Quando eu retornei ao dormitório, toquei o alarme de incêndio e torci para que ele soasse tão alto que acordasse todo o campus. Espero que funcione. Neste momento, estou furiosa comigo mesma por não ser rápida o bastante e salvar a Cassie. Agora preciso encontrá-la de alguma forma.

–Relaxa, você não tem culpa - Digo para mim mesma enquanto arrasto o soldado da HAMMER desmaiado - A culpa é da HAMMER e de seu ataque não-autorizado a um local cheio de damas indefesas.

Subo as escadas de incêndio, mas agora carrego o soldado pelos ombros para não acordá-lo acidentalmente. Enquanto subo, ouço uma porta sendo chutada. Espero que sejam os bombeiros.

Chegando ao teto do dormitório, eu retiro o capacete do soldado da HAMMER e ponho em mim. Como ainda estou reconstruindo minha vida, não quero que ele saiba quem sou. Também revisto e arranco qualquer dente falso que ele tiver. Assim como a HIDRA, a HAMMER pode ser imprevisível em certos aspectos, como possuir soldados suicidas por mastigarem um dente falso que, na realidade, é uma pastilha com um ácido mortífero. Enfim, o soldado está quase banguela e também sem sua roupa militar. Prendo-o com minhas teias na parede e dou leves tapas na cara dele. Enfim, ele acordou.

–Hã? Quem é você? - Pergunta, assustado.

–Se você quiser viver, terá que responder algumas perguntas. - Minha voz sai abafada por causa do capacete, do jeito que eu queria.

–Se eu quiser viver? Como assim?

–Eu faço as perguntas. Para onde levaram ela?

–Quem?

–A filha de Scott Lang!

–Prefiro morrer a contar os planos da HAMMER! - Ele grita.

–E seus familiares merecem sofrer por causa da HAMMER?

–Você não os machucaria. É um blefe!

–Eu não blefo. Diga-me o que eu quero e prometo que você poderá ver sua família outra vez.

Ele nada responde. Entretanto, ele fecha a boca e mexe a língua de um lado para o outro, como se quisesse retirar alguma daquelas pastilhas ácidas. Mais uma vez minha experiência na HIDRA mostrou-se útil.

–Procura por isso? - Abro minhas mãos e mostro os dentes falsos. - Conheço esse truque. Vocês não são tão originais assim quanto imaginam. Responda minha pergunta!

–Nunca!

Eu suspiro e olho para o céu. Antes de pegá-lo, mandei uma mensagem codificada para a 'nova' SHIELD e espero que eles tenham recebido. Está muito frio aqui em cima, estou com sono e ficando impaciente. Além de esse capacete estar apertando minha cabeça. Nunca fui fã de métodos agressivos, mas não vejo outra alternativa.

Cerro meus punhos e, acidentalmente, minha mão se ilumina. Ativei sem querer minhas rajadas venenosas. Hora de fazer isso utilmente. Retiro o capacete e aproximo-me do soldado da HAMMER.

–É o seguinte - Falo com minha voz mais calma possível - Se você me disser para onde levaram-na, prometo que a HAMMER não lhe caçará. Conheço pessoas capazes de apagar até o próprio presidente da face da Terra. Mas, se você não cooperar, lamento dizer que sua morte será por envenenamento. - Mostrei minha mão iluminada - Escolha com sabedoria.

–Está bem, eu falo. A HAMMER tem um quartel no centro de Chicago. A esta hora, estão de partida para Nova York juntamente com os novos recrutas.

–Novos recrutas?

–Sim. A HAMMER faz lavagem cerebral naqueles que deveriam ser prisioneiros. Eles nunca se lembrarão do passado e serão eternamente leais à HAMMER.

–Parece mais a HIDRA do que uma agência governamental. Você disse centro de Chicago? - Ele confirmou com a cabeça. - Droga. É muito longe daqui. - Vou à beira do dormitório e olho para baixo. Parece que o campus inteiro está ali, resgatando as estudantes drogadas por morfina no dormitório.

–Ei, não me deixe aqui!

–Relaxa, logo você terá companhia. - Digo, prendendo um bilhete na boca dele.

Puxo o capacete de volta e coloco em minha cabeça. Também visto a roupa de meu 'refém'. Ando um pouco para trás e corro, saltando na beira do prédio e me segurando no galho da árvore. Podia ser pior. Desço com cuidado da árvore e corro pelo campus rumo à saída. Infelizmente, o portão está fechado. Por sorte, já tinha um plano B.

Pensei que nunca mais voltaria a fazer isso, mas eu pulo nos carros dos professores e salto pelo muro, caindo de pé do outro lado. Estou fora da Universidade. Espero que ninguém sinta minha falta. Eu corro pela rua e escalo as paredes. Chicago não possui prédios altos, mas possuem altura suficiente para que eu dispare teias e me balance pela cidade. Não posso aproveitar muito, preciso chegar ao centro de Chicago e descobrir qual o prédio da HAMMER. Só espero que eu tenha tempo.

...

Cheguei ao centro da cidade e, bom, estou confiando em meu sentido-aranha. A cada passo que dou ele fica mais forte. Devo admitir que o sentido-aranha é uma bússola de qualidade. É assustador que eu esteja sozinha no meio de uma rua praticamente abandonada, pois não há carros por perto. Acho que estou no lugar certo.

De repente o chão começa a tremer. Meu sentido-aranha vibra com força dentro de minha cabeça. Eu olho para um prédio à minha esquerda e ele está desaparecendo, como se fosse um holograma.

–Mas o que está acontecendo? - Pergunto para mim mesma, pois sinto como se o asfalto estivesse se abrindo.

E ele está mesmo! Jogo-me para o lado e muitos helicópteros saem do chão. Eu apenas fico observando os veículos voarem para cima e desaparecerem graças à camuflagem. Até penso em me agarrar em um, mas lembro-me que sempre carrego um chip rastreador. Posso não ser uma agente secreto, mas ainda sou prevenida. Eu jogo no último helicóptero que sai do chão e, por sorte, acerto o chip.

Saio do meio da rua e me escondo em qualquer canto escuro. Porém, revelo-me ao perceber a chegada de agentes da SHIELD.

–Ei, calma! - Ergo minhas mãos ao perceber que eles apontam suas armas para mim. - Não sou da HAMMER.

–Baixar armas, soldados. É inofensiva. Vasculhem o perímetro. - Grita Bárbara - Da próxima vez que você deixar um agente da HAMMER apenas de roupa íntima, certifique-se que ele seja bonito.

–Se ele fosse bonito, certamente não o deixaria para vocês. - Retruco - Escuta, a HAMMER levou a Cassie e quero ajudar vocês no resgate. Aquele cara me contou algumas coisas.

–Conte-me tudo no caminho, Miriam.

–Miriam só na Universidade. Enquanto estiver com vocês, é Jessica.