Jessica Drew: A Mulher-Aranha escrita por Max Lake


Capítulo 101
Volta às origens


Notas iniciais do capítulo

Mesmo aviso que o capítulo anterior: Não sei se há alternativos nele, mas vale a pena verificar.



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Que dor de cabeça! Não sei quanto tempo se passou, não sei aonde estou, não sei se fui molestada por aquela Mulher-Aranha. Eu sei que está um pouco escuro, com uma leve entrada da luz solar. Este lugar é um pouco familiar.

Eu preferiria não descrever como estou, pois meu atual estado me assusta. Digamos apenas que estou de calcinha e sutiã. Minha fantasia está jogada no chão e há uma outra roupa, esta sendo rosa. Totalmente rosa, só que um rosa bem forte. E...bem...sensual também. Sinto calafrio na pele só de pensar em usar aquilo.

Eu sei que este lugar é um pouco familiar. É pequeno, com um banheiro, uma cama...É meu quarto? Quer dizer, meu antigo quarto nos tempos da HIDRA! Então o 'nós' do qual a Mulher-Aranha falava era a HIDRA. Confesso que estou decepcionada. De novo a HIDRA? Já fui capturada e torturada por eles antes, Víbora nunca mais foi vista. Brock também desapareceu de minha vida para sempre. O que eles ainda querem comigo?

Deixo esses pensamentos de lado e decido vestir minha fantasia o mais rápido possível. Não quero que aquela doida fique excitada me vendo apenas de calcinha e sutiã. Falando nela, será que meus poderes retornaram? Antes de terminar de vestir a parte de cima, eu experimento. Pressiono os dedos contra minha palma diversas vezes e disparei algumas poucas teias. Estou muito fraca ainda. Porém sinto que estou bem o suficiente para escapar de meu antigo quarto.

Eu pensei que esta base tivesse sido destruída durante aquele ataque para virem me buscar. Nunca soube direito quem me resgatou, se foram os Vingadores, a SHIELD ou um conjunto dos dois. Não importa. Já se passou tanto tempo que quase não reconheci um quarto no qual vivi por tantos anos.

Termino de me arrumar e giro a maçaneta bem devagar. Acho que posso escapar de meu quarto outra vez e espiar seja lá quem for. São em momentos como este que sinto um certo dejá vú. E um certo receio de continuar. Espero que meu sentido-aranha volte.

Caminho pelo corredor, sempre atenta a cada passo suspeito. É muito estranho estar de volta e ver tudo vazio. Para quem cresceu aqui com diversos agentes dando ordens para lá e para cá, o silêncio é bastante perturbador.

Após algum tempo, eu analiso uma placa empoeirada, com inscrições em alemão. Eu limpo a placa e leio em voz alta o que está escrito. "Doktor Arnim Zola Zimmer", ou "Sala do doutor Arnim Zola" em versão traduzida. Giro a maçaneta, mas está trancada. Nunca foi problema para mim. Concentro-me e disparo a luz de minha mão - que eu prefiro chamá-lo de raios bioelétricos ao invés de veneno. Quebro a maçaneta e entro devagar. Está tudo escuro, o que também não é problema. Novamente me concentro e utilizo o raios bioelétricos, agora para iluminar a sala.

Uma bagunça completa. Tudo revirado e destruído, sujo e com uma forte mistura de odores - odor de cadáver misturado com odor de fumaça.

Eu hesito, mas caminho pela sala e desço as escadas. Lembro-me que da última vez que fiz isso quase me dou mal, ouvindo uma conversa, que não era de meu interesse, entre Zola e Strucker. A minha bioeletricidade começa a falhar. Droga, está ficando escuro e não estou de máscara. Vou andar às cegas mesmo.

Por sorte não demoro muito tempo no escuro e encontro um interruptor. Eu pressiono-o e as luzes são ligadas. Com dificuldades, mas são ligadas.

Como a sala não é espaçosa, não há muito o que se olhar. Exceto mais coisas fora do lugar e... um lençol em cima da mesa cobrindo algo. Até quando minha curiosidade vai hoje? Quer dizer, não sei que dia é hoje. Imagino que já tenha se passado um dia, mas deixa para lá. Aproximo-me do lençol. Por enquanto meu sentido-aranha não vibra e nem avisa de perigo algum.

Retiro o lençol sem pensar duas vezes e...Ah! Meu! Deus! É um corpo! Um corpo aberto! Com enjoo, cambaleio para trás e fico sentada no chão. Um corpo aberto! Que nojento! Sinto vontade de vomitar, mas preciso resistir. Não consigo tirar esta imagem de minha cabeça. Calma, fique calma. Fique. Calma. Conto até 10 e suspiro. Um corpo aberto!

Ainda sentada, analiso o que posso ver sem vomitar. O corpo é de um humano, provavelmente uma idosa, mas a cabeça é de uma vaca. Eu...eu reconheço este corpo de um sonho meu. Eu reconheço, tenho certeza, mas não me lembro totalmente. Quem era ela?

–Olá, Jessica. - Diz uma voz atrás de mim. Viro-me rapidamente e vejo aquela Mulher-Aranha. Ela ainda veste as mesmas roupas de antes. - Não gostou do meu presente? Sempre achei que você fosse ficar linda numa roupa como aquela.

Eu fico quieta, apenas encarando-a com temor. Ela se aproxima de mim e eu engatinho para trás.

–Fique longe. - Digo, engolindo minha saliva. Eca, saliva com gosto de vômito.

–O que foi? Viu gente morta?

–Fique longe. Não quero...brigar nem nada. Só quero entender o que está havendo.

–Venha comigo que eu lhe mostro quem pode te explicar. - Diz ela.

Não, não farei isso. Ela não é confiável. Drenou quase todos os meus poderes, minha força. Por causa dela ainda me sinto fraca. Ela estica a mão direita para mim como um gesto de confiança.

–Caso não acredite em mim, ouça o que seu sentido-aranha lhe diz.

Meu sentido-aranha não vibra, mas não significa que ele esteja prestando. Eu ainda não estou 100% recuperada. Continuo olhando para ela com temor. Ela sorri para mim.

–Você acha que seu sentido-aranha se foi, mas não é verdade. Ele está aí. Veja.

A Mulher-Aranha pega uma faca e arremessa contra mim. Sim, meu sentido-aranha vibra. Viro minha cabeça para o lado, mas nem precisei. A faca pousou bem longe de mim.

–Agora confia em mim?

–Não.

Ela dá de ombros, como se estivesse conformada.

–Quem é você? E não diga Mulher-Aranha.

–Charlotte Whitter. O mestre me fez a partir do DNA de outras Mulheres-Aranha. Inclusive o seu.

–Outras Mulheres-Aranha?

–Sim. Venha comigo que lhe explicarei tudo.

Ainda estou muito desconfiada. E bem decepcionada. Sempre acreditei que eu fosse a única Mulher-Aranha, mas não é verdade. Existem outras, provavelmente mais maduras. Reluto, mas me levanto.

–Vou com você, mas com uma condição: Nunca mais roube um beijo meu.

Ela sorri outra vez e faz uma cara pervertida.

–Prometo. Venha por aqui.

Ela sobe as escadas e vou logo atrás. Mantenho uma distância segura para ela, não quero ser agarrada e beijada outra vez. Eu noto uma coisa estranha nas costas dela. Elas possuem 4 buracos. Acho que são deles que saem aquelas patas de aranha.

Mais um tempo se passa, ela fica quieta. E eu também, não quero puxar conversa. Porém, existem tantas coisas que eu quero, e preciso, saber que este silêncio me incomoda.

–Chegamos. - Ela anuncia, abrindo uma porta. - Antes de apresentá-la ao mestre, quero lhe mostrar uma coisa.

Sou conduzida até uma janela de vidro e vejo outro corpo. Este não está aberto, mas também não tem cabeça de vaca. Na verdade, não tem cabeça. Existem cabeças de animais por perto, sendo a maioria cabeças de cavalo.

–De quem é este corpo? - Falo, engolindo outra vez a vontade de vomitar.

–Você ficaria surpresa, mas é uma pessoa importante. Muito importante.

–Quem? - Meu sentido-aranha vibra. Viro-me para trás e escapo do cuspe dela no último instante.

Ela me distraiu para que me prendesse e drenasse meus poderes outra vez. Eu contra-ataco disparando teias também. Suas patas surgem de suas costas e bloqueiam a teia. Então ela me ataca com as patas. Eu desvio de duas, mas as outras rasgam minha perna e ela me prende com sua saliva-teia. Outra vez. Então, ela se aproxima de mim e quase encosta seu rosto no meu.

–Não resisti. Quero provar seus lábios outra vez.

Não mesmo. Ela se prepara para me beijar, mas dou-lhe duas joelhadas em seu estômago. Concentro-me e libero mais de meus raios bioelétricos, rasgando as teias que me prendem. A Mulher-Aranha se recupera, mas é tarde demais. Eu corro e salto, girando e dando dois chutes em sua cabeça. Para finalizá-la, prendo-a no chão com minhas teias.

–Você nunca mais vai me beijar, entendeu? - Grito. Ela apenas sorri. - De quem é aquele corpo?

–Da pessoa mais procurada na atualidade, Jessica. Faça as contas, você é inteligente.

Pessoa mais procurada na atualidade? Bom, existe o Mandarim, mas não acredito que ele esteja morto. Então, quem será que...Oh não! É o corpo do presidente!

–O presidente.

–Exato - Ela solta uma gargalhada. - O homem mais poderoso do mundo terá cabeça de cavalo em breve.

–Como o acharam se ele estava na Trânsia?

A mulher solta outra gargalhada.

–Onde você pensa que estamos? - Diz outra voz, uma masculina. Esta voz me assustou, devo admitir.

Viro-me para trás e o vejo. Não acredito, mas eu o vejo. De armadura rosa, saindo da sombra de um pilar perto, vejo ele. O homem de meus pesadelos. E, provavelmente, o homem que matou o presidente.

Alto Evolucionário!


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Notas finais do capítulo

Comentem aí qualquer erro que encontrarem.
Finalmente, depois de, literalmente, 100 capítulos, o Alto Evolucionário aparece fisicamente!