Dois dias se passaram após a queda da HAMMER e nada de interessante aconteceu - ao menos, não comigo. A SHIELD esteve muito ocupada nesses dias, pois precisavam prender o maior número de agentes clandestinos da HAMMER. Alguns até se uniram à nossa organização, mas outros (idiotas, por sinal) preferem morrer em nome de Justin Hammer do que receberem ordens de Coulson. Ruim para eles.

Hoje é o terceiro dia após a queda e finalmente recebi uma missão pela manhã. Encontrar um bandido chamado Ardiloso. Segundo o recente dossiê atualizado da SHIELD, Ardiloso é ex-membro de uma equipe de vilões chamada Quarteto Terrível, no qual são inimigos do Quarteto Fantástico. E digo mais: Ele não possui poderes, mas apenas uma arma que dispara um adesivo capaz de imobilizar o alvo. Em outras palavras, ele dispara cola branca.

No momento estou perseguindo-o. Depois de enfrentar os Thunderbolts, acredito que enfrentar um cara com cola branca não deva ser tão difícil.

O Ardiloso entra em uma loja de roupas. Entro logo atrás. Assim que eu atravesso a porta, meu sentido-aranha vibra e quase sou atingida pela cola. Sorte que acertou um manequim. Disparo teias nele, mas erro. Ele continua disparando cola em mim, mas eu desvio de todos os disparos. Em um, entretanto, ele acerta uma moça, que grita em desespero. Por algum motivo, ela segura meu braço e impede que eu saia.

–Aonde você vai, garota? - Diz ela para mim.

–Não sei se percebeu, mas estou numa perseguição.

–Não antes de limpar minha blusa!

–O quê?

–Você me ouviu bem!

Não acredito que vou limpá-la. Na verdade, não farei mesmo isso. Ela que limpe. Para demonstrar minha indignação com aquela 'ordem', simplesmente arranco a blusa dela e jogo a parte limpa em sua cara. Consigo ouvir os xingamentos da moça para mim, mas não me importo. Eu saio da loja e entro em um beco. Como esta cidade tem becos! Consigo ver o Ardiloso virando a direita.

Não perco tempo e escalo um dos prédios ao meu redor. Em seguida, numa altitude aceitável, eu salto e me balanço em minhas teias, chutando o Ardiloso nas costas. Ele cai no chão e pouso sem dificuldades, mas um pouco distante dele.

Ele logo se levanta e dispara mais de sua cola branca em mim. Desta vez não consigo ser mais rápida e a cola se gruda em minha perna. Droga, estou presa no chão! Eu tento mexê-la, mas estou mesmo presa. Eu sei, sentido-aranha! Não precisa me avisar agora que ele vai atirar de novo em mim. Agacho-me o máximo possível, mas acabo me confundindo e a cola prende meu braço direito.

–Não. Não. Não! Idiota! Idiota! - Reclamo comigo mesma. É, ainda preciso para de falar sozinha.

–Concordo que você seja idiota. - Ele aponta sua arma para minha cara. - É uma idiota bonitinha, não vale a pena sujar seu cabelo. - Ele se afasta de mim - Até mais, moça-aranha. Preciso continuar meus assaltos.

–Não, espera. - Peço, mas é tarde demais. Ele já está de saída. E meu braço livre está cansando. - Não!

Caio de cara no chão, minha perna e meu braço ainda estão presos e sinto dormência. Que ótima situação, Jessica! Uma distração e você perde para um cara que dispara cola branca. Quer dizer, ainda não perdi. Minha mão livre brilha, acho que é a bioeletricidade. Cerro meus punhos e bato contra o adesivo que me prende. Isso! Funcionou! Meu braço está livre outra vez. Repito o mesmo ataque, agora em minha perna. Livre também.

Levanto-me com um pouco de dificuldades e dou alguns pulinhos para que o sangue volte ao normal. Bem melhor. Saio correndo até o Ardiloso, que assobia (?) feliz e vitorioso.

Agarro-o por trás e disparo teias em sua boca. Em seguida, arranco a mochila de suas costas. Giro-o e ponho pé na frente para que ele caia. Por fim, soco-o com força e ele desmaia. Eu disparo teias nele e prendo-o no chão. Ufa! Terminou!

Aperto meu pulso para liberar meu relógio invisível, um troço criado por dois engenheiros da SHIELD. Ele serve de comunicador e só responde ao meu DNA. Dele surge uma tela 3D. Mexo em algumas posições da tela e pronto! Consigo me comunicar com a Bobbi.

–Jess, como está a perseguição?

–Escuta, eu estou com o Ardiloso aqui no meio da rua. Será que pode enviar alguém para nos buscar?

–Sim, já enviamos uma equipe. Eles devem chegar em pelo menos 30 minutos.

–Obrigada. - Eu preferia que fosse em menos, mas deixa para lá. - Eca! - Reclamo ao perceber que ainda tenho cola em minha perna e em meu braço.

Enquanto eu retiro a cola, meu sentido-aranha vibra levemente. Que estranho. Não há ninguém aqui por perto, exceto eu e o Ardiloso. Mas ele está desmaiado. Será que esta cola é explosiva ou algo assim? Com receio, eu paro de mexer nela. É... o sentido-aranha continua vibrando.

Eu olho para os lados. Ninguém aparece. Corrigindo: Há uma silhueta bem distante de mim. E está olhando diretamente para cá. A silhueta fez sinal para que eu lhe seguisse. É isso mesmo? Fui convocada por uma silhueta misteriosa?

Sei que estou arriscando muito, mas deixo o Ardiloso ali deitado e saio correndo até onde ela está. Quando me aproximo, ela desaparece.

–Olá?

Viro a esquina e vejo uma perna entrando numa loja. Meu sentido-aranha, neste momento, vibra tanto que parece que vai explodir. Entretanto, meu instinto de curiosa fala mais alto. Eu entro nesta loja.

Está tudo escuro, mas graças às lentes de visão noturna, posso enxergar com mais facilidade. Há uma escada e uma perna subindo. Uma perna peluda...

–Ei, seja lá quem for, eu preciso voltar. Não posso brincar de esconde-esconde agora. - Grito, mas fico sem resposta. Eu já esperava isso.

Viro-me para a porta e tento sair, mas meu sentido-aranha vibra intensamente. Ouvi um disparo de...teias? Se for isso mesmo, então uma teia se gruda em minhas costas e sou puxada para cima. Eu quebro uma barreira de madeira e fico deitada.

–Isso não foi legal. - Resmungo. - Quem é você?

De repente as luzes se acendem e vejo quem está na minha frente.

–Sou a Mulher-Aranha - Diz ela.