Eu não sei por quanto tempo eu andei . Eu não conseguia calcular os minutos ou horas que já haviam se passado a partir do momento em que pus meus pés para fora do território escolar . Na verdade, eu nem mesmo sabia para onde eu estava indo . Tudo no que eu conseguia me concentrar era naquela raiva dentro de mim que fazia com que todo o resto não passasse de um torpor contínuo . Eu parei de ter noção do chão sobre meus pés, sobre céu acima de mim, escurecendo à medida que o tempo passava, ou sobre o sopro gélido da brisa que se debatia contra minha pele . Meus cabelos se agitavam ao meu redor em um tumulto de emaranhados castanhos e rebeldes . E em algum momento, parei de ter noção sobre os sons à minha volta .
Eu estava pisando em folhas secas quando finalmente me toquei que havia andado mais do que eu esperava . Olhei ao meu redor tentando adivinhar onde eu estava, quando constatei algo que me fez parar . Eu estava no cemitério de Mystic Falls . O lugar onde minha mãe sabia que seria o desejo de meu pais se enterrado . Eu podia ver ao longe a lápide clara com seu nome gravada . Muitos dos nomes ao redor me eram familiares . Eram pessoas que moravam nessa cidade e que haviam deixado parentes para trás . Pessoas como Logan Pierce .
As folhas e galhos secos estalavam sob meus pés enquanto eu me aproximava vagarosamente com certo medo . O vento gelado e o coachar dos corvos naquele lugar deixava tudo com um ar sóbrio e assustador . Enquanto eu parava em frente à lápide de meu pai, senti um arrepio percorrer minha espinha . No vento, era quase possível ouvir a voz dos mortos, gritando e implorando . Eu nem mesmo sabia o que estava fazendo ali . Eu só sabia que precisava estar .
– Me desculpe não ter estado aqui .- Eu me sentei, com medo de que ele pudesse levantar a qualquer momento e gritar comigo como ele havia feito em meu pesadelo .
Respire, Katherine, eu lembrei a mim mesma, é só respirar . E embora eu tentasse forçar o ar em meus pulmões, eles pareciam ter certa dificuldade em bombear o oxigênio necessário .
– Era o que eu devia ter feito . Eu devia ter vindo para o seu enterro . Eu só ... pensei que seria mais fácil não ver ...
Senti as lágrimas saírem com tanta facilidade que não me ousei limpá-las . Eu precisava chorar . Chorar por mim . Era o que eu devia ter feito há muito tempo .
– Eu briguei com Jer hoje . - Passei a mão pelo objeto de mármore, tentando tirar a camada de areia que se sobrepôs sobre ela . Naquele lugar deserto e assombroso, seu túmulo parecia tristemente abandonado . - Algo me diz que parte dele duvida de que eu possa mudar ... Ele está certo, pai . E eu fui estúpida por não ter visto antes .
O ar frio fazia meu corpo tremer . Eu esfreguei minhas mãos contra a pele de meus braços, tentando enviar qualquer onda de calor possível .
– Eu não posso mudar . Não posso . E não posso aceitar que você tenha partido . Se isso me faz fraca, então tudo bem, sou fraca . Mas não posso aceitar que você tenha simplesmente me deixado .
Eu me vi aceitando a verdade de que eu havia julgado minha mãe por chorar . Mas naquele momento eu percebi que ela estava reagindo . Ela estava deixando toda aquela dor sair dela em pequenas gotas salgadas, enquanto tudo o que eu havia feito tinha sido trancar ela dentro de mim . E mesmo agora, ali sozinha e com raiva, eu percebi que ainda não era capaz de deixar que tudo realmente saísse . Eu sentia as lágrimas escorrendo em meu rosto, mas eu me recusava a soltar qualquer pesar . Era como se me segurar à ele fosse a única coisa capaz de garantir que Logan havia sido real .
– Eu sinto muito . Sinto tanto pelo que eu lhe disse . Aquelas nunca seriam minhas últimas palavras se eu soubesse ...se eu soubesses ... Eu estraguei tudo . Eu fiz com que sua última lembrança de mim fosse de ódio . Fiz com que pensasse que não tinha volta do que eu havia me tornado . Eu você estava certo em pensar isso, pai . Eu não posso mudar . Não importa o quanto eu tente, eu só continuo estragando as coisas . Eu estrago tudo que toco .
"Você deveria estar naquele carro" , as palavras ecoavam de novo e de novo em minha cabeça, como uma canção bizarra e repetitiva . Eu queria poder enfiar minha mãe dentro de meu crânio e arrancar aquela voz que continuava me culpar . Me lembrei do dia em que havia dito à Stefan que eu nunca me culpara pelo que aconteceu, e naquele momento eu percebi que havia mentido sobre isso e outras coisas . Isto estava claro agora . Mesmo não sendo culpada diretamente, havia aquela parte indireta que havia tomado as decisões que nos colocaram naquele lugar, naquele dia e naquele momento . Eu não sabia de era isso ou fato de que eu não poderia fazer nada para mudar as coisas que me assustava mais .

{ Flashback - antes }

Eu estava com raiva . Muita raiva . Eu não sabia se era o álcool que eu havia ingerido, mas tudo dentro de mim parecia ferver . Estava com raiva de Bradd por ter me arrastado para aquela estúpida reuniãozinha no vestiário . Com raiva de mim por ter aceitado, com raiva do maldito Travis, treinador do time que certamente havia nos entregado para a direção, com raiva da diretora por ter chamado meus pais e principalmente com raiva de Logan por bancar o pai responsável justo agora . Meu dia não podia ficar pior .
Eu sai da sala da direção, batendo a porta atrás de mim quando a Sra. Danvers informou que eu estaria suspensa por uma semana e meu pai simplesmente resolveu que seria legal me deixar de castigo . Eu caminhei a passos pesados até o carro e me fechei lá dentro antes de ver Logan saindo pela porta . Ele entrou no carro e suspirou, encarando o volante em sua frente como que se controlando para não gritar comigo . Nenhum dos dois disse nada .
Sra. Danvers havia achado que seria uma boa ideia contar a meu pai todas as coisas que eu havia tido o trabalhado de esconder . Os boatos de minhas façanhas em festas e o comportamento nada exemplar que eu vinha adquirindo haviam chegado aos ouvido dela, e aparentemente ela ficara muito satisfeita em informá-los ao meu pai. Ela finalmente havia adquirido o trunfo que precisava para se vingar de todas as vezes em que eu a tinha feito passar vergonha na frente de alunos .
Minha mãe não estava ali - que novidade . Seu trabalho era absolutamente mais importante do que ser chamada na escola da própria filha . Meu pai fora obrigado a pedi licença do escritório para vir, mas eu sabia que ele não estaria ali se a maldita diretora não tivesse dito que era urgente . Era sempre assim . Eles viviam ocupados de mais para saber do que acontecia em minha vida, então não sabia porque se preocupavam se eu estava sendo a boa garotinha que eles havia criado ou não . Aquilo só fez minha raiva aumentar .
– O que está acontecendo com você? - Ele finalmente perguntou, virando-se de lado para me encarar .
– Ah, não começa ...
–Não começa ? Não começa ?! Katherine por que está agido dessa forma ?! Não foi assim que sua mãe e eu lhe criamos .
–Fico feliz que ainda se lembre de que foram vocês . - Sorri com ironia cruzando meus braços em frente ao peito e escorregando no banco . Se eu fosse levar um sermão, por favor deixe com que eu me acomode .
– Bebendo no vestiário , Katherine? E olha que pelo que a Sr. Denvers disse, vocês estava prestes a começar algo que não deviam . Como você me explica isso?
– Ah, faça sério! Nos nem estávamos fazendo nada demais!
Eu simplesmente não deixaria que me insultassem daquela forma . Talvez Bradd estivesse mesmo me beijando, mas é daí? Eu só estava sentada no colo dele . Não como se fôssemos transar na frente dos amiguinhos dele . Eu não era tão estúpida . Mas meu pai parecia estar disposto a não ouvir uma palavra do que eu dissesse hoje .
– E quanto às noites fora? Você estava realmente estudando na casa de suas amigas? Por favor, não me diga que estava em alguma festa se embebedando como me disseram . Katherine, às coisas que você fez nessas festas ...
Eu me calei enquanto ele me encarava . Uma coisa era mentir para o meu pai sobre aquilo quando ele nem mesmo tinha motivos para desconfiar, outra era olhar nos olhos dele e tentar desmentir algo que ele já sabia . Logan me conhecia bem demais para acreditar nisso . Então eu desviei o olhar, porque sabia que se o sustentasse, começaria a chorar .
Meu pai descansou a cabeça no volante e suspirou . Essa era uma daquelas raras ocasiões onde ele realmente não conseguia esconder sua frustração e raiva . Eu conseguia ver a veia ao lado de sua têmpora saltitando com sempre acontecia quando ele estava tentando, sem muita sorte, se controlar .
– Eu quero lhe ajudar, Kath . Realmente quero . Mas você está tornando as coisas difíceis .
– Será que pode, pelo menos uma vez, parar de fingir que se importa ?! Porque você só não volta para o seu trabalho ridículo e deixa tudo como está . Isso não deveria ser um problema para você .
– Estamos tentando levar uma boa vida ! Sua mãe e eu estamos trabalhando duro para garantir um futuro para você ! Um futuro que você insiste em jogar fora por bobagens adolescentes .
– Então é disso que se trata para vocês ? Bobagens adolescentes ? Inacreditável !
– Então me dê uma luz , porque está realmente difícil tentar chegar até você .
– Eu não quer que vocês cheguem até mim, tá legal ?! Na verdade, agora, tudo o que eu quero é que todos parem de agir como se eu precisasse de ajuda . Eu não preciso de ajuda de ninguém ! Nem de Raven, nem de Charlotte, mamãe ou sequer você ! Eu só preciso que parem de agir como se eu fosse criminosa fora de.controle . Essa sou quem eu sou agora, e se vocês não gostam, realmente sinto muito .
Ele se calou novamente e, quando encarou as árvores do lado de fora do carro, eu podia jurar que meu pai estava prestes a chorar .
– Eu lia para você dormir , eu ... Eu já não sei o que aconteceu com a minha menininha .
– É como as coisas funcionam, Logan . Crianças crescem e algumas pessoas tem tendência a se tornar o que o que as outras mais temem que elas se tornem . Bem vindo ao mundo real . É decepcionante e cruel, não é ?

Eu senti como se fosse capaz de quebrar algo . Não era a hora para termos aquela conversa , porque eu sabia que diria mais bobagens e ele se irritaria ainda mais . Então eu sorri para ele, tentando não deixar que ele visse o quanto aquela situação estava acabando comigo e apenas sai do carro

–Katherine ! Katherine ?! – Eu o ouvi me chamando uma última vez ao longe enquanto eu me afastava . – Você não pode continuar afastando as pessoas assim !

–Veja e aprenda !

{ Agora }

Aquela fora a última vez em que eu vira meu pai . O que mais me magoava era o fato de que eu sequer disse adeus . Eu o deixei para trás certamente pensando onde havia errado ao criar uma garota como eu . Ele devia estar envergonhado do que eu havia me tornado .

Eu apoiei as mãos no chão , capaz de sentir os galhos e folhas sob as palmas de minhas mãos . Quando fechei meus olhos e o vento continuou a soprar contra meu rosto , tudo que que queria era que as coisas pudessem continuar assim pelo resto do dia . Calmo e silencioso . Seria mais fácil do que voltar para casa e encarar Jeremy .

Mas eu sabia que as coisas não funcionavam assim . E embora eu soubesse que não poderia ignorá-lo para sempre , eu precisava ficar longe de Jeremy por agora . Sabia que estava fazendo tempestade em um copo d’água e adiando o irremediável . Não era como se ele tivesse chutado meu cachorro – para isso eu teria que ter um – ou coisa do tipo, mas eu confiava em meu primo e tudo que eu queria é que ele pudesse fazer o mesmo quanto à mim . Nós nunca brigávamos dessa maneira , tão seriamente . E quando algo assim acontecia , bem ... era só difícil de superar.

Eu me lembrava da criança de olhos castanho e cabelos rebeldes que corri atrás de mim pela casa , tentando roubar os cookies que meu pai trazia para nós . Meus pais amavam passar as férias em Mystic Falls , o que acabara me influenciando . Depois de algum tempo , eu acabara ... crescendo , por assim dizer . A frequência de minhas visitas à cidade natal de meus pais depois dos treze acabara diminuindo e depois de um tempo já nem existiam . Mas de alguma forma isso nunca impediu com que Jeremy fosse me visitar . Tantas coisas estavam mudando em minha vida e no meio de tudo isso eu sempre sabia que poderia contar não só com minha amigas , mas também com Jer . Ele , assim como Charlotte e Raven , não apoiavam muito minha escolha de companhia , mas estavam ali quando eu precisava não importava quantas decisões ruins eu tomava . eles sempre haviam sido capaz de ver uma garota melhor do que eu era .

Mas eu acho que as coisas estão sempre em constantes mudanças . As coisa haviam mudado novamente em minha vida , parte de mim havia se tornado algo que não era ,e consequentemente Jeremy Gilbert já não era o mesmo quando se tratava de confiar na garotinha com a qual ele havia crescido . Não que eu pudesse culpá-lo por essa parte .

Quando cheguei em casa , algumas horas depois , já estava frio e escuro lá fora . Fechei a porta atrás de mim e deixei meu casaco no hall de entrada um pouco antes de ouvir o barulho de pratos e talheres vindo da cozinha . Imediatamente reconheci o cheiro da famosa lasanha da tia Miranda , mas por algumas razão meu estômago vazio não deu sinal de vida . Eu iria passa direto em direção ao meu quarto se não tivessem me chamado .

– Querida ! Onde você estava ? – Minha mãe levantou a cabeça ao me ver .

Tia Miranda e tio Grayson já estavam sentados em seus lugares , sorrindo para mim . Jeremy foi o único a continuar de cabeça baixa . Ele brincava com a comida enquanto fitava o prato com uma expressão quase monótona . Não que aquilo me importasse . Se ele estava mal . ótimo . Não era nada mais do que um espelho que refletia meu estado atual .

– Eu ... fui dar uma volta .

– Fiz seu prato favorito . Venha ? – Miranda apontou para o lugar vazio ao seu lado .

– Obrigada, mas estou sem fome . - Eu não esperei que ninguém me respondesse . Subi para meu quarto e joguei minhas coisas na poltrona ao lado da cama , sabendo que precisava desesperadamente de um banho .

Passei algumas horas checando meus e-mails e fazendo tarefas do colégio . Era por volta de 10 horas quando meu celular tocou sobre o criado mudo .

– Stefan ?

– Kath ! Oi , eu... eu só ligue para saber se você estava bem . Você não apareceu no almoço e não tive noticias suas . Jeremy não quis falar nada na aula de história .

Eu ouvi a voz de Caroline no fundo , conversando com Liz . Stefan estava falando baixo e me perguntei se ele havia escapado da conversa em família só para me ligar .

– Não . Eu estou bem . Eu só não estava afim de assistir aula e resolvi vir para casa .

– Tem certeza ? Quer dizer , Jeremy não estava nada bem quando apareceu no almoço e eu pensei ... vocês estão bem , não estão ?

Eu suspirei , tentando decidir se deveria despejar meus problemas em cima de Stefan . Eu até mesmo inventaria outra desculpa e diria que estava tudo bem , mas então percebi que precisava de um amigo e que já vinha escondendo muito coisa dele e de outras pessoas .

– Jeremy e eu discutimos no corredor do colégio hoje .

– O que ? Por acaso não foi por causa daquilo , não é ? Digo , eu em seu quarto .

– Na verdade, foi exatamente por isso . Acho que Jeremy e eu temos diferentes definições de confiança .

– Kath, eu sinto muito . Não queria ...

– Não foi sua culpa , Stefan . - Eu o cortei antes que ele prosseguisse . – Jeremy já deveria ter percebido que ele não é meu pai , e parado de agir como tal .

– Ele só esta preocupado .

– É , você já me disse isso antes .- Eu me calei ao perceber que estava descontando minha raiva e frustação nele . Joguei meu caderno de lado , me deitei e respirei fundo tentando me acalmar . – Ele só tem uma forma bem singular de demonstrar .

– Dê um tempo à ele . O garoto realmente te adora .

Eu não duvidava daquilo . Realmente não duvidava . Mas ultimamente apenas estava ficando um pouco difícil entender a forma como ele demonstrava isso .

–Bem , mas também há outro motivo para eu ter te ligado .- A voz de Stefan ficou um pouco mais baixa e eu poderia jurar que ele estava tentando fazer com que a família não o ouvisse .- Caroline está desesperadamente tentando fazer com que o namoradinho dela e eu nos demos bem . Ela até marcou um maldito jantar aqui em casa .

– Não estou entendendo onde quer chegar , Stefan .

– Bem , para esse jantar acontecer exige Niklaus Mikaelson e eu no mesmo ambiente fechado por mais de uma hora sem nos matarmos .

Assim que entendi o que estava acontecendo ali , não consegui conter a risada . Ele quase parecia uma vitima pedindo para ter sua vida poupada .

– Isso pode ser bom , Stef . Já ouviu falar daquele ditado ‘conheça seu inimigo’ ?- Eu podia quase ouvir a frustação em sua voz enquanto ria .

– Por favor , Katherine , eu te imploro . Farei o que quiser .

– O que eu quiser ? – Reconsiderei a questão por um momento , pensando que talvez poderia não ser tão ruim . Caroline certamente precisaria de ajuda para controlar o irmão e o namorado . Eu sabia que desistir de fazer os dois se entenderem não seria uma opção para ela . – Tudo bem . Mas você não poderá negar seja o que eu pedir .

Ele ficou em silencio por um instante e eu tive que me conter para não rir novamente . Sua hesitação certamente mostrava que ele tinha algum medo do que eu iria pedir .

– Vamos , Stefan . Ambos sabemos que o maior sacrifício será feito por mim , afinal , Klaus é um grande garoto mal .

Stefan riu do outro lado da linha e aquele simples som me fez querer fazê-lo rir novamente . Era o melhor som que havia escutado hoje .

– Srt. Pierce , você não joga limpo .

– Nem um pouco .

Stefan e eu conversamos por mais algum tempo antes que ele tivesse de desligar . Eu comecei a rir quando sua mãe gritou para que ele fosse dormir e ele respondeu dizendo que não era mais uma criança e sabia o horário em que deveria dormir . Do mesmo jeito , ele não teimo e deligou dizendo que nos veríamos no dia seguinte para combinar os últimos detalhes do jantar . Eu me senti um pouco mais leve enquanto arrumava meus materiais e me aprontava para dormir também . Mais ou menos uns três minutos depois alguém bateu em minha porta .

Lá se vai o bom humor , pensei ao abrir a porta .

– Podemos conversar ?

Eu me escorei no batente , deixando uma mensagem clara . Você não é bem-vindo ,ela dizia . Meu primo balançou a cabeça com certa exasperação como se não esperasse nada diferente .

– Olha sobre o que aconteceu hoje lá na escola ... eu errei , tá legal ? Tirei conclusões erradas e te julguei por alguém que não é mais . Eu sinto muito . Fui um idiota .

Eu olhei em seus olhos e percebi que ele estava realmente arrependido . Mas a questão era que eu ainda estava irritada com ele , e certamente não iria perdoá-lo fácil assim . Como eu havia pensado antes , era mesmo uma tempestade em um copo d’água , mas pelo menos eu esfregaria na cara dele que eu não sou o tipo de pessoa que perdoa fácil . Ele já devia ter aprendido aquilo antes . Assim como deveria ter aprendido que sei ser bem teimosa .

– É só isso ? – Ele assentiu – Bem , então boa noite .

Eu estava pronta para fechar a porta na cara dele , mas Jeremy colocou o pé na frente antes que eu o fizesse.

– Katherine , por favor . Não quero brigar com você .

– Bem , uma dica ; quando não quiser brigar com alguém , tente não chamar essa pessoas de vadia .

– Eu não ...

– Não se preocupe com isso . Na verdade , talvez você esteja certo . Talvez eu seja uma grande vadia do mal . Talvez eu tenha voltado a ser a velha Kath , porque , acredite , eu sinto muita falta dela . Aquela Katherine não era tão fácil de se magoar . Era uma das qualidades dela .

– Eu não quis ...

– Sim , você quis . E mesmo que você não admita , isso é exatamente o que você pensa de mim . É incrível como só sabemos o que as pessoas realmente pensam de nós quando ela se alteram . Parece que quando estamos com raiva é o único momento em que realmente somos sinceros com as pessoas ao nosso redor .

Eu não deixei que ele dissesse mais nada . Apenas fechei a porta em sua cara , porque sabia que se o visse derrubar uma lágrima sequer como sabia que ele estava prestes à fazer , eu o abraçaria e diria que tudo ficaria bem . Em seu quarto , ouvi algo sendo quebrado , como se ele tivesse tacado algo na parede .

Naquela noite tive outro pesadelo .