I Can't Love You escrita por hpforever


Capítulo 3
Difícil Dizer a Verdade


Notas iniciais do capítulo

Olá gente!
Divulguem a fic se puderem...



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Point Of View: Breno

O dia finalmente amanhece e eu acordo com a luz da janela invadindo meu rosto, pois é, esqueci a janela aberta, que ótimo. Mas de qualquer jeito eu já tinha que levantar, olho meu celular e ele marca 13:31. Saio da cama, e vejo Manoela deitada num sono muito profundo, quer saber, não vou acordá-la. Eu vou para o banheiro do quarto e faço minha higiene matinal, depois me visto com uma bermuda branca e uma camiseta vermelha.

Por sorte não estou de ressaca, ainda bem, pois tenho que fazer trabalho de história... Falando nisso, estou atrasado!

Saio do quarto e desço as escadas praticamente correndo.

–Vai devagar filho!- repreende meu pai, que lia o jornal, sentado no sofá da sala-Onde vai? Não vai comer?

–Não pai, tenho que ir pra casa do Henrique...

–Você fica muito na casa desse menino!- reclama minha mãe.

–A gente só vai fazer o trabalho de história, mãe- explico, pegando minha mochila que estava num canto- não vou demorar.

–Espero que seja só o trabalho mesmo!- ela diz.

Eu reviro os olhos e me dirijo para a porta.

Enquanto atravesso a rua, penso se devo falar alguma coisa pra ele sobre ontem à noite... Não sei, é melhor não... Mas parece que não vou ficar tranquilo se guardar isso só pra mim! Que droga, eu sabia que ia me sentir culpado!

Eu chego na casa dele e aperto a campainha, o pai dele vem atender.

–Cadê a Manoela?- ele pergunta, me dando passagem para entrar.

–Está dormindo ainda- respondo, entrando na casa- eu também acordei agora, preciso fazer um trabalho com o Henrique...

–Ele está no quarto, pode subir.

Eu assento e me dirijo às escadas. O pai deles é sempre muito sério e reservado, eu ainda não consegui concluir se ele gosta ou não de mim.

Entro no quarto do garoto, dando umas batidinhas na porta.

–Oi Breno, está atrasado!

–Foi mal, perdi a hora...

–Eu também acordei tarde... Que horas você e a Manu voltaram ontem?

–Umas quatro... - respondo. Não preciso dar o detalhe de que ela não voltou comigo né?

–Eu voltei umas quatro e meia...

–Hum- eu me dirijo para a escrivaninha que ele estava sentado e me arrumo ao lado dele, ele veste apenas uma bermuda azul. Porra Henrique, sempre sem camisa?! É algum tipo de teste de resistência pra mim?!- se divertiu?

–Não sei. Quer dizer, não lembro. Eu acho que bebi demais.

–Ata.

–E você?

–Me diverti bastante- digo meio nervoso.

–Hum... Vamos começar?

–Vamos- eu pego meu material e ele o dele, e então, começamos a trabalhar.

Depois de uns 15 minutos, ele olha para meu braço e franzi a testa, levo um segundo para entender o porquê daquele olhar, mas depois compreendo e rapidamente, retiro o braço da vista dele.

–Deixa eu ver!- ele pede.

–Não! Esquece, isso não é nada!

–Breno, seu braço tá todo cortado, me deixa ver!- ela puxa meu braço e o segura firme- o que você fez?!

–Henrique não é nada, ok? Por favor, esqueça isso!

–Você não quer mesmo conversar?- ele me pergunta, fitando-me com aqueles olhos verdes e carinhosos.

–Não. Me solta. Por favor.

–Tá- ele solta meu braço e volta a escrever em seu caderno. Aquilo me deixou muito constrangido, não queria que ele soubesse que faço isso, que sou tão covarde...

Um tempo depois, comecei a sentir fome.

–Vamos parar e comer alguma coisa?- peço.

–Claro.

Nós nos levantamos e fomos para o andar debaixo da casa, depois nos dirigimos à cozinha.

–O que quer comer?- ele me pergunta, dirigindo-se para a geladeira.

–Qualquer coisa- respondo, sentando-me a mesa.

–Pode ser sanduíche?

–Tá perfeito- respondo.

Ele pega os ingredientes da geladeira e os coloca na pia.

–Quer ajuda?- ofereço.

–Pode deixar- ele diz- eu aprendi a fazer um lanche diferente, que acho que você vai gostar.

Eu sorrio.

–Ok.

Enquanto ele preparava os lanches eu olhava sem desviar os olhos, não por causa da comida, mas porque ele ficava muito fofo fazendo aquilo. Imaginei como seria se fôssemos namorados e ele levasse café da manhã na cama pra mim, ou se morássemos juntos e ele estivesse fazendo nosso almoço... Meu Deus, já estou viajando de novo!

–Você gosta de cozinhar?- pergunto.

–Gosto sim. E você?

–Não levo muito jeito.

–Hum- ele se vira e se dirige à mesa com os pratos nas mãos, sentando-se de frente pra mim.

–Que delícia!- eu digo depois de morder o pão.

–Gostou mesmo?

–Está ótimo!

Ele sorri.

–Eu ainda estou com um pouco de dor de cabeça por causa de ontem...

–Eu não fiquei com dor...

–Nossa, eu queria muito saber o que fiz ontem, é uma sensação muito estranha não lembrar de nada!

–Do que você se lembra?- eu pergunto, tentando disfarçar o nervosismo na voz.

–Só do começo, eu lembro que conversei com umas pessoas, bebi uns drinks, fui dançar... E depois só sei que acordei num quarto sozinho!

–Hum... Sabe Henrique, eu precisava falar uma coisa pra você.

–O quê?

–Quando a gente voltar lá em cima eu falo.

–Tá bom.

Nós terminamos de comer e deixamos a louça na pia, depois nos dirigimos novamente ao quarto dele. Durante esse tempo eu fui tomando coragem e escolhendo as palavras certas pra falar. Não vou contar o que eu fiz ontem, porque acho que ele não me perdoaria... Mas eu preciso falar do que sinto por ele, já faz tempo que isso está dentro de mim e ele precisa saber.

–Então, o que você quer me dizer?- ele indaga, depois de fechar a porta.

Eu respiro fundo.

–Bom, você sabe que é meu melhor amigo e que eu gosto muito da nossa amizade...

–Breno, não enrola!

–Ok, mas me escuta! Eu gosto muito de você e não quero que nossa amizade se estrague!

–Nossa amizade nunca vai se estragar, por que está falando isso?!

Eu chego mais perto, ficando há uns 5 passos dele.

–Porque eu acho que estou apaixonado por você.

–Como?!- ele se senta na beira da cama e eu faço o mesmo- me explica isso!

–Não tem o que explicar... É o que eu sinto!

Ao contrário do que eu pensei, ele não parecia bravo, parecia confuso.

–Desde quando sente isso por mim?

–Faz mais ou menos um ano...

E escondeu esse tempo todo?!

–Eu tinha medo de que você deixasse de ser meu amigo se soubesse.

–Acha... Eu sempre soube que você gosta de meninos. E a gente passa bastante tempo juntos, é aceitável que você goste de mim... Não vou deixar de falar com você!

–Obrigado.

–E, pra falar a verdade, você nem sabe esconder tão bem assim.

–Como assim?

–Você acha que eu não vejo o jeito que você olha pra mim?

Eu fico vermelho e ele sorri.

–É por isso que você se corta?- pô, tinha que fazer essa pergunta?!

–Não.

–Fale a verdade.

–Talvez- eu o encaro, ele me olha esperando que eu continue. Respiro fundo- não é fácil esconder o que sente. Não só de você, mas imagina se seus pais soubessem?!

–Eles não são os pais mais homofóbicos do mundo! Eles te aceitam.

–Não se eu gostar do filho deles!

–Mas eu me senti mal agora. Promete que não vai mais fazer isso por minha causa?

Eu encaro o chão.

–Breno, me promete!

–Vou tentar- respondo.

–Você não tem mais o que esconder agora!

–É, mas nada mudou!

–O que quer dizer com isso?- ele pergunta, parecendo mais confuso ainda.

–Que mesmo assim eu não posso ficar com você. Não posso te tocar ou te beijar, dizer que te amo...

Ele me olha meio assustado, meus olhos estavam cheios de lágrimas.

–Olha, tem muitos outros caras por aí! Você vai encontra-los!

Eu assento com a cabeça, limpando algumas lágrimas que insistiam em cair.

Henrique se levanta da cama e me puxa pela mão.

–Sempre vou ser seu amigo, ok? E você não precisa esconder nada de mim!

–Ok- respondo e ele me abraça.

Eu o aperto contra meu peito, sentindo os músculos de suas costas, tenho um dejávú de ontem à noite e algo veio à minha cabeça, sei que poderia acabar com tudo, mas não pude evitar.

Eu afastei meu corpo lentamente e olhei direto em seus olhos. Percebi que sua respiração estava acelerada e sorri ainda com os braços em torno de sua cintura. E então, finalmente fiz o que queria; colei nossos lábios e comecei a beijá-lo.

Afastei a cabeça brevemente para ver sua expressão; sua testa estava franzida e seus olhos demonstravam surpresa, mas ele não parecia querer fazer nada para mudar aquela situação, então o beijei novamente, agora sem medo e com mais intensidade, e para minha surpresa, ele retribuiu, pondo a língua na minha boca.

Nos beijamos profundamente por alguns minutos, que passaram num piscar de olhos para mim. Paramos o beijo e eu sorri, entretanto ele não retribuiu, seus olhos estavam focados em algo atrás de nós. Eu me viro e me deparo com Manoela nos olhando espantada, mas com os lábios puxados num sorriso.

Point Of View: Manoela

Aquela cena me paralisou. Não pelo Breno ter se declarado pra ele, nem por ter tentado o beijar, mas por Henrique ter retribuído. Eles me encaravam também muito surpresos e com medo do que eu poderia estar pensando. Até que Breno quebrou o silêncio:

–E-eu já vou indo- ele disse e foi recolher seu material, já vermelho de vergonha- até mais.

Ele passou por mim e se foi rapidamente. Eu continuo encarando meu irmão, e a única frase que ele disse foi:

–Não conte nada pra mãe, por favor.

Eu apenas assenti com a cabeça e saí do quarto, fechando a porta.

Certamente nós precisamos conversar. Mas não vai ser agora. Eu vou esperar a poeira baixar. Eu não vou dizer que ele está errado, porque eu sempre soube que Breno é apaixonado por ele, mas eu também jurava de pé junto que Henrique era hétero.

Quer saber, eles que se entendam! Tenho outras coisas para resolver...

Como a vontade incontrolável de comer brigadeiro.

Depois de me dirigir à cozinha e preparar um delicioso brigadeiro de panela, eu vou para meu quarto, levando o doce comigo. Chego lá e ligo meu notebook, Raffa estava online no Facebook, eu o chamei no chat e começamos a conversar, ao som de One Direction. Breno também estava online, mas não o chamei, nós teríamos que nos falar pessoalmente amanhã na escola.

Minha conversa com o Raffa foi tranquila e engraçada, o brigadeiro que fiz também estava delicioso! Eu até gosto de cozinhar, mas aí você pergunta: “Manoela, você tem talento para isso?” A resposta é Não! Nunca tive e provavelmente não vou ter, mas me arrisco de vez em quando.

O problema é que agora que fui notar que devorei a panela inteira de uma vez só (e eu não fiz pouco), sem contar que ontem à noite comi um monte de besteiras... Bosta, não posso me sentir culpada!

Eu me levanto da cadeira e vou para o banheiro, já tirando as roupas no caminho pra poder tomar banho. Eu passo na frente do espelho só de calcinha e sutiã e analiso meu corpo, primeiramente aperto minhas pernas, elas são grossas, e são duras, subo para minha barriga, que às vezes também está dura, mas às vezes não, hoje não está, comi demais! Fico me olhando, virando para um lado, depois para o outro, e chego numa conclusão; estou gorda! Que merda.

Tento tirar isso da minha cabeça enquanto tomo banho, sentada embaixo do chuveiro (sim, sentada, porque preguiça mata!), tento me convencer de que isso é insanidade minha e que meu corpo está ótimo! Só que mais uma vez, esses pensamentos são em vão.

Eu termino meu banho e me enxugo, depois pego minha escova de dentes e, em vez de escová-los, eu debruço no vaso sanitário e a enfio no fundo da garganta.

Mais uma vez.

Point Of View: Henrique

Eu estou semi deitado em minha cama, com meus olhos voltados para a janela aberta. Através dela, via o céu estrelado e algumas pessoas andando pela grande praça, algumas delas casais apaixonados aproveitando a bela noite de Domingo. Um desses casais é composto por dois meninos. Eles andavam de mãos dadas e às vezes paravam para se beijar. Assistindo a eles, comecei a pensar no que aconteceu hoje à tarde, no que Breno me disse e, principalmente, no que ele me fez. Ele me beijou. Eu com certeza não esperava por isso. Aquilo me incomodou. Não pelo fato dele ter me beijado, mas por eu ter gostado do beijo dele. O Breno beija muito bem, e a maneira com que ele passava as mãos pelo meu corpo, me causavam arrepios.

Mas não pode ser. Eu gosto de meninas, já tive namoradas e sempre me senti atraído por elas, eu nunca havia pensado num garoto dessa forma.

Ou já?

Nesse momento, minha irmã entra em meu quarto e se senta em minha cama.

–Podemos conversar?- ela pergunta.

–Claro, pode dizer.

–Quero que me explique o que aconteceu entre você e o Breno.

–Acho que você já entendeu o que houve... Você já sabia que ele gostava de mim?

–Sabia, mas ele me fez jurar que não contaria nada. Já faz um tempo que ele gosta de você, mas não tinha coragem para te falar.

–Bom, hoje ele criou! Se declarou pra mim e me beijou depois!

–E você retribuiu... Isso que eu não entendi.

–Nem EU entendi... Só fiz o que me deu vontade de fazer...

–Henrique, você acha que pode ser gay? Pode dizer, não vou te julgar.

–Não, claro que não!

–Ok, só perguntei

–Não conte isso pra ninguém ok?

–Tá, não vou falar.

–Valeu. De qualquer forma, vou falar com o Breno, isso não pode mais se repetir!

–Então esclareça tudo de uma vez com ele! Quem sabe assim ele para de se cortar... Ele realmente gosta de você!
–Eu sei. Vou resolver isso.

–Só não seja mau com ele- ela pede.

–Não vou ser.

Ela assente e sai do quarto.

Eu volto a olhar pela janela, agora aqueles dois meninos estavam sentados num banco. Será que eu seria feliz com outro menino? Será que eu seria capaz de corresponder aos sentimentos de Breno? Não sei. Meus sentimentos parecem confusos, acho que tudo vai virar de cabeça para baixo.


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Notas finais do capítulo

É isso aí, por favor me digam o que acharam, preciso saber!



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