Jessica Drew: A Mulher-Aranha escrita por Max Lake


Capítulo 140
Teias do presente


Notas iniciais do capítulo

E continuando, não vamos perder o pique, né?



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Eu tive que abrir o jogo. Desde que fui capturada pelo Besouro, presa pelo satânico (e decepcionante) Dr. No até a primeira visita de Julia. Depois a segunda, a terceira e assim por diante. Coulson, Daisy, Bobbi, Sharon, May, Quartermain… Felizmente a Victoria Hand não está por perto, deve estar respondendo telefonemas de, sei lá, do presidente.

Coulson me contou rapidamente sobre a Julia. Entre informações que eu já sabia, sobre ela ser a primeira Mulher-Aranha, e outras novas que até fazem sentido. Ela foi agente da SHIELD bem antes de mim, aquele uniforme preto e de couro que eu usei, na verdade, era dela. Originalmente ela era loira. Tem uma filha que mora em algum lugar tão longe que só Nick Fury saberia dizer.

—É isso. - Concluo sobre essa confusão toda. - Julia e essa tal Cassandra estão tentando reunir uma equipe comigo e outros heróis-aranhas. Não sei quem é Morlun e elas são bem enigmáticas.

—Então vamos reunir essa equipe. - Diz Coulson, decidido. - Vai ser bom rever o Kaine.

—”Bom” não é a palavra que eu diria, diretor. - Diz May, descruzando os braços.

—Certo. Agente Morse, mande mensagem ao Barton e envie um quinjet para buscar Mattie Franklin o mais rápido possível. Daisy e May, rastreiem Kaine. Jessica, você fica com os guris-aranhas e o Homem-Aranha. Sharon, contate a Cindy.

—A Cindy? - Pergunto. - Ela não foi citada, nem mesmo apareceu na teia do céu. E quase fui forçada a matá-la para manter meu futuro.

—Ela é uma Aranha também. - Argumenta. - Eu preciso ligar para o Tony e atualizá-lo da situação.

Ótimo. Todos saímos da sala, sou acompanhada pela Bobbi. Chegamos ao elevador e então esperamos para descer. Ou subir. Não sei exatamente como vou ao Brooklyn, afinal eu estou bem na costa da cidade. Por que o Triskelion não fica no centro?

—Pronta pra liderar uma equipe? - Comenta Bobbi.

—Nem um pouco. O líder vai ser o Homem-Aranha. - Respondo. - É o mais experiente. E é um vingador.

—Como quiser. Só prometa voltar viva.

—Prometo voltar viva e, sei lá, salvar o mundo. - Sorrio.

Brooklyn. Brooklyn. Não paro de repassar o nome do bairro na minha cabeça. Estava com saudades de me balançar pelos prédios, mas o Brooklyn não tem tanto prédios altos assim. As pessoas continuam olhando para o céu, aquela teia está me dando nos nervos agora. As ‘Madames’ me disseram que tínhamos 24 horas. Talvez aquilo seja um relógio? Um contador?

Meu sentido-aranha vibra. Lá embaixo vejo um cara pilotando uma moto bem na contramão, obrigando outros motoristas a saírem do caminho. Ah, a irresponsabilidade. Vou seguindo ele de perto, ele vira a esquina e sigo o caminho. Quem sabe os ‘guris-aranha’ não apareçam também?

Mas cansei de persegui-lo. Largo a teia e mergulho até pousar em suas costas, chuto-o e ele cai da moto. Eu acabo caindo também, deveria ter pensado melhor nisso. A queda doeu, devo admitir.

Meu sentido-aranha vibra e ele se aproxima com o punho erguido. Eu desvio de seu soco, em seguida lhe dou uma joelhada na barriga. Ele recua de dor, aproveito e disparo teia em seu capacete, puxando-o para perto de mim e batendo no visor. Consigo quebrá-lo e ele cai no chão, então piso em seu corpo.

—Droga, não tenho tempo para isso! - Diz ele, um homem de rosto negro e barba. - Meu sobrinho Miles precisa de mim!

—Seu sobrinho Miles? Que conveniente, estou procurando um Miles Morales. - Digo, tirando meu pé de cima dele. - Desculpa.

Iria puxá-lo pelo braço, mas meu sentido-aranha vibra. Recuo o braço, mas ele me segura e libera uma onda de choque pelo meu corpo. Droga!

Caio no chão, toda eletrificada e devo estar me debatendo. Enquanto isso ele manca até a moto. A dor! A eletricidade! As pessoas olham para mim, algumas filmam e outras se aproximam com medo. A eletricidade passa momentaneamente, mas minha visão está com problemas. Só ouço a moto sendo ligada e indo embora. E as buzinas de carros querendo me atropelar.

Felizmente algumas pessoas me ajudam a sair do meio da rua. Pelo menos não bebi café dessa vez.

—Você está bem, moça-aranha? - Um simpático rapaz pergunta.

—Estou.

—O que é aquela coisa no céu? Você está nela! Aberração! - Grita um homem obeso e careca não muito longe de mim. - Jameson sempre esteve certo, o mundo era normal antes dos fantasiados aparecerem!

Só por ele mencionar “Jameson” e “certo” na mesma frase fico com vontade de socar a boca dele, mas me concentro. Preciso encontrar o ‘tio do Miles’ que pode me levar ao sobrinho Miles.

—Com licença, eu preciso deter um motoqueiro irresponsável. - Digo, saltando e disparando teias nos pequenos prédios.

Eu me balanço com dificuldade, é difícil usar as teias quando os prédios não são grandes. É um bairro cheio de apartamentos e condomínios. Avisto a moto estacionada ao lado de um desses edifícios. Pouso e escalo o prédio. Com certeza atraio olhares curiosos enquanto escalo. Ouço uma discussão enquanto subo.

—Por que o Arachnoman está naquela teia no céu? - Diz uma voz. É a voz daquele motoqueiro.

—Não sei, tio Aaron. Não sou mais o Arachnoman há semanas e prometi que jamais retornaria.

—Com licença. - Invado a janela e fico sentada ali mesmo. - Oi de novo.

—Você! - O homem puxa uma arma, mas eu disparo teias e prendo a mão do cara na parede logo atrás. - Me tira daqui, Miles.

—Fique longe da gente!

—Você é o Miles? Quantos anos tem?

—O suficiente para fazê-la sair daqui!

—Não quero brigar, Miles. Desculpa invadir assim e interromper a conversa com o motoqueiro mais irresponsável do Brooklyn. - Eu tiro minha máscara.

Miles é negro, deve ter uns 14 anos ou menos, franzino e pequeno. Usa uma camisa regata branca e uma bermuda marrom, além de chinelo.

—Eu sou Jessica Drew, sou a Mulher-Aranha.

—Sei. - Ele cruza os braços. Eu me aproximo dele. - Seja lá o que for, não vou ajudar.

—Não há escolha, infelizmente. - Digo. - Elas nos deram 24 horas antes de sermos unidos em definitivo.

—Elas?

—As Madames Teias. Julia e Cassandra, uma velha aí. E você foi mencionado por uma delas, você é o Arachnoman? Eu nunca ouvi falar.

—Não fiquei muito tempo na ativa. - Ele olha para seu tio, que nos observa fixamente. - Tire meu tio dessa coisa que você lançou do pulso e eu falo o que aconteceu.

—Beleza, mas se ele tentar outra gracinha, eu o penduro de cabeça pra baixo.

Recoloco minha máscara e pego uma lâmina em cima da mesa, então começo a raspar a teia na mão do tio de Miles. Tio Aaron, como ele disse.

—Fique longe do meu sobrinho, sua desgraçada! - Ele sussurra.

—Ok, machão. Prometo devolvê-lo com vida depois da missão. - Arranco a teia. - Só saiba que sou da SHIELD, então se me der um choque outra vez posso trazer um exército de agentes e prendê-lo. - Ameaço.

Ele me encara seriamente, em silêncio e com muita raiva. Volto minha atenção para o garoto.

—Certo, Miles. O que houve? Quando cheguei, você disse que não era o tal Arachnoman há semanas.

—E jamais retornarei.

—Jamais é muito tempo. O que houve?

Ele olha para o tio, que assente com a cabeça, provavelmente permitindo para contar a história de origem dele.

—Eu… Eu não sei como contar.

—Comece do início. Você tem poderes? - Ele assente com a cabeça. - Como os conseguiu?

—É… - Ele coça a cabeça, nervoso.

—Eu fui contratado para roubar uma coisa, um experimento da Fundação Vida chamado Oz. Acontece que a Fundação Vida é um laboratório ligado à Oscorp e eu não sabia. - O tio começa a falar pelo sobrinho. - Oz é uma aranha geneticamente modificada, uma imensa aranha. Bem maior que uma aranha comum.

—O que ia fazer com Oz?

—Vender no mercado negro. É o que faço para viver, garota. Mas, a aranha escapou em meu apartamento e Miles estava lá na hora.

—Ela me picou. - Completa o garoto. - Eu comecei a perder cor, ficar invisível na parede. Depois, descobri que podia escalar paredes como o Homem-Aranha. E também liberar um veneno paralisante pelas mãos. Além de um sensor chato na cabeça.

—Sentido-aranha.

—É, por aí. Melhor do que sensor chato na minha cabeça.

—Era muito complicado para um garoto de 13 anos assumir. Ser como o Homem-Aranha enquanto estudava e morava num internato do outro lado do bairro. Então eu servi como um mentor para ele.

—Se prefere chamar assim. - Miles parece incomodado com a forma como Aaron se considerou. - Ele me enganou.

—Eu te treinei como eu fui treinado, dei um objetivo para essas suas habilidades!

—Ele quis que eu trabalhasse com ele nos roubos, quis que eu enfrentasse o Cascavel ao lado dele, quis que eu…

—Queria matá-lo. Assim, você e todos os seus colegas se livrariam das drogas que o Cascavel fornece aos traficantes. A mesma droga que fez aquela aranha mudar. Oz.

—Oz virou tráfico? Mas como, se era a aranha? - Questiono.

—Oz não era só uma aranha. De alguma forma, Cascavel conseguiu acesso à Fundação Vida e extraiu a fórmula Oz para distribuir por aí.

—E por que você queria combater a droga se antes queria vendê-la no mercado negro?

—Ele não queria combater, queria tirar do bairro e enviá-la para outros lugares. - Responde Miles, irritado. - Ele queria traficar para fora e salvar o bairro, mas quantos outros jovens estariam contaminados? Não importava para o tio Aaron, o que importava era o lucro!

Isso é terrível! - E é mesmo. Um falso bom samaritano. - Deveria prendê-lo agora.

—Não! - Diz Miles. - Ele pode ter feito isso tudo, mas ainda é meu tio! Ainda é minha família!

—Ok, não prenderei. Resolvemos isso depois. Miles, preciso que você seja o Arachnoman mais uma vez.

—Por quê? Tem algo a ver com essa teia no céu?

—É, eu não sei explicar. Só Julia consegue.

—Eu não gosto muito dela pra ser sincero. - Sussurra. Eu sorrio, é difícil saber se alguém gosta dela.

—Entendo. Mas eu prometo, Miles, é por uma boa causa.

Ele olha para o tio Aaron, que permanece inexpressivo e irritado. Depois olha para as próprias mãos e as fecha com força.

—Eu rasguei meu uniforme antigo.

—Algo me diz que você logo o recuperará. Aliás, você conhece uma garota chamada Anya Corazón?

—Sim, mora aqui do lado.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado



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