Jessica Drew: A Mulher-Aranha escrita por Max Lake
Notas iniciais do capítulo
Não, não aquele tipo de 'crusher' (ou crush). Leiam para entender.
Nervosismo! Minha garrafa de água está quase seca de tanto nervosismo. Hoje é o dia de meu encontro com o Jared. Eu, Daisy e Barbara estamos pilotando novamente o carro do Quatermain, mas o engarrafamento é tão longo, estressante e cansativo que este é o motivo por eu estar sem água. O fato de ter minhas 'amigas' por perto também não ajuda. Quer ser tranquilizada na véspera de um encontro? Não tenha amigas como Daisy e Barbara.
—Deixou a calcinha no seu quarto, certo? - Daisy falou isso repentinamente. Estava num silêncio reconfortante até agora.
—Daisy, é claro que estou de calcinha! - Reclamo. Sim, outra vez esse papo de calcinha.
—Não, menina. Estou falando daquela calcinha. A laranja.
—Ela não está com a calcinha laranja, posso garantir isso. - Diz Barbara. - E antes que pergunte, ela não tem calcinha preta.
—Você vasculha minhas gavetas? - Pergunto imediatamente. Como ela sabe disso que eu não tenho calcinha preta?
—Eu nunca te vi de calcinha preta, Jess. E sei que você tem ódio dessa cor, assim como tem medo de ratos.
Eu fico em silêncio. Se for um palpite, ela acertou em cheio. Desde o simbionte, odeio a cor preta. E, desde que me lembro, eu tenho musofobia - ou medo de ratos. Foi uma das primeiras coisas que contei à Bobbi quando começamos a morar juntas.
Deixando esse papo de cor de calcinha para lá, meu sentido-aranha começa a vibrar. É claro que eu alerto as duas, e ainda chuto que esse tal perigo está causando problemas. Estranhamente elas não ficam agitadas, mas eu começo a tirar minha blusa.
—O que é isso? Strip-tease? - Diz Daisy, olhando para mim.
—Vou ver qual o perigo.
—Não, não vai. Deixe a Mulher-Aranha descansar por um dia. Hoje é o dia da Jessica Drew. Além disso, o Homem-Aranha deve estar chegando.
—Não, ele está cuidando da tia. - Elas me olham com estranheza. - Eu converso pelo celular com ele, mas sem mencionar nosso segredo. E ele tem namorada, portanto não estou azarando o Aranha.
—Menos detalhes, agente Drew. - Bobbi diz em tom de reprovação - Você vai ficar neste carro, pois não há perigo e...
—Ok, chefa. - Já abro o teto solar e ponho minha máscara no rosto. Minhas roupas civis são devidamente ensacoladas em teias e presas em minhas costas - Vou evitar entrar em confusões. Tchau.
Salto do carro e me agarro no poste de luz. Daqui posso ver que o engarrafamento é bem maior do que um sinal vermelho. Com certeza há algo de errado na frente. Disparo teias nos prédios e salto do poste, balançando-me. Ah! Isso é ótimo, deveria ter feito isso antes, nunca deveria aceitar a carona com elas. Bobbi e Daisy são demais, adoro elas, mas é melhor ficar mais tempo se balançando livremente por Nova York do que presa e conversando sobre a cor de minha calcinha.
Alguns metros adiante vejo fumaça. Salto de carro em carro até chegar a um ônibus, que corro por cima dele e salto para pousar em um táxi e saltar novamente de carro em carro. É estranho, agora que percebi a ausência de carros vindos da outra mão. Mais um motivo para Jessica Drew dar lugar à Mulher-Aranha, a verdadeira e certamente menos feia.
Chego ao local da fumaça. Carros virados, buzinas chatas (obviamente) e um cara destruindo tudo. Eu reconheço ele, é o Homem-Absorvente. Jamais esqueceria o corpo musculoso dele, e também sua cabeça careca brilhante.
—Com licença, você está atrapalhando minha vida hoje.
—Você? Quem é você?
—Não se lembra de mim? Eu não me esqueci de você. - Sua estúpida! Na época que nos enfrentamos, eu era loira e vestia preto. Nem Johnny me reconheceu.
Hã? Sentido-aranha de novo? Mas ele está na minha frente, falando qualquer coisa sem importante, provavelmente me xingando. Isso é uma ameaça para o sentido-aranha? Acho que não. E não é mesmo! Viro-me para trás e vejo um homem com roupa anti-radiação, provavelmente é feita de chumbo.
—Saia da frente, garota. E não nos atrapalhe.
—Ah! Já entendi! - Eu rio, porque sei que é uma dedução ridícula. - Você e ele são namorados e estão atrasados para um encontro!
—O quê? Claro que... - O homem de roupa anti-radiação completaria a frase, mas eu concluo meu raciocínio.
—Eu também estou na mesma situação, mas não saio por aí destruindo essa parte da cidade.
Uma mão pega meu pescoço por trás e me ergue. A mão é fria, portanto acredito que o Homem-Absorvente absorveu algo de metal.
—Cala a boca!
Óbvio que eu fico quieta, não quero meu pescoço quebrado. Curiosamente ele larga meu pescoço e começa a se contorcer, mais especificamente sente umas dores nos peitorais musculosos
—Você está bem? - Óbvio que não.
—Estou, estou. Nada que não me impeça de te esmagar. - Ele ergue o braço de metal e quase me atinge, mas eu desvio a tempo.
Salto do chão e pouso no ônibus que bloqueia os caminhos de ida e volta. O Homem-Absorvente aproxima-se do ônibus e o rasga ao meio! É, nem eu acreditei. Sorte que eu já estava longe. Mas novamente ele se contorce de dor.
—Carl, você precisa de um médico urgentemente! - Diz o homem - Transmute-se para sua forma humana, será mais fácil para todos.
—Dá para explicar o que acontece? - Pergunto, preocupada e confusa.
—É um efeito colateral de seus poderes. - Diz ele, mas não para mim. Ou é para mim, mas não prestei atenção? - O absorvição está em níveis críticos, portanto não deveria usar seus poderes. Mas aí você chegou como uma ameaça a ele!
—Desculpa?
—Cala a boca, pivete! - Resmunga o vilão careca. - Não preciso absorver nada para te ...ugh!
—Carl! Acorde! Acorde! - Ele fecha os olhos.
—Ainda há tempo de salvá-lo. - Pego meu celular da bolsa e ligo para um número urgente.
—O hospital não será útil.
—Não é o hospital. Oi, é a Mulher-Aranha! Preciso de uma ajudinha aqui que pode custar a vida de um vilão. Tem como chegar depressa? Ok.
—Para quem ligou, menina?
—Vingadores.
—Não! - O homem de roupa anti-radiação sai de cima do 'namoradinho' e me pega pelo pescoço - Não deveria tê-los chamado!
—Ei, solte-a!
Barbara e Daisy estão do outro lado da rua, ambas com suas roupas oficiais de Guerreiros Secretos, ou seja, Harpia e Quake. Bobbi segura os bastões, Daisy segura uma pistola. O homem começa a gargalhar, então aperta meu pescoço. Ai!
—Quer salvar a vida de seu amigo? - Falo com dificuldade - Vingadores são sua única esperança.
—Não, tem o Conde. Além de salvá-lo, ele cobra favores que certamente faríamos sem dificuldades.
—Que Conde? - Eu lembro da menção deste Conde nas docas de Hell's Kitchen. Seria o mesmo? - Quem é o Conde?
—Você pergunta demais.
—Solte-a! É o último aviso! - Grita Daisy, apontando a pistola.
—Se nos seguir, vocês morrem. - Ele diz, em chinês, para mim e me arremessa contra as duas agentes.
Elas desviam para o lado, e eu bato minhas costas no chão. Doeu - e muito! Bobbi corre até o homem, mas eu disparo teias em seus pés e ela cai. Daisy olha para mim surpresa e aponta a arma.
—Por que fez isso?! - Grita, indignada
—Deixem-nos ir. - Digo - Confie em mim.
Daisy, ainda apontando a pistola, vira-se para os dois homens. O homem anti-radiação pega o Homem-Absorvente e ambos saem andando. Eu fico de pé, recuperando-me fisicamente das dores nas costas e, principalmente, recuperando o fôlego.
—Por que fez isso? - Agora é Bobbi quem está indignada.
—Desculpa, mas ele deve usar roupa anti-radiação por um motivo. E eu não quero que você descubra qual. Além disso, chamei os Vingadores.
Elas não reclamaram, mas meu celular começou a tocar. Quando vi o número, não pensei duas vezes. Atendo e já invento uma desculpa para o meu atraso.
—Jared! Estou atrasada, mas é que o trânsito está horrível e...
—Calma. - Diz ele. - Todas as viagens para Coney Island foram canceladas, aparentemente um monstro está consumindo a energia do metrô, mas foi impedido por alguns super-heróis.
Droga! Droga! Droga! Sem passeio em Coney Island. Maldito seja esse monstro consumidor de eletricidade.
—Então, remarcamos? - Perguntei, chateada.
—É.
—Eu te ligo quando...sair do trânsito. Tchau. - Desliguei. - E meu encontro foi por água abaixo.
Explico rapidamente que um monstro consumiu a eletricidade das linhas de metrô. Que tristeza, estou muito chateada com o que aconteceu. Fico sentada no meio da rua, ignorando o tanto de buzinas e o pessoal do Controle de Danos acaba de chegar.
—Jess. - Bobbi tenta me consolar. - Imprevistos acontecem, não foi culpa sua.
—Eu sei. - Digo. - Mas se eu tivesse ido logo para as linhas de metrô, e não tentar impedir o Homem-Absorvente e o outro cara de destruir essa parte da cidade, talvez eu pudesse impedir o monstro.
—Deixa de ser boba. - Diz Daisy - Você não sabia do monstro, fez o que tinha que fazer com o Crusher e o outro carinha!
—Daisy - Ouço a bronca sussurrada de Barbara para ela.
—Não, ela tem razão. - Fico de pé e suspiro. - Preciso ficar sozinha. Podem voltar para a SHIELD, eu vou...por aí.
Salto e me balanço com minhas teias pelos poucos prédios altos que estão por aqui. Não sei aonde vou, só por aí mesmo.
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