Quando pararam para respirar, ele pôs os dedos nos lábios de Astrid. Os dedos gelados. Um sorriso sarcástico foi se formando nos lábios dele. Por um momento, ela pensou que ele estava apenas brincando com sua cara.

–Use-o com cuidado.- disse ele e em seguida desmaiando.

–Mas o quê?

Astrid não sentiu mais dor, sentiu a mesma onda de poder batendo nela como da ultima vez, mas multiplicado por cem. Seu poder não era mais o mesmo, Daemon deu seu poder a ela. Ficou com seu vestido azul escuro e com a espada de diamante. Suas asas cresceram e ficaram extremamente fortes. Uma ficou branca e a outra negra. Astrid segurou mais forte a mão de Daemon e voou para cima do abismo e observou o rosto pasmo de Fepos e Zoonie. Eles sumiram nas sombras novamente. Astrid colocou Daemon delicadamente no chão e deu um sorriso sarcástico, como o dele. Seus sentidos estavam mais aguçados, escutava os passos dos demônios nas sombras. Até que ela viajou nas sombras, como eles.

Quando a viram, Fepos e Zoonie engoliram em seco. Astrid usou a névoa e sumiu da visão deles. Ela apareceu por trás e decepou Fepos.

–Irmão!-gritou Zoonie

–Como se sente agora sendo destruído pela própria estratégia?- Astrid mandou para mente de Zoonie e o perturbou com esse comentário de insulto.

–Saia da minha mente!

Ele sumiu das sombras e Astrid o seguiu. Pegou a espada de Daemon e ergueu. Astrid voou em sua direção e cortou a espada em dois. Zoonie olhou para espada, perplexo. Ele sacou garras enormes e negras de seus dedos e pousou no rosto de Daemon.

–Sempre me chantageiam! Mas que merda!- resmungou Astrid

–Nem mais um passo!

–Nem ligo, faça o que quiser com ele.- mentiu ela.

–É mesmo?- ele arranhou o pescoço dele e o cortou, Astrid ia avançar e ele deu um sorriso.

Astrid começou a entrar em pânico. Não sabia o que fazer. Então, ela começou a resmungar algo na linguagem das sombras. Criaturas negras andaram por debaixo do chão e seguraram o pescoço de Zoonie e quebraram. Astrid ficou "normal" e andou até Daemon. Tirou seu poder de dentro de si e depositou no coração de Daemon, que acordou respirando com dificuldade. Astrid achava (mesmo estando ensanguentado, assanhado e roupas rasgadas e sujas) que ainda estava lindo, e se sentiu culpada depois.
Mesmo quase morrendo, ele ainda tinha o senso de humor sarcástico, e riu.

–Se Aden descobrir o que fizemos, ele poderia me matar.

–É... Talvez.- disse Astrid, se lembrando do beijo que ele dera a ela.

Ele se levantou, meio tonto. Se aproximou dela e tirou os cabelos loiros encaracolados dos olhos de Astrid. Daemon se aproximou mais e foram interrompidos por um barulho vindo do teto. O teto quebrou e quase caiu pedaços em cima deles. Daemon se afastou nervoso e viu Aden, Celeste e Paulus lá. Estavam bufando e com roupas rasgadas, feridos e completamente cansados.

–Aden quase pira quando viu vocês sendo engolidos pela fonte!- disse Celeste.

–Quase... Mas então... Pegaram a adaga de prata?- lembrou Aden.

Astrid estava tão distraída que nem se lembrou da adaga. Voou até lá e pegou a adaga, que brilhou em suas mãos. Guardou na mochila de Aden, junto com a maçã dourada. As mãos dela estavam tremendo, como se tivesse feito alguma coisa errada e estivesse com medo de ser pega. Aden olhou para as mãos dela e estranhou.

–Você esta bem?

–Estou ótima... Por que a pergunta? Não entendi. Não aconteceu nada. Aconteceu algo?Não.- disse ela rápido e nervosa

–Sinceramente você não sabe mentir- cochichou Daemon em seu ouvido

–Bem, agora só falta a foice da verdade não é?- disse Paulus

–Sim. Eu li que esse instrumento se encontra no lugar mais temido por anjos...- disse Celeste e todos fizeram careta, menos Paulus e Daemon- bom... No inferno.

A pupila deles se dilataram. O inferno era um lugar proibido para anjos, era tipo caminhar para morte. As asas deles estavam molhadas, menos a de Astrid. As asas mecânica de Paulus e Daemon estavam precisando de reparos, decidiram ficar por ali esta noite. Paulus havia trazido seu quite de mecânico e concertou a asa de Daemon, depois concertou as suas.

Sentaram em um círculo e Astrid perguntou:

–Então... Por que estão todos... Assim? Parece que foram ha uma guerra.

–Os gigantes acordaram. Foi uma luta difícil, eu usei quase toda as Vozes para controlar os gigantes. Mas depois eu faço mais...- disse Celeste, se gabando.

–Os leões não deram muito trabalho.- disse Paulus.

–Eu e Celeste lutamos com garras e dentes contra os quatro gigantes... Ainda bem que existe... Como é mesmo? Ah, Vozes.- disse Aden.

Aden pareceu meio aliviado e fez o símbolo de paz e amor para Celeste, que riu. Retiraram o suprimento que pegaram no chalé e comeram. Paulus fez uma fogueira improvisada e torrou a carne. Estava sem sal, mas a fome era tanta que nem ligaram. Astrid estava preocupada consigo mesma. Não deveria ter acontecido... Aquilo. A constrangia em falar daquilo ou até mesmo em pensar. Mas era quase impossível. O beijo ficou marcado nela, porque também foi o seu primeiro e último (era o que ela queria). Ele era um anjo-caído! A vingança corria por suas veias. Ele era impuro e sarcástico. As vezes grosso e sincero demais. Segurou o seu colar e suspirou. Rezou para Deus. Adormeceu pensando nisso. Até que teve mais uma visão, mais um sonho...