alguém lá quando ela chegar. Ela está aí?

–Oh, sim. Ela esta no escritório. Na verdade, tem estado lá com alguém desde que cheguei. Quer que eu entregue?

–Não, não. Tudo bem, não quero atrapalhar. Eu mesma vou.

Eu sorri para ela e subi as escadas íngremes no fundo da loja. Ela levava a um corredor pequeno com somente duas portas. A porta direita era o estoque, onde Jenna guardava as coisas, e a porta a esquerda era seu escritório. Eu já tinha estado lá antes. Era apenas uma pequena e aconchegante sala pintada em um tom roxo claro. Minha mãe havia espalhado quadros, retratos da família e vasos de plantas por todos os lados, o que o deixava a sua cara. Na verdade, era muito parecido com o escritório que papai mantinha em nossa casa em Nova York.

Eu bati na porta de leve e então seu rosto apareceu em uma pequena frecha.

–Anna eu não quero ser incomodada até... Oh, Katherine? – Seus olhos se arregalaram quando me viu e, se possível, a brecha na porta diminuiu de tamanho. – O que faz aqui, meu bem?

–Você esqueceu as chaves. – Eu ergui o objeto em minhas mãos.

–Ah, claro. – Rapidamente, ela enfiou a mão pelo espaço e pegou as chaves. – Obrigada, querida. Você não devia estar na escola? Não quer se atrasar, certo?

–Não, garotas...

–Ótimo! Te vejo mais tarde! - Ela fechou a porta com um baque e me deixou parada no corredor com a mão estendida na frente do corpo.

–...estão me esperando no carro.

Eu saí dali, sem entender o que estava acontecendo com todo mundo hoje. Era impressão minha ou todos estavam mais estranhos que o normal.

–Anna, sabe quem está lá em cima com a minha mãe?

–Humm, eu não prestei muita atenção, mas acho que são uma mulher e uma garota de cabelos escuros. Elas vieram aqui alguns dias atrás. Acho que são clientes.

–Claro... – Eu sussurrei, tentando imaginar quem diabos poderia ser. – Estamos indo para o colégio. Aceita uma carona?

–Seria ótimo! – Ela pegou uma mochila atrás do balcão e agarrou seu caderno.

Fechando a porta da loja no caminho para que ninguém entrasse, ela me seguiu até o carro. Annabelle parecia era apenas alguns meses mais nova que eu, mas tinha um rosto que a fazia parecer uma criança. Ela não tinha muitos amigos no colégio, eu tinha notado. Passava a maior parte do tempo lendo sozinha no almoço ou rabiscando em seu caderno durante as aulas.

Charlotte passou para o banco de trás quando viu a garota comigo, tomando cuidado para evitar encostar em Raven. Anna se sentou ao meu lado e sorriu para as meninas.

–Garotas, essa é a Anna. Anna, essas são Charlotte e Raven.

A cara feia delas instantaneamente se desfez e eu quase suspirei de alivio.

–Eu nunca vi vocês por aqui.

–Oh, somos novas. – R sorriu. – Somos amigas da Kath de Nova York. Vamos passar um tempo aqui.

–Nova York? Que demais! – Os olhos castanhos de Anna pareceram se iluminar. – É uma cidade incrível!

Elas passaram o resto do caminho todo conversando sobre pontos turísticos e os melhores restaurantes mexicanos de NY. Eu me senti satisfeita ao ver que Anna se soltava com facilidade e pensei se talvez não fosse boa ideia chama-la para sair algumas vezes. Ela realmente parecia uma boa garota e ela e Raven se deram bem logo de cara.

[****]

A única vaga vazia que tinha sobrado estava ao lado do carro de Jer. Ele estava sentado sobre o capo conversando com seus amigos. Olha que maravilha! O dia já começou me sacaneando. Todos olharam na direção de meu carro quando estacionei, mas só conseguia prestar atenção nos olhos de Stefan. Ele sorriu discretamente para mim quando desliguei o motor do carro antes de se voltar para a conversa com os amigos.

–Só para deixar claro. Não acredito em nada daquelas coisas. – Anna sorriu. – Obrigada pela carona, Kath.

Nós saímos do carro e Raven sorriu ao ver a garota sair saltitando pelo estacionamento.

–Gostei dessa garota.

Eu ri.

–Eu também.

De repente braços estavam em minha volta e um emaranhado de cabelos castanhos fazia cosquinhas em meu rosto. Bonnie havia me abraçado com força e Nadia, Matt, Stefan e Jeremy estavam atrás dela soltando risadinhas. Caroline, como sempre desde aquele dia, me encarava de cara fechada e eu mais uma vez tentei ignorar. Quando olhei para Jer a procura de respostas ele apenas deu de ombros com uma expressão que parecia dizer “eles te amam. O que eu posso fazer?”.

–Humm, Bonnie? – Eu disse sem jeito com sua demonstração súbita de afeto. – Você está esmagando minhas costelas.

–Oh, desculpe. – Ela se afastou. – E aí, vai se sentar com a gente na hora do almoço ou vai continuar com essa greve?

Ao olhar no rosto de cada um, notei que eles não estavam brincando. Eles realmente me queriam na mesa deles. A não ser pela adorável Caroline, claro. Veja bem, eu não tinha raiva dela. Ela só estava tentando proteger o irmão de andar com pessoas como eu. Mas, fala sério, sua atitude já estava me dando nos nervos.

–Achei que vocês me odiassem.

–Oh, querida. – Nadia riu. –Vai precisar de mais do que algumas fotos e um passado rebelde para nos fazer te odiar.

– Então, foi por eles que você nos trocou? – Raven estava parada ao meu lado de braços cruzados. Eu até poderia acreditar que ela estava brava se não fosse pelo indicio de um sorriso no canto de seus lábios.

Eu ri.

–Garotas, esses são Nadia, Bonnie, Caroline, Matt e Stefan. – Eu indiquei cada um deles.

–Uuh, doce Stefan. Finalmente nos conhecemos. – Char piscou para ele, o que o fez ficar vermelho e Raven eu rimos.

Char não tinha jeito mesmo.

–Essas são Raven e Charllote, minhas amigas de Nova York.

As garotas cumprimentaram cada um deles. Raven e Stefan haviam se conhecido quando ela havia lhe entregado seu celular então apenas sorriram um para o outro. Caroline mais ao fundo não fez questão de cumprimenta-las e, percebendo isso, elas apenas a ignoraram.

–Uma reunião emocionante, sem duvidas. – Aquela voz irônica soou atrás de mim, fazendo com que eu me arrepiasse toda. – Desculpe interromper, mas preciso roubar as garotas.

A expressão de Stefan se fechou e assim que me virei, desejei não ter feito isso. Damon estava parado um tanto próximo de mais com uma sobrancelha arqueada e seu típico sorriso irônico e ar desafiador. Droga, como eu queria arrancar aquele sorriso do rosto dele! Nada em sua expressão parecia entregar qualquer indicio de emoção que sobrara sobre nossa briga ontem. Ele simplesmente agia como se nada tivesse acontecido e eu quase suspirei de alivio por isso.

–Katherine.

Ele inclinou a cabeça de lado e a sensação de tê-lo tão perto me fazia ter vontade de gritar de frustração. Se ele pudesse se afastar só um pouquinho para que eu pudesse respirar...

–Damon. - Minha voz falhou. Droga!

–Olá, garotos! – Foi só quando Raven os cumprimentou que notei que Damon não era o único recém-chegado. Klaus estava parado ao seu lado com uma expressão de preocupação.

–Olá, Kath.

Eu dei um sorriso em resposta.

–Você por acaso não tem visto Rebekah por aí? – Perguntou sem rodeios. – Eu não a vejo desde ontem e ninguém mais a viu.

Eu quase podia ouvir Charlotte prender a respiração e a risadinha reprimida de Raven. Eu não sabia se ria da situação de Rebekah ou simplesmente sentia pena por Klaus. Ele realmente não merecia a irmã que tinha.

–Sinto muito Klaus, mas sua irmã e eu tentamos evitar o caminho uma da outra. – Eu disse sem qualquer emoção na voz e o rosto neutro. Eu já tinha certa pratica em mentir, então apenas dei se ombros como se sentisse muito.

Eu não sentia. Não mesmo.

Damon piscou para mim e tentou disfarçar o sorriso. Ele obviamente estava se divertindo com aquilo.

–Eu sei. Olha, sinto muito por aquilo. Rebekah às vezes passa dos limites e o que ela fez não tem perdão.

–Eu entendo. Não dever ser fácil para ela sem os pais. Não que isso justifique, mas... Sinto pena dela.

–Obrigado por entender. –Ele sorriu. – Muito bem, eu vou procurar as amigas dela. Talvez ele a tenha visto.

A víbora tem alguma amiga?, eu pensei, sorrindo com inocência.

Com isso ele acenou e saiu dali. Caroline levantou a mão como se fosse cumprimenta-lo quando ele passou, mas Klaus apenas a ignorou de cara feia e passou reto. Opa! O que aconteceu aqui?

–Vejo vocês depois. – Eu disse ao pessoal enquanto indicava para Raven que estava na hora de ir.

–Você vem ou não Charlotte? – Ela perguntou como se dissesse “Vai nos ajudar ou ser uma covarde como sempre?”. Eu realmente não estava gostando do clima entre elas.

Char ficou parada, passando o peso de corpo de um pé para o outro por alguns segundos antes de segurar a mochila com força e passar por Raven com passos decididos. Aquilo até seria engraçado se eu não estivesse tão chateada com o jeito delas.

Eu vi Stefan fechar a cara quando viu que Damon estava com a gente. Eu não estava afim de ter uma DR bem ali, então apenas ignorei e segui ele e as garotas para o prédio vermelho.

–O Zelador limpa o vestiário na hora do almoço. – Damon sussurrou para nós quando chegamos a uma parte vazia do corredor.

Ele parecia estar evitando deliberadamente me encarar. Ele caminha a uma distancia segura de mim e seu tom irônico ou mesmo o ar de diversão haviam lhe abandonado.

Raven havia ficado com o armário ao lado do meu. Nós paramos para pegar alguns livros e ele se encostou ao lado do meu com a cabeça baixa, encarando as figurinhas e pôsteres de bandas no lado interno da pequena porta de ferro. Charlotte encarava as unhas e eu sabia que ela estava se esforçando para não dar uma de mamãe responsável para cima de nós.

–Precisa achar alguém para lhe dar cobertura. – Quando ele finalmente me encarou, tinha uma expressão seria e se possível, seus olhos pareciam mais negros que de costume. –Rebekah vai apelar para a garotinha órfã e delicada para conseguir que acreditem nela. Se ela disser que foi você quem a tranou lá, e ela vai, precisa de alguém para dizer que estava com você. Não posso me meter mais nisso tudo. Se Klaus descobrir que ferrei com a irmã dele... bem, a coisa vai ficar feia.

–Sei cuidar de mim mesma. – Dei de ombros. Klaus era melhor amigo dele, eu sabia, e embora eu odiasse Damon, não pediria que arruinasse sua amizade por causa de minha briga com a Mikaelson. – Ainda tem o celular?

Damon mexeu na mochila preta em suas costas e me entregou o aparelho rosa cheio de gliter. Por que não estou surpresa?

–Quando todos estiverem prestando atenção em Rebekah e em mim quero que vá até o vestiário e deixe isso lá. – Pedi a Raven. Ela pegou o celular e guardou em sua própria bolsa sem hesitar. – Apague as marcas de batom do espelho e de sumiço no cadeado na porta.

Sem dizer nada para nenhuma de nós, Damon se virou e deu o fora dali. Eu fiquei parada, segurando meus livros enquanto o via desaparecer no corredor. Era impressão minha ou ele sempre virava as costas para mim como se estivesse querendo fugir para o mais longe possível?

[****]

–O que tem entre você e o Salvatore? – Nadia me perguntou durante a aula de Física mais tarde naquele dia.

Eu estava rabiscando meu caderno, os pensamentos dispersos demais para pensar nas questões em minha frente. Ela tinha largado a caneta e se virado para trás, me encarando com aqueles olhos castanhos que fazia você se sentir como se ela soubesse todos os seus segredos. Tentando deixar minha expressão o mais neutra possível, eu ergui a cabeça como se não fizesse a menor ideia de sobre o que ela estava falando.

–O quê?

–Você e o Damon. – Ela insistiu. – Vocês andam bem próximos desde que voltou.

–É. Trabalho de literatura. – Dei a mesma desculpa que havia dado para Stefan.

–Ele me disse.

Então por que está me perguntando?, eu tinha vontade de dizer, mas fiquei calada. Eu sabia bem por quê. Nadia não acreditava em mim.

–É só que vocês viviam se estranhando e agora... parecem até amigos, ou seja lá o que for.

Não somos amigos. – Sussurrei com raiva.

Eu nunca seria amiga de Damon. Ele era um traidor. Um idiota, teimoso, metido. Um babaca que nunca teria nada mais do que minha raiva.

Acho que Nadia percebeu que eu não tocaria mais no assunto, pois se virou novamente em seu lugar e se concentrou em sua atividade.

Quando o sinal finalmente tocou, eu juntei meu material e segui para o refeitório. Eu senti seus olhos em minhas costas, mas não a esperei. Assim que entrei na fila para pegar meu almoço, Damon e Klaus se postaram atrás de mim. Damon mais uma vez me ignorou e Klaus apenas sorriu.

–É isso o que vai comer? – Raven me encarou quando me viu com apenas uma garrafinha de suco de laranja em minha mão. Eu revirei os olhos.

–Por que não cuida da sua própria vida?

Klaus riu atrás de mim, e só então R pareceu notá-los.

–Ah, olá garotos! Vão se sentar conosco?

Niklaus, que achei que estaria pronto para aceitar apenas para se sentar ao lado de Caroline, olhou em direção a mesa e assim que seus olhos encontraram a loira, sua expressão se fechou.

–Obrigado, mas acho que não.

Eu o observei partir em direção a uma vazia mais afastada, passando reto pela mesa onde Tyler estava sentado. O garoto viu Klaus passando e ergueu a cabeça brevemente antes de voltar a fitar a bandeja intocada com sua comida.

–O que deu neles? – Perguntei a Damon que também observava a cena sem demonstrar emoção alguma.

Ele deu de ombros.

–Klaus pegou Tyler e Caroline se beijando em uma festa. É claro que não notou porque estava trancada em sua casa sendo uma covarde. – Sussurrou sem ao menos me olhar. Sua voz era grave e ele tinha o mesmo tom que usava para falar comigo antes de tudo. As coisas até pareciam estar voltando ao normal.

Eu até teria discutido com ele. Eu tinha uma resposta na ponta da língua para sua arrogância, mas acho que ter ouvido aquilo fez com que eu me calasse. Fiquei calada por uns segundos tentando digerir o que ele tinha dito. Droga, Caroline era quase um exemplo de boa garota. Tirava boas notas, nunca se metia em confusão e certamente era daquelas que sempre obedeciam o toque de recolher. Eu quase poderia imaginá-la em um daqueles seriados antigos vestindo uma saia comprida e rodada cheia de bolinhas com os pequenos cachos presos no alto de sua cabeça. Beijar o amigo do garoto com quem ela ficava definitivamente não se encaixava em sua pose de santa. Eu teria rido daquilo se voltássemos no tempo e eu fosse a velha Katherine. A boa garotinha que me encarava por ser uma vadia não era tão santa afinal. Mas ela era a irmã de Stefan, e embora estivesse me irritando para caramba, eu não lhe desejava mal.

Sem dizer nada mais, Damon me virou as costas e foi se juntar ao amigo. Eu revirei os olhos e por um instante ponderei sobre o quão arriscado seria acertar sua cabeça teimosa com a garrafa em minhas mãos. Fala sério, eu não tinha uma boa mira, mas ei, ele estava apenas alguns metros à frente! Aposto que faria algum estrago.

Eu segui para a mesa de meus amigos com Raven em meu encalço. Charlotte já estava lá, conversando animadamente com Jeremy enquanto Bonnie parecia observar a cena com a cara fechada e os braços cruzados. Caroline me encarou enquanto eu me sentava no lugar em que Stefan havia guardado para mim ao seu lado. Ele beijou minha bochecha e sorriu como se aquilo fosse apenas mais um dia normal e eu nunca tivesse me ausentado.

O almoço transcorreu calmamente. Conversas e risadas pareciam encher a mesa e as vezes Matt ou Jeremy soltavam alguma piada que fazia todos rirem ainda mais. Raven e Char estavam se entendendo bem com todos eles, e enquanto eu brincava com a minha garrafinha de suco ainda intocada, não pude deixar de perceber o quanto estava feliz com aquilo. Era como as coisas deveriam ser. Estavam todos ali, meus novos e velhos amigos. E mesmo que Caroline fizesse cara feia para mim às vezes, eu fazia questão de apenas a ignorar e continuar fazendo parte da conversa.

Foi então que a porta do refeitório se abriu com um estrondo e o diretor entrou, seguido por, olha só que surpresa, Rebekah Mikaelson!

Ela vestia a mesma roupa do dia anterior. A calça jeans e a blusa vermelha tomara que caia que mostrava a maior parte de seu colo. Mas seu rosto estava manchado de preto, como se ela tivesse chorado a noite toda e seu rimel e lápis tivessem escorrido por todo seu rosto. Ela tinha tentado limpar aquilo, mas algo me dizia que não tinha dado muito certo. Seu cabelo estava todo bagunçado e ela tinha a cara de quem não havia dormido muito bem.

Rebekah caminhou em minha direção quase bufando de raiva e eu tive que me segurar para não rir. Jeremy olhava dela para mim como se tivesse medo de saber a resposta sobre tudo aquilo. Ele iria perguntar algo, mas então a voz gélida do Sr. Wilson cortou o ar como gelo, fazendo todos no refeitório se calar.

–Srt. Pierce.

Eu me levantei, tentando fazer minha melhor cara de choque enquanto observava Rebekah quando na verdade tudo o que eu queria fazer era me jogar no chão e rir até minha barriga dor.

–Rebekah? – Eu fingi espanto. - Ai, meu deus! O que aconteceu?

–Bekah? – Klaus se levantou na mesa e correu ate a irmã, cheio de preocupação. – O que aconteceu com você?

–Por que não pergunta a ela? – A garota apontou para mim com os olhos cheios de raiva.

–Eu? O que foi que eu fiz?

–A Senhorita Mikaelson foi encontrada trancada no vestiário masculino pelo zelador. – O diretor explicou. – E ela afirma que Katherine Pierce a trancou lá.

–O quê? – Levei a mão ao meu peito como se tivesse sido insultada. – Por que eu faria isso?

–Sua vadia descarada...

–Calada, Srt. Mikaelson!

Rebekah se encolheu. Era bom saber que ela tinha medo de alguém. De novo, tive de me esforçar para não rir.

O diretor voltou seus lhos para mim novamente.

–Eu esperava que pudesse nos explicar algo.

–Olha, Rebekah e eu não somos exatamente melhores amigas, okay? – Eu disse com cara de quem não estava entendendo nada. – Mas por que diabos eu a trancaria em um vestiário? – Me virei para ela. – Bekah, tem certeza de que não foi outra pessoa? Afinal, você poderia estar lá com alguém...

Eu deixei a frase subentendida pairando no ar. Ela pareceu mais irritada ainda e Klaus teve de segurá-la para impedir que ela avançasse em mim.

– O que está querendo insinuar, Srt. Pierce? – Sr. Wilson me perguntou com a cara feia de sempre.

–Bem, eu não sei. – Dei de ombros. – Eu sei que Rebekah não gosta muito de mim. Ela provou isso quando espalhou todas aquelas minhas fotos. – Olhando para Rebekah, eu me fiz de vitima, com direito a cara de choro e tudo mais. – Querida, eu sei que você gosta do Stefan.

Como se tivessem lhe dado um tapa, a cara dela ficou vermelha. Eu só não sabia se ela estava corando ou estava apenas com raiva.

–Mas eu pensei que já tivesse superado o fato de ele ter escolhido a mim e não a você. Já lhe disse que não guardo rancor. Eu entendo. Uma garota nova chega e o garoto do time se aproxima dela. Mas me meter em encrenca não vai fazê-lo gostar de você.

O diretor fechou a cara mais ainda, mas dessa vez em direção a Rebekah. Aparentemente eu ainda tinha jeito na coisa.

–Se é disso que se trata, Srt. Mikaelson...

–É claro que não! – Ela gritou, frustrada. – Essa louca me trancou lá! Eu sei que foi ela!

–Por que não avisou ninguém? – Klaus perguntou. – Onde está seu celular?

– Ela o pegou! Ela armou tudo!

–Tem certeza de que não está com ele? – Perguntei. – Talvez você o tenha perdido.

–Onde você estava ontem no final da aula, Srt, Pierce? – O diretor me olhou.

Droga, pensei. Eu deveria ter seguido o conselho de Damon e achado uma desculpa. Eu fiquei parada, abrindo e fechando a boca enquanto tentava achar uma desculpa.

–Ela estava comigo. – Damon, parado ao lado de Klaus, se moveu até ficar ao meu lado. Sua aproximação, que normalmente me provocaria raiva, fez com que eu me sentisse aliviada.

Eu prendi a respiração quando o senti perto de meu corpo, sabendo que aquele idiota não deveria estar fazendo aquilo. Klaus provavelmente tiraria satisfação com ele mais tarde e se ele esperava que ficar do meu lado ou me defender me faria esquecer o que ele tinha feito, Damon estava muito enganado.

–O quê? Mas que idiotice. – Rebekah resmungou. – Eles estão mentindo!

–Trabalho de Literatura. – Eu dei essa desculpa mais uma vez, sabendo que se o diretor resolvesse investigar e perguntar à professora seríamos desmentidos. – Estávamos na biblioteca.

Todos os alunos sabiam que a biblioteca era um local livre dos olhos dos professores. Emma, e bibliotecária com sessenta e poucos anos viva enfiada atrás de um exemplar da revista de historia para prestar atenção no que quer que os alunos faziam ali. Qualquer um poderia estar lá e ela nem notaria.

Rebekah me encarou como se estivesse disposta a arrancar minha pele fora. Eu pisquei para ela, rápido demais para que alguém visse e aquilo a irritou ainda mais. Rebekah se mexeu nos braços do irmão e ele teve de segurá-la com mais força.

–Katherine é uma boa garota, Rebekah. – Klaus disse, tentando tranquilizar a irmã. – Eu já lhe disse isso. Está na hora de começar a ser menos teimosa. Talvez você tenha apenas perdido o celular. Onde está sua bolsa, afinal?

–No vestiário. Está na droga do vestiário!

–Não vale nada checar. – Eu dei de ombros.

O diretor olhava de um lado para o outro, e como se estivesse disposto a acabar logo com aquilo para que pudesse almoçar de uma vez, ele indicou o caminho. Rebekah ia à frente, sendo guiada pelo aperto de seu irmão, enquanto ele sussurrava algo em seu ouvido. Damon estava ao meu lado em silencio. Uma breve olhadela pelo ombro havia me revelado que Raven não estava mais sentada em nossa mesa. Seja rápida, R. , pensei.

A porta do vestiário estava aberta e assim que entramos eu segurei minha respiração. O espelho estava limpo, percebi com alivio.

–Não está aqui. – Rebekah agarrou a bolsa em um canto, distraída demais para prestar atenção em algo mais que não fosse me descarar. – Ela o pegou.

A Mikaelson virou a bolsa no chão, espalhando canetas, maquiagem e coisas inúteis. Entre todas as coisas, um aparelho rosa brilhou e caiu no meio de todas as outras. Ela ficou em silencio por um momento, encarando o celular como se fosse um animal peçonhento pronto para dar o bote.

–Ele não estava aqui... – Sua voz era baixa e quase desesperada. – Ele não estava aqui.

–Rebekah. – O irmão se aproximou e tocou seu ombro. – Você estava assustada. O vestiário é fechado é talvez você só tenha entrado em pânico. É normal que talvez estivesse imaginando...

–Não! – Ela se levantou, os olhos cheios de lágrimas. Aquela, eu notei, era a primeira vez que eu a via chorar. – Ele não estava aqui. Foi ela! Ela me trancou! Ela o colocou de volta em minha bolsa!

–Ela estava no refeitório tempo todo, Bekah. – Niklaus sussurrou para a irmã com um tom condescendente.

–Não!

Quase como um boneco de pano, ela se jogou nos braços do irmão, lagrimas escorrendo por seu rosto. Eu até poderia me sentir mal, mas ela merecia. Rebekah merecia aquilo.

Vê-la daquele jeito fez com que eu me lembrasse da forma como eu havia me sentido, trancada em meu quarto. Naquele momento eu decidi que não seria fraca como Rebekah. Eu não deixaria que me vissem chorar de novo. Estava cansada de ser fraca da forma como eu vinha sido desde que cheguei em Mystic Falls. E o olhar preocupado de Damon em minha direção só me fez ter mais certeza. Ele desviou os olhos quando notou que eu o encarava, e aquilo me irritou ainda mais. Olhe para mim!, eu tinha vontade de dizer. Será que pode me olhar sem precisar desviar os olhos? Eu deveria estar com raiva de você aqui!

–Estão dispensados. – O diretor acenou na direção minha e de Damon enquanto Klaus consolava a irmã. – Vamos mandá-la para casa para que ela se acalme.

Como se eu me importasse, pensei ao me virar e sair dali.

Eu ouvia o barulho de meus saltos contra o chão enquanto caminhava de volta ao refeitório. Eu tinha consciência de Damon me seguindo, mas não diminui o ritmo. Ele não tinha que ter se metido. Ele não tinha que ter me defendido. Eu não estava disposta a dever nada àquele babaca sem noção.

Eu ia abrir a porta lateral do refeitório quando ele me puxou pelo braço. Eu tinha consciência de que onde estávamos qualquer um que espiasse pela janela poderia nos ver, mas quando sua pele encostou na minha, enviando aquela típica sensação de estar flutuando através de mim, a raiva queimou e eu o afastei com um tapa em sua mão, mais pela surpresa de sempre estar disposta a responder a seu toque daquela forma o que qualquer outra coisa.

–Não encoste em mim. – Eu sussurrei, olhando fundo em seus olhos.

Damon estava me observando, e por um momento percebi algo. Sempre que eu encontrava seus olhos, esperava algum tipo de pena ou que ele me olhasse como se eu fosse uma pobre órfã. Era assim que os outros me olhavam na maior parte das vezes. Mas não era assim com ele; Damon olhava para mim como se tentasse ver minha alma. Como se eu fosse o maior e mais complicado quebra-cabeça que ele já tinha encontrado. Naquele segundo, quando ele se concentrou em nada além de meus olhos, foi como se ele finalmente tivesse entendido alguma parte de mim. E isso, mais do que qualquer coisas desde que cheguei à Mystic Falls, me aterrorizou.

–Você está bem? – Ele parecia preocupado, mais do que eu já o tinha visto.

–Por que se importa?

Eu me virei para entrar, mas mais uma vez ele me impediu. Droga, será que ele não podia apenas entender que eu não o queria por perto?

–Será que dá para parar com isso, Katherine? –Ele parou ao notar que tinha falado alto demais. Olhou atrás de mim, na direção do refeitório, e então começou a fala mais baixo, de uma forma que somente eu o conseguia ouvir. –Pare de agir como se eu fosse a droga do inimigo aqui.

–Você não é?

Eu sorri para ele com ironia, esperando que ele soltasse meu braço, mas ele não o fez. Ao invés disso apenas deslizou a mão para baixo, segurando meu punho. Eu perdi o folego e minha respiração começou a se acelerar. Nós dois encarávamos o lugar onde nossa pele fazia contato, tentando respirar direito.

–Sei que pode sentir isso. – Ele sussurrou com a voz rouca e se aproximou mais um pouco, olhando em meus olhos, minha boca e então meus olhos novamente. – Eu vi seus olhos lá. Eu acho que sempre vejo seus olhos. E seu rosto e...

Será que pode parar de olhar para minha boca?, pensei enquanto o via morder o lábio inferior. Aquele simples gesto fez com que eu me imaginasse fazendo aquilo por ele.

–Droga, eu odeio você. - Bem vindo ao clube. – E mesmo assim... Você está bem?

Eu queria fugir de sua pergunta, por que de alguma forma sentia que não poderia mentir para ele. Na verdade, eu queria fugir dele também, mas o aperto em meu braço parecia ser feito de aço, me prendendo ali com ele. Se eu fosse esperta, diria que não era da conta dele e então o deixaria para trás como ele sempre fazia comigo.

Acho que eu não era esperta, afinal.

–Eu não senti nada. – As palavras saíram por meus lábios sem que eu ao menos pensasse em pronunciá-las. – Eu a vi chorando e deveria ter sentido algo. Pena, raiva. Qualquer coisa. Mas eu não senti. Tudo em que eu conseguia pensar era que ela merecia tudo aquilo. Eu só conseguia pensar que se eu pudesse, faria coisas piores com ela.

Minha voz falhou e de repente a porcaria das lágrimas estavam escorrendo. Droga, eu só queria não ser tão fraca! Eu levantei minha mão para secá-las, mas ele foi mais rápido. Damon passou o polegar por minha bochecha, afastando as gotas salgadas. Eu tinha prometido não chorar lá no vestiário, e eu sabia que seria capaz de me segurar na frente de qualquer um. Mas não na frente dele. Damon parecia despertar os piores sentimentos dentro de mim. Ele me fazia fraca.

–Eu sou uma pessoa horrível. Pensei que era uma fase, que eu voltaria a ser a boa garota que meu pai sempre imaginou que eu fosse... e hoje eu estou aqui outra vez, sendo a mesma pessoa terrível que eu era antes.

–Não. – Damon segurou meu rosto entre as mãos para que eu olhasse somente para ele. Eu provavelmente o teria afastado, mas percebi algo que me fez corar. Eu não queria afastá-lo. Eu queria que ele ficasse mais próximo. Queria enganchar minhas pernas ao redor da cintura dele e morder seus lábios, beijar seu pescoço, eu queria... – Eu sei que você é uma boa pessoa, Kath. Pelo menos isso eu posso ver.

Tentei negar novamente, mas ele não me deixou falar.

–Vejo do jeito que olha para os seus amigos. Eu vi o jeito como você é com eles. Você é a garota mais gentil, doce e compreensiva que eu já conheci. –Ele balançou a cabeça. – Talvez seja por isso eu sinta tanta raiva de você. Você é tudo o que eu não sou, Katherine. Você pode ser qualquer coisa, mas se tem algo que você não é, é uma má pessoa.

–Você só está falando isso por que...

– Não. - Ele me interrompeu novamente. – Olhe para você agora mesmo.

Acabada, chorona e uma idiota total?

–Você diz que não sente nada, e mesmo assim está aqui, se importando se talvez não seja uma pessoa boa. Só isso já prova quem você é. Não ouse questionar isso ou juro que vou tatuar isso em sua testa com letras mais rosas que as roupas da Caroline.

Eu ri.

Droga, eu ri. Será que eu poderia odiar mais aquele garoto? E, no entanto, naquele pequeno segundo, eu me senti melhor.

Damon Salvatore havia feito com que eu me sentisse melhor.

E eu queria bater nele por isso.

–É melhor entramos. – Ele franziu a testa, e de repente o velho Damon estava de volta.

Eu não disse nada. Me virei e entrei, seguida por ele. Algumas pessoas olhavam para nós enquanto avançávamos. Eu ouvia pessoas cochichando, mas uma breve olhadela por sobre meu ombro me mostrou que Damon parecia alheio demais parasse importar. Ele sorriu daquela forma irônica para mim e eu virei o rosto, tentando não pensar de quantas formas eu poderia fazer com que aquele sorrisinho caísse de seu rosto. Eu o imaginei sussurrando meu nome com a voz rouca como havia feito antes, e mais uma vez soube que estava corando.

Raven estava de volta em seu lugar, ocupada com seu sanduiche enquanto os outros conversavam. Eu me acenei com a cabeça para Damon e ele foi se sentar em sua própria mesa, agora vazia, enquanto eu tomava meu lugar na mesa de meus amigos. Todos eles pararam de conversar no momento em que me sentei e R levantou o rosto, sorrindo.

–E aí? – Ela perguntou com um sorriso irônico. – A vadia surtou?

Todos olharam para minha amiga como se ela estivesse louca, e Charlotte parecia estar se segurando para não voar por cima da mesa na direção dela.

–Totalmente. – Sussurrei de volta, pegando um pedaço do bolo em sua bandeja. – Devia ter visto a cara dela.

Você não é uma má pessoa, as palavras de Damon fizeram eco em minha mente.

–Katherine, você fez aquilo? – Jeremy me perguntou. Ele não parecia irritado ou chateado, mas também não parecia nada feliz.

–É claro que não, Jeremy. – Stefan me defendeu, segurando minha mão. – Eu conheço Kath. Ela não faria isso, não é?

–Aparentemente você não me conhece tão bem assim. – Eu não iria dizer nada a eles. Mas, cara, eu odiava ver as pessoas achando que me conheciam quando na verdade não faziam ideia de quem eu era. Mesmo que fosse Stefan.

Ele me encarou um tanto surpreso e em algum lugar na mesa eu ouvi a voz de Caroline.

–Que vadia!- Ela sussurrou, me encarando com a cara fechada. E mais um erro foi cometido.

–Você realmente quer conversar sobre quem é a vadia aqui?

O silencio reinou na mesa.

Eu gostava de Caroline. Não somente pelo fato de que ela era a irmã de Stef, ou por tudo o que ela havia feito por ele, mas também por que ela era uma boa garota. Mas quem era ela para me julgar? Caroline vinha agindo como se eu fosse um parasita nos últimos dias e eu definitivamente não era do tipo de pessoa que aguentava isso calada por muito tempo.

–Do que você está falando?

–Pergunte ao Klaus. – Eu sorri cinicamente. - Se bem que eu duvido que ele queira chegar perto de você agora. Eu não iria querer.

Foi como se eu tivesse dado um tapa na cara de Caroline. Ela ficou vermelha e os outros encaravam tudo de queixo caídos.

–Quem disse isso a você? – Ela se levantou, batendo as mãos na mesa. – Aposto que foi o idiotado Salvatore, não é? Vocês dois andam bem amiguinhos. Por que não chuta logo meu irmão e vai correndo pros braços dele?

Eu sabia que estavam todos nos olhando. Assim que me levantei, Charlotte e Raven se postaram uma de cada lado meu. Por mais errada que eu estivesse, e eu sabia que tinha estado errada ao provocar uma discussão com Caroline, elas sempre estavam do meu lado.

Olhei para Damon do outro lado do refeitório. Ele estava observando a cena um tanto surpreso. Acho que nem mesmo ele esperava o ataque de fúria vindo da loira ali. Eu não sabia o que mais me irritava; Caroline insinuar que Damon e eu estávamos tendo algo ou ela realmente achar que eu estaria disposta a trocar Stefan por outro garoto, simples assim.

Prendi meu cabelo em um coque, engolindo minha raiva. Eu já estava cansada de brigas para um dia só. Peguei minha garrafa de suco, que uma hora dessas já estava quente, e levantei os olhos para a garota irritada do outro lado da mesa.

–O que acontece entre Damon e eu, ou com qualquer outra pessoa não é da sua conta. – Minha voz era baixa e quase ameaçadora. – E você não é nada para julgar qualquer um nesse colégio. Eu estou com Stefan, e não com você. Passei a não dar a mínima para o que você pensa de mim. Pode me odiar, isso é um problema seu. Mas não tente se fazer de santa, por que você não é. Você também comete erros Caroline.

Eu olhei para Jer, assistindo tudo calado.

–Não me espere para o jantar. Não sei que horas vou voltar para casa hoje.

Sem olhar para mais ninguém, me virei e sai do refeitório com as garotas.


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Notas finais do capítulo

É aew, pessoal! Kath gosta de uma treta, sim ou claro? huehaueauea
E esse clima entre o Damon e a Kath, mds...alguém me segura.
Até mais.
Kisses s2



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