Destinazione escrita por Nancy


Capítulo 17
Arrivederci Italia


Notas iniciais do capítulo

Eu prometi que voltava ainda ontem, mas o meu computador resolveu me dibrar e eu perdi metade do que tinha escrito, fiquei putona e resolvi ir dormir, por isso só hoje saiu esse capítulo.
Leiam, não me odeiem (muito), lembre-se que mamãe ama todos vocês.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/544803/chapter/17

O que de fato havia acontecido na praça central ainda era um mistério para todos que haviam presenciado a luta de Ezio contra Césare. Mesmo que o Assassino o ferisse diversas vezes, algumas mortalmente, o Bórgia não caía, apenas quando uma flecha certeira o atingiu na cabeça foi que ele finalmente pereceu.

Ezio reconhecia aquela flecha, as penugens azuladas nas pontas só existiam em um lugar no mundo e apenas uma pessoa na ordem havia estado lá. Ele traçou a rota da flecha com os olhos, rapidamente encontrando sua origem no telhado de uma casa a aproximadamente 300 metros de onde a luta acontecia. Ele viu os cabelos da cor do fogo esvoaçarem com o vento, ganhando ainda mais cor com a luz do sol poente. Correu o mais rápido que conseguiu, empurrando os desertores do exército em seu caminho. Até então, Ezio não tinha conhecimento sobre a gravidade dos ferimentos de Maya, foi somente quando ele pulou no telhado e viu o sangue escorrendo pelas telhas que descobriu que ela não viveria por mais muito tempo.

 

A luz suave que passava pelas cortinas amareladas a despertou. Era como acordar de um cochilo no meio da tarde, ela se sentia lenta e ainda desnorteada, mas sabia que estava em casa e segura. Experimentou movimentar os dedos dos pés descalços, em seguida os tornozelos e pulsos, depois o pescoço. Tudo parecia em ordem e funcional, o que era estranho, pois ela se lembrava de não conseguir mover um músculo antes de desmaiar no telhado. Respirou fundo e então sentiu uma pontada forte lhe atingir no abdome, não era uma dor que podia ser comparada com o ferimento aberto, mas ainda assim lhe arrancou um gemido dolorido.

— Não se mova demais garota. – Ouviu-se a voz de Gilberto, que mesmo baixa ressoava como um trovão.

Aos poucos a visão de Maya focou no rosto de La Volpe, uma expressão acolhedora e feliz a recebeu. Ele parecia radiante, ou talvez ela ainda estivesse delirando.

— Ele está morto? – Foram as primeiras palavras que ela pronunciou, a voz ainda rouca pelo longo período de inatividade.

— Filha, se com aquela flechada ele não morresse, eu podia dizer que era o demônio em pessoa. – A resposta soou divertida. – Sim, ele se foi, graças a Deus.

Maya respirou mais tranquila, parecia que um peso enorme havia deixado seus ombros.

— Onde está Ezio, ele está bem?

— Sim, o máximo que ele tem é fadiga, ficou aqui com você durante duas semanas e ninguém conseguia tirá-lo daqui. Eu finalmente consegui colocá-lo para dormir hoje pela manhã.

— Duas semanas? – Ela se espantou. O que estaria acontecendo na Escócia, a morte de Césare já teria chegado aos ouvidos de Jaime? Ele estava preocupado com ela, achando que estava morta?

— Maya, eu não sei nem como você sobreviveu, já vi homens morrerem por ferimentos menos graves. Duas semanas foi pouco tempo para sua recuperação, eu esperava que você ficasse mais tempo apagada.

A escocesa sorriu torto, Gilberto não sabia o que de fato acontecia, ninguém sabia ao certo. A única pessoa que talvez tivesse informação suficiente já estava calada de forma segura e enterrado debaixo de sete pés de terra.

— Como conseguiram estancar o sangue? Achei que ia morrer antes que qualquer um me encontrasse.

Gilberto voltou a se sentar na poltrona confortável ao lado da cama. – Ezio ainda carregava a pistola carregada, havia pólvora o suficiente para fazer o sangue parar de jorrar aos litros, depois disso foram muitos pontos, suturas e fogo na pólvora para tentar costurar você, mocinha.

Maya riu, desistindo logo em seguida ao sentir a dor da contração dos músculos. Ela respirou fundo olhando para o teto e depois para La Volpe.

— Então quer dizer que acabou...

— Nunca vai acabar Maya. Essa é uma guerra que sempre vai existir. Tudo vai depender de nossa força para manter o equilíbrio.

Ela se preparou para retrucar alguma coisa, mas nesse momento Ezio entrou pela porta aberta e então estacou no lugar, como se custasse a acreditar no que via.

— Oi... – Maya sorriu, sentando-se na cama com ajuda de Gilberto. Ezio se aproximou e sentou ao lado dela ainda sem dizer sequer uma palavra, apenas a olhava.

— Vou deixá-los a sós. – La Volpe deixou o quarto e fechou a porta ao passar, dando-os privacidade.

Maya o abraçou com força e Ezio a abraçou de volta, tomando cuidado com o curativo. Passou a mão por seus cabelos cacheados, se pudesse não a soltaria nunca mais.

— Achei que fosse morrer... – Ele sussurrou.

Ela respirou fundo e deitou a cabeça em seu ombro. – Eu estava pronta para morrer. Contanto que conseguisse matá-lo. Precisava fazer isso, era um risco que valia a pena correr.

— Ele é como você, não é? Por isso não consegui matá-lo. – Ezio foi direto.

Maya demorou para responder. Talvez perdida em todos os acontecimentos recentes.

— Sim. Ele me disse quando nos encontramos no quarto. Ele sabia usar a Maçã de qualquer modo que fosse preciso. Eu só não entendo porque ele não destruiu tudo... talvez algo o impedisse, mas não consigo pensar em quê.

Alguns minutos se passaram no completo silêncio. Ezio a afastou e olhou em seus olhos, acariciou seus cabelos.

— Como se sente?

— Estou bem considerando tudo o que aconteceu. Ainda sinto um pouco de dor, mas apenas quando faço algum esforço. E você, como está? – Maya passou o indicador sob um corte no rosto de Ezio que ainda cicatrizava.

— Estou bem, não aconteceu nada. Nós os expulsamos da cidade.

Ela abaixou o olhar e respirou fundo.

— Sabe que isso nunca vai ter fim, não é? – Repetiu as palavras de La Volpe.

— Sei disso. Mas não pretendo parar de lutar enquanto respirar. A Ordem se tornou minha família, não tenho para onde correr. – Aquelas palavras deixaram Maya quieta, pois aquele era o sentimento de Ezio e ela respeitava isso, mas ali não era mais sua casa e aquela não era sua família, apesar de considerar todos ótimos amigos e inclusive irmãos. Ezio tinha certo tato para perceber quando ela estava com a mente distante, quando precisava dizer algo, mas não encontrava as palavras.

— Eu queria jamais ter que te entregar isso, mas não seria justo, assim como não foi justo o que fizeram conosco. – Maya o olhou sem entender. Ezio tirou de dentro da camisa um envelope verde com selo preto, endereçada para Anne-Marie. Ela reconheceu o selo de Jaime imediatamente e pegou a carta, abrindo-a com urgência.

Os olhos verdes correram a carta e se moviam de um lado para o outro cada vez mais desesperados, mais aflitos. Sua respiração falhou e o final da carta ela olhou para Ezio com os olhos cheios de lágrimas.

— Tenho que voltar...

Ezio ergueu o canto dos lábios num sorrido entristecido.

— Eu sabia que diria isso no momento em que vi o selo real. – Ele abaixou o olhar, em seguida Maya ergueu seu rosto com delicadeza e lhe tomou os lábios num beijo árduo, logo afastou-o novamente. O Assassino segurou suas mãos pequenas e as afagou com carinho. – Não nascemos para ficar juntos Anne. – A chamou pelo verdadeiro nome, fazendo com que as lágrimas nos olhos dela escorressem silenciosamente pelo rosto sardento. – O dever nos impede.

Os Assassinos voltaram a se abraçar, ainda mais forte.

X

A carta de Jaime descrevia o terror pelo qual a Escócia estava passando. Os soldados comandados por Césare haviam aportado em Edimburgo há aproximadamente três semanas durante a madrugada e sem qualquer motivo aparente, atacaram e saquearam a cidade em busca das peças que Anne escondia no interior do castelo. Peças que ela reuniu ao longo dos anos e que não interessavam a ninguém além dos Imortais, quem tinham o poder e o conhecimento necessário para manipular os demais pedaços do Éden. Crente de que não havia ninguém além dela que saberia como encontrar a energia pulsante de cada uma das peças, ela as guardou dentro do palácio em Edimburgo, mas então Césare se mostrou capaz de ler as indicações da Maçã e havia enviado seus capangas enquanto os olhos de Anne estavam virados na direção de Roma.

X

Na manhã seguinte Maya se despediu de Maquiavel pessoalmente. Entrou em seu quarto onde ele ainda se recuperava da severa desnutrição.

— Maya, eu peço que me perdoe... – Ele começou, mas logo foi interrompido.

— Não há nada o que perdoar, eu me precipitei e não quis buscar por mais respostas antes de te incriminar. Peço desculpas por isso, espero que um dia possa me perdoar por quase ter acabado com sua vida dentro da Ordem.

— Não guardarei ressentimentos. Achei que estava fazendo o melhor para Ezio, mas também estava equivocado. Esqueçamos tudo isso e levemos como aprendizado para nossas vidas.

Maya assentiu e se despediu. Em seguida foi a vez de La Volpe que se despediu entregando a ela uma pequena escultura de madeira na forma de uma raposa, “para que ela sempre se lembrasse que os amigos estariam por perto”.

Ezio e Maya caminharam pelos túneis da Ilha Tiberina e saíram pelas ruas de Roma, agora pacificadas onde o comércio voltava a dar sinais de vida. Andaram até o estábulo onde ficavam a maioria dos cavalos da Ordem, La Volpe havia conseguido um dos melhores para que ela pudesse seguir viagem com poucas paradas até a capital escocesa. Ezio a puxou para um canto menos movimentado e tomou seus lábios sem aviso, sendo correspondido com a mesma paixão. Ao separar os lábios ele puxou algo do bolso e colocou na palma da mão de Maya, ainda a segurando.

— Quero que fique com isso.  – Ele sorriu com o canto dos lábios. – Teria um com seu nome se tudo desse certo, mas é agora que nos separamos, então imagino que não vá acontecer.

Maya sorriu e abriu a palma da mão para ver o anel que ele usava sempre, com o símbolo da família, seu nome gravado na parte de dentro junto com sua data de nascimento. Ela ergueu o olhar para ele.

— Não posso aceitar isso...

— Por favor. E não aceito nada em troca, quero apenas que fique com ele como uma lembrança.

Ela o abraçou com força pela última vez, acariciou os cabelos marrons e inalou o cheio doce de sua pele.

— Aceito com uma condição. – Olhou no fundo de seus olhos e falava sério.

— O que quiser.

— Prometa que vai se deixar apaixonar, vai seguir a vida e não vai viver pensando no que poderia ter sido de nós. Conte aos seus filhos como foi bom, mas permita-se viver Ezio... Ao lado de quem for.

Ezio emudeceu. Esperava qualquer outro pedido, mas não isso, afinal apenas ele sabia como seria difícil aquela luta, uma da qual não dependia matar ou morrer, mas superar o passado.

— Tem minha palavra. – Ele suspirou.

Maya deixou a capital italiana naquela manhã cavalgando rapidamente pelos campos verdes, por entre as montanhas e além da fronteira, qual ela não cruzaria novamente por muitos anos.

Deixou Maya Di Versati para trás e fez o que pode para enterrar aquelas memórias, voltando a ser a princesa Anne-Marie.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

HAHAHAHAHAHA por favor não me matem!!!
Tinha que acontecer galera... Afinal a fic não é um mar de rosas, eu até fui boazinha e fiz eles se reencontrarem, isso nem estava nos planos originais.
Teremos apenas mais um capítulo até o final dessa primeira temporada, aproveitem para dar qualquer sugestão e crítica também.
Mamãe ama vocês ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Destinazione" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.