Ataque Neonazista escrita por Gabriel Lucena


Capítulo 7
Céu Estrelado.


Notas iniciais do capítulo

Mais um, desculpe a demora.

Boa leitura...



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Logo depois de uns vinte minutos desde que pôde-se ouvir uma voz de dentro daquele carro, numa curva meio fechada, pude avistar uma fileira enorme de carros parados. Sem ninguém, óbvio. Praticamente um cemitério de carros á céu aberto, que foram abandonados repentinamente, fazendo algumas manobras evasivas, sai dali o mais rápido possível. Quanto mais tempo naquela autoestrada, mais risco nós correríamos. Qualquer barulho era ausente naquele ambiente. Neonazistas, então, adeus, foi quando vi que fiquei encurralado. Haviam carros capotados por toda a pista, e especialmente onde seria a minha única passagem, havia um carro transpassado ali, impedindo-me de continuar andando.

Confesso que por um instante, pensei em empurrar o carro pelo capô do jipe, mas, não seria certo tentar empurrar com um jipe, talvez um tanque de guerra seria o ideal, pois passaria por cima de todos com facilidade, sem escolha, tive que parar e descer do carro.

Comecei a empurrar a lataria do carro pelo capô. Admito que foi meio difícil de tirar o mesmo dali, porque dentro havia ocupantes; mortos, claro. E ele era gordo, então meu trabalho era seriamente dificultado. Depois de algum tempo, tirei o carro da posição para que a jipe passasse. Quando entrei no carro e passei por ali, ainda ouvi o barulho de lataria sendo riscada. Uma pena, pois um carro como aqueles era caro e não deveria ser desperdiçado.

A viagem continuou longa, porém confortável no banco de couro daquela lata velha. Ora ou outra eu tinha de parar para remover algum obstáculo, ou carro. Mas para minha sorte, hordas de neonazistas não estavam presentes, mas isso não significava que estávamos seguros, quando finalmente passei por todos os carros, notei que vinha um em alta velocidade, ele tentou brecar com tudo, mas não teve jeito, batemos levemente de frente um pro outro, só podia ser um daqueles monstros:

–Droga!- eu esbravejei, já saindo do carro e batendo no vidro da janela com a arma na mão, de lá, saíram dois homens, um era alto, sardento e magro, o outro era mais encorpado e de pele espinhenta.

– Vem cá, não sabe por onde anda não é?- reclamei.

–Me desculpe, mas acho que o errado aqui é você.- o homem sardento disse, calmamente.

–O que está acontecendo aqui?- disse Rory, saindo do carro com o supercílio sangrando.

–Viu só? Machucou o meu amigo.- Rory era mais um conhecido do que um amigo, mas sendo aliado naquele inferno não custava chamá-lo de amigo.

–Eu já me desculpei. Que foi, tá afim de um biscoito?- perguntou o mesmo homem.

–Não, só quero saber o que você faz aqui.- perguntei.

–Estamos caçando os neonazistas oras!

–O quê? Vocês não estão com eles?

–Não, nós somos policiais, estávamos em uma missão de prender dois assaltantes de banco e quando voltamos a cidade estava toda estraçalhada, aqueles malditos acabaram com toda a nossa tropa, então, estamos indo atrás deles.

–Os neonazistas são muitos?- perguntou Prim da janela do carro.

–São milhares, pode ser que algum dia alguém consiga derrotá-los, mas vai demorar muito.

– Escutem, nós sentimos muito, e se não houve nenhum dano que impossibilite os carros de andar, não vejo proposito nessa confusão, certo Peeta? - disse Rory.

–Então, o que estamos esperando? Vamos logo!- disse Finnick, de dentro do carro.

– Vocês parecem ser boas pessoas. – dessa vez foi o homem encorpado que falou e o outro assentiu.– Porque não se juntam a nós no nosso grupo?

–É sério?- perguntei um pouco surpreso.

–Sim, nosso grupo não é grande, mas vocês parecem ser boas pessoas, e todo ajuda é bem vinda. – completou ele sorrindo.

–Por mim tá tranquilo.- disse Rory.

–Nós aceitamos. Vamos lá.- eu disse, já entrando no carro e dando a partida.

–Eu quase esqueci, eu sou Manfred e esse é Charlie.- disse o rapaz encorpado ainda fora do carro.

–Seu rosto está sangrando!- disse Prim, olhei pelo retrovisor e vi que a testa de Rory estava sangrando muito, me dando conta do quanto um ferimento no supercílio fazia sair sangue, diante disso, Prim tirou um pedaço de pano do bolso e amarrou na testa de Rory, que agradeceu com um tímido "obrigado", logo o sangue estancou.

–Não sei se foi uma boa escolha se juntar à eles.- disse Katniss.

–Desde que eles não sejam neonazistas e sim, os caçadores deles, está de bom tamanho.- eu disse sem tirar os olhos da estrada.

Passamos cerca de algumas horas na estrada, eu já estava bem cansado, juro que se algum dos meus amigos soubessem dirigir, eu pedia para um deles dirigir pra mim, o sol já se punha no horizonte, o céu estava metade azul-claro e metade alaranjado, mostrando que já deviam ser umas cinco da tarde, foi quando, do nada, Charlie virou à esquerda no meio da estrada e logo pude avistar um acampamento, onde deu pra ver claramente uma barraca grande, pensei no começo que fosse uma pequena cabana de tão grande que era a barraca, mas depois vi que me enganei.

Acabamos por ficar por lá mesmo, a barraca estava segura com as grandes árvores que cercavam ela, lá, nós fizemos uma fogueira, jantamos uma comida simples, salsicha com ovos e bacon, depois, tomamos um banho em um riacho que tinha próximo dali e fomos dormir, cada um em um lugar da barraca, porém, eu não consegui dormir por um bom tempo, por mais que meus olhos ficassem fechados, o sono não vinha por causa da adrenalina de todos esses dias, foi quando tive a ideia de ficar olhando as estrelas, levantei o mais silenciosamente possível para não acordar ninguém e sentei-me próximo da entrada da barraca que era completada com um fecho, quando do nada, começou a chover.

Já estava bem escuro o que indicava que já era noite, e a chuva continuava a cair forte. Eu podia sentir meu peito pesado e não podia mais segurar as lágrimas, sentia como se tudo estivesse desabando... Eu sentia tanta falta dela, porque ela adorava a chuva, comecei a chorar de um jeito desesperado, acho que depois desses dias tentando ser forte como ela me pediu, finalmente sentia o meu peito doer pela perda.

– O que esta fazendo ai? – ouvi uma voz feminina atrás de mim.

Me virei e vi Katniss saindo da barraca indo pra perto de mim.

Relaxe, eu não estou com sono, pode ir dormir. – falei tudo olhando pra frente, para que ela não notasse que eu estava chorando.

A chuva já estava bem mais fina, e ao contrário do que eu pedi, ela veio sentar ao meu lado.

– Eu não quero conversar, está bem? – eu disse fixando meu olhar no horizonte, para tentar cortá-la.

–Apenas me tire uma dúvida: por quê está chorando?- ela disse de um jeito tão doce que eu até estranhei.

–Ah, lembrei da minha mãe. Sinto falta dela, ela amava a chuva, o céu, as estrelas assim como eu, herdei dela essa paixão por astronomia.

–Se você gosta tanto assim de astronomia, quero ver se sabe pelo menos o nome de pelo menos três estrelas.- ela me desafiou, sorrindo maliciosamente.

–Está bem. Aquela são as três-marias, aquela é a constelação de Órion, já aquela ali, bem no fundo, é Sírius, a estrela mais brilhante do céu noturno.

–Puxa, impressionante.

–Quero ver se você decorou tudo direitinho.- dessa vez eu sorri maliciosamente.

–Veja. Aquela são as Três-Marias, ali, a constelação de Órion e aquela brilhando sem parar, é Sirius.

–Muito bem, parabéns. Só não fique apontando muito tempo não porque dizem que isso causa verruga nos dedos.- eu ri.

–E você acredita nisso?

–Não é que eu acredite, só prefiro não arriscar.

–Seu bobo.- ela me deu um pequeno soco no ombro e nós sorrimos.

Depois, nós ficamos horas ali, encarando as outras estrelas que deixavam aquele céu estrelado muito mais bonito. Eu realmente estava me sentindo melhor, e a vontade chorar havia passado, ela encarava o céu, que antes nublado agora mostrava uma lua iluminada. Era incrível como seu rosto ficava mais lindo a penumbra, pouco depois ela repousou a cabeça no meu ombro e eu fiquei acariciando seus cabelos, numa forma de deixá-la acordada, o silêncio predominava entre nós, e me dei conta que, apesar daquele inferno todo, essa seria a noite mais feliz da minha vida.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo.



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