I Can't Love You escrita por hpforever


Capítulo 7
Eu quero te beijar...


Notas iniciais do capítulo

Heeeeeeeey!
Tô na correria esse FDS, só parei pra deixar o cap aqui.
Espero que gostem, beijos :*



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/544629/chapter/7

Point Of View: Henrique

O dia amanhece e eu sinto a claridade do sol batendo no meu rosto. Eu cubro os olhos com a mão e tento me levantar, mas meu tronco está muito pesado. Eu olho para baixo e vejo fios de cabelos negros saindo debaixo do cobertor branco. Breno dormia em cima de minha barriga e me abraçava pela cintura.

Sorrio com a imagem e começo a acariciar o topo de sua cabeça, tendo lembranças da noite anterior.

Depois de alguns segundos ele abre os olhos e ergue a cabeça para mim, também sorrindo. Seus olhos são azuis como o fundo de uma piscina. Me perdi neles por um momento, e depois lembrei de que tinha que respirar.

–Bom dia- ele sussurra, a voz saindo rouca e mais grossa que o normal. Muito sexy.

–Bom dia- respondo, descendo minhas carícias sem medo pelo seu corpo, percebendo que ele ainda estava nu, e eu também- acho melhor tomarmos um banho.

–Juntos?- ele propõe, erguendo uma sobrancelha.

–Separados. Pode ir primeiro.

Ele me olha um tanto decepcionado, mas se levanta, e quando chega ao banheiro do quarto, deixa a porta meio aberta de propósito, para que da minha cama, eu tivesse a vista completa do que ele fazia lá dentro.

Depois que ele terminou de tomar banho, eu fui, e ele também ficou me observando do lado de fora, depois nos vestimos e resolvemos descer; torcendo para não encontrar pessoas bêbadas dormindo no chão da sala e nos preparando para ver a enorme bagunça.

Como imaginamos, tudo estava um desastre! Copos, pratos e talheres estavam jogados por toda parte, havia comida e bebida derramados no chão e nas paredes e o piso sujo grudava na sola do meu sapato.

–Vamos ter que limpar isso- Breno anuncia o óbvio.

–Eu nem sei por onde começar- digo, olhando ao meu redor.

–Pelo começo- ele diz, encaminhando-se para a despensa, onde ficam os produtos de limpeza.

Point Of View: Manu

Eu abro lentamente os olhos e vejo que meu quarto está num completo silêncio. Olho para o meu lado na cama e vejo apenas lençóis desarrumados. Ué, eu tinha certeza de o Raffa havia dormido aqui.

Me levanto da cama e vou em direção à janela do quarto, que estava aberta. Admiro o movimento da manhã de sábado; pessoas no lago caminhando, conversando, se beijando...

–Tá pensando que eu fugi?- ouço uma voz dizer atrás de mim interrompendo meus pensamentos, sorrio imediatamente. O menino me abraça pela cintura e tomba a cabeça no meu ombro.

–Pra falar a verdade pensei- admito, sem tirar o sorriso do rosto.

–Mas se eu tivesse ido embora, não precisaria pular a janela e escalar até lá em baixo. Eu usaria a porta.

–Bem mais inteligente- observo- e duvido que você conseguiria escalar isso aqui...

–Você subestima minhas habilidades- ele diz num sorriso torto e metido.

Eu me viro para ele.

–Dormiu bem?

–Diria que foi um teste de resistência...

–Por quê?- indago confusa- essa seria a parte em que você diz “claro”

–Mas você acha que foi fácil te ver do meu lado com essa camisolinha minúscula?!- ele explica.

–Atá, entendi- eu rio- nada romântico você.

Ele dá de ombros.

–Mas eu adorei dormir ao seu lado, mesmo que tenha sentido...

–Vontade de vomitar- eu o interrompo.

–Não!- ele ri- não senti vontade de vomitar!

–Eu.... Eu estou sentindo agora!- explico e corro em direção ao banheiro.

Me debruço no vaso sanitário, segurando os cabelos no alto.

–Ei, Manu, você tá bem?- ele pergunta, preocupado.

Quando eu termino, dou descarga, escovo os dentes e respondo:

–Acho que sim... Deve ter sido algo que eu bebi ontem...

–Ok... Vamos descer? Deve estar uma bagunça enorme lá embaixo.

–Vamos. Só vou trocar de roupa.

Nós descemos as escadas e encontramos Breno e Henrique já acordados, limpando a cozinha. O que o Breno faz aqui tão cedo?

Oh Meu Deus. Tomara que eles tenham se acertado.

–Bom dia!- eles cumprimentam, sem parar o serviço.

–‘Dia!- respondemos, nos juntando à eles para limpar. Prendo os meus cabelos num coque frouxo para não atrapalhar.

Graças a Deus meus pais não estão aqui para ver isso, se não eu estaria morta!

Nós dividimos os cômodos, eu fui com o Breno e Henrique foi com o Raffa. Não nos separamos em casais para não ter o risco de ocorrer beijos e amassos que atrapalhem nosso trabalho. E eu precisava bater um papo com meu amigo.

–Dá pra explicar o que houve ontem?- pergunto curiosa- vocês dormiram juntos?

–Sim!- ele diz esboçando o maior sorriso que já vi ele dar- acho que acertamos as coisas. Ele disse e demonstrou que também está apaixonado por mim!

–Ah Breno, finalmente! Estão oficialmente juntos?

–Aí já é complicado... Acho que ele tem medo de assumir.

–Entendo... Bom, um passo de cada vez!

–Mas e você e o Raffa?

–Também estamos nos acertando. Mas nada muito sério, também.

–Esses garotos são um problema!- ele diz e nós rimos. Eu não me lembro qual foi a última vez em que vi os olhos azuis do Breno brilharem tanto.

Acabamos a limpeza já era hora do almoço, e resolvemos comer todos juntos, preparando nossa própria comida. Mamãe e papai fora na hora da festa tava bom, mas na hora da comida a coisa aperta né? Pois é.

Eu e Raffa nos encarregamos de fazer rondele recheado de presunto e queijo, enquanto os outros dois ficaram com a sobremesa.

Eu e Raffa no meio de fogão, massa e panela, só podia dar merda não é? A gente tentou mesmo, mas não conseguimos levar aquilo a sério. Ficamos sujando um ao outro com farinha e ele até jogou óleo no meu cabelo. Eca. Nos esforçamos ao máximo para não sujar (muito) a cozinha que tínhamos acabado de limpar, mas foi difícil, pois mais brincamos do que cozinhamos.

Posso dizer que foi bem legal. Aliás, tudo o que faço na presença dele é legal. Ele tem o dom de fazer a coisa mais simples do mundo se tornar incrível para mim.

Ok, chega de melação. Voltemos a comida. Apesar de todo o trabalho e a diversão, nós conseguimos fazer. Quando puxei a travessa do forno, a massa estava com uma cara bem comestível e um cheiro ótimo.

Na hora de servir não estava completamente uma delícia, mas tava bom, dava pra matar a fome. Tenho que admitir que o creme com chocolate e morango que Breno e Henrique fizeram ficou divino. Palmas pros dois.

–Nossa Manu, não sabia que cozinhava tão bem- elogia Breno. Com certeza ele deve estar pensando que fui eu quem fez a maior parte. Sabe de nada, inocente.

–Nossa, obrigado pela consideração- diz Raffa, fingindo estar ofendido- eu me mato de trabalhar, a menina só me passa os ingredientes e tira do forno e a moral é dela?

Todos rimos.

–Foi mal primo. Tá uma delícia- concerta Breno.

–Agora sim.

Nós ficamos ali na mesa, comendo e jogando conversa fora por um tempo, até que o celular dos meninos tocam e é Fernando, convocando-os para jogar futebol. Eles farão parte do time oficial da escola esse ano e precisam treinar.

–Foi mal Manu, a gente tem que ir- diz Henrique.

–Tô de boa. Vão em paz- respondi tranquilamente.

Eles se levantam e se dirigem para a porta, eu os acompanho. Raffa fica por último e coloca as mãos em torno da minha cintura.

–Tchau, princesa- ele diz.

Eu reviro os olhos, escondendo um sorriso.

–Aposto que fala isso pra todas.

Ele sorri de canto.

–Vai lá jogar sua bola, daqui a pouco eu vou andar no lago.

–Vê se não se enfia na barraquinha daquele metido do Zé hein!

Estou detectando um pouco de ciúme, isso mesmo produção?

–Estou detectando um pouco de ciúme, isso mesmo produção?- filtro entre pensamento e fala pra quê?

Ele desvia os olhos.

–Claro que não.

–Sei...

–Vem logo Raffa!- os meninos chamam lá fora.

–Deixa eu ir- ele se despede e me puxa para um selinho demorado, indo embora em seguida.

Depois que ele bateu a porta atrás de si, soltei um suspiro e rumei para o meu quarto automaticamente, não sei o que vou fazer, pra falar a verdade estou meio indisposta. Eu tiro a rupa e entro na ducha para me livrar dos vestígios da guerrinha de comida que rolou entre eu e o Raffa e da canseira de ter que esfregar chão e parede; consequência da festa.

Sentei embaixo d’agua, enquanto a sentia escorrer pelo meu corpo. Meus pensamentos desviavam para vários lugares diferentes. Acho que nem preciso dizer pra onde era a maioria.

Point Of View: Henrique

Eu e os meninos estamos aqui no campinho treinando futebol. Eu jogo como atacante, sou bom, fiquei de reserva ano passado no time da escola, pois só os do 3º colegial podem ser titulares, bom, esse ano é minha vez de brilhar! Quero ter a honra de levar essa escola pra final, pois há 5 anos nós não ganhamos a taça. Mas pra isso precisamos treinar muito.

Depois de umas duas horas, nós decidimos parar. Eu me sentei na beira do campo e joguei a camisa no ombro. Estava completamente suado e minha franja colava em minha testa. Peguei uma garrafinha de água e joguei o liquido gelado no rosto.

Breno se aproxima e se senta ao meu lado, ele também estava suado e sem camisa, meus olhos vão para seu abdômen sarado, mas eu desvio logo em seguida, percebendo que Fernando nos olhava de um jeito estranho.

–Vamos lá no meu AP- chama o menino- jogar videogame.

–Fechou- concorda Raffa e nós nos levantamos do chão.

Fernando num carro, eu em outro com Breno e Raffa de moto, nós nos dirigimos para o apartamento dele. Durante o percurso, pude sentir o olhar de Breno em mim e me esforcei muito para manter as mãos no volante e o olhar na rua, afinal não posso esquecer de que estou namorando.

Chegando lá, nos revezamos para tomar banho; Raffa foi no banheiro do corredor e eu no do quarto de Fernando, pedi pra ir primeiro para não ter que ficar sozinho com Breno de novo.

Quando terminei, vesti meu shorts e minha blusa e saí do local, indo para o quarto dele. O menino esperava sentando na cama, mexendo em seu celular.

–Queria falar com você Henrique- diz Fernando, num tom falsamente natural.

–Sobre o que?- pergunto confuso.

–Só queria saber o porquê de você estar traindo a Fernanda!- ele explica, levantando-se da cama.

Eu recuo um passo, por extinto.

–N-não estou traindo ela- falei, minha voz não saindo tão confiante quanto eu gostaria.

–Ah é? E o que você me diz sobre esse vídeo?- ele diz, se aproximando de mim e mostrando um vídeo em seu celular. O vídeo era de ontem à noite; meu e do Breno no quarto.

Meu queixo cai. Como ele pode ter gravado isso?!

–Tem várias coisas que eu poderia fazer com esse vídeo- ele diz sorrindo e se afastando.

–Por favor, não mostre pros meus pais, nem pra ninguém!- peço, sentindo minha voz falhar e lágrimas queimarem meus olhos.

–Porque você não faz igual ao Breno e assume logo que é viado?- ele pergunta, com a expressão leve, parecia estar se divertindo com a situação.

–Isso é complicado Fernando, por favor, apaga esse vídeo!- peço, esforçando-me para manter a voz firme.

–Você devia ter contado pelo menos pros seus amigos! Nós não vamos te deixar!

Eu não sabia mais o que dizer. Só fico me perguntando onde ele quer chegar com tudo isso. Sempre soube que Fernando gosta de joguinhos, mas pensei que pelo menos ele fosse meu amigo de verdade.

Ele solta uma risada perante o meu silêncio.

–Bom, eu vou tomar banho. Depois eu apago isso. Afinal, ter vídeo de dois meninos se pegando no meu celular não é bem a minha praia- ele dá uma piscadinha e adentra o banheiro.

Eu olho para cima para espantar as lágrimas e saio do cômodo, indo para a sala.

Raffa e Breno estavam numa disputa acirrada no videogame.

–Acho que já vou indo embora. Vai querer carona, Breno?

–Não quero ir agora, dou um jeito depois, pode ir- fala ele, sem desviar os olhos da tela.

–Beleza. Tchau pra vocês!- me despeço e rumo em direção à porta.

–O que deu nele?- ouço Raffa perguntar.

Ao entrar no carro, fiz o caminho de casa automaticamente, mas não queria ir pra lá agora; precisava de um tempo pra pensar e me acalmar. Eu estaciono o carro e atravesso a rua, indo em direção à grande praça.

Por conta da tarde de sábado ensolarada, o local estava bem cheio. Eu caminhei por alguns minutos, até encontrar um banco vazio para me sentar; meus pensamentos corriam do Breno, o vídeo do Fernando e a reação dos meus pais se descobrissem.

Logo me lembrei de quando eu fazia natação há um tempinho atrás e tinha uns meninos gays que faziam comigo, a Manu vivia me zoando por conta disso, dizendo que a gente se pegava no vestiário. Obvio que era mentira, ela só queria fazer graça.

Mas um dia ela falou isso perto do meu pai e ele ficou muito bravo. Gritou com ela e comigo dizendo que isso não era brincadeira que se faça, eu fiquei meio que chocado, nunca tinha visto ele se estressar tanto por uma brincadeira, e então a Manu nunca mais falou nada do tipo perto dele e alguns meses depois eu saí da natação.

Isto está martelando na minha cabeça agora, fecho os olhos e deixo minha cabeça tombar para trás. Fico assim por um tempo até que ouço uma voz sussurrando meu nome. Pensei que estava sonhando, mas abri os olhos, e Breno estava de carne e osso na minha frente.

–Você saiu estranho da casa do Fernando hoje- ele comenta.

–Desculpa...

–Não quero ouvir suas desculpas, quero ouvir porquê estava daquele jeito- ele explica.

Eu o encaro por um momento, seus olhos estavam preocupados. Ele usava uma camiseta rosa colada no corpo e uma bermuda preta, estava lindo.

Com o meu olhar tentei dar a resposta à ele, mas ele não pareceu entender.

–É essa situação toda, Breno! Eu me sentir atraído por você e ter que esconder isso...

–Você esconde porque quer- ele me interrompe.

–Não é porque eu quero!- rebato- você não sabe o que meu pai faria se soubesse...

–Olha Henrique, eu já decorei seus motivos pra não me assumir e eles não me fazem sentir melhor!- ele diz impaciente e se senta ao meu lado- eles não diminuem o que eu sinto por você. E sei que também não diminuem o que você sente por mim...

Eu olho para baixo, sentindo as lágrimas escorrerem por meu rosto.

–Eu sei que você está sofrendo- ele fala, pondo uma mão na minha coxa.

–Você é como uma droga pra mim- eu volto a encará-lo- me faz bem por alguns minutos, mas depois me deixa arrependido, confuso, querendo mais e sabendo que não posso ter...

–Você pode, eu estou aqui Henrique. Basta você ter coragem pra encarar. É simples.

–Pode até ser simples, Breno, mas não é fácil.

–Você me ama?

–Amo.

–Então vai valer a pena. – ele se aproxima mais de mim- eu só quero te fazer feliz.

A proximidade do corpo dele me fez perder os sentidos, eu exalei profundamente seu perfume e me deixei levar pelo calor que ele transmitia.

–Eu quero te beijar- admiti.

–Então beija... – ele disse e eu não esperei mais nenhum segundo.

Esqueci do mundo por um momento, me deixando levar de novo pelo o que sentia por dentro. Esqueci do lugar onde estávamos; que o parque estava lotado e que algum vizinho fofoqueiro podia nos ver, ou meu pai, ou minha mãe, ou...

–Fernanda?!- interrompi o beijo quando ouvi passos decididos vindo em minha direção e uma voz de patricinha mimada murmurar um “cruncrun” bem a minha frente.

Puta Merda.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Não sejam fantasmas queridos, comentem por favor !!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "I Can't Love You" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.