A New Place To Start escrita por WhateverDhampir


Capítulo 21
Capítulo 18 – Just one more joking before we go home.


Notas iniciais do capítulo

Lai :: Olha eu akiiiiii! Capítulo novo, guys... Aproveitem!
P.S. : Pessoal sumiu? Pode isso?



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Dois dias se passaram depois da adorável visita de Damon Salvatore. Eu tinha subido para meu quarto quando ele foi embora, e senti os olhos das garotas sobre mim com certa curiosidade. Elas novamente não perguntaram nada e eu estranhei aquilo, embora tivesse decidido não esquentar.

Os pais de Raven ligaram no dia seguinte querendo saber se todos eles haviam chegado bem à Mystic Falls e a conversa deles comigo tinha sido breve e carinhosa. Eu sentia falta deles também. Tinha praticamente crescido em sua casa e agora estava a quilômetros de distancia. Chegava a ser estranho. A coisa é que as garotas de alguma forma tinham convencido os pais de que passar um tempo em Mystic Falls fosse bom para todos nós. Kyle estava de férias na faculdade e as garotas poderiam ser matriculadas no colégio. Bem, acho que dá para imaginar minha reação ao descobrir que eles ficariam um tempo por lá. Meu humor subitamente começou a melhorar e o isolamento em meu quarto não parecia mais uma opção. Eu podia sentir Jer me observando de vez em quando com um sorrisinho disfarçado. Eu sabia que grande parte da “culpa” pela presença de meus amigos ali era por casa dele. Meu primo tinha essa estranha tendência a se meter em minha vida. Não que eu estivesse reclamando naquele momento.

Kyle, Raven e Char foram convidados para ficarem conosco na casa dos Gilbert. Raven e Char aceitaram com um sonoro ‘sim’, mas Kyle negou, dizendo que a casa do amigo não ficava muito longe e que o tio do tal garoto ficara feliz em acolhê-lo. As meninas já tinham se matriculado, mas assim que mencionada no jantar, a ideia de voltar ao colégio me embrulhou o estomago.

Eu não havia falado com nenhum dos meus amigos – se é que ainda posso chama-los assim – depois daquele dia. Stefan tinha ligado mais algumas vezes, mas como boa covarde que era, eu não havia atendido. O que eu diria? “Espero que o fato de eu ter sido uma vadia total não te empeça de ficar do meu lado como qualquer otário faria. Eu disse otário? Desculpa, quis dizer ignorante e suicida.” Eu vi Jer balançar a cabeça com exasperação, como se não me entendesse. Ei, ele não era o único!

Eu estava deitada em minha cama naquela manhã tentando convencer minhas amigas em irem para escola sem mim. Ai estava o problema; elas não eram do tipo que se convenciam fácil. Só de me imaginar andando pelos corredores daquele colégio com os olhos de todos sobre mim me dava vontade de fugir para Rússia e trocar de nome. Não que isso pudesse impedir o furacão Raven de revirar meu closet à procura de alguma roupa para mim.

–Ai meu deus! O que aconteceu com seu estilo de moda? – Ela estava ali revirando minhas roupas há vários minutos e sempre que se deparava com alguma peça que não gostava, ela soltava uma espécie de gritinho.

Veja bem, era Mystic Falls, uma cidade perdida na Virginia com um clima frio na maioria das vezes. Minhas roupas que havia trazido de Nova York se tornaram desnecessárias e muitas vezes inúteis. Jenna tinha feito com que eu trocasse praticamente todo o meu guarda roupa dias antes por peças mais quentes e úteis, para o pânico total de Raven. Ela desistiu, decidindo que não acharia nada ali e arrancou de sua mala um vestidinho azul.

–Não vou usar isso.

– Por que não?

–Babados, R. Tenho cara de quem usa babado a não ser que seja caso de vida ou morte?

Ela resmungou, insatisfeita com meu gosto para roupas e se virou novamente para sua mala que, devo dizer, tinha um tamanho que a fazia parecer como se estivesse se preparando para um apocalipse. Quando se virou, segurava um suéter rosa com alguns desenhos de flores.

–Prefiro cobrir meu corpo com um daqueles sacos de lixo.

Tá, talvez eu tenha sido um pouquinho grossa. Não me leve a mal, o gosto de minha amiga em Nova York era considerado ótimo. Mas aquilo não era NY e, bem, o estilo de Raven estava bem distante de se parecer com o meu. Ela amava babados, cores claras, vestidos, franjinhas e qualquer coisa rosa. Eu? Nem tanto.

–Mas é um dos meus favoritos! - Ela resmungou com impaciência.

–Parece que alguém vomitou nele.

Ela fechou a cara e me encarou por alguns segundos antes de Charlotte irromper pela porta com o cabelo molhado e se jogar na cama ao meu lado.

–Quem vomitou nisso? – Ela perguntou, observando Raven parada em nossa frente. Aquilo só fez a garota fechar ainda mais a cara enquanto eu ria.

–Quer saber? Vocês duas podem ir pro inferno. – Ela largou o suéter em cima da cama e se sentou, deixando o trabalho para Charlotte, que tentava resgatar algo de meu closet. – Sabe o que andei percebendo?

–Que você é uma maníaca compulsiva e mandona? – Char sugeriu.

–Engraçadinha. – Ela mostrou língua em um gesto muito maduro. – Katherine realmente precisa de um banho de loja. Achar alguma peça que não seja preta aí é praticamente impossível.

–Claro!- fingi entusiasmo. – Podemos comprar um suéter rosa e vomitar nele.

Raven tacou uma almofada em minha direção, provocando risadas em Char e em mim. Depois de um tempo quando Charlotte havia se decidido por minha roupa, ela estava sentada na frente do espelho, cuidando de seus cachos discretos. Como boa filha de um advogado e uma professora, ela nunca largava suas roupas um tanto clássicas e comportadas demais, enquanto Raven era, bem, Raven. Ela era tão romanticasinha que as vezes chegava a parecer uma garotinha de quatorze anos. Não que sua altura ajudasse muito.

Eu estava terminando minha maquiagem e senti os olhos de Raven em nós. Ela já estava pronta e sentada na poltrona em um canto, nos observando com os olhos brilhantes.

– O que foi? – perguntei, encarando-a pelo espelho. Char levantou os olhos em sua direção e a garota sorriu, parecendo satisfeita.

– Estamos todas aqui.

[****]

Se eu tinha sentido falta da escola? Nem um pouco. Eu podia sentir os olhos de todos sobre as garotas e eu no estacionamento, sem saber se eles encaravam a nova aberração no pedaço ou apenas minhas amigas novatas e bem vestidas. Droga, eu realmente esperava que fosse a segunda opção ou a coragem que me sobrara para estar ali não me impediria de voltar correndo para o carro e largar as garotas para trás.

Estávamos caminhando em direção à secretaria quando Damon praticamente brotou ao nosso lado. Ele passou o braço ao redor de meus ombros enquanto sorria com um pirulito na boca como se fossemos velhos amigos. Eu ainda estava irritada com ele e, embora a sensação da pele dele contra minha tenha feito com que eu me arrepiasse, isso não me impediu de lhe encarar com uma expressão nada amigável.

– Não force a barra, querido. O fato de eu não ter lhe matado ainda é simples e unicamente por que preciso de você.

Ele sorriu, convencido, mas não moveu seu braço.

–É claro que precisa.

Só quando vi as garotas me encararem que notei que elas não sabiam que ele era.

–Damon Salvatore. – Eu revirei os olhos. – Essas são Raven e Charlotte.

O Damon Salvatore? – Char o encarou com raiva.

–Então andaram conversando sobre mim? – O sorriso dele aumentou.

–Ah, falamos sim – Raven fechou a cara. -, e me surpreende você ainda estar vivo.

Eu ri da cara de Damon e roubei o pirulito em sua boca para mim. Aparentemente, a indiferença a sua beleza e a raiva que elas haviam nutrido por ele baixou um pouco se ego. Não que eu não estivesse aproveitando essa cena.

Assim que olhei para frente no corredor eu quase congelei. Bonnie, Jeremy, Matt, Nadia, Caroline estavam todos parados assistindo a cena. Caroline me encarou com ódio e Stefan adquiriu uma expressão de raiva ao ver Damon tão próximo de mim. Eu não ousei encarar os outros para ver suas reações. Apenas passei reto e continuei meu caminho com as garotas e Damon pelo corredor. Covarde? Eu?

Coincidentemente Damon, Raven e eu teríamos a mesma aula no primeiro tempo. Char se despediu de nós em frente a nossa sala e continuou pelo corredor.

–Droga – Raven sussurrou ao se sentar ao meu lado no laboratório de ciências enquanto Damon se sentava atrás. – Odeio primeiro dia de aula.

A sala ainda estava vazia e Raven e eu conversamos por alguns minutos sobre como andavam as coisas em Nova York. Enquanto ela falava sobre qualquer coisa que não fosse o nome de Bradd, eu podia sentir os olhos de Damon sobre mim. Droga, eu realmente precisava da ajuda dele, mas isso não queria dizer que cada célula de meu corpo não me pedisse para mata-lo. Eu sabia o quanto ele me irritava, sabia de sua fama de garanhão, sabia assim que pus meus olhos sobre ele que não nos daríamos bem, sabia que todo seu jeito convencido não ajudava em nada o fato de eu estar tentando estrangula-lo. Mas saber tudo isso nunca foi capaz de fazer com que eu imaginasse que ele estaria realmente disposto a me prejudicar. Ele me odiava, e era reciproco, mas de forma alguma, assim como eu, achei que ele não me faria mal. Mas eu estava errada. E chegar a essa conclusão fez com que eu me sentisse... traída?

Eu estava ciente de que Raven continuava a tagarelar sobre a forma como a professora de historia de meu antigo colégio tinha sido pega dando uns amassos no armário do zelador com o diretor, mas em algum momento em me peguei distraída, encarando o rosto de Damon quase inconscientemente. Eu me perguntei se seria capaz de fazer mal a ele da mesma forma. Damon me irritava, fato. Mas nunca havia me prejudicado de forma que realmente me importasse. Ate agora, pelo menos. E como se tentasse tanto quanto eu entender aquilo, sua testa se franziu enquanto ele me encarava de volta. Mais uma vez me lembrei da sensação de sua pele contra a minha naquela cabana e me perguntei o quanto ele realmente me odiava. Será que eu estaria disposta a fazer algo contra ele depois que cuidássemos de Rebekah?

–Ei, Terra chamando Katherine! – Raven balançou a mão na frente de meu rosto, tentando chamar minha atenção.

– O que? – Eu perguntei, me sentando ereta e tentando evitar os olhos de Damon após notar que tínhamos nos escarado por tempo demais.

Ela balançou a cabeça com exasperação e se sentou de forma que pudesse conversar tanto comigo, quanto com Damon.

–O que vamos fazer sobre a tal Rebekah?

Eu tinha contado as meninas sobre tudo e para Raven eu tinha contado toda a minha vontade de me vingar. Raven, como uma amiga super protetora e sempre disposta a ajudar e me proteger, concordou na hora.

–Eu poderia atirar nela. – Dei de ombros, brincando. – Ainda sei usar uma arma.

–Oh, querida. Tisc, tisc. Não seja amadora.

–O que sabe sobre ela, Damon?

–Bem, só o que se sabe sobre a irmã do seu melhor amigo. – Ele deu de ombros. – 17 anos, mimada, a queridinha do irmão, medo de cachorros, tem uma queda por Stefan. – Conte-nos uma novidade, pensei. -, líder de torcida, alérgica a amendoim, claustrofóbica...

–Cachorros? Amendoim? Você esta brincando, certo? Nos dê algo útil!

Mas naquele momento minha cabeça já estava girando; eu levantei o dedo, fazendo Raven se calar. Ele já havia nos dado algo útil.

–Claustrofóbica? – Ergui uma sobrancelha.

–É. Ela ficou trancada no sótão de casa quando tinha cinco anos por dois dias quando estava brincando de pique-esconde com os irmãos. Tem pavor de lugares fechados ou abafados.

Eu olhei para Raven e imediatamente soube que ela já tinha capitado meus pensamentos.

–LizzyCreep, quinta série. – eu sorri lembrando de uma de nossas pegadinhas com uma das alunas de nossa sala.

–Não queria te desapontar, KitKat, mas acho que passamos da época de prender garotas no armário.

Eu sabia que aquilo era só uma brincadeira comparada ao que ela havia feito, mas, hey, estávamos só começando aqui!

–Quem esta falando em armários, R? – Eu dei um meio sorriso. – Vamos precisar do celular de Stefan. Acho que posso cuidar disso. Você sabe o que fazer.

[****]

Sabe quando eu disse que poderia cuidar daquilo? Pois é... Parecia bem mais fácil na teoria. O que eu faria? Chegaria em Stefan com a maior cara de pau depois de ignorar seus telefonemas e simplesmente pediria seu celular emprestado como se tudo estivesse normal e parte de meu passado obscuro não tivesse sido exposto dias atrás? É, acho que não rola. Por isso, enquanto caminhava até ele pelo corredor, eu repassava as diversas formas de puxar conversa que havia elaborado durante a aula anterior. Eu sabia que Damon e Raven estavam me observando no meio de alguns alunos e aquilo não fazia meu nervosismo diminuir. Tínhamos combinado de contar a Charlotte sobre tudo depois. Ela teria um surto e tentaria nos impedir, mas não era nada que eu não pudesse controlar.

E se Stefan gritasse comigo no meio do corredor cheio de gente? Será que ele faria isso? Eu tinha que ser rápida. Sabia que logo, logo alguns de seus amigos se juntariam a ele para o treino de futebol depois da aula e eu não estava pronta para ver a raiva na expressão de todos eles.

Parei do lado dele, enquanto Stefan guardava seus livros no armário. Ele não pareceu me notar de início, mas assim que ele fechou a porta do armário e me viu, seus olhos se arregalaram. Eu poderia até rir se não estivesse com vontade de sair correndo para a caverna isolada mais próxima.

–Oi. – Ele me cumprimentou quando ficou claro que não seria eu a primeira a abrir a boca.

–Oi. – Mordendo o lábio inferior, procurei olhar para todos os lados, menos para ele.

–Você está bem?

Ele parecia preocupada de verdade. Nada de raiva ou gritos. Aquilo era um bom sinal, certo?

–Vou ficar. – Dei de ombros, tentando tirar o foco de mim. – Você me ligou?

Ótima maneira de puxar conversa, Katherine! Por que não pergunta se a água é liquida? Talvez ele saiba resposta.

–É. Jeremy me disse que você não saia do quarto.

–Estou aqui agora.

Nenhum dos dois disse mais nada e o clima ficou meio estranho de repente. Droga, eu só queria ser uma adolescente normal!

–Suas amigas. Raven e Charlotte, certo? – Assenti, surpresa por ele ainda se lembrar. –Jeremy me contou que elas vieram fazer uma visita.

–Pois é. Jeremy tem a estranha mania de se meter na minha vida.

Ele riu, e aquele simples som me acalmou por um momento.

– É. Ele faz isso de vez em quando.

Silencio outra vez.

–Então... você e o Damon? Achei que se odiassem.

Eu procurei em minha cabeça uma boa desculpa para a cena que ele tinha visto mais cedo. O que eu diria? “Damon está me ajudando a me vingar da sua amiguinha Rebekah. A propósito, só estou falando com você por que preciso da porcaria do seu celular. Será que pode me dar ele logo para que eu saia daqui o mais rápido possível?

–Trabalho de Literatura. – Eu disse, esperando que aquilo bastasse para que Stefan não fizesse perguntas.

–Estranho. Jer não me disse nada sobre trabalho de Literatura.

– Ele deve ter esquecido. – Menti fazendo de tudo para deixar minha expressão neutra.

–Jer e sua cabeça oca. – Stefan sorriu.

–Pois é... – É agora, pensei. – Humm... será que você pode me emprestar seu celular? – Levantei o meu em minha mão. – Minha bateria acabou.

–Claro! – Ele buscou o aparelho e seu bolso e me entregou.

Eu sorri.

–Obrigada. Devolvo assim que terminar.

Eu me virei e sai dali antes que ele resolvesse conversar. Quase correndo pelo corredor, entrei em uma sala vazia enquanto Damon empurrava a porta e Raven nos seguia.

Pode me emprestar o celular? – Damon fez uma tentativa falha de imitar minha voz enquanto se jogava na cadeira do professor e R se sentava em cima da mesa. – A bateria do meu acabou.

–Você ouviu? – Eu parei com o celular na mão. Será que eu tinha falado tão alto e não tinha me dado conta?

–Não foi preciso. – Damon riu da expressão em meu rosto. – Sua expressão corporal estava quase gritando “me tirem daqui antes que eu vomite!”.

Eu fiz cara feia e isso só o fez rir mais.

–Tá legal.- Raven revirou os olhos. - O que fazemos agora?

–Fácil. – Levantei o celular de Stefan em minha mão. – Mandamos uma mensagem para Rebekah pedindo para que ela encontre Stefan. Ela vai correndo se achar que é ele.

–Você não é tão burra quanto aparenta. – Damon disse. – Mas é perversa. Isso me assusta.

–Bom. Quem sabe assim você fica longe. – Eu quase rosnei.

– Esquentadinha.

–Idiota.

– Teimosa.

– Babaca.

– Princesinha.

Talvez aquilo não fosse bem um insulto. Mas a forma como ele falava fazia parecer. Aquilo me irritou e eu estava prestes a retrucar quando Raven nos interrompeu.

–Foco aqui! – Ela gritou. – Será que podemos fazer logo isso?

–Tanto faz. – Revirei os olhos e digitei uma mensagem.

Pode me encontrar no vestiário masculino uns quarenta minutos depois do treino? Preciso falar com você sobre Katherine. Acho que estava certa sobre ela. Te devo desculpas.

Stefan.

–Não seja tão direta. – Damon disse por sobre meu ombro, lendo a mensagem que escrevi. – Stefan é meio lerdo.

–Deixe-me dizer onde você deve enfiar a sua opinião. Pegue ela e...

–Meus deuses! - Raven arrancou o celular de minha mão. – Será que as crianças podem parar de discutir por alguns minutos? Quantos anos vocês tem?

–Mas foi ele quem...

–Calada! – Raven levantou o dedo. Droga, as vezes eu a odiava. – O que fazemos agora?

–Você vai entregar o celular a Stefan. – Ela levantou a sobrancelhas como se dissesse “sério isso?”. – Eu já esgotei minha cota de conversas constrangedoras por hoje. Não é tão difícil. Caminhe na direção dele, entregue o celular e diga que Katherine agradece.

– E depois? – Damon perguntou com um tom de quem está entediado.

–Então esperamos. – Eu sorri com ironia. – Espero que não tenha compromisso, Sr. Salvatore.

[****]

Eu estava no vestiário depois da aula. Charlotte disse que teria que passar na biblioteca, o que já nos poupou de alguns minutos dando explicações. Damon havia me avisado quando Stefan foi embora depois do treino e enquanto Raven cuidava da porta do vestiário, Damon trancava todas as possíveis janelas e portas do lugar enquanto eu gastava um dos meus melhores batões vermelho rabiscando “VADIA” em letras grandes no espelho.

–Quanta criatividade. – Damon desdenhou, parando atrás de mim e observando meu trabalho.

–Uma garota tem que se divertir, Damon. Talvez a gente converse mais tarde. O que acha? – Eu apoiei minha mão em seu peito, mordendo o lábio inferior e piscando os cilhos na maior pose de vadia. Aquilo o fez ficar tenso e eu ri.

–Ela está vindo! – Raven disse na porta e Damon e eu corremos para fora.

–Eu não achava que ela poderia ser mais otária. – Sussurrei, rindo quando nos escondemos atrás de uma espécie de caçamba apenas alguns metros da porta enquanto víamos Rebekah se aproximar. – Mystic Falls sempre me surpreende.

Raven riu e eu vi Damon revirar os olhos. “Quanta maturidade”, eu quase podia ouvi-lo dizer.

–Vai, vai! - Eu empurrei Damon na direção da garota.

Ele esbarrou em Rebekah como que em acidente e sorriu.

–Rebekah, oi! Que bom que te encontrei!

–O que você quer, Damon? – Ela perguntou impaciente, olhando na direção do vestiário. Raven teve de tapar minha boca para que não me ouvissem rindo.

–Será que posso pegar seu celular emprestado por alguns minutos? Não faço ideia de onde deixei o meu.

A garota olhou para ele com desconfiança, mas então arrancou seu celular de sua bolsa com certa violência e empurrou para Damon.

–Aqui. Eu pego depois. - Sem esperar por resposta, ela o deixou para trás.

Assim que Rebekah entrou, Raven e eu nos esgueiramos para perto da porta por onde ela havia entrado. Damon estava logo atrás de nós, nos seguindo sem grande entusiasmo.

– Stefan? – Rebekah o chamou lá dentro com a voz cheia de esperança.

–Acho que não. – Eu disse antes de puxar a porta e girar a tranca.

–Stefan? Quem está aí? Me deixe sair! – Ela gritou, batendo na porta com força.

–Aproveite a estadia, Rebekah, querida. – Eu ri, estendendo a mão para Damon. Ele depositou o cadeado nela e eu tranquei a porta. Aquilo só serviu para que Rebekah gritasse mais e Raven risse.

–Katherine, abra essa porta ou eu juro que acabo com você!

–Vai fazer o que? Ligar para a mamãe? – Gritei de volta, rindo do desespero da garota. – Ah, é verdade. Ela está morta. E você sem seu celular.

–Katherine!

–Eu te avisei. Você vai se arrepender de ter se metido comigo, Rebekah. Tenha uma boa noite. Acho melhor se acomodar. O zelador acha que o vestiário está bem seguro. Nos vemos amanhã!

Rindo ainda mais, Raven enganchou seu braço no meu e me puxou para longe no estacionamento. Eu sentia Damon caminhando logo atrás, me observando silenciosamente. Isso aí, eu tinha vontade de dizer. Essa sou eu, Salvatore. Espero que tenha aproveitado o show.

– Estou louca para ver a cara dela de manhã. – R riu. – Que vadia!

Eu olhei para Damon com um sorrisinho. Ele estava quieto e com a cara amarrada. O que tinha de errado com esse garoto?

–Vou buscar Charlotte antes que ela surte procurando a gente. – Ela disse, tentando se controlar e saiu do estacionamento, em direção ao prédio da biblioteca.

Eu fiquei em silencio, observando-a partir e então me virei para Damon. Ele não tirava os olhos de mim. Mas era diferente de seus olhares raivosos de antes. Ele me encarava com certa curiosidade e eu não sabia com lhe dar com isso.

Eu estava prestes a me virar e cair fora dali, mas como se não suportasse a ideia de me ver sã por um dia, Damon agarrou meu braço e me puxou de volta. Ficamos separados por apenas alguns centímetros e eu me vi juntando todas as minhas forças para não fitar seus olhos azuis e me prender neles como se fosse meu bote salva vidas. Eu só queria que a temperatura de sua pele, a forma como se movia, as palavras que saiam de seus lábios perfeitamente desenhados e seu maldito meio sorriso não me afetassem tanto. Será que era pedir demais?

–Ei, não vamos fazer isso, certo?

–Fazer o que?

Eu levantei meus olhos e quase no mesmo momento me arrependi. Ele estava perto, e a forma como seus olhos pareciam me encarar como se vissem minha alma e me conhecessem melhor do que ninguém fez com que eu tivesse vontade de me afastar.

–Isso. – Ele apontou para nós dois. – Você agindo como se o inimigo aqui fosse eu. Toda vez que me olha parece que esta disposta a atirar em mim. Não que já não me olhasse assim antes, mas agora esta pior.

–E o que queria que eu fizesse? Te abraçasse como se fossemos velhos amigos. –Eu puxei meu braço quando notei que ele ainda me segurava. Damon pareceu encarar o lugar onde nossa pele tinha se encontrado antes de levantar seu rosto em minha direção novamente. –O único motivo de eu estar falando com você é por causa da Rebekah, Damon. Só por isso.

–Eu entendi, tá legal? – Ele levantou as mãos como se estivesse se rendendo. – Você está puta. Acredite, eu mesmo ficaria se estivesse no seu lugar. Mas eu não sabia sobre seu pai. Quantas vezes vou ter que lhe dizer isso?

Será que ele não poderia só se calar e me deixar ir?

–Não dou a mínima se você sabia ou não, Damon. Não ligo se você está com pena da pequena órfã e não ligo se você me odeia. Só quero acabar logo com tudo isso para que eu não precise mais olhar em seu rosto. Será que é tão difícil assim entender isso?

– Então é isso? Você acha que sinto pena de você? Do fato de que seu pai está morto?

Eu não respondi. Apenas desviei os olhos por que naquele momento o simples fato de olhar em seus olhos faria com que eu me irritasse mais. Ele parou, esperando por minha resposta.

–Eu só não quero ter que olhar para você. – As palavras escaparam em um sussurro.

–Você me odeia tanto assim?

Ergui minha cabeça. Seu tom era quase... triste. Quando ele havia virado a vítima ali?

–Você quer saber? – Ele assentiu. – Sim, eu te odeio, Damon. Odeio o fato de te odiar tanto. Odeio ter pensado que você não seria capaz de fazer o que fez. Acho que parte de mim esperava que você não fosse tão detestável e desprezível assim. Mas quer saber? Eu estava errada. Odeio ter sido tão ingênua, e odeio o fato de você ter ajudado a Rebekah!

–Então é disso que se trata? – Damon mordeu o lábio inferior como se tentasse se controlar. Aquele simples gesto atraiu minha atenção e quase me fez esquecer que estávamos discutindo. – Droga, Katherine! – Ele passou a mão por seus cabelos com exasperação e olhou em minha direção. – Quer saber por que fiz aquilo? Por que você me irrita! Por que toda a vez que estou perto de você tenho vontade de gritar, e toda vez que você me retruca eu sinto como se tudo estivesse saindo do controle. Eu fiz aquilo por que você acaba me atraindo mesmo que eu te odeie, e as vezes tenho vontade de mandar tudo pro inferno por que nunca conheci alguém capaz de me tirar do sério assim, mas toda vez que você está por perto eu sinto vontade de te trancar em uma maldita sala e te beijar até fazer você calar a boca!

Eu congelei. O que ele disse?

–Estou perdendo o controle de toda a droga que conheço na minha vida. E isso tudo é culpa sua! – Damon parou e suspirou. Eu apenas fiquei ali, sem saber o que dizer. –Não sinto pena de você. Não ligo se seu pai morreu. Acha que eu não sei como é? Como é perder alguém e sentir que todo o seu mundo está se despedaçando? Eu já disse para você que sei o que a morte faz com as pessoas. Já te disse que essa cidade é a merda de um buraco negro que suga tragédias. Eu só... acho que te conheço melhor do que seu namoradinho. E parte de você sabe que é mais parecida comigo do que admite.

Quando ele se calou, Damon estava quase arquejante. Não que eu estivesse diferente. Digerir o que ele falava era como filtrar cimento. Nada daquilo passava por minha cabeça. Eu fiquei parada em sua frente sem fazer a mínima ideia do que dizer. Será que minha expressão aparentava tanta confusão quanto meu cérebro nubloso? Droga, eu só queria estar na minha cama naquele momento e esquecer que esse dia tinha acontecido.

–Podemos ir? – Raven e Charlotte brotaram ao nosso lado de repente, alheias à discussão. Eu só consegui encarar Damon com certo pânico por alguns segundos antes de me tocar sobre o que elas estavam falando.

–Bom...acho que é isso. – Eu disse, minha voz saindo quase automaticamente. Acho que Damon percebeu, pois sua testa se franziu e ele baixou o olhar como se se perguntasse o que diabos ele tinha feito.

–Amanhã vemos o que acontece, então. – Ele sussurrou antes de se virar e sair dali.

Eu fiquei encarando o caminho por onde ele havia ido, sem conseguir me mexer. Será que eu poderia acordar agora?

–O que aconteceu? – Charlotte perguntou, sem saber sobre nada.

–Nada aconteceu. – Sussurrei, quase rezando para que se eu disse aquilo mais algumas vezes em voz alta, pudesse se tornar realidade.


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Notas finais do capítulo

Hey, people! Kath, Raven e Damon? Gente, mas Mystic Falls vai virar de cabeça p baixo. hauehaeuhae
O que vcs acharam dessa aliança improvável? E a revelação do Damon? Eu mesma estou pasada com isso.