Jessica Drew: A Mulher-Aranha escrita por Max Lake


Capítulo 132
Jessica através dos Espelhos




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Já estou andando há um certo tempo e nada das outras heroínas aparecerem. Será que estão mortas? Não acredito, com certeza elas escaparam de algum jeito. Elas são super-heroínas, nunca morrem. Eu sou apenas uma adolescente intrusa no meio dessa bagunça, nem sei porquê o Arcade me raptou, não pertenço a nenhuma equipe de grande nome, como as outras - Vingadores, Quarteto, X-Men e Defensores. As vitórias que eu tive contra super-vilões, quase sempre, foram com auxílio de outro herói. E quando estive sozinha, apanhei feio - até para o Ardiloso eu apanhei, mas me vinguei depois. Não há motivo para eu estar aqui, não sou uma grande super-heroína como a Sue ou a Mulher-Hulk.

Meu sentido-aranha vibra assim que eu piso em um chão falso. As paredes começaram a se aproximar e, por incrível que pareça, mais espinhos. Eu dei um passo para trás bem a tempo, e as paredes voltaram às suas posições - mas os espinhos não! Bom, parece que devo dar uma corrida!

Respiro fundo, então parto para frente correndo. O caminho fica mais estreito e difícil de passar sem encostar nos espinhos e... Ah não! Que sacanagem! Um fio fino e quase invisível me derrubou! Ergo-me rapidamente e corro mais depressa ainda, pois as paredes estão quase me prendendo. Argh! Faltam poucos metros. Ufa, consegui! Preciso recuperar o fôlego e descobrir aonde estou agora.

Para mim todo o lugar é igual. O ambiente é muito circense, só faltam aparecer palhaços idiotas dando gargalhadas insanas. E é cheio de armadilha também. Antes dessa da parede com espinhos, tive que encarar flechas voadoras, lanças voadoras e talvez o pior até agora, bolas verdes voadoras - tinham cheiro horroroso, mas evitei todos. E agora, Arcade, o que me aguarda?

—Ah, claro! - Digo em voz alta respondendo a mim mesma. Clássico labirinto de espelhos.

Sem saída por cima, só um teto com rede elétrica. Pelo menos a eletricidade está iluminando parcialmente o caminho. Vou ter que ir andando e não me assustar com meus reflexos distorcidos - tipo super-gorda, super-peituda, bunda desproporcional, essas coisas clichês de parques abandonados.

Por enquanto os reflexos estão normais, nada de Jessica obesa. E nada de sentido-aranha também. Só eu pensar que ele vibra para não bater o nariz no espelho. Isso confunde. Viro a esquerda, agora os espelhos estão mais distorcidos. Estou magrela, quase anoréxica. Visão assustadora, para ser honesta.

Viro a direita. Jessica cabeçuda, também muito clichê. Viro a esquerda, agora o reflexo é mais sombrio e misterioso. Sou eu, mas meu uniforme brilha como neon, o brilho é laranja e meu uniforme ficou totalmente preto, mas neon também. Calafrios ao ver a cor preta...

Viro mais uma vez a direita, agora me vejo mais alta e mais peituda. Esses reflexos são muito bizarros, mas são incríveis. Obviamente é magia, não há outra explicação. Talvez seja abuso da tecnologia, como no caso do neon, mas com certeza é algum tipo de magia. Doutor Strange odiaria ver este trabalho.

Passo alguns metros à frente e vejo um reflexo esquisito. Sou eu mais velha, porém pareço aquela atriz britânica que estrelou Harry Potter. Ela tem uma criança ao seu lado e uma grande barriga de grávida. Bem bizarro.

Sinto que o caminho está acabando - ou talvez e esteja na metade ainda. Os espelhos voltaram a manifestar reflexos meus de distorções corporais, agora uma perna mais larga que a outra. Preciso sair deste lugar, estou perdendo tempo. Preciso ter calma, paciência, mas não aguento mais me ver no espelho! Chega!

—Hã? - Acabo socando um espelho, mas ao invés de rachá-lo, meu braço o atravessa como se fosse um portal.

Retiro o braço de dentro, é muito assombroso isso. Universos alternativos, que ótimo! Não quero atravessá-los, quero apenas sair daqui.

—SOCORRO! - Grito na esperança que alguém me ouça - Alguém aí?

Nenhuma resposta. É claro que não, Jessica. Assim como os filmes de terror, ninguém gritaria em resposta e revelaria sua localização.

Ando mais alguns metros, até que encontro... Mais espelhos! Não! Não! Não! Chega! Eu quero sair daqui! Se eu sair, vou jogar todos os espelhos fora. Ótimo, não basta o trauma pela cor preta e nem o medo infantil de ratos, agora vou ter trauma de meu próprio reflexo. Preciso de um psicólogo.

Ouço passos de trás de mim. Viro-me rapidamente e vejo eu mesma. Outro reflexo, eu acho. Ou talvez não, pois ela está diferente dos outros espelhos. Não há o reflexo do espelho atrás de mim, há algo de diferente com certeza. E se não for um espelho, mas um doppelganger? Quer dizer, uma outra Jessica de realidade alternativa.

Ela imita meus passos, está tão confusa quanto eu. Veste minha mesma fantasia, porém com aquela toca horrível que eu usava na HIDRA, aquela que cobria meu cabelo.

—Oi? - Ela diz, em alemão. - Você... Sou eu?!

Eu balanço positivamente com a cabeça, aproximando-me dela. É, com certeza é bizarro.

—Onde estou? - Ela só sabe falar em alemão, talvez seja um universo em que eu ainda pertença à HIDRA - Onde estão o Barão?

—Que Barão? - Pergunto, também em alemão.

—Herr Heinrich Zemo, führer da HIDRA e meu marido, mesmo que eu seja décadas mais nova. - Ai que nojo! - Cadê ele?

—Pode parecer estranho, mas você está em outra dimensão.

—Dimensão? Isso fica nos Estados Unidos da Alemanha? Nunca vim aqui, meu amor não deixa que eu me aproxime ao Capitão Hidra e seus Vingadores.

Estados Unidos da Alemanha? Capitão Hidra e Vingadores? Não, não posso mais falar nada. Não sei como é seu mundo, a HIDRA pode dominar. Quer dizer, ela namora um Zemo, décadas mais velho, isso já é o suficiente para eu sentir nojo de minha doppelganger.

—Desculpe fazer isso. - Soco seu rosto com força, como se quisesse quebrar novamente os espelhos.

Ela me xinga em alemão. E são palavras muito feias.

—Não pode fazer isso, sou a Madam Hidra! Rainha do mundo, governante da HIDRA-Europa! - Ela diz. É, a HIDRA dominou o mundo.

—Cala a boca, verräter! - Grito, socando com meu punho venenoso bem nos peitos. Ela cai no chão e começa a cuspir sangue, também começa a chorar. Acho que posso mexer um pouco com minha cabeça. - Vou te contar um segredo: Zemo teve um casamento com Strucker aqui!

—Não! - Ela grita, lamentando e quase chorando. Nossa, como é patética. Quer dizer, ela sou eu, porém patética. Não, já me confundi demais no tempo da Cindy.

Bato com força na cabeça, então fazendo-a desmaiar. Pego-a e carrego-a no ombro, jogando seu corpo no primeiro espelho que vejo. No entanto, este racha. Ah, jura Arcade? Nem todos são passagens para universos alternativos. Continuo carregando seu corpo até que encontro um portal. Sem saber se era o dela ou não, e nem me importava mesmo, arremesso-a lá dentro. Se houvesse um jeito de prendê-la para sempre, eu fazia isso. Porém preciso sair deste lugar. Não quero imaginar que mais doppelgangers possam sair destes espelhos.


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Notas finais do capítulo

Para quem não sabe, o uniforme 'neon' é uma homenagem da Marvel ao filme Tron. Alguns heróis, entre eles a Mulher-Aranha, tiveram uniformes tematizados com o neon do filme, mas só foi para capa.

E outra referência incluída um pouco tardiamente é a "Jessica Drew atriz de Harry Potter", claramente se referindo à fic Hermione, a Mulher-Aranha, do autor e leitor GZipp que encontra-se sumido há anos. Espero que veja algum dia este capítulo XD



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