Destinazione escrita por Nancy


Capítulo 16
Última batalha


Notas iniciais do capítulo

Só quero declarar que são 05:39 da matina, estou virada no Jyraia e vidrada no café.
Tomem mais um capítulo para compensar mais de seis meses de hiatus sem aviso. Ainda hoje saem os outros.
Sei que a coisa está corrida, mas se não for assim não vai... Tipo carro velho pegando no tranco sabe?



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Eri apareceu no céu piando agudamente. Aquele era o sinal, os assassinos estavam infiltrados no castelo e Maya havia expulsado ou matado Césare Bórgia, agora era a vez de Ezio e seu grupo entrarem em ação, para em seguida La Volpe realizar o saque.

Naquelas semanas em que estiveram confinados no esconderijo da Ilha Tiberina, Ezio ouviu todas as histórias de Maya, ou melhor, “Anne” como era melhor conhecida. Ela havia lhe passado a confiança de um mestre e expulsado de sua mente a ideia de garotinha recém iniciada na ordem, mas ainda assim ele estava crente de que ela precisaria de ajuda para realmente dar cabo de Césare, não por ela não ser capaz de lidar com inimigos, mas pelo fato de que Ezio conhecia-o muito melhor do que Maya. Quando a águia de penas marrons sobrevoou as ruas vazias da cidade dando o sinal verde, ele teve certeza de que ela fora amparada por seus colegas da guilda e tudo estava sob controle.

O grupo de aproximadamente cem assassinos correu até os muros e a escalada foi feita com maestria impressionante, pegando os guardas desprevenidos. A chacina de minutos antes não havia se dado pelo fato do grupo ter sido descoberto e sim por medida de precaução, nenhum soldado que vinha do lado de fora saía dos muros do castelo e assim se deu a morte de vinte aliados da ordem. Ao se depararem com o sangue derramado no gramado e no chão de pedra, os assassinos lutaram com desespero, a dúvida da vitória se instaurou entre os mais novos e aqueles que não estavam acostumados com lutas acabaram batalhando por suas vidas e não pelo propósito real da emboscada.

Ezio foi o último a entrar em ação, derrubou o guarda grandalhão de cima da muralha, liberando espaço para o mecanismo que abria o enorme portão de madeira. Seu coração estava disparado não somente pelo calor da batalha, mas pela certeza de que nada fora como planejado e certamente não correra como o esperando com Maya também. Quando muitos dos guardas já haviam sido derrubados pelos assassinos resguardados pelo elemento surpresa, Ezio teve ajuda dos recrutas para abrir o portão e então permitir a entrada dos ladrões. Ele correu de encontro a La Volpe que logo reconheceu o caminhar da batalha e soube que parte do plano saíra errado.

— Maya não está aqui, temos que encontrá-la. – Gritou para o amigo de longa data enquanto corria para dentro do castelo onde assassinos, ladrões e guardas lutavam pelo domínio dos salões.

Sem saber por onde começar a procurar e com o tempo correndo contra ele, Ezio optou por descer as escadas para os salões inferiores e para a masmorra, onde talvez Maya tivesse sido jogada com a intenção de ser interrogada mais tarde. O caminho foi interrompido inúmeras vezes por guardas de prontidão que corriam para o embate, mas o estado de espírito do assassino não os dava chance de vencer a batalha. Com a espada em punho e a lâmina envenenada na outra, Ezio encarnou novamente o assassino implacável que assombrou a Itália anos antes. Não importava quem estava em seu caminho, estaria morto em um piscar de olhos.

 

La Volpe lutou contra incontáveis guardas caminho acima ao se separar de Ezio, escoltado por um grupo de ladrões que pegavam tudo que Gilberto julgava necessário e mais algumas coisas, ele subiu as escadas até chegar nos últimos andares, mas não havia sinal de luta ali, nem de Césare ou Maya. La Volpe fez sinal para que os ladrões seguissem em silêncio e com cuidado pelos corredores, pois o Duque estava em posse da Maçã e isso era uma tremenda desvantagem para eles caso fossem apanhados de surpresa.

Preto.

Escuridão.

Frio.

Maya sentia que seu corpo era tragado por uma força para algum lugar que ela não conseguia enxergar. A dor em seu abdome ainda era terrível, ela queria gritar, chorar, se debater, mas nenhuma função em seu corpo parecia funcionar. Era como se um veneno tivesse paralisado seu cérebro e só o que ela conseguia fazer era sentir dor.

De repente ela se deparou com um turbilhão de cores, imagens que surgiam e desapareciam rapidamente, como se estivesse no olho de um furação colorido e cheio de acontecimentos que passavam por ela num piscar de olhos, sem que ela pudesse de fato saber o que estava acontecendo. Aquelas não eram suas memórias, eram apenas imagens que a deixavam confusa e a faziam sentir mais dor, mas agora não somente no local onde fora trespassada pela espada e sim pelo corpo inteiro. Seu coração ardia e o gosto de sangue ainda estava forte na boca. Ouviu vozes que não reconhecia, gritos de desespero, dor, sofrimento, ouviu o tilintar de espadas, o cair de muros, o choro de crianças e o pedido de socorro de mães, mas não havia nada, apenas o escuro.

x

O homem de cabelos curtos e barba por fazer se levantou do chão da cela ao ouvir os sons da batalha no corredor. Estava há dias sem comer, sobrevivendo das goteiras que pingavam dentro de sua cela, desnutrido e fraco, sua voz quase não saía da garganta, mas foi o suficiente para que ele pronunciasse com espanto no nome de seu “salvador”.

— Ezio, meu filho, o que faz aqui? – A voz rouca saiu de sua boca seca e ferida. Logo o prisioneiro ergueu as mãos em sinal de rendição enquanto o assassino apontava-lhe a espada para o pescoço.

— Tem dois segundos para explicar o que está acontecendo. Porque diabos está nesta cela e o que aconteceu com Maya. – Ezio foi direto, sem se preocupar com o estado de Maquiavel.

— Ezio, eu não sei o que aconteceu enquanto eu estive fora, mas peço que se acalme, eu não sou o inimigo! – Ele suplicou que Ezio abaixasse a espada. Era óbvio que ele não estava em suas plenas condições mentais, o semblante estava alerta como se ele encarasse o próprio Césare.

— FALE MAQUIAVEL! – Ele gritou impaciente. – E me dê uma explicação descente para todas as cartas, para a traição e por tudo o que eu aposto que contou aos Bórgia.

— Ezio, eu não sei do que está falando. Não sei que cartas são essas, eu jamais trairia a ordem, nem mesmo sob tortura das mais cruéis, cheguei ao conselho dos Assassinos porque pessoas confiaram em mim, eu nunca as desapontaria. Jamais desapontaria Mário.

— Você nos queria separados. Sabia que eu não seria capaz de arquitetar tantas coisas enquanto minha mente me atrapalhasse. Você interceptou as cartas e quando Maya as encontrou você a vendeu para Césare. – O ódio na voz de Ezio era palpável.

— Meu filho, por favor. Você não sabe o que está dizendo, eu jamais trairia você, eu sempre fiz o que achei ser melhor, mas eu jamais faria algo do tipo, jamais o impediria de viver da forma que o faz mais feliz. Como todo o resto eu achei que ela estava morta e o melhor caminho era que você seguisse em frente. – Maquiavel caiu de costas com a aproximação de Ezio, suas palavras eram chorosas, mas verdadeiras e embora Ezio soubesse disso no fundo, ele estava cego pelo desejo de respostas. – Ezio, não faça nada de que vá se arrepender, por favor.

Mas ele não ouvia, não queria ouvir. Estava farto de ser manipulado. Ergueu a espada e estava pronto para matar Maquiavel, embora fosse um movimento covarde uma vez que ele não tinha como se defender, mas àquela altura Ezio já não se importava. Ao desferir o golpe seu pulso foi segurado por uma mão forte e grande que o impediu de prosseguir.

— Ele não tem culpa Ezio. – Era La Volpe que havia retornado de sua busca. Suas roupas estavam manchadas de sangue e seu semblante era de urgência. – Vamos embora, Maya está a salvo, mas Césare está retornando com um exército que será difícil de vencer.

O Assassino ainda encarou Maquiavel por alguns instantes, trocou olhares com Gilberto e custou a acreditar que ele próprio havia afirmado a inocência de Nicolau a quem havia incriminado tantas vezes. Por fim cedeu e ajudou Maquiavel a se erguer.

Desconfiando ele próprio da intenção de La Volpe, quem ele sabia ter desconfianças, Maquiavel se deixou ser apoiado pelo líder dos ladrões enquanto Ezio garantia que não seriam atacados pelo caminho, mas com exceção de algumas lutas isoladas e sem grandes perigos próximos, a retirada do castelo foi tranquila apesar dos corpos que se via pelo caminho.

— Onde ela está? – Ele finalmente perguntou enquanto corriam pelas ruas para se reagrupar e então se prepararem para a batalha final.

— Disse que está a salvo. Concentre-se em sua missão. – La Volpe devolveu com rispidez e seriedade. Precisava acalmar Ezio se quisesse que ele lutasse a próxima batalha que estava por vir e seria um completo massacre para ambos os lados. Ele deixou Maquiavel aos cuidados de um dos ladrões que tratou de o tirar da zona de perigo, embora não estivesse gravemente ferido, precisava reunir forças antes de ficar em pé sem ajuda.

x

Não havia como saber quanto tempo havia de fato se passado. Poderiam ser horas, anos ou séculos. Dentro do turbilhão de imagens e sons, Maya não tinha noção do tempo. A única coisa que se lembrava com perfeição era de ter-se esforçado para pronunciar o que vira de mais nítido dentro daquele túnel da morte. A inocência de Maquiavel, a armadilha de Césare contra ele e o rapto que a levou ao Castel Sant’Angelo mandado pelo próprio. A dor havia amenizado, mas não passado completamente, os sentidos ainda estavam confusos e ela parecia não ter controle sobre todo o corpo. O sol poente ajudou-a a despertar, com dificuldade Maya conseguiu se mover; Primeiro as pernas, em seguida o quadril para conseguir se sentar e então girou a cabeça para esticar o pescoço. Sentiu como se acordasse de um coma, tonta e desorientada.

A adrenalina logo voltou a correr em suas veias ao se lembrar da última coisa que ouviu.

“...Imortal.” Césare Borgia era uma imortal e ele não poderia ser morto por ninguém que não fosse de sua espécie. Ele iria caçar qualquer um que soubesse o nome de Maya e o mataria. Ela sabia quem era seu primeiro alvo e podia apostar que ele ainda estava no meio da luta, se não fosse tarde demais.

Seu arco e flecha estava repousado ao seu lado no celeiro onde fora colocada para descansar. A ferida em seu abdome não dava sinal de que melhoraria tão cedo, mas ela contava que o curativo improvisado a ajudaria. Felizmente a lâmina não havia acertado nenhum de seus órgãos vitais, mas o choque contra o chão de pedra partiu algumas costelas. A ruiva caminhou o mais rápido que pôde na direção do barulho da luta, mesmo tendo ousado se levantar naquele estado deplorável, ainda sangrando e completamente debilitada, ela não era estúpida a ponto de entrar na batalha que era travada na praça central. Ela escalou uma casa onde uma escada repousava, provavelmente usada pelo antigo morador para chegar ao telhado, ali tinha uma vista razoável do que estava acontecendo, mas o que deveria ser uma visão perfeita como a de uma águia, tornara-se um borrão sangrento devido ao ferimento gravíssimo. Era difícil discernir os assassinos dos soldados Bórgia, mas ela não pretendia acetar nenhum soldado, pois aquela não era mais sua missão.

No centro da praça, como se alheios ao resto, reclusos em uma bolha do tempo, dois homens lutavam. Um deles trajava uma armadura prateada com a capa vermelha sob as ombreiras largas, empunhava uma espada longa e em seu cinto carregava uma bolsa com formato circular. O homem de armadura estava novo em folha, parecia ter saído de um banho de rosas com as forças renovadas, enquanto seu adversário já estava sujo de sangue, apresentava sinais de fadiga, mas ainda assim se provava alguém apto a derrubá-lo. As cores da roupa branca de Ezio confundiam Maya que se colocara contra a luz do sol, a armadura de Césare refletia os raios e por vezes a cegava. Armou uma flecha na corda do arco e a puxou.

Um filete de sangue escorreu por seus lábios.

A brisa soprou suave.

O Assassino caiu com um golpe.

A flecha voou certeira, cravou no crânio do templário.

Césare Bórgia estava morto, mas Maya Di Versati não estava longe de seguir pelo mesmo caminho. Seus olhos pesaram, ela sentiu o sangue quente escorrer do ferimento e ouviu o grito desesperado de Ezio que viu a origem da flecha.

Frio...


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Notas finais do capítulo

EEEEEEEEEEEEEEITA PREULA..... Sabendo que estamos chegando ao fim, façam suas apostas... Perguntas serão respondidas rapidamente, pois depois do final do dia vocês terão todas as respostas nos capítulos. Agora vai galera!
Não roguem praga nem façam macumba, a galera morre merrmo e a culpa não é minha, quem deu a facada nela foi o Césare.
Beijos de luz, mamãe (bêbada de café) ama vocês.
Té mais!



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